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quarta-feira, 4 de setembro de 2019

"BORBULHAS DE AMOR" (...) "QUEM DERA SER UM PEIXE, PARA EM TEU LÍMPIDO AQUÁRIO MERGULHAR. FAZER BORBULHAS DE AMOR PRA TE ENCANTAR. PASSAR A NOITE EM CLARO DENTRO DE TI. UM PEIXE PARA ENFEITAR DE CORAIS TUA CINTURA. FAZER SILHUETAS DE AMOR À LUZ DA LUA, SACIAR ESTA LOUCURA DENTRO DE TI." CANTOR: FAGNER, COMPOSITORES: JUAN LUIS GUERRA/ JOSÉ DE RIBAMAR FERREIRA.

LUAR DE PRATA

CAPÍTULO DOIS
                        Era segunda-feira e Cecília havia dito que a viagem seria mais tranquila, se ocorresse no início da semana, Rodolfo concordara prontamente. Assim ficariam uma semana inteira em Parintins, essa ideia o deixava eufórico. A moça alegou que nas quartas e quintas-feiras os barcos estariam lotados, em consequência das festas folclóricas no arquipélago das ilhas Tupinambaranas, ou seja, em sua capital Parintins. Essas ilhas ficam na divisa do estado do Amazonas com o estado do Pará, no norte do Brasil.

            Cecília, Rodolfo e Lorena se instalaram nas cabines e depois desceram para almoçar. Havia muito peixe para degustar, assado, frito, ensopado, pirão de peixe, arroz, legumes, saladas e de sobremesa açaí com frutas da terra. Lá tinha também um grupo de músicos, que tocavam músicas sertanejas, forró e frevo, alegrando o ambiente. A maioria armou suas redes e foram descansar após o almoço, fazer a sesta era um costume comum no norte do país. O calor muito forte, deixa as pessoas sonolentas após o almoço.

              Com os três amigos não foi diferente, foram para as cabines descansar. Adormeceram e foram acordados com trovões, relâmpagos e muito vento. Já estava escurecendo e o barco balançava muito, então, fecharam as janelas, que estavam abertas. Assustados, ficaram juntos aguardando o temporal passar, estavam com medo, parecia que o mundo iria acabar.

             Foi um vendaval com muita água, que entrava pelos vidros, que não fechavam adequadamente. Amontoaram as bagagens sobre os beliches, para que não fossem molhadas. O vendaval durou uma hora mais ou menos, depois foi se acalmando, então eles puderam descer para o segundo piso e do convés avistar uma paisagem fantástica.

                   A lua cheia brilhava nas águas do rio Amazonas, que mais parecia um mar de prata, majestoso e indescritível. Muitos passageiros ficaram ali desfrutando da beleza da  paisagem, que se desenhava como uma pintura. Havia pessoas de vários lugares e do estrangeiro também, além dos nativos que cuidavam da organização e da ordem no barco. A noite quente e a brisa fresca, que a chuva deixou, era um convite a ficar no convés e aproveitar a magia do local.

            Já passava das nove horas da noite quando apareceu um rapaz jovem e bonito, vestia-se com traje a passeio, isto é: calça social, camisa de manga longa, sapatos fechados e um pequeno chapéu na cabeça. Uma figura esquisita para o local, não combinava com as pessoas e nem com o ambiente. Todos olharam para ele com curiosidade, era no mínimo estranho.

                   Celina olhou para Lorena, que piscou o olho esquerdo e fez sinal com a cabeça. Rodolfo não entendeu nada e perguntou:

              - Vocês conhecem aquele rapaz?

            - Não, mas parece ser o homem da lenda do Boto cor de rosa, explicou Lorena.

              O Boto cor de rosa é um golfinho e a noite ele se transforma em um rapaz, para conquistar as moças bonitas. Celina completou.

              - Como? Um peixe que se transforma em gente? Perguntou o rapaz, estava perplexo pela afirmação das moças.

