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quarta-feira, 21 de agosto de 2019

"FESTA DE SÃO JOÃO" "O BALÃO TÁ SUBINDO TÁ CAINDO A GAROA, O CÉU É TÃO LINDO E A NOITE É TÃO BOA. SÃO JOÃO, SÃO JOÃO, ACENDE A FOGUEIRA DO MEU CORAÇÃO" CANTIGA POPULAR BRASILEIRA. AUTOR DESCONHECIDO

ACENDE A FOGUEIRA

CAPÍTULO SETE
         A semana passou rapidamente e o casal estava muito feliz, no entanto, para a moça era o último final de semana em Campina Grande. Viviane teria que regressar à Campinas São Paulo, seu trabalho a esperava.  Os dois estavam tristonhos, mas queriam curtir a última festa na praça do povo. Era a maior de todas, a festa principal que dava nome ao maior evento da região, isto é: O Maior São João do Mundo.

             O ponto alto da festa de São João são os shows dos famosos, que se apresentam no palco principal da praça. Lá ficam os camarotes e o público pagante, mas dá para assistir de fora também; o local é aberto dos dois lados. Viviane e Gabriel chegaram cedo ao parque e presenciaram o ritual para acender a fogueira de São João.

            Diante da presença do público e ao som de músicas regionais alusivas as festas juninas, os fogos pipocavam no céu. Os clarões faziam fundo para as labaredas brilhantes, que saiam da enorme fogueira. O povo aplaudia com entusiasmo, a noite estava apenas começando.

             Era uma noite estrelada e quente do nordeste brasileiro, havia um forte convite ao amor, projetos e sonhos para o futuro. A praça estava superlotada de gente, indo e vindo para todos os lados, aguardando o início do show. O casal de namorados permanecia abraçados e se esgueirava por entre as pessoas, a procura de um lugar reservado. Conseguiram sentar-se em um canto, de onde dava para assistir as apresentações, que aconteciam no palco principal.

           De repente, começou um burburinho e uma agitação do público, em seguida os primeiros acordes foram dados. O apresentador anunciou o primeiro artista a se apresentar e sob aplausos a música começou.

Viviane se aconchegou no ombro de Gabriel e murmurou acompanhando a música:

- Quem dera ficar assim para sempre!

 Gabriel apertou seu abraço e continuou a cantarolar a música conhecida de todos; era um clássico nordestino. Embalados pela bela canção de amor, os dois se fundiram em emoção e pareciam anestesiados pelo amor. As músicas e os cantores se sucederam encantando a plateia. Assim se passaram algumas horas de puro enlevo emocional.

Já passava da meia noite quando o casal se levantou, para procurar um local para comer e fazer suas necessidades fisiológicas. Foram parar dentro da Pirâmide e lá o público se esbaldava na dança do forró. A música contagiante fazia os pés ficaram marcando o ritmo, involuntariamente. Gabriel viu os pés de Viviane e a convidou:

 - Dança comigo? Ela sorriu e se levantou, o convite fora aceito.

             Corpo a corpo, um fungando no cangote do outro, era assim que acontecia a dança na madrugada da noite de São João de Campina Grande. A noite terminou, ambos chegaram à casa e se jogaram na cama, estavam exaustos. Chutaram os sapatos e dormiram vestidos do jeito que estavam.

             Viviane, antes de adormecer, murmurou:

            -Foi uma noite incrível, para nunca mais esquecer.

Gabriel concordou com a cabeça e adormeceu em seguida.

          Quando acordaram já passava do meio dia, tomaram banho e saíram para almoçar fora. Depois foram até uma praça, onde ficaram sentados namorando, em frente a uma fonte luminosa. O vento batia nas águas e fazia respingar nos dois, fazendo-os sorrirem. No entanto, nada mais importava, apenas os dois perdidos de amor, já curtindo as saudades da distância forçada.

