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quarta-feira, 2 de outubro de 2019

"PLANETA ÁGUA" (...) GOTAS DE ÁGUA DA CHUVA, ALEGRE ARCO-IRIS SOBRE A PLANTAÇÃO. GOTAS DE ÁGUA DA CHUVA, TÃO TRISTES, SÃO LÁGRIMAS NA INUNDAÇÃO. ÁGUAS QUE MOVEM MOINHOS SÃO AS MESMAS ÁGUAS, QUE ENCHARCAM O CHÃO. E SEMPRE VOLTAM HUMILDES PRO FUNDO DA TERRA, PRO FUNDO DA TERRA. (...)" CANTOR E COMPOSITOR: GUILHERME ARANTESS

BATE CORAÇÃO!

CAPÍTULO SEIS
           Logo depois do almoço, Celina, o irmão, a cunhada e os dois amigos, foram para a fila do Bumbódromo. Uma fila enorme debaixo de um Sol escaldante, no entanto, as pessoas não reclamavam, queriam garantir um bom lugar, para assistir o evento teatral. No estádio havia trinta e cinco mil lugares, mas somente cerca de cinco mil eram pagantes, o restante era composto da torcida dos dois grupos de bois, que tinham entrada franca.

                 Os cinco torcedores do boi Caprichoso foram abrindo caminho até o local de destino, nas arquibancadas. Rodolfo abraçado com Lorena conseguiu um bom lugar, logo chegava o restante do grupo. Levavam água e salgadinhos, pois pretendiam assistir a tudo que acontecesse naquele local. Estavam vestidos a caráter, com camisetas azuis, cocares, braçadeiras, bandeiras nas mãos e muita energia para gastar. Era dia de festa e a alegria imperava no local.

               Por sorteio, a primeira apresentação seria do boi Caprichoso, o grupo estava empolgado para adentrar ao palco.  Na arena do Bumbódromo iniciou-se a apresentação do boi da cor azul, o grupo contava com mais de mil participantes, carros alegóricos, fantasias, dançarinos, ritmistas e outros.

              O duelo da primeira noite do desafio iria começar. A apresentação dura cerca de duas horas e meia em céu aberto; todos torcem para não chover, ou a festa ficará arruinada. Depois, ainda haverá a apresentação do Garantido, o boi da cor vermelha.

               A arquibancada do boi que está se apresentando pode se manifestar com aplausos, gritos e movimentos espontâneos, enquanto a arquibancada do contrário deve ficar no escuro e calada. Se houver qualquer tipo de manifestação do contrário, o grupo será penalizado com a perda de pontos. É um respeito admirável, que existe entre as duas agremiações. Não são inimigos, apenas adversários no duelo dos bumbás.

               Entre beijos e abraços, Rodolfo sussurrou para Lorena:

               - Nunca vou esquecer desse momento mágico, estou muito feliz.

               Ela sorriu e se aconchegou a ele dizendo:

             - Eu te amo, estamos vivendo um grande amor no paraíso.

                  Na arena é contada uma história envolvente sobre a floresta e suas lendas, mas a figura principal é o boi, que nesse caso, tem uma indumentária preta com uma estrela azul na testa. A apresentação possui um enredo e se desenvolve como uma peça teatral, com personagens definidos.

             O carro alegórico trazia um enorme boi preto, símbolo do Caprichoso, que imperava sobre todos, com uma estrela azul na testa. Ele chacoalhava a cabeça e o público aplaudia gritando:

                  - Já ganhou, já ganhou!

             De seu enorme carro alegórico saem alguns personagens, que atuam contando a história. No fundo, a bateria rítmica dá sustentação ao levantador de toadas, cantadas durante todo o tempo da apresentação. O público referente ao boi apresentado acompanha a evolução do tema, com muita animação. Nesse momento o apresentador anuncia, que em primeiro lugar haverá a encenação do auto do boi.

               Rodolfo ficou curioso e perguntou para Celina:

               - O que quer dizer o auto do boi?

              - É o acontecimento que deu início a toda essa veneração ao boi bumbá. Você vai gostar! A moça respondeu com um sorriso no rosto.

               O rapaz trocou um beijo com sua namorada, estava pronto para admirar aquela festa do folclore amazonense.

                Então, o apresentador passa a contar a história do boi.

              - Em uma grande fazenda de gado havia um boi valente e altivo, era o melhor e mais valioso animal daquelas bandas. O seu dono tinha o maior cuidado com ele e já havia recusado várias ofertas de venda.