                - Sim Amigo, temos muitas lendas que envolvem o rio Amazonas, a floresta e seus habitantes. Os indígenas tem sua própria cultura e crenças que envolvem divindades e espíritos do bem e do mal, que acabam por criarem histórias incríveis. Estas se tornam contos locais, que difundidos boca a boca crescem e se transformam em lendas fantasiosas. Os ribeirinhos, os caboclos e os pescadores também contribuem para alimentar e difundir fatos e acontecimentos, que ocorrem nas entranhas do rio e da floresta.

           - Nunca saberemos o que realmente existe de verdade em cada conto fantasioso, no contexto mágico do rio Amazonas. Hoje vamos falar da lenda que envolve o nome “Amazonas” e num outro momento falaremos sobre o Boto cor de rosa.

                   - Essa lenda era conhecida na Grécia antiga, que contavam sobre mulheres a cavalo, munidas de arco e flecha, seminuas, guerreiras destemidas, que se recusavam a viver com homens. Essas mulheres eram conhecidas como “amazonas” e temidas pelos soldados, que ao ouvir seus nomes queriam fugir.

             - Conta a lenda, que logo após a descoberta do Brasil, uma esquadra espanhola adentrou o continente sul americano e ao atravessar o misterioso rio entre densas florestas, avistaram mulheres semelhantes as terríveis amazonas da Grécia antiga. Segundo relatos indígenas, a luta entre as mulheres e os espanhóis foi feroz e terminou vencida por elas. Ao ouvirem as narrativas dos indígenas, os espanhóis cientes da existência das amazonas descritas anteriormente, confundiram ambas e batizaram o rio com o nome de Amazonas.

           - Posteriormente, também a floresta e o estado do norte brasileiro foram batizados com o mesmo nome. Assim, amazonas são mulheres que cavalgavam seminuas, empunhando apenas arco e flecha, um belo nome para um estado majestoso e misterioso.

           Celina terminou de falar e bocejou, estava com sono, então, os três foram dormir o resto da noite, mas antes viram o indivíduo de chapéu beijando uma menina indígena. As duas moças se entreolharam espantadas, Rodolfo ficou atento.

 Um texto de Eva Ibrahim Sousa

Com consultas a Wikipédia e a InfoEscola.

quarta-feira, 28 de agosto de 2019

"BORBULHAS DE AMOR" CANTOR: FAGNER- "TENHO UM CORAÇÃO DIVIDIDO ENTRE A ESPERANÇA E A RAZÃO, TENHO UM CORAÇÃO BEM MELHOR QUE NÃO TIVERA. ESSE CORAÇÃO NÃO CONSEGUE SE CONTER AO OUVIR TUA VOZ, POBRE CORAÇÃO SEMPRE ESCRAVO DA TERNURA." (...) COMPOSITORES: JUAN LUIS GUERRA / JOSÉ DE RIBAMAR FERREIRA

ESPELHO ENCANTADO

A VIAGEM
CAPÍTULO UM
            Rodolfo levantou-se cedo e correu para o banheiro, estava atrasado. A noite fora cheia de insônias, pequenos cochilos e sobressaltos contínuos. Ele estava ansioso e não conseguia relaxar. Tomou um gole de suco, que estava na geladeira, apanhou um pedaço de pão de forma e desceu as escadarias do prédio correndo, pois o Uber já o estava aguardando. Entrou no automóvel comendo o pão, enquanto o motorista guardava sua bagagem no porta malas.

                O rapaz morava em Juiz de Fora e o aeroporto da Zona da Mata distava dali uma hora ou mais, temia perder o seu voo para Manaus. Esta viagem era um sonho antigo, de viajar de barco nas águas do Amazonas. Estava de férias e havia comprado uma passagem de Manaus a Parintins. Seu sonho ia mais além, queria assistir ao duelo dos bumbás, Garantido e Caprichoso, no Festival Folclórico de Parintins.