           A tarde já se punha no horizonte, quando Gabriel pegou as malas de Viviane e as colocou no automóvel. Mais um pouco, ele levaria sua amada para o aeroporto. Seu voo sairia as vinte e três horas local com destino à Campinas, São Paulo, mas seu coração ficaria ali mesmo, com Gabriel.

             Foi difícil se largarem, mas o avião não esperava ninguém e ela teve que correr para não ficar para trás. A aeronave levou uma mulher chorosa e carente de volta para sua casa. Entretanto, Viviane trazia no peito lembranças maravilhosas de dias vividos no Maior São João do Mundo. Gabriel ficou acenando até o avião desaparecer, depois voltou para casa com uma sensação de perda muito grande.

             As cinco horas da madrugada o celular acusou uma mensagem. Era Viviane que chegara a sua cidade e reiterava a decisão de amá-lo para sempre em um novo capítulo de suas vidas.

             A resposta veio em seguida:

          - Fica bem meu amor, logo irei visita-la. E, a moça seguiu em frente, havia muitas promessas no ar e uma fogueira acesa em seu coração.

Um texto de Eva Ibrahim Sousa 
Pesquisa: Wikipédia e Youtube

quarta-feira, 14 de agosto de 2019

"A FLOR E O BEIJA-FLOR" "(...) SAUDADE DE UM BEIJA-FLOR, LEMBRANÇAS DE UM ANTIGO AMOR. O DIA AMANHECEU TÃO LINDO, EU DURMO E ACORDO SORRINDO. O DIA AMANHECEU TÃO LINDO, EU DURMO E ACORDO SORRINDO". COMPOSITOR: MARÍLIA MENDONÇA, HENRIQUE E JULIANO

O TREM DA ALEGRIA

CAPÍTULO SEIS
      O grande evento dos casamentos comunitários terminou, mas ficaria na boca do povo por muito tempo. Uma festa que não faltou nada, teve bolo com tema junino e refrigerantes para todos os casais brindarem ao amor. Uma noite inesquecível para muitos, que já tinham perdido as esperanças, de um dia realizar o sonho guardado há muito tempo.

A cidade estava orgulhosa por ter apresentado uma cerimônia impecável. Houve uma mobilização muito grande da comunidade, para garantir tamanho sucesso. Todos os envolvidos na produção do evento, traziam no coração a certeza do dever cumprido.

                   Viviane e Gabriel dormiram agarradinhos, era impossível escapar daquele convite ao amor. A semana continuava e Gabriel chegou do trabalho com uma surpresa para sua namorada.

            – Meu amor, aqui estão dois bilhetes para a caravana da alegria, que acontecerá no domingo. O rapaz falou, com um sorriso nos lábios.

             Viviane pegou os bilhetes e surpresa perguntou do que se tratava:

               - O que quer dizer caravana da alegria?

             - É o trem do forró, que sai de Campina Grande e vai até o distrito de Galante. Uma viagem, de cerca de doze quilômetros pela zona rural, carregada de música e alegria. É uma locomotiva toda enfeitada com bandeirinhas e balões alusivos às festas juninas. Em cada vagão vai um trio elétrico, autêntico, do forró, tocando o tempo todo.

            - Os viajantes vão cantando e dançando alegremente; é uma festa sobre trilhos, que espalha alegria por onde passa. O comboio é seguido por uma ambulância, para o caso de alguém beber demais e precisar de atendimento médico.

            - Chegando à localidade de Galante, os passageiros são recepcionados por danças de quadrilhas, fogos de artifício e iguarias típicas da região. Podem almoçar nos vários lugares disponíveis nos arredores. Os mais integrados vão dançar forró nos galpões ou curtir a feirinha, que se localiza em meio a praça. E, para quem gosta, pode andar de charrete pelo campo e admirar uma linda paisagem rural.

                  Viviane sorriu, as surpresas não terminavam, sem dúvida era o maior São João do Mundo.

