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quarta-feira, 7 de agosto de 2019

"A FLOR E O BEIJA-FLOR" "(...) E DIZ QUE O FRIO É UMA FASE RUIM, QUE ELA ERA A FLOR MAIS LINDA DO JARDIM. E A ÚNICA QUE SUPORTOU, MERECE CONHECER O AMOR E TODO O SEU CALOR. AI QUE SAUDADE DE UM BEIJA-FLOR, QUE ME BEIJOU DEPOIS VOOU. PRA LONGE DEMAIS, PRA LONGE DE NÓS" (...) COMPOSITOR: MARÍLIA MENDONÇA, HENRIQUE E JULIANO

OLHOS NOS OLHOS

CAPÍTULO CINCO
             A fila de casais, do lado de fora da Pirâmide, parecia uma serpente gigante, que tinha em sua cauda pessoas alegres e felizes. Movia-se vagarosamente, pois todos os casais deveriam ter o mesmo tratamento e oportunidades. Assim, cada um recebia o destaque adequado.  Era uma fila de pessoas sorridentes, que não cansavam de se admirar, mantendo os olhos nos olhos.

           O segundo casal, de braços dados, seguiu sobre o tapete vermelho, até o lugar que fora marcado para eles. O fotógrafo oficial estava atento para registrar aquele momento, cuja foto seria oferecida a cada casal como lembrança, pela organização do evento. Estava ali, também, a equipe da televisão local filmando a cerimônia e isso era mais um motivo para as pessoas sorrirem.

            Familiares se esforçavam para gravar, com o celular, a felicidade estampada nos rostos das pessoas queridas. A elegância estava presente nas noivas e nos noivos também; eles se apresentavam bem arrumados, ao lado de suas parceiras de vida.

                As noivas tiveram seu dia de princesa, todas penteadas e maquiadas por profissionais capacitados. Parecia que estavam nas nuvens, com seus vestidos brancos esvoaçantes. Estavam felizes pelo sonho realizado e isso se refletia nos olhos e nos sorrisos.

           Viviane estava deslumbrada com tantos acontecimentos inesperados. Agarrada ao seu amor ela disse:

            - Gabriel, eu quero me casar num lugar festivo igual a este.

             O rapaz sorriu, sabia que nenhuma mulher ficaria insensível ao presenciar aquele conto de fadas. Então, ele a abraçou e completou dizendo:

            - Sim, teremos exatamente um ano, para nos prepararmos para isso. No ano que vem estaremos sentados naquelas cadeiras, para gritar bem alto:

             - Sim, eu aceito.

            E, a procissão de noivos continuava, cada um que adentrava o recinto era aplaudido entusiasticamente. A timidez da maioria era ofuscada pelo brilho dos holofotes. Cada noiva trazia um buquê diferente, um detalhe no vestido ou nos cabelos, assim prendia a atenção de todos os presentes. Seriam motivo de conversas de comadres, por um bom tempo.

            A filarmônica tocava incessantemente até o último casal sentar-se, então ouviu-se o acorde final, era o início da cerimônia. O juiz tomou a palavra e passou a explanar todas as vantagens de se fazer um casamento coletivo. Uma oportunidade oferecida para todos, com igualdade de direitos. O que para muitos já era um sonho perdido, foi recuperado com satisfação e alegria.

            Os casais estavam de parabéns por confirmar a intenção de casar-se, muitos, há muito tempo prometida. Depois, um a um foram chamados para assinarem o livro do cartório. Em seguida, a pergunta clássica foi feita pelo juiz.

           - As noivas aqui presentes, aceitam casar-se com os seus respectivos noivos?

            Então ouviu-se em alto e bom som:

          - Sim, aceito.

 E os noivos aqui presentes aceitam casar-se com as respectivas noivas?

          - Sim, aceito.

              Assim, ouviu-se aplausos e assovios no recinto, a felicidade estava reinando naquele lugar.  Logo, os noivos se beijaram, os sonhos se tornaram realidade e os olhos brilharam de satisfação. O salão enfeitado para o maior são João do Mundo e para acolher os noivos, se encheu de alegria e sorrisos de felicidades.

           Enquanto os organizadores retiravam as cadeiras do local, para que houvesse a dança dos casais, foi organizado o lançamento do buquê. Apenas três buquês seriam atirados para as mulheres solteiras, viúvas e encalhadas, porque se todos os buquês fossem jogados, sairia do controle e perderia sua função. 

            Mais ou menos três dezenas de mulheres se postaram no salão, para apanharem o buquê atirado pelas noivas. Eram mulheres de todas as idades, sonhando com um príncipe encantado. Dizia a lenda, que quem apanhasse o buquê, se casaria no próximo ano.

            Viviane correu para participar daquela brincadeira casamenteira. Gabriel ficou assistindo e quando ela apanhou o segundo buquê e correu para abraça-lo, ele sorriu e a beijou com satisfação.