             Para isso, Rodolfo iria se encontrar com uma amiga do tempo da faculdade, que iria fazer a viagem em sua companhia. Celina estudara na Universidade Federal de Juiz de Fora e tornaram-se amigos, pois estavam sempre envolvidos com trabalhos do mesmo grupo. Depois da formatura, os dois advogados tomaram rumos diferentes; ele abriu um escritório com outro colega ali mesmo e ela retornou à sua cidade natal, Manaus.

                Depois de mais de sete horas de viagem, o comandante anunciou a descida em terras manauenses. Lá estava a amiga aguardando sua chegada; foi um longo abraço, estavam felizes pelo reencontro. Depois seguiram para a casa dela, a viagem aconteceria no dia seguinte bem cedo. Estava chovendo muito e Celina disse para Rodolfo:

           - Aqui chove muito, mas não se preocupe, logo passa. Rodolfo sorriu:

           - Sim, eu sempre li sobre as chuvas torrenciais no norte do país, que acontecem a tarde e logo desaparecem. Quero conhecer a cidade, que me pareceu muito bonita lá do alto.

               – A noite vou leva-lo para dar umas voltas pelo centro noturno. Concluiu a moça.

            Ele sorriu, estava feliz por estar com uma pessoa que gostava muito, era uma boa amiga. Ela morava em um casarão antigo, era filha de família tradicional de Manaus. O pai era um advogado conhecido e bem resolvido profissionalmente. A mãe era professora de literatura, pessoas agradáveis e cordiais. Celina tinha um irmão casado, que morava em Parintins, por isso o interesse em acompanhar Rodolfo nessa aventura. Ficariam alguns dias na casa do irmão dela, para acompanhar as apresentações dos bois bumbás.

                Rodolfo teve o resto da tarde para se refazer da viagem e a noite estava pronto para sair e conhecer Manaus. Celina o levou a vários lugares de encontro de jovens e depois foram parar em uma boate muito badalada. Quando chegaram, a moça encontrou uma amiga, que ficou encantada ao conhecer Rodolfo. E, até o final da noite, a amiga já tinha se oferecido para acompanha-los na viagem.

                Lorena era uma bela mestiça, estudante de letras e também estava de férias. O pai era filho de portugueses e a mãe filha de índios. Dessa mistura saiu uma morena exuberante. Tinha cabelos e olhos negros em um corpo escultural, era impossível não se encantar com seu jeito alegre e brincalhão. Os três passaram algumas horas conversando e rindo, depois foram descansar para seguir viagem no dia seguinte.

                O dia amanheceu e Lorena já estava à espera de Rodolfo e Celina no cais do porto de Manaus. Ficaram aguardando o embarque, enquanto o rapaz admirava os barcos atracados naquele local. Rodolfo estava eufórico, queria viver aquela aventura, sentia que seria cheia de surpresas e emoções.

            Havia muita gente circulando por ali e entre os passageiros estavam os carregadores do porto. Trabalho duro, carregando nas costas sacos de mantimentos ou em pequenas carrocinhas empurradas manualmente. Um jeito rústico de trabalhar, mas que dá emprego a muita gente.

                Já passava das oito horas da manhã, quando os três conseguiram adentrar o barco de três andares, eles ficariam na parte de cima, ou seja, nos camarotes.  Os pais de Celina insistiram para que ficassem bem acomodados, tinham medo que ficassem desconfortáveis, dormindo nas redes. Na parte de baixo, as redes eram arrumadas lado a lado e as malas colocadas debaixo da rede de cada ocupante. Havia muita gente ali e parecia um amontoado de pessoas disputando um pedacinho de chão.

           Os três viajantes entraram rapidamente e subiram as escadas. O compartimento do meio parecia o mais seguro; abrigava menos pessoas e estava protegido das chuvas. Os amigos ficaram em dois camarotes, um para o rapaz e o outro para as duas moças. As cabines eram razoavelmente confortáveis, tinha ar condicionado, um beliche com duas camas, um banheiro e televisão, no entanto, quando chovia forte entrava água pelas vidraças. Quando avisaram que entrava água da chuva, eles riram, nada tiraria a alegria da viagem.