              - Gabriel, eu nunca ouvi falar em um trem assim, mas ficarei muito contente em participar de uma viagem alegre e dançante.

                  O domingo chegou e se mostrou com um Sol brilhante, o casal se vestiu para a festança na roça e seguiram até a velha estação, de onde partiria o trem da alegria. Havia muita gente aguardando para adentrar à locomotiva, que fora toda enfeitada.

                  A jovem estava deslumbrada com a animação das pessoas vestidas a caráter. Muitos chapéus de palhas com flores de tecidos e fitas coloridas, saias floridas e xadrezadas enfeitadas com rendas, fitas e sianinhas. Os homens com calças remendadas, chapéus de palhas desfiados e rostos pintados. Estavam prontos para uma guerra de alegria e satisfação.

                  Gabriel e Viviane adentraram o vagão principal e sentaram-se em frente ao trio, que tocava músicas de forró. Depois que todos se acomodaram, a locomotiva começou a andar. Muitos bebiam, dançavam e cantavam sem parar.

             – Gabriel essas pessoas vão ficar bêbadas, se continuarem bebendo sem parar. Viviane falou, estava preocupada.

            - Não se preocupe, devem estar acostumadas, mas se cometerem excessos, tem dois seguranças a postos para tomar as providências necessárias.

                  O trem seguia por campos de paisagens do agreste paraibano e Viviane prestava atenção dentro e fora do veículo; era tudo novidade. Depois de uma hora e meia desceram em Galante, então, foram comer e tomar refrescos, pois o calor era muito forte.

                   Foi um passeio diferente e muito interessante, chegando à cidade novamente foram descansar; estavam exaustos.

                  A noite saíram para passear na praça do povo, onde tinha uma grande fogueira, que iluminava o céu. A cada hora havia uma explosão de fogos de artifício, em comemoração ao dia do santo casamenteiro. O casal de namorados ficou sentado no banco da praça, apreciando os fogos e curtindo a brisa quente das noites de Campina Grande, na Paraíba.

             Ainda restava uma semana para Viviane ficar na cidade e precisavam aproveitar até o último momento. Na semana seguinte seria a comemoração do dia de São João, em vinte e quatro de junho e de são Pedro, em vinte e nove de junho. São os três santos comemorados nas festas juninas brasileiras: Antônio, João e Pedro.

 Um texto de Eva Ibrahim Sousa

quarta-feira, 7 de agosto de 2019

"A FLOR E O BEIJA-FLOR" "(...) E DIZ QUE O FRIO É UMA FASE RUIM, QUE ELA ERA A FLOR MAIS LINDA DO JARDIM. E A ÚNICA QUE SUPORTOU, MERECE CONHECER O AMOR E TODO O SEU CALOR. AI QUE SAUDADE DE UM BEIJA-FLOR, QUE ME BEIJOU DEPOIS VOOU. PRA LONGE DEMAIS, PRA LONGE DE NÓS" (...) COMPOSITOR: MARÍLIA MENDONÇA, HENRIQUE E JULIANO

OLHOS NOS OLHOS

CAPÍTULO CINCO
             A fila de casais, do lado de fora da Pirâmide, parecia uma serpente gigante, que tinha em sua cauda pessoas alegres e felizes. Movia-se vagarosamente, pois todos os casais deveriam ter o mesmo tratamento e oportunidades. Assim, cada um recebia o destaque adequado.  Era uma fila de pessoas sorridentes, que não cansavam de se admirar, mantendo os olhos nos olhos.

           O segundo casal, de braços dados, seguiu sobre o tapete vermelho, até o lugar que fora marcado para eles. O fotógrafo oficial estava atento para registrar aquele momento, cuja foto seria oferecida a cada casal como lembrança, pela organização do evento. Estava ali, também, a equipe da televisão local filmando a cerimônia e isso era mais um motivo para as pessoas sorrirem.