             Enquanto isso no palco, o boi que dançava alegremente, era de tamanho real. Corria para todos os lados em meio as dançarinas e cavaleiros presentes.

              – Mas, o capataz da fazenda estava em apuros, sua esposa  engravidara e tinha um desejo incontrolável, de comer a língua daquele boi. Nada fazia a gestante desistir daquela ideia. O marido já estava preocupado, pois a mulher definhava a olhos vistos. Então, em um momento de loucura, ele pegou a espingarda e atirou no boi. Quando o animal caiu, o capataz pegou uma faca e arrancou a língua dele, levando-a para sua mulher grávida.

              A plateia se cala, o boi está morto, caído na arena. O apresentador continua a contar o auto do boi. O enorme foco de luz fica centrado no animal inerte.

             - O fazendeiro queria acabar com a vida do seu empregado. Este se desespera arrependido e sai à procura de ajuda, precisa reviver o animal. Todas as benzedeiras das redondezas correm em socorro do pobre homem, mas nada devolve a vida ao boi. Somente quando chega o pajé e inicia suas danças com ervas milagrosas, renasce as esperanças. 

                O público observa atentamente qualquer movimento do animal.  

            - Algum tempo se passou e diante da expectativa da plateia, o boi deu sinal de vida. Ele começou a mexer os olhos e depois lentamente se levantou. Houve um grande suspiro de alívio na plateia e debaixo de muitos aplausos, o boi começou a dançar.

              A plateia foi ao delírio, era muita emoção, e quando Rodolfo olhou para Lorena, ela estava chorando.

             - O boi voltou à vida, por isso a festa continua. Disse o apresentador.

             De repente, surge um homem voador sobre um aparelho estranho e dá uma rasante no centro da arena. A plateia silenciou por um momento e, em seguida rompeu em aplausos contínuos. Muitos outros efeitos especiais são presenciados de tempos em tempos, na arena do Bumbódromo. A história se desenrola sob os versos temáticos das músicas cantadas e da plateia animada. Enquanto isso, o contrário se cala na escuridão, a espera de sua vez de delirar.

                  Rodolfo e Lorena se beijam, aquele é um lugar para curtir a emoção, onde o coração bate forte e a alegria contagia.

Um texto de Eva Ibrahim Sousa
Consultas a Wikipédia e ao Youtube

quarta-feira, 25 de setembro de 2019

" PLANETA ÁGUA" "(...) ÁGUAS QUE CAEM DAS PEDRAS, NO VÉU DAS CASCATAS, RONCO DE TROVÃO E DEPOIS DORMEM TRANQUILAS, NO LEITO DOS LAGOS, NO LEITO DOS LAGOS. ÁGUAS DOS IGARAPÉS, ONDE IARA, A MÃE DÁGUA É MISTERIOSA CANÇÃO. ÁGUA QUE O SOL EVAPORA, PRO CÉU VAI EMBORA, VIRAR NUVENS DE ALGODÃO. (...)" COMPOSITOR E CANTOR : GUILHERME ARANTES

GARANCHOSOS

CAPÍTULO CINCO
                Celina, acompanhada do casal de namorados, iria assistir ao ensaio do boi Garantido. Sentia-se como se fosse uma vela, dizia sorrindo. E os três seguiam alegres, em busca de aventuras. Como turistas, Rodolfo e Lorena, queriam desfrutar ao máximo, de todas as oportunidades de conhecer a riqueza do folclore local. Celina disse aos dois amigos que iriam de transporte alternativo, simples, rápido e barato.

               - Aqui tem Uber? Perguntou o rapaz.

              – Pode-se dizer que sim, espere para ver. Retrucou a moça.

                 Os três, com roupas de cores neutras, saíram de casa dizendo que eram Garanchosos, isto é, metade Garantido e metade Caprichoso.  A moça, conhecedora do local, havia dito que as pessoas de fora, quando não queriam se comprometer, diziam que eram Garanchosos. Essa era a melhor identidade para entrar nos dois galpões. Já na rua, Celina deu com a mão para um estranho triciclo, que encostou na guia.   
       
                  – O que você está fazendo? Perguntou Rodolfo. Ela sorriu e disse:

                - Vamos, este é o nosso transporte alternativo, o Uber de Parintins. O casal ficou surpreso, mas trataram de subir no veículo. Ocuparam o banco de madeira, depois Celina se acomodou e perguntou ao condutor se dava para levar três. E o condutor respondeu:

               -Sim madame, vamos seguir em frente. No entanto, era visível o esforço que ele fazia para pedalar o triciclo, sentado sobre a roda traseira.   
         