            Tudo parecia muito bom para os três, que estavam felizes viajando nas águas do rio Amazonas. Era o início de uma grande aventura.

 Um texto de Eva Ibrahim Sousa

quarta-feira, 21 de agosto de 2019

"FESTA DE SÃO JOÃO" "O BALÃO TÁ SUBINDO TÁ CAINDO A GAROA, O CÉU É TÃO LINDO E A NOITE É TÃO BOA. SÃO JOÃO, SÃO JOÃO, ACENDE A FOGUEIRA DO MEU CORAÇÃO" CANTIGA POPULAR BRASILEIRA. AUTOR DESCONHECIDO

ACENDE A FOGUEIRA

CAPÍTULO SETE
         A semana passou rapidamente e o casal estava muito feliz, no entanto, para a moça era o último final de semana em Campina Grande. Viviane teria que regressar à Campinas São Paulo, seu trabalho a esperava.  Os dois estavam tristonhos, mas queriam curtir a última festa na praça do povo. Era a maior de todas, a festa principal que dava nome ao maior evento da região, isto é: O Maior São João do Mundo.

             O ponto alto da festa de São João são os shows dos famosos, que se apresentam no palco principal da praça. Lá ficam os camarotes e o público pagante, mas dá para assistir de fora também; o local é aberto dos dois lados. Viviane e Gabriel chegaram cedo ao parque e presenciaram o ritual para acender a fogueira de São João.

            Diante da presença do público e ao som de músicas regionais alusivas as festas juninas, os fogos pipocavam no céu. Os clarões faziam fundo para as labaredas brilhantes, que saiam da enorme fogueira. O povo aplaudia com entusiasmo, a noite estava apenas começando.

             Era uma noite estrelada e quente do nordeste brasileiro, havia um forte convite ao amor, projetos e sonhos para o futuro. A praça estava superlotada de gente, indo e vindo para todos os lados, aguardando o início do show. O casal de namorados permanecia abraçados e se esgueirava por entre as pessoas, a procura de um lugar reservado. Conseguiram sentar-se em um canto, de onde dava para assistir as apresentações, que aconteciam no palco principal.

           De repente, começou um burburinho e uma agitação do público, em seguida os primeiros acordes foram dados. O apresentador anunciou o primeiro artista a se apresentar e sob aplausos a música começou.

Viviane se aconchegou no ombro de Gabriel e murmurou acompanhando a música:

- Quem dera ficar assim para sempre!

 Gabriel apertou seu abraço e continuou a cantarolar a música conhecida de todos; era um clássico nordestino. Embalados pela bela canção de amor, os dois se fundiram em emoção e pareciam anestesiados pelo amor. As músicas e os cantores se sucederam encantando a plateia. Assim se passaram algumas horas de puro enlevo emocional.

Já passava da meia noite quando o casal se levantou, para procurar um local para comer e fazer suas necessidades fisiológicas. Foram parar dentro da Pirâmide e lá o público se esbaldava na dança do forró. A música contagiante fazia os pés ficaram marcando o ritmo, involuntariamente. Gabriel viu os pés de Viviane e a convidou:

 - Dança comigo? Ela sorriu e se levantou, o convite fora aceito.

             Corpo a corpo, um fungando no cangote do outro, era assim que acontecia a dança na madrugada da noite de São João de Campina Grande. A noite terminou, ambos chegaram à casa e se jogaram na cama, estavam exaustos. Chutaram os sapatos e dormiram vestidos do jeito que estavam.

             Viviane, antes de adormecer, murmurou:

            -Foi uma noite incrível, para nunca mais esquecer.

Gabriel concordou com a cabeça e adormeceu em seguida.

          Quando acordaram já passava do meio dia, tomaram banho e saíram para almoçar fora. Depois foram até uma praça, onde ficaram sentados namorando, em frente a uma fonte luminosa. O vento batia nas águas e fazia respingar nos dois, fazendo-os sorrirem. No entanto, nada mais importava, apenas os dois perdidos de amor, já curtindo as saudades da distância forçada.