            Familiares se esforçavam para gravar, com o celular, a felicidade estampada nos rostos das pessoas queridas. A elegância estava presente nas noivas e nos noivos também; eles se apresentavam bem arrumados, ao lado de suas parceiras de vida.

                As noivas tiveram seu dia de princesa, todas penteadas e maquiadas por profissionais capacitados. Parecia que estavam nas nuvens, com seus vestidos brancos esvoaçantes. Estavam felizes pelo sonho realizado e isso se refletia nos olhos e nos sorrisos.

           Viviane estava deslumbrada com tantos acontecimentos inesperados. Agarrada ao seu amor ela disse:

            - Gabriel, eu quero me casar num lugar festivo igual a este.

             O rapaz sorriu, sabia que nenhuma mulher ficaria insensível ao presenciar aquele conto de fadas. Então, ele a abraçou e completou dizendo:

            - Sim, teremos exatamente um ano, para nos prepararmos para isso. No ano que vem estaremos sentados naquelas cadeiras, para gritar bem alto:

             - Sim, eu aceito.

            E, a procissão de noivos continuava, cada um que adentrava o recinto era aplaudido entusiasticamente. A timidez da maioria era ofuscada pelo brilho dos holofotes. Cada noiva trazia um buquê diferente, um detalhe no vestido ou nos cabelos, assim prendia a atenção de todos os presentes. Seriam motivo de conversas de comadres, por um bom tempo.

            A filarmônica tocava incessantemente até o último casal sentar-se, então ouviu-se o acorde final, era o início da cerimônia. O juiz tomou a palavra e passou a explanar todas as vantagens de se fazer um casamento coletivo. Uma oportunidade oferecida para todos, com igualdade de direitos. O que para muitos já era um sonho perdido, foi recuperado com satisfação e alegria.

            Os casais estavam de parabéns por confirmar a intenção de casar-se, muitos, há muito tempo prometida. Depois, um a um foram chamados para assinarem o livro do cartório. Em seguida, a pergunta clássica foi feita pelo juiz.

           - As noivas aqui presentes, aceitam casar-se com os seus respectivos noivos?

            Então ouviu-se em alto e bom som:

          - Sim, aceito.

 E os noivos aqui presentes aceitam casar-se com as respectivas noivas?

          - Sim, aceito.

              Assim, ouviu-se aplausos e assovios no recinto, a felicidade estava reinando naquele lugar.  Logo, os noivos se beijaram, os sonhos se tornaram realidade e os olhos brilharam de satisfação. O salão enfeitado para o maior são João do Mundo e para acolher os noivos, se encheu de alegria e sorrisos de felicidades.

           Enquanto os organizadores retiravam as cadeiras do local, para que houvesse a dança dos casais, foi organizado o lançamento do buquê. Apenas três buquês seriam atirados para as mulheres solteiras, viúvas e encalhadas, porque se todos os buquês fossem jogados, sairia do controle e perderia sua função. 

            Mais ou menos três dezenas de mulheres se postaram no salão, para apanharem o buquê atirado pelas noivas. Eram mulheres de todas as idades, sonhando com um príncipe encantado. Dizia a lenda, que quem apanhasse o buquê, se casaria no próximo ano.

            Viviane correu para participar daquela brincadeira casamenteira. Gabriel ficou assistindo e quando ela apanhou o segundo buquê e correu para abraça-lo, ele sorriu e a beijou com satisfação.

            A música dançante iniciou seus primeiros acordes, um grupo famoso de forró entrara no palco para animar a festa. Os casais de noivos tomaram a pista de danças e se entregaram ao ritmo do som, que envolvia o ambiente; todos estavam felizes.