                  O veículo era coberto com lona para proteção contra o Sol e com um banco que levava até três pessoas de médio porte. Os três gostaram do transporte, que os protegia dos raios solares e ainda podiam receber uma leve brisa de vento, naquele calor escaldante.

                 Chegaram ao galpão do Garantido e ali havia muita gente trabalhando para terminar os estandartes e o carro alegórico principal. Todos empenhados em construir uma bela apresentação folclórica. Depois, os três amigos foram ao barracão do Caprichoso e chegaram à conclusão, de que seria um duelo de gigantes, dada a complexidade dos carros alegóricos, fantasias, alegorias e acessórios; todos de uma beleza incontestável.

              As músicas, tocadas por quatrocentos ritmistas, falavam ao coração com os ritmos e sons da floresta Amazônica. As letras das toadas enalteciam as lendas, mitos e histórias da região norte do Brasil.

               Uma festa com a presença da cultura indígena; carros alegóricos enormes, que são montados dentro da arena, pois, não conseguiriam entrar se estivessem prontos. Muitas penas e cores compondo as alegorias, onde se destacam as cores básicas de cada grupo. Na composição são acrescidas as cores vibrantes da floresta, tais como: amarelo ouro, laranja, verde, dourado, que estão presentes nos cocares, braçadeiras, tangas, estandartes, brincos, colares e todos os tipos de enfeites.

                  Mas, o mais bonito é o comprometimento das duas torcidas. A partir de um projeto gigantesco, para cada boi, contando histórias, fábulas e lendas indígenas da floresta amazônica é montado um cenário teatral de emocional intenso e magnífico.

                 Em sua confecção, esses projetos contam com grande parte da comunidade, que trabalha duro para obter três dias de glória. Cada grupo cuida de um núcleo pré-determinado. O trabalho, que ocorre durante o ano inteiro, se intensifica e vara as noites na semana da apresentação final.

                 Na quinta-feira, os três amigos foram visitar a Catedral de Nossa Senhora do Carmo, padroeira da cidade e outros lugares turísticos. A noite ficaram sentados em um barzinho na orla do porto de Parintins observando os barcos, que chegavam à cidade para a festa do folclore amazonense.

                 Celina encontrou um velho conhecido e ficaram conversando, enquanto Rodolfo e Lorena curtiam um namoro ao luar do rio Amazonas.

                 Já era tarde da noite quente do norte brasileiro, quando os três voltaram para casa. Precisavam descansar para vivenciar os três dias de duelo a céu aberto, que aconteceria no Centro Cultural Amazonino Mendes, mais conhecido como Bumbódromo.

             É um estádio em formato de cabeça de boi estilizado, tem capacidade para trinta e cinco mil pessoas. Localizado na ilha de Parintins no estado do Amazonas. É o local onde estarão concentrados todos os olhares da população local e dos turistas, nas três noites do festival folclórico.

               As arquibancadas do estádio são pintadas, a metade de azul e a outra metade de vermelho, assim, os turistas deixarão de serem Garanchosos e terão que optar por seu boi de preferência. No caso da família de Celina, a torcida é para o grupo do boi Caprichoso, da cor azul.

            Rodolfo e Lorena estavam encantados um com o outro, fora um amor à primeira vista e parecia crescer a cada dia formando um amor perfeito, naquele local mágico da ilha de Parintins.

Um texto de Eva Ibrahim Sousa.
Com consultas ao Wikipédia e ao Youtube

quarta-feira, 18 de setembro de 2019

"PLANETA ÁGUA" ÁGUA QUE NASCE NA FONTE SERENA DO MUNDO E QUE ABRE UM PROFUNDO GROTÃO. ÁGUA QUE FAZ INOCENTE RIACHO E DESÁGUA NA CORRENTE DO RIBEIRÃO. ÁGUAS ESCURAS DOS RIOS, QUE LEVAM A FERTILIDADE AO SERTÃO. ÁGUAS QUE BANHAM ALDEIAS E MATAM A SEDE DA POPULAÇÃO.(...)' COMPOSITOR E CANTOR: GUILHERME ARANTES

A MAGIA DAS CORES

CAPÍTULO QUATRO
             Rodolfo estava perplexo com a história do Boto cor de rosa, mas ainda havia muitas coisas surpreendentes para serem vistas, na ilha de Parintins. Celina chamou a atenção dos amigos para as cores da cidade, no mínimo uma realidade inusitada. A metade da avenida, os canteiros centrais, inclusive as lixeiras, postes de luz e troncos de árvores, era pintada de azul e a outra metade era toda pintada de vermelho.