           A tarde já se punha no horizonte, quando Gabriel pegou as malas de Viviane e as colocou no automóvel. Mais um pouco, ele levaria sua amada para o aeroporto. Seu voo sairia as vinte e três horas local com destino à Campinas, São Paulo, mas seu coração ficaria ali mesmo, com Gabriel.

             Foi difícil se largarem, mas o avião não esperava ninguém e ela teve que correr para não ficar para trás. A aeronave levou uma mulher chorosa e carente de volta para sua casa. Entretanto, Viviane trazia no peito lembranças maravilhosas de dias vividos no Maior São João do Mundo. Gabriel ficou acenando até o avião desaparecer, depois voltou para casa com uma sensação de perda muito grande.

             As cinco horas da madrugada o celular acusou uma mensagem. Era Viviane que chegara a sua cidade e reiterava a decisão de amá-lo para sempre em um novo capítulo de suas vidas.

             A resposta veio em seguida:

          - Fica bem meu amor, logo irei visita-la. E, a moça seguiu em frente, havia muitas promessas no ar e uma fogueira acesa em seu coração.

Um texto de Eva Ibrahim Sousa 
Pesquisa: Wikipédia e Youtube

quarta-feira, 14 de agosto de 2019

"A FLOR E O BEIJA-FLOR" "(...) SAUDADE DE UM BEIJA-FLOR, LEMBRANÇAS DE UM ANTIGO AMOR. O DIA AMANHECEU TÃO LINDO, EU DURMO E ACORDO SORRINDO. O DIA AMANHECEU TÃO LINDO, EU DURMO E ACORDO SORRINDO". COMPOSITOR: MARÍLIA MENDONÇA, HENRIQUE E JULIANO

O TREM DA ALEGRIA

CAPÍTULO SEIS
      O grande evento dos casamentos comunitários terminou, mas ficaria na boca do povo por muito tempo. Uma festa que não faltou nada, teve bolo com tema junino e refrigerantes para todos os casais brindarem ao amor. Uma noite inesquecível para muitos, que já tinham perdido as esperanças, de um dia realizar o sonho guardado há muito tempo.

A cidade estava orgulhosa por ter apresentado uma cerimônia impecável. Houve uma mobilização muito grande da comunidade, para garantir tamanho sucesso. Todos os envolvidos na produção do evento, traziam no coração a certeza do dever cumprido.

                   Viviane e Gabriel dormiram agarradinhos, era impossível escapar daquele convite ao amor. A semana continuava e Gabriel chegou do trabalho com uma surpresa para sua namorada.

            – Meu amor, aqui estão dois bilhetes para a caravana da alegria, que acontecerá no domingo. O rapaz falou, com um sorriso nos lábios.

             Viviane pegou os bilhetes e surpresa perguntou do que se tratava:

               - O que quer dizer caravana da alegria?

             - É o trem do forró, que sai de Campina Grande e vai até o distrito de Galante. Uma viagem, de cerca de doze quilômetros pela zona rural, carregada de música e alegria. É uma locomotiva toda enfeitada com bandeirinhas e balões alusivos às festas juninas. Em cada vagão vai um trio elétrico, autêntico, do forró, tocando o tempo todo.

            - Os viajantes vão cantando e dançando alegremente; é uma festa sobre trilhos, que espalha alegria por onde passa. O comboio é seguido por uma ambulância, para o caso de alguém beber demais e precisar de atendimento médico.

            - Chegando à localidade de Galante, os passageiros são recepcionados por danças de quadrilhas, fogos de artifício e iguarias típicas da região. Podem almoçar nos vários lugares disponíveis nos arredores. Os mais integrados vão dançar forró nos galpões ou curtir a feirinha, que se localiza em meio a praça. E, para quem gosta, pode andar de charrete pelo campo e admirar uma linda paisagem rural.

                  Viviane sorriu, as surpresas não terminavam, sem dúvida era o maior São João do Mundo.