            A música dançante iniciou seus primeiros acordes, um grupo famoso de forró entrara no palco para animar a festa. Os casais de noivos tomaram a pista de danças e se entregaram ao ritmo do som, que envolvia o ambiente; todos estavam felizes.

          Depois da primeira música, outros casais se aventuraram a dançar o forró. Gabriel e Viviane, abraçados, emocionados e apaixonados, saíram para dançar.
             Um texto de Eva Ibrahim Sousa

quarta-feira, 31 de julho de 2019

"A FLOR E O BEIJA-FLOR" "ESSA É UMA VELHA HISTÓRIA DE UMA FLOR E UM BEIJA-FLOR, QUE CONHECERAM O AMOR NUMA NOITE FRIA DE OUTONO. E AS FOLHAS CAÍDAS NO CHÃO DA ESTAÇÃO QUE NÃO TEM COR, E A FLOR CONHECE O BEIJA-FLOR E ELE LHE APRESENTA O AMOR". (...) COMPOSITORES: MARÍLIA MENDONÇA, HENRIQUE E JULIANO

COM O BUQUÊ NAS MÃOS

CAPÍTULO QUATRO
           O casal foi para casa descansar, precisavam reservar energia para o forró da noite de sábado. Naquele dia, um grupo famoso iria se apresentar na Pirâmide e Gabriel queria levar sua amada para dançar. Viviane alertou o rapaz de que não sabia dançar forró, poderia dar vexame. Ele sorriu e disse:

         -Basta me acompanhar, vou guia-la pela vida afora e, é bom começarmos agora. Você dançou comigo no outro dia, é a mesma coisa, com pequenas variações. Ficou pensativo e depois continuou:

            - Eu sou o cavalheiro que irá conduzi-la aos céus. Gabriel enfatizou as palavras, olhando fixamente para ela. Aquela fora uma metáfora cheia de muitas intenções, carecia de reflexão.

                Ela balançou a cabeça e pensou que ainda era cedo para ter tantas certezas, mas ficou calada, não iria estragar aquele momento. Faria tudo para não pisar nos pés de Gabriel. Ela gostava do rapaz, mas não queria errar novamente, seu casamento fora um desastre. Ainda tinha alguns dias para conhece-lo melhor e tempo para decidir seu futuro.

                A noite chegou e Viviane acompanhou o rapaz ao Parque do Povo, onde podia-se ouvir o som do forró em todos os salões do local. A música, com uma batida dançante, enfeitava o ar e convidava o povo para dançar.

            De mãos dadas, os dois passearam por entre os quiosques e as barracas de artesanatos, parando para admirar uma peça e outra. Havia muitas tapeçarias, bibelôs e pequenas lembranças do Maior São João do Mundo para serem vistas, depois foram assistir ao show e dançar até o amanhecer.

                No domingo, Gabriel levou Viviane para conhecer seus pais e almoçaram com a família. Em seguida, voltaram para casa e ficaram o resto do dia assistindo televisão, estavam exaustos.

             No dia seguinte, o rapaz foi trabalhar e ela teve tempo para curtir a casa e observar os objetos que ele gostava, tais como: os livros, as roupas e as disposições dos utensílios domésticos. A moradia de uma pessoa diz muito sobre ela e Viviane era psicóloga. Fez algumas arrumações e a tarde preparou o jantar. Foi uma noite feliz, estavam apaixonados e em paz.

            Finalmente chegou o dia dos namorados e a noite iriam assistir o casamento comunitário na Pirâmide. Viviane estava empolgada, queria ver de perto toda aquela realização coletiva. Em Campina Grande, o dia de Santo Antônio é de descanso, assim todos podem desfrutar dos festejos até tarde da noite.

O casamento estava marcado para as dezenove horas e quando o casal chegou, o espaço já estava cheio de gente. Gabriel puxou Viviane até um local, onde dava para ver a cerimônia. A moça estava surpresa com a grandeza do evento e a alegria estampada nos rostos das pessoas.

            No palco de shows estava a Filarmônica local, que tocava músicas temáticas de núpcias, para promover o encanto que o momento necessitava. Era dia dos namorados e havia muitos convites ao amor, espalhados no ar. Os casais se entreolhavam com um sorriso e um olhar inebriante, que prometia uma noite de sonhos.

             Então, ao som da marcha nupcial todos se calaram. Em seguida, houve um burburinho, a porta principal foi aberta e o primeiro casal apareceu. A noiva estava com um buquê de rosas vermelhas nas mãos. Era um casal de meia idade, mas traziam nos lábios o sorriso de jovens vitoriosos.