              O táxi ganhava outras ruas da cidade de Parintins e a magia das cores se acentuavam, ainda mais, quando se aproximavam dos redutos dos bumbás. Ali podia-se ver a força e a magia da cor azul ou vermelha, de acordo com o seu boi de referência.

            O comércio ostentava a metade, dentro de cada loja, nas vitrines e no lado de fora, em azul e a outra metade em vermelho. Em toda a cidade estavam presentes as cores azul e vermelho, na fachada dos Bancos, nos telefones públicos, nos bancos da praça e nas residências também; uma cidade em duas cores predominantes.

            Celina, que era a maior conhecedora do local, pois visitava sempre seu irmão, tentava explicar o motivo de colorir a cidade daquelas cores. Aquilo tudo tinha a ver com a paixão dos parintinenses, pelos bumbás. As torcidas apaixonadas de cada boi eram radicais e dividiam a cidade. Sendo assim, para não perderem os clientes, os comerciantes utilizavam as duas cores, vermelho e azul e se posicionavam com neutralidade.

            A moça estava empolgada e continuou explanando sobre o assunto tão interessante. Rodolfo e Lorena pareciam estáticos, ouvindo Celina. O motorista do táxi, que estava atento à conversa, desenvolvia uma velocidade baixa, para que os turistas pudessem apreciar as belezas da cidade. A moça continuava contando o que sabia sobre Parintins e a paixão do povo pelos bumbás.

           - Os dois bois rivais, que se enfrentam na arena do festival folclórico, que acontece todos os anos em Parintins, são: Garantido, cor vermelha e branco e Caprichoso, cor azul e branco. A cidade se divide nas torcidas dos bumbás e um não pode dizer o nome do outro porque, dizem, dá azar. Quando a turma do Caprichoso precisa se referir a alguém do Garantido, ou vice e versa usam a palavra “contrário”, para não falar o nome do adversário.

             - A paixão pelos bois é tão grande, que chega a dividir famílias e as vezes levam até a separação de fato. A cidade se transforma em uma grande festa, com a chegada de muitos barcos, cada um enfeitado com a cor da torcida do seu boi, azul ou vermelho. São turistas de todas as partes do país e até do estrangeiro, que visitam a ilha na ocasião do festival, que acontece no último final de semana do mês de junho, sexta-feira, sábado e domingo.

           - As belezas das ilhas do arquipélago Tupinambaranas encantam os turistas, além do festival folclórico. Parintins é cercada por uma infinidade de lagos piscosos e apresenta nas proximidades muitas praias de areias brancas. Na orla existe um calçadão com bares e restaurantes, onde as pessoas podem apreciar a vista do rio Amazonas, enquanto degustam as delícias da terra.

Lorena e Rodolfo estavam satisfeitos por estarem em Parintins e ter como guia uma amiga tão querida. O táxi parou, haviam chegado na casa do Gerson, irmão de Celina. Bateram e apareceu a Rosana, a dona da casa, que os convidou a entrarem. Depois das apresentações, Celina e Lorena foram para o quarto de hóspedes e para o Rodolfo fora arrumado o quarto da edícula, nos fundos da casa. Ele ficou satisfeito, assim teria um pouco de privacidade.

                Rosana era prestativa e logo que o marido chegou, ela chamou os hóspedes para o almoço. Depois foram descansar, para mais tarde, o grupo sair e comprar camisetas e adereços do Caprichoso, que era o boi preferido da família.

                O sono foi reparador, os três estavam cansados e após o jantar saíram para conhecer a cidade. Havia muito movimento ao redor dos barracões dos bumbás. Lá dentro, os seus componentes terminavam os preparativos para o duelo, que aconteceria no Bumbódromo, naquele final de semana.

            A essa altura já havia indícios de uma possível aproximação de Rodolfo e Lorena. Os dois andavam de mãos dadas e trocavam olhares comprometedores. No pescoço, nos cabelos e até nas orelhas carregavam os colares e adereços azuis do boi escolhido.

           Ao fundo, podia-se ouvir a bateria ensaiar a toada principal da apresentação do boi Caprichoso. Uma música envolvente, que fazia as pessoas se emocionarem.