              - Gabriel, eu nunca ouvi falar em um trem assim, mas ficarei muito contente em participar de uma viagem alegre e dançante.

                  O domingo chegou e se mostrou com um Sol brilhante, o casal se vestiu para a festança na roça e seguiram até a velha estação, de onde partiria o trem da alegria. Havia muita gente aguardando para adentrar à locomotiva, que fora toda enfeitada.

                  A jovem estava deslumbrada com a animação das pessoas vestidas a caráter. Muitos chapéus de palhas com flores de tecidos e fitas coloridas, saias floridas e xadrezadas enfeitadas com rendas, fitas e sianinhas. Os homens com calças remendadas, chapéus de palhas desfiados e rostos pintados. Estavam prontos para uma guerra de alegria e satisfação.

                  Gabriel e Viviane adentraram o vagão principal e sentaram-se em frente ao trio, que tocava músicas de forró. Depois que todos se acomodaram, a locomotiva começou a andar. Muitos bebiam, dançavam e cantavam sem parar.

             – Gabriel essas pessoas vão ficar bêbadas, se continuarem bebendo sem parar. Viviane falou, estava preocupada.

            - Não se preocupe, devem estar acostumadas, mas se cometerem excessos, tem dois seguranças a postos para tomar as providências necessárias.

                  O trem seguia por campos de paisagens do agreste paraibano e Viviane prestava atenção dentro e fora do veículo; era tudo novidade. Depois de uma hora e meia desceram em Galante, então, foram comer e tomar refrescos, pois o calor era muito forte.

                   Foi um passeio diferente e muito interessante, chegando à cidade novamente foram descansar; estavam exaustos.

                  A noite saíram para passear na praça do povo, onde tinha uma grande fogueira, que iluminava o céu. A cada hora havia uma explosão de fogos de artifício, em comemoração ao dia do santo casamenteiro. O casal de namorados ficou sentado no banco da praça, apreciando os fogos e curtindo a brisa quente das noites de Campina Grande, na Paraíba.

             Ainda restava uma semana para Viviane ficar na cidade e precisavam aproveitar até o último momento. Na semana seguinte seria a comemoração do dia de São João, em vinte e quatro de junho e de são Pedro, em vinte e nove de junho. São os três santos comemorados nas festas juninas brasileiras: Antônio, João e Pedro.

 Um texto de Eva Ibrahim Sousa

quarta-feira, 7 de agosto de 2019

"A FLOR E O BEIJA-FLOR" "(...) E DIZ QUE O FRIO É UMA FASE RUIM, QUE ELA ERA A FLOR MAIS LINDA DO JARDIM. E A ÚNICA QUE SUPORTOU, MERECE CONHECER O AMOR E TODO O SEU CALOR. AI QUE SAUDADE DE UM BEIJA-FLOR, QUE ME BEIJOU DEPOIS VOOU. PRA LONGE DEMAIS, PRA LONGE DE NÓS" (...) COMPOSITOR: MARÍLIA MENDONÇA, HENRIQUE E JULIANO

OLHOS NOS OLHOS

CAPÍTULO CINCO
             A fila de casais, do lado de fora da Pirâmide, parecia uma serpente gigante, que tinha em sua cauda pessoas alegres e felizes. Movia-se vagarosamente, pois todos os casais deveriam ter o mesmo tratamento e oportunidades. Assim, cada um recebia o destaque adequado.  Era uma fila de pessoas sorridentes, que não cansavam de se admirar, mantendo os olhos nos olhos.

           O segundo casal, de braços dados, seguiu sobre o tapete vermelho, até o lugar que fora marcado para eles. O fotógrafo oficial estava atento para registrar aquele momento, cuja foto seria oferecida a cada casal como lembrança, pela organização do evento. Estava ali, também, a equipe da televisão local filmando a cerimônia e isso era mais um motivo para as pessoas sorrirem.

            Familiares se esforçavam para gravar, com o celular, a felicidade estampada nos rostos das pessoas queridas. A elegância estava presente nas noivas e nos noivos também; eles se apresentavam bem arrumados, ao lado de suas parceiras de vida.