          Depois da primeira música, outros casais se aventuraram a dançar o forró. Gabriel e Viviane, abraçados, emocionados e apaixonados, saíram para dançar.
             Um texto de Eva Ibrahim Sousa

quarta-feira, 31 de julho de 2019

"A FLOR E O BEIJA-FLOR" "ESSA É UMA VELHA HISTÓRIA DE UMA FLOR E UM BEIJA-FLOR, QUE CONHECERAM O AMOR NUMA NOITE FRIA DE OUTONO. E AS FOLHAS CAÍDAS NO CHÃO DA ESTAÇÃO QUE NÃO TEM COR, E A FLOR CONHECE O BEIJA-FLOR E ELE LHE APRESENTA O AMOR". (...) COMPOSITORES: MARÍLIA MENDONÇA, HENRIQUE E JULIANO

COM O BUQUÊ NAS MÃOS

CAPÍTULO QUATRO
           O casal foi para casa descansar, precisavam reservar energia para o forró da noite de sábado. Naquele dia, um grupo famoso iria se apresentar na Pirâmide e Gabriel queria levar sua amada para dançar. Viviane alertou o rapaz de que não sabia dançar forró, poderia dar vexame. Ele sorriu e disse:

         -Basta me acompanhar, vou guia-la pela vida afora e, é bom começarmos agora. Você dançou comigo no outro dia, é a mesma coisa, com pequenas variações. Ficou pensativo e depois continuou:

            - Eu sou o cavalheiro que irá conduzi-la aos céus. Gabriel enfatizou as palavras, olhando fixamente para ela. Aquela fora uma metáfora cheia de muitas intenções, carecia de reflexão.

                Ela balançou a cabeça e pensou que ainda era cedo para ter tantas certezas, mas ficou calada, não iria estragar aquele momento. Faria tudo para não pisar nos pés de Gabriel. Ela gostava do rapaz, mas não queria errar novamente, seu casamento fora um desastre. Ainda tinha alguns dias para conhece-lo melhor e tempo para decidir seu futuro.

                A noite chegou e Viviane acompanhou o rapaz ao Parque do Povo, onde podia-se ouvir o som do forró em todos os salões do local. A música, com uma batida dançante, enfeitava o ar e convidava o povo para dançar.

            De mãos dadas, os dois passearam por entre os quiosques e as barracas de artesanatos, parando para admirar uma peça e outra. Havia muitas tapeçarias, bibelôs e pequenas lembranças do Maior São João do Mundo para serem vistas, depois foram assistir ao show e dançar até o amanhecer.

                No domingo, Gabriel levou Viviane para conhecer seus pais e almoçaram com a família. Em seguida, voltaram para casa e ficaram o resto do dia assistindo televisão, estavam exaustos.

             No dia seguinte, o rapaz foi trabalhar e ela teve tempo para curtir a casa e observar os objetos que ele gostava, tais como: os livros, as roupas e as disposições dos utensílios domésticos. A moradia de uma pessoa diz muito sobre ela e Viviane era psicóloga. Fez algumas arrumações e a tarde preparou o jantar. Foi uma noite feliz, estavam apaixonados e em paz.

            Finalmente chegou o dia dos namorados e a noite iriam assistir o casamento comunitário na Pirâmide. Viviane estava empolgada, queria ver de perto toda aquela realização coletiva. Em Campina Grande, o dia de Santo Antônio é de descanso, assim todos podem desfrutar dos festejos até tarde da noite.

O casamento estava marcado para as dezenove horas e quando o casal chegou, o espaço já estava cheio de gente. Gabriel puxou Viviane até um local, onde dava para ver a cerimônia. A moça estava surpresa com a grandeza do evento e a alegria estampada nos rostos das pessoas.

            No palco de shows estava a Filarmônica local, que tocava músicas temáticas de núpcias, para promover o encanto que o momento necessitava. Era dia dos namorados e havia muitos convites ao amor, espalhados no ar. Os casais se entreolhavam com um sorriso e um olhar inebriante, que prometia uma noite de sonhos.

             Então, ao som da marcha nupcial todos se calaram. Em seguida, houve um burburinho, a porta principal foi aberta e o primeiro casal apareceu. A noiva estava com um buquê de rosas vermelhas nas mãos. Era um casal de meia idade, mas traziam nos lábios o sorriso de jovens vitoriosos.