Um texto de Eva Ibrahim Sousa
Com consultas a Wikipédia

quarta-feira, 11 de setembro de 2019

'BORBULHAS DE AMOR" "(...) CANTA CORAÇÃO, QUE ESTA ALMA NECESSITA DE ILUSÃO. SONHA CORAÇÃO, NÃO TE ENCHAS DE AMARGURA. ESSE CORAÇÃO, NÃO CONSEGUE SE CONTER AO OUVIR TUA VOZ. POBRE CORAÇÃO, SEMPRE ESCRAVO DA TERNURA. UMA NOITE PARA UNIR-NOS ATÉ O FIM. CARA A CARA, BEIJO A BEIJO. E VIVER PARA SEMPRE DENTRO DE TI." COMPOSITORES: JUAN LUIS GUERRA/ JOSÉ DE RIBAMAR FERREIRA.


O BOTO COR DE ROSA

CAPÍTULO TRÊS
              O rapaz retirou-se para a sua cabine e as duas moças para a cabine ao lado. O barco balançava bastante, chovia pouco, mas ainda ventava muito e Rodolfo ficou deitado pensando no rapaz esquisito. Depois adormeceu e se deu conta de que estava assistindo as carícias, que a índia recebia do rapaz almofadinha.

            Como se fosse em uma tela de cinema, ele viu a moça ser assediada e encantada pelo rapaz. Rodolfo presenciou quando ele enfiou a mão dentro da blusa da menina e tirou seus seios para fora, depois a beijou suavemente, enquanto apalpava seu corpo. A indiazinha não resistia, parecia encantada pelo rapaz.

           O almofadinha ficou um longo tempo acariciando e beijando a pequena mulher, que se mostrava como uma presa fácil. Ela aparentava ter mais ou menos uns quinze anos de idade.

                Em dado momento, se aproximaram do parapeito do convés e o rapaz a abraçou, depois pularam para dentro do rio, que brilhava pela luz da lua. Rodolfo ficou atônito e desesperado, pois iriam morrer afogados. Debruçou sobre o parapeito para ver se ainda estavam ali e nada pode ver na imensidão das águas durante a noite. Ficou sem ação, não sabia se entrava ou se denunciava o que presenciara. A essa altura o convés já estava vazio.

                No entanto, quando se virou para entrar, viu que o casal estava no mesmo lugar. Chegou perto para verificar se não fora apenas uma visão, então sentiu um cheiro tão forte de peixe, que teve que voltar e entrar no salão. Respirou fundo, esperou um tempo e voltou para espiar se ainda estavam lá. Somente a indiazinha permanecia no local, com um jeito abobalhado.

           Repentinamente ele acordou, estavam batendo na porta da cabine. Sentou-se no beliche e percebeu que estivera sonhando; ainda estava no barco, viajando pelo rio Amazonas. Abriu a porta e lá estavam as duas moças com as malas nas mãos.

               - Vamos Rodolfo! O barco já está atracando no porto de Parintins. Disse Celina, com um sorriso nos lábios.     
        
            - Está um Sol lindo lá fora. Lorena concluiu.

            O rapaz levantou-se e foi ao banheiro, depois pegou a mala e seguiu as duas moças. Demorou para conseguirem sair do barco, havia muitas pessoas tentando sair ao mesmo tempo; faltava organização. Finalmente alcançaram o espaço aberto e estavam famintos, pois não haviam tomado café.

             Avistaram uma lanchonete e rapidamente sentaram-se em uma mesa; precisavam se alimentar. Comeram avidamente até ficarem satisfeitos. Depois permaneceram sentados, respirando o ar do porto e se preparando para pegar o táxi, que haviam chamado. Então, Rodolfo falou:

              -Preciso contar meu sonho para vocês. E começou contando o que presenciara enquanto dormia.

                Celina e Lorena ficaram de boca aberta, ele relatara a história do Boto cor de rosa, antes delas contarem para ele.

            - E, o que acontecerá com a índia depois que o rapaz desapareceu? Rodolfo perguntou apreensivo.

           Celina respondeu:

             - Provavelmente, ela ficará grávida e será mais uma mãe solteira, isto é, seu bebê será mais um filho do Boto cor de rosa. Isso acontece com as moças que não resistem a simpatia e beleza do rapaz, que de golfinho se transforma em gente.

            Lorena concordou e continuou explicando para Rodolfo a lenda do Boto cor de rosa.

              - O Boto cor de rosa é considerado um defensor das mulheres, quando ocorre algum naufrágio, ele as empurra para a margem. Em noites de luar, as margens do rio ou em festas, ele se transforma em gente e se aproxima das mulheres caboclas ou índias e as seduz, engravidando-as. Assim, quando os filhos nascem sem pais conhecidos, é atribuída ao Boto cor de rosa a paternidade dos bebês.