                As noivas tiveram seu dia de princesa, todas penteadas e maquiadas por profissionais capacitados. Parecia que estavam nas nuvens, com seus vestidos brancos esvoaçantes. Estavam felizes pelo sonho realizado e isso se refletia nos olhos e nos sorrisos.

           Viviane estava deslumbrada com tantos acontecimentos inesperados. Agarrada ao seu amor ela disse:

            - Gabriel, eu quero me casar num lugar festivo igual a este.

             O rapaz sorriu, sabia que nenhuma mulher ficaria insensível ao presenciar aquele conto de fadas. Então, ele a abraçou e completou dizendo:

            - Sim, teremos exatamente um ano, para nos prepararmos para isso. No ano que vem estaremos sentados naquelas cadeiras, para gritar bem alto:

             - Sim, eu aceito.

            E, a procissão de noivos continuava, cada um que adentrava o recinto era aplaudido entusiasticamente. A timidez da maioria era ofuscada pelo brilho dos holofotes. Cada noiva trazia um buquê diferente, um detalhe no vestido ou nos cabelos, assim prendia a atenção de todos os presentes. Seriam motivo de conversas de comadres, por um bom tempo.

            A filarmônica tocava incessantemente até o último casal sentar-se, então ouviu-se o acorde final, era o início da cerimônia. O juiz tomou a palavra e passou a explanar todas as vantagens de se fazer um casamento coletivo. Uma oportunidade oferecida para todos, com igualdade de direitos. O que para muitos já era um sonho perdido, foi recuperado com satisfação e alegria.

            Os casais estavam de parabéns por confirmar a intenção de casar-se, muitos, há muito tempo prometida. Depois, um a um foram chamados para assinarem o livro do cartório. Em seguida, a pergunta clássica foi feita pelo juiz.

           - As noivas aqui presentes, aceitam casar-se com os seus respectivos noivos?

            Então ouviu-se em alto e bom som:

          - Sim, aceito.

 E os noivos aqui presentes aceitam casar-se com as respectivas noivas?

          - Sim, aceito.

              Assim, ouviu-se aplausos e assovios no recinto, a felicidade estava reinando naquele lugar.  Logo, os noivos se beijaram, os sonhos se tornaram realidade e os olhos brilharam de satisfação. O salão enfeitado para o maior são João do Mundo e para acolher os noivos, se encheu de alegria e sorrisos de felicidades.

           Enquanto os organizadores retiravam as cadeiras do local, para que houvesse a dança dos casais, foi organizado o lançamento do buquê. Apenas três buquês seriam atirados para as mulheres solteiras, viúvas e encalhadas, porque se todos os buquês fossem jogados, sairia do controle e perderia sua função. 

            Mais ou menos três dezenas de mulheres se postaram no salão, para apanharem o buquê atirado pelas noivas. Eram mulheres de todas as idades, sonhando com um príncipe encantado. Dizia a lenda, que quem apanhasse o buquê, se casaria no próximo ano.

            Viviane correu para participar daquela brincadeira casamenteira. Gabriel ficou assistindo e quando ela apanhou o segundo buquê e correu para abraça-lo, ele sorriu e a beijou com satisfação.

            A música dançante iniciou seus primeiros acordes, um grupo famoso de forró entrara no palco para animar a festa. Os casais de noivos tomaram a pista de danças e se entregaram ao ritmo do som, que envolvia o ambiente; todos estavam felizes.