 Um texto de Eva Ibrahim Sousa

quarta-feira, 24 de julho de 2019

"RINDO À TOA" (...) HA HA HA HA HA, MAS EU TÔ RINDO À TOA, NÃO QUE A VIDA ESTEJA ASSIM TÃO BOA, MAS UM SORRISO AJUDA A MELHORAR, AHA, AHA. E CANTANDO ASSIM, PARECE QUE O TEMPO VOA, QUANTO MAIS TRISTE, MAIS BONITO SOA. EU AGRADEÇO POR PODER CANTAR. LALAIÁ, LAIÁ, LAIÁ, LÊ". CANTOR: FALAMANSA, COMPOSITOR: TATO

FÁBRICA DE SONHOS

CAPÍTULO TRÊS
            O casal acordou quando o Sol já estava alto, foi um sono reparador. Ambos estavam cansados no corpo e na alma, pois as emoções foram intensas. Depois do banho, Gabriel convidou a namorada para tomar café na padaria, que ficava na esquina do prédio onde estavam. Viviane concordou, aquele seria um sábado manhoso, depois de muitas emoções vividas. Queria curtir seu namorado; ela estava muito feliz.

Tomaram o café e saíram para dar uma volta, a moça queria conhecer o centro de Campina Grande. Pararam para olhar vitrines e até compraram algumas lembrancinhas; ela pensava em presentear os amigos e familiares. Nas vitrines havia muitas roupas caipiras e vestidos de noiva, com rendas, babados e pedrarias. Curiosa, ela perguntou:

- Por que há tantos vestidos de noiva? Maio é tido como o mês das noivas e já terminou, ou será que aqui é diferente dos estados do sudeste?

 - Não meu amor, é que junho tem o dia dos namorados e no dia seguinte é o dia de Santo Antônio, o casamenteiro. E, aqui existe uma verdadeira fábrica de sonhos, os casamentos coletivos. O rapaz explicou e seus olhos brilharam, então continuou:

 - Todos os anos, no dia dos namorados acontecem os casamentos coletivos. Neste ano, são cento e vinte casais que vão trocar alianças no maior São João do mundo. Esse número varia de ano para ano, mas, sempre passam de cem. As inscrições ocorrem no final de março, e os escolhidos são contemplados para se casarem na Pirâmide, no dia dos namorados.

- Devem ser moradores de Campina Grande ou seus distritos, comprovados por documentos. Os casais que não podem arcar com as despesas, a prefeitura banca tudo, as roupas, maquiagens, acessórios e com o casamento propriamente dito. Eles saem com a certidão nas mãos. As vestimentas são alugadas e devolvidas após a cerimônia.

- No entanto, quem pode pagar e tem o sonho de se casar naquele local, compra suas vestimentas. É por isso, que ainda permanecem muitas roupas de casamento nas vitrines, a espera de compradores. 

-Eu sei de tudo isso porque a senhora que trabalha na casa de minha mãe, se casou no ano passado e, eu a ajudei em tudo que foi necessário. 

Gabriel estava emocionado contando para Viviane, como aconteciam os casamentos no maior São João do mundo. Esses acontecimentos já foram motivo de manchetes em jornais, revistas e televisão. Chegaram à uma praça e sentaram-se no banco, em seguida ele prosseguiu:

          - Eu vou leva-la para assistir o casamento coletivo, é uma verdadeira fábrica de sonhos. Casais de todas as idades se juntam para realizar desejos, acalentados com muita fé no santo casamenteiro. Muitas moças solteiras da região, colocam a imagem do santo de cabeça para baixo e prometem tirá-lo dali, somente quando aparecer o noivo. Dizem que é certo o aparecimento do noivo, pois o santo não gosta de ficar naquela posição.