               - A lenda é muito forte naquelas bandas e os órgãos sexuais do Boto ou de sua fêmea são utilizados em feitiçarias, para conquistar o ente amado, seja homem ou mulher. Existe ainda o amuleto da sorte na arte do amor, que é o olho do Boto. Dizem que se a pessoa estiver segurando o amuleto feito do olho do animal, precisa ter cuidado para quem olhar, pois o efeito é fulminante. É possível atrair qualquer pessoa, que ficará apaixonada pelo possuidor do amuleto.

           Neste momento, o táxi encostou no meio fio e os três foram apanhá-lo para irem até o seu destino, que era a casa do irmão de Celina. Enquanto o táxi corria pela avenida principal de Parintins, Lorena completou:

            - O intenso cheiro de peixe que você sentiu, saiu da cabeça do rapaz, que é um golfinho de água doce. Sua transformação não é completa e fica um orifício no alto de sua cabeça, por onde sai o cheiro forte de peixe. Por isso ele anda de chapéu, para disfarçar a sua real identidade.

Um texto de Eva Ibrahim Sousa
Com consultas a InfoEscola.

quarta-feira, 4 de setembro de 2019

"BORBULHAS DE AMOR" (...) "QUEM DERA SER UM PEIXE, PARA EM TEU LÍMPIDO AQUÁRIO MERGULHAR. FAZER BORBULHAS DE AMOR PRA TE ENCANTAR. PASSAR A NOITE EM CLARO DENTRO DE TI. UM PEIXE PARA ENFEITAR DE CORAIS TUA CINTURA. FAZER SILHUETAS DE AMOR À LUZ DA LUA, SACIAR ESTA LOUCURA DENTRO DE TI." CANTOR: FAGNER, COMPOSITORES: JUAN LUIS GUERRA/ JOSÉ DE RIBAMAR FERREIRA.

LUAR DE PRATA

CAPÍTULO DOIS
                        Era segunda-feira e Cecília havia dito que a viagem seria mais tranquila, se ocorresse no início da semana, Rodolfo concordara prontamente. Assim ficariam uma semana inteira em Parintins, essa ideia o deixava eufórico. A moça alegou que nas quartas e quintas-feiras os barcos estariam lotados, em consequência das festas folclóricas no arquipélago das ilhas Tupinambaranas, ou seja, em sua capital Parintins. Essas ilhas ficam na divisa do estado do Amazonas com o estado do Pará, no norte do Brasil.

            Cecília, Rodolfo e Lorena se instalaram nas cabines e depois desceram para almoçar. Havia muito peixe para degustar, assado, frito, ensopado, pirão de peixe, arroz, legumes, saladas e de sobremesa açaí com frutas da terra. Lá tinha também um grupo de músicos, que tocavam músicas sertanejas, forró e frevo, alegrando o ambiente. A maioria armou suas redes e foram descansar após o almoço, fazer a sesta era um costume comum no norte do país. O calor muito forte, deixa as pessoas sonolentas após o almoço.

              Com os três amigos não foi diferente, foram para as cabines descansar. Adormeceram e foram acordados com trovões, relâmpagos e muito vento. Já estava escurecendo e o barco balançava muito, então, fecharam as janelas, que estavam abertas. Assustados, ficaram juntos aguardando o temporal passar, estavam com medo, parecia que o mundo iria acabar.

             Foi um vendaval com muita água, que entrava pelos vidros, que não fechavam adequadamente. Amontoaram as bagagens sobre os beliches, para que não fossem molhadas. O vendaval durou uma hora mais ou menos, depois foi se acalmando, então eles puderam descer para o segundo piso e do convés avistar uma paisagem fantástica.

                   A lua cheia brilhava nas águas do rio Amazonas, que mais parecia um mar de prata, majestoso e indescritível. Muitos passageiros ficaram ali desfrutando da beleza da  paisagem, que se desenhava como uma pintura. Havia pessoas de vários lugares e do estrangeiro também, além dos nativos que cuidavam da organização e da ordem no barco. A noite quente e a brisa fresca, que a chuva deixou, era um convite a ficar no convés e aproveitar a magia do local.