 Um texto de Eva Ibrahim Sousa

quarta-feira, 24 de julho de 2019

"RINDO À TOA" (...) HA HA HA HA HA, MAS EU TÔ RINDO À TOA, NÃO QUE A VIDA ESTEJA ASSIM TÃO BOA, MAS UM SORRISO AJUDA A MELHORAR, AHA, AHA. E CANTANDO ASSIM, PARECE QUE O TEMPO VOA, QUANTO MAIS TRISTE, MAIS BONITO SOA. EU AGRADEÇO POR PODER CANTAR. LALAIÁ, LAIÁ, LAIÁ, LÊ". CANTOR: FALAMANSA, COMPOSITOR: TATO

FÁBRICA DE SONHOS

CAPÍTULO TRÊS
            O casal acordou quando o Sol já estava alto, foi um sono reparador. Ambos estavam cansados no corpo e na alma, pois as emoções foram intensas. Depois do banho, Gabriel convidou a namorada para tomar café na padaria, que ficava na esquina do prédio onde estavam. Viviane concordou, aquele seria um sábado manhoso, depois de muitas emoções vividas. Queria curtir seu namorado; ela estava muito feliz.

Tomaram o café e saíram para dar uma volta, a moça queria conhecer o centro de Campina Grande. Pararam para olhar vitrines e até compraram algumas lembrancinhas; ela pensava em presentear os amigos e familiares. Nas vitrines havia muitas roupas caipiras e vestidos de noiva, com rendas, babados e pedrarias. Curiosa, ela perguntou:

- Por que há tantos vestidos de noiva? Maio é tido como o mês das noivas e já terminou, ou será que aqui é diferente dos estados do sudeste?

 - Não meu amor, é que junho tem o dia dos namorados e no dia seguinte é o dia de Santo Antônio, o casamenteiro. E, aqui existe uma verdadeira fábrica de sonhos, os casamentos coletivos. O rapaz explicou e seus olhos brilharam, então continuou:

 - Todos os anos, no dia dos namorados acontecem os casamentos coletivos. Neste ano, são cento e vinte casais que vão trocar alianças no maior São João do mundo. Esse número varia de ano para ano, mas, sempre passam de cem. As inscrições ocorrem no final de março, e os escolhidos são contemplados para se casarem na Pirâmide, no dia dos namorados.

- Devem ser moradores de Campina Grande ou seus distritos, comprovados por documentos. Os casais que não podem arcar com as despesas, a prefeitura banca tudo, as roupas, maquiagens, acessórios e com o casamento propriamente dito. Eles saem com a certidão nas mãos. As vestimentas são alugadas e devolvidas após a cerimônia.

- No entanto, quem pode pagar e tem o sonho de se casar naquele local, compra suas vestimentas. É por isso, que ainda permanecem muitas roupas de casamento nas vitrines, a espera de compradores. 

-Eu sei de tudo isso porque a senhora que trabalha na casa de minha mãe, se casou no ano passado e, eu a ajudei em tudo que foi necessário. 

Gabriel estava emocionado contando para Viviane, como aconteciam os casamentos no maior São João do mundo. Esses acontecimentos já foram motivo de manchetes em jornais, revistas e televisão. Chegaram à uma praça e sentaram-se no banco, em seguida ele prosseguiu:

          - Eu vou leva-la para assistir o casamento coletivo, é uma verdadeira fábrica de sonhos. Casais de todas as idades se juntam para realizar desejos, acalentados com muita fé no santo casamenteiro. Muitas moças solteiras da região, colocam a imagem do santo de cabeça para baixo e prometem tirá-lo dali, somente quando aparecer o noivo. Dizem que é certo o aparecimento do noivo, pois o santo não gosta de ficar naquela posição.

           - A maioria das mulheres da região, guardam no fundo do coração, o sonho de um dia se casar de noiva. São mães, avós, jovens e idosas, que conseguem realizar o maior sonho de suas vidas. Cada noiva tem o direito de levar quatro pessoas convidadas e na maioria são os filhos dos casais. E, os convidados são acomodados nas arquibancadas, com mil lugares disponíveis.

            Viviane ouvia atentamente, e de vez em quando fazia uma exclamação ou um suspiro. Depois pedia para Gabriel continuar.

            - Ali pode-se encontrar casais que moram juntos há muito tempo. As mulheres nordestinas têm enorme apego à família, se casam ou vão morar juntos, muito jovens. Formam famílias grandes, que se compõem de muitos filhos. Muitas não se casaram na ocasião certa, por falta de recursos e não por falta de vontade. A maioria acalentou o sonho, ao longo da vida, de um dia se casar vestidas de branco.

          - Algumas noivas estão gestantes, mas fazem questão de se casarem de papel passado. Os noivos parecem felizes, sorriem muito e transmitem felicidade no olhar. Eles queriam dar essa alegria à suas mulheres e companheiras de muitas lutas. Na verdade, o que se pode constatar é que a alegria e felicidade está presente, em todos os semblantes dos casais.

            - As noivas passam o dia envolvidas nas preparações, para o momento mais importante, a hora do sim. Elas são penteadas por cabeleireiras, maquiadas e têm os vestidos e acessórios disponíveis, para se enfeitar adequadamente. Os homens também recebem o terno e os complementos.

           - Dentro da Pirâmide, ficam à espera dos nubentes, um juiz de paz e um celebrante para conduzir a cerimônia. O salão onde será realizado o evento, que está todo enfeitado para as comemorações de São João, recebe vestimenta nova para o casamento coletivo. O