           - A maioria das mulheres da região, guardam no fundo do coração, o sonho de um dia se casar de noiva. São mães, avós, jovens e idosas, que conseguem realizar o maior sonho de suas vidas. Cada noiva tem o direito de levar quatro pessoas convidadas e na maioria são os filhos dos casais. E, os convidados são acomodados nas arquibancadas, com mil lugares disponíveis.

            Viviane ouvia atentamente, e de vez em quando fazia uma exclamação ou um suspiro. Depois pedia para Gabriel continuar.

            - Ali pode-se encontrar casais que moram juntos há muito tempo. As mulheres nordestinas têm enorme apego à família, se casam ou vão morar juntos, muito jovens. Formam famílias grandes, que se compõem de muitos filhos. Muitas não se casaram na ocasião certa, por falta de recursos e não por falta de vontade. A maioria acalentou o sonho, ao longo da vida, de um dia se casar vestidas de branco.

          - Algumas noivas estão gestantes, mas fazem questão de se casarem de papel passado. Os noivos parecem felizes, sorriem muito e transmitem felicidade no olhar. Eles queriam dar essa alegria à suas mulheres e companheiras de muitas lutas. Na verdade, o que se pode constatar é que a alegria e felicidade está presente, em todos os semblantes dos casais.

            - As noivas passam o dia envolvidas nas preparações, para o momento mais importante, a hora do sim. Elas são penteadas por cabeleireiras, maquiadas e têm os vestidos e acessórios disponíveis, para se enfeitar adequadamente. Os homens também recebem o terno e os complementos.

           - Dentro da Pirâmide, ficam à espera dos nubentes, um juiz de paz e um celebrante para conduzir a cerimônia. O salão onde será realizado o evento, que está todo enfeitado para as comemorações de São João, recebe vestimenta nova para o casamento coletivo. O ambiente é enfeitado com muitas flores e duzentas e quarenta cadeiras, para que os noivos possam se sentar e acompanhar a cerimônia, confortavelmente.

            - As cadeiras recebem capas brancas em seu espaldar e no chão é disposto um grande tapete vermelho, por onde os noivos devem passar. O ambiente é preparado para se parecer com uma igreja real.

          -  Assim, a festa é iniciada para promover a felicidade de muitas pessoas ao mesmo tempo. Uma verdadeira fábrica de sonhos, que movimenta a cidade toda.

           Cansado de tanto falar, Gabriel levantou-se e puxou Viviane, depois enlaçou a cintura dela e seguiram em frente. Ele feliz por estar com ela e ela feliz por estar vivendo um sonho de amor.

 Um texto de Eva Ibrahim Sousa

quarta-feira, 17 de julho de 2019

"RINDO À TOA" (...) DOEU, DOEU, AGORA NÃO DÓI, NÃO DÓI, NÃO DÓI. CHOREI, CHOREI, AGORA NÃO CHORO MAIS. TODA MÁGOA QUE PASSEI, É MOTIVO PRA COMEMORAR, POIS SE NÃO SOFRESSE ASSIM, NÃO TINHA RAZÕES PRA CANTAR." (...)" CANTOR: FALAMANSA, COMPOSITOR: TATO

O ENCONTRO

CAPÍTULO DOIS
             A moça adentrou o salão e parou ao ver que havia muita gente no local. Com um olhar mais aguçado, ela procurava pelo namorado, mas Gabriel não estava à vista. Os minutos pareciam uma eternidade e quando já estava ficando preocupada e pensando que ele não viera busca-la, Viviane avistou dois braços agitados por detrás de um muro humano. Em seguida, pedindo licença e abrindo caminho, apareceu o seu amor. Ela sorriu, estava emocionada e com o coração disparado.

                Gabriel foi ao seu encontro e a abraçou fortemente, depois a beijou e outro abraço e outro beijo. Permaneceram juntinhos por algum tempo. O cheiro de um se fundia no cheiro do outro, era muito amor para compartilhar. Depois, ele se afastou segurando as mãos dela, e com um olhar terno disse:

              - Bem-vinda à Paraíba, eu a amo e quero que se sinta em casa. Estou muito feliz com sua presença aqui.