            Já passava das nove horas da noite quando apareceu um rapaz jovem e bonito, vestia-se com traje a passeio, isto é: calça social, camisa de manga longa, sapatos fechados e um pequeno chapéu na cabeça. Uma figura esquisita para o local, não combinava com as pessoas e nem com o ambiente. Todos olharam para ele com curiosidade, era no mínimo estranho.

                   Celina olhou para Lorena, que piscou o olho esquerdo e fez sinal com a cabeça. Rodolfo não entendeu nada e perguntou:

              - Vocês conhecem aquele rapaz?

            - Não, mas parece ser o homem da lenda do Boto cor de rosa, explicou Lorena.

              O Boto cor de rosa é um golfinho e a noite ele se transforma em um rapaz, para conquistar as moças bonitas. Celina completou.

              - Como? Um peixe que se transforma em gente? Perguntou o rapaz, estava perplexo pela afirmação das moças.

                - Sim Amigo, temos muitas lendas que envolvem o rio Amazonas, a floresta e seus habitantes. Os indígenas tem sua própria cultura e crenças que envolvem divindades e espíritos do bem e do mal, que acabam por criarem histórias incríveis. Estas se tornam contos locais, que difundidos boca a boca crescem e se transformam em lendas fantasiosas. Os ribeirinhos, os caboclos e os pescadores também contribuem para alimentar e difundir fatos e acontecimentos, que ocorrem nas entranhas do rio e da floresta.

           - Nunca saberemos o que realmente existe de verdade em cada conto fantasioso, no contexto mágico do rio Amazonas. Hoje vamos falar da lenda que envolve o nome “Amazonas” e num outro momento falaremos sobre o Boto cor de rosa.

                   - Essa lenda era conhecida na Grécia antiga, que contavam sobre mulheres a cavalo, munidas de arco e flecha, seminuas, guerreiras destemidas, que se recusavam a viver com homens. Essas mulheres eram conhecidas como “amazonas” e temidas pelos soldados, que ao ouvir seus nomes queriam fugir.

             - Conta a lenda, que logo após a descoberta do Brasil, uma esquadra espanhola adentrou o continente sul americano e ao atravessar o misterioso rio entre densas florestas, avistaram mulheres semelhantes as terríveis amazonas da Grécia antiga. Segundo relatos indígenas, a luta entre as mulheres e os espanhóis foi feroz e terminou vencida por elas. Ao ouvirem as narrativas dos indígenas, os espanhóis cientes da existência das amazonas descritas anteriormente, confundiram ambas e batizaram o rio com o nome de Amazonas.

           - Posteriormente, também a floresta e o estado do norte brasileiro foram batizados com o mesmo nome. Assim, amazonas são mulheres que cavalgavam seminuas, empunhando apenas arco e flecha, um belo nome para um estado majestoso e misterioso.

           Celina terminou de falar e bocejou, estava com sono, então, os três foram dormir o resto da noite, mas antes viram o indivíduo de chapéu beijando uma menina indígena. As duas moças se entreolharam espantadas, Rodolfo ficou atento.

 Um texto de Eva Ibrahim Sousa

Com consultas a Wikipédia e a InfoEscola.

quarta-feira, 28 de agosto de 2019

"BORBULHAS DE AMOR" CANTOR: FAGNER- "TENHO UM CORAÇÃO DIVIDIDO ENTRE A ESPERANÇA E A RAZÃO, TENHO UM CORAÇÃO BEM MELHOR QUE NÃO TIVERA. ESSE CORAÇÃO NÃO CONSEGUE SE CONTER AO OUVIR TUA VOZ, POBRE CORAÇÃO SEMPRE ESCRAVO DA TERNURA." (...) COMPOSITORES: JUAN LUIS GUERRA / JOSÉ DE RIBAMAR FERREIRA

ESPELHO ENCANTADO

A VIAGEM
CAPÍTULO UM
            Rodolfo levantou-se cedo e correu para o banheiro, estava atrasado. A noite fora cheia de insônias, pequenos cochilos e sobressaltos contínuos. Ele estava ansioso e não conseguia relaxar. Tomou um gole de suco, que estava na geladeira, apanhou um pedaço de pão de forma e desceu as escadarias do prédio correndo, pois o Uber já o estava aguardando. Entrou no automóvel comendo o pão, enquanto o motorista guardava sua bagagem no porta malas.

                O rapaz morava em Juiz de Fora e o aeroporto da Zona da Mata distava dali uma hora ou mais, temia perder o seu voo para Manaus. Esta viagem era um sonho antigo, de viajar de barco nas águas do Amazonas. Estava de férias e havia comprado uma passagem de Manaus a Parintins. Seu sonho ia mais além, queria assistir ao duelo dos bumbás, Garantido e Caprichoso, no Festival Folclórico de Parintins.

             Para isso, Rodolfo iria se encontrar com uma amiga do tempo da faculdade, que iria fazer a viagem em sua companhia. Celina estudara na Universidade Federal de Juiz de Fora e tornaram-se amigos, pois estavam sempre envolvidos com trabalhos do mesmo grupo. Depois da formatura, os dois advogados tomaram rumos diferentes; ele abriu um escritório com outro colega ali mesmo e ela retornou à sua cidade natal, Manaus.

                Depois de mais de sete horas de viagem, o comandante anunciou a descida em terras manauenses. Lá estava a amiga aguardando sua chegada; foi um longo abraço, estavam felizes pelo reencontro. Depois seguiram para a casa dela, a viagem aconteceria no dia seguinte bem cedo. Estava chovendo muito e Celina disse para Rodolfo:

           - Aqui chove muito, mas não se preocupe, logo passa. Rodolfo sorriu:

           - Sim, eu sempre li sobre as chuvas torrenciais no norte do país, que acontecem a tarde e logo desaparecem. Quero conhecer a cidade, que me pareceu muito bonita lá do alto.

               – A noite vou leva-lo para dar umas voltas pelo centro noturno. Concluiu a moça.

            Ele sorriu, estava feliz por estar com uma pessoa que gostava muito, era uma boa amiga. Ela morava em um casarão antigo, era filha de família tradicional de Manaus. O pai era um advogado conhecido e bem resolvido profissionalmente. A mãe era professora de literatura, pessoas agradáveis e cordiais. Celina tinha um irmão casado, que morava em Parintins, por isso o interesse em acompanhar Rodolfo nessa aventura. Ficariam alguns dias na casa do irmão dela, para acompanhar as apresentações dos bois bumbás.

                Rodolfo teve o resto da tarde para se refazer da viagem e a noite estava pronto para sair e conhecer Manaus. Celina o levou a vários lugares de encontro de jovens e depois foram parar em uma boate muito badalada. Quando chegaram, a moça encontrou uma amiga, que ficou encantada ao conhecer Rodolfo. E, até o final da noite, a amiga já tinha se oferecido para acompanha-los na viagem.

                Lorena era uma bela mestiça, estudante de letras e também estava de férias. O pai era filho de portugueses e a mãe filha de índios. Dessa mistura saiu uma morena exuberante. Tinha cabelos e olhos negros em um corpo escultural, era impossível não se encantar com seu jeito alegre e brincalhão. Os três passaram algumas horas conversando e rindo, depois foram descansar para seguir viagem no dia seguinte.

                O dia amanheceu e Lorena já estava à espera de Rodolfo e Celina no cais do porto de Manaus. Ficaram aguardando o embarque, enquanto o rapaz admirava os barcos atracados naquele local. Rodolfo estava eufórico, queria viver aquela aventura, sentia que seria cheia de surpresas e emoções.

            Havia muita gente circulando por ali e entre os passageiros estavam os carregadores do porto. Trabalho duro, carregando nas costas sacos de mantimentos ou em pequenas carrocinhas empurradas manualmente. Um jeito rústico de trabalhar, mas que dá emprego a muita gente.

                Já passava das oito horas da manhã, quando os três conseguiram adentrar o barco de três andares, eles ficariam na parte de cima, ou seja, nos camarotes.  Os pais de Celina insistiram para que ficassem bem acomodados, tinham medo que ficassem desconfortáveis, dormindo nas redes. Na parte de baixo, as redes eram arrumadas lado a lado e as malas colocadas debaixo da rede de cada ocupante. Havia muita gente ali e parecia um amontoado de pessoas disputando um pedacinho de chão.

           Os três viajantes entraram rapidamente e subiram as escadas. O compartimento do meio parecia o mais seguro; abrigava menos pessoas e estava protegido das chuvas. Os amigos ficaram em dois camarotes, um para o rapaz e o outro para as duas moças. As cabines eram razoavelmente confortáveis, tinha ar condicionado, um beliche com duas camas, um banheiro e televisão, no entanto, quando chovia forte entrava água pelas vidraças. Quando avisaram que entrava água da chuva, eles riram, nada tiraria a alegria da viagem.

            Tudo parecia muito bom para os três, que estavam felizes viajando nas águas do rio Amazonas. Era o início de uma grande aventura.

 Um texto de Eva Ibrahim Sousa

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