          Depois da primeira música, outros casais se aventuraram a dançar o forró. Gabriel e Viviane, abraçados, emocionados e apaixonados, saíram para dançar.
             Um texto de Eva Ibrahim Sousa

quarta-feira, 31 de julho de 2019

"A FLOR E O BEIJA-FLOR" "ESSA É UMA VELHA HISTÓRIA DE UMA FLOR E UM BEIJA-FLOR, QUE CONHECERAM O AMOR NUMA NOITE FRIA DE OUTONO. E AS FOLHAS CAÍDAS NO CHÃO DA ESTAÇÃO QUE NÃO TEM COR, E A FLOR CONHECE O BEIJA-FLOR E ELE LHE APRESENTA O AMOR". (...) COMPOSITORES: MARÍLIA MENDONÇA, HENRIQUE E JULIANO

COM O BUQUÊ NAS MÃOS

CAPÍTULO QUATRO
           O casal foi para casa descansar, precisavam reservar energia para o forró da noite de sábado. Naquele dia, um grupo famoso iria se apresentar na Pirâmide e Gabriel queria levar sua amada para dançar. Viviane alertou o rapaz de que não sabia dançar forró, poderia dar vexame. Ele sorriu e disse:

         -Basta me acompanhar, vou guia-la pela vida afora e, é bom começarmos agora. Você dançou comigo no outro dia, é a mesma coisa, com pequenas variações. Ficou pensativo e depois continuou:

            - Eu sou o cavalheiro que irá conduzi-la aos céus. Gabriel enfatizou as palavras, olhando fixamente para ela. Aquela fora uma metáfora cheia de muitas intenções, carecia de reflexão.

                Ela balançou a cabeça e pensou que ainda era cedo para ter tantas certezas, mas ficou calada, não iria estragar aquele momento. Faria tudo para não pisar nos pés de Gabriel. Ela gostava do rapaz, mas não queria errar novamente, seu casamento fora um desastre. Ainda tinha alguns dias para conhece-lo melhor e tempo para decidir seu futuro.

                A noite chegou e Viviane acompanhou o rapaz ao Parque do Povo, onde podia-se ouvir o som do forró em todos os salões do local. A música, com uma batida dançante, enfeitava o ar e convidava o povo para dançar.

            De mãos dadas, os dois passearam por entre os quiosques e as barracas de artesanatos, parando para admirar uma peça e outra. Havia muitas tapeçarias, bibelôs e pequenas lembranças do Maior São João do Mundo para serem vistas, depois foram assistir ao show e dançar até o amanhecer.

                No domingo, Gabriel levou Viviane para conhecer seus pais e almoçaram com a família. Em seguida, voltaram para casa e ficaram o resto do dia assistindo televisão, estavam exaustos.

             No dia seguinte, o rapaz foi trabalhar e ela teve tempo para curtir a casa e observar os objetos que ele gostava, tais como: os livros, as roupas e as disposições dos utensílios domésticos. A moradia de uma pessoa diz muito sobre ela e Viviane era psicóloga. Fez algumas arrumações e a tarde preparou o jantar. Foi uma noite feliz, estavam apaixonados e em paz.

            Finalmente chegou o dia dos namorados e a noite iriam assistir o casamento comunitário na Pirâmide. Viviane estava empolgada, queria ver de perto toda aquela realização coletiva. Em Campina Grande, o dia de Santo Antônio é de descanso, assim todos podem desfrutar dos festejos até tarde da noite.

O casamento estava marcado para as dezenove horas e quando o casal chegou, o espaço já estava cheio de gente. Gabriel puxou Viviane até um local, onde dava para ver a cerimônia. A moça estava surpresa com a grandeza do evento e a alegria estampada nos rostos das pessoas.

            No palco de shows estava a Filarmônica local, que tocava músicas temáticas de núpcias, para promover o encanto que o momento necessitava. Era dia dos namorados e havia muitos convites ao amor, espalhados no ar. Os casais se entreolhavam com um sorriso e um olhar inebriante, que prometia uma noite de sonhos.

             Então, ao som da marcha nupcial todos se calaram. Em seguida, houve um burburinho, a porta principal foi aberta e o primeiro casal apareceu. A noiva estava com um buquê de rosas vermelhas nas mãos. Era um casal de meia idade, mas traziam nos lábios o sorriso de jovens vitoriosos.

 Um texto de Eva Ibrahim Sousa

MEU MUNDO REINVENTADO.

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