              –Sim meu amor, eu também o amo e vou ficar bem ao seu lado. Ela respondeu e depois caminharam abraçados para o estacionamento.

          Com a bagagem colocada no veículo, Gabriel seguiu para seu apartamento. Viviane encostou sua cabeça no ombro do rapaz e agradeceu a acolhida. Parecia um sonho estar ali com seu novo amor, queria esquecer o passado e construir um futuro cheio de felicidades.

O rapaz morava sozinho e ela sabia disso, os pais dele moravam em um pequeno sítio na periferia da cidade. Entretanto, ele queria que ela se sentisse à vontade e sendo assim, mostrou o quarto de hóspedes, para ela colocar suas malas e utilizar o banheiro. Enquanto isso, Gabriel foi preparar um lanche, pensava que sua namorada poderia estar com fome.

 A moça saiu do quarto, estava linda, cheirosa e sensual.  E quando viu a mesa posta, ficou surpresa. Lancharam e depois sentaram-se no sofá, tinham muito para conversar. Entre abraços e beijos puseram a conversa em dia, mas Gabriel não queria que ela pensasse que ele era um aproveitador, então a convidou para dar uma volta. Queria que ela confiasse nele e daria tempo para isso.

              Foram ao Parque do Povo onde fica a Pirâmide, um grande salão onde acontecem os shows, os casamentos coletivos e as apresentações das quadrilhas de toda a região. Ali também, é o local onde o povo dança até de madrugada ao som do forró, que engloba distintos gêneros musicais, tais como: xote, baião, xaxado, arrasta-pé e outros. Com variações de passos característicos do nordeste brasileiro, os casais dançam juntos e de rosto colado, em uma dança bastante sensual.

              O Parque do Povo foi construído pala prefeitura de Campina Grande, é um espaço enorme destinado aos festejos do maior São João do mundo. Durante um mês inteiro de festas, são comemorados os três santos: Santo Antônio no dia treze de junho e na noite do dia doze acontecem os casamentos coletivos, bancados pela prefeitura de Campina Grande. 


             No dia vinte e quatro é comemorada a festa de São João, com fogueira e muitos fogos de artifício e no dia vinte e nove a festa é de São Pedro. No pátio fica a cidade cenográfica onde estão, a enorme fogueira, o Museu histórico e geográfico, o Cassino Eldorado e a Catedral de Nossa Senhora da Conceição, que é uma réplica da Catedral original, que fica no centro da cidade.

          Nessa praça ficam cinco ilhas de forró e seis palcos de shows. Ali também estão dispostas as muitas barracas de comidas e bebidas típicas, além dos quiosques de artesanatos e lembrancinhas do local. O evento chega a receber multidões durante todo o mês de festejos. Viviane e Gabriel estavam passeando pelo local, então o rapaz a conduziu até uma barraca, e sorrindo lhe disse:

              - Vamos tomar uma novidade daqui, que tenho certeza que você não conhece. Milk shake com cachaça.

              - Não, eu não bebo, vou passar mal, é melhor ficar na água com gás, a moça retrucou.

              - É somente para ficarmos mais alegres, vamos experimentar, disse ele.

              - Só se puser bem pouquinho de cachaça, então eu tomo, completou a moça.

                 Com os copos nas mãos, foram sentar-se em um banco da praça. Viviane tomou e gostou, parecia um licor e depois voltaram ao salão; Gabriel a enlaçou para dançar. Sob protestos, ela o acompanhou. Dançaram agarradinhos até as onze horas da noite, então ela pediu para irem descansar.

            Chegaram ao apartamento exaustos, ele a ajudou a despir-se e foram dormir agarradinhos, de comum acordo. A noite seria a testemunha da realização de um grande amor.

Um texto de Eva Ibrahim Sousa.

MEU MUNDO REINVENTADO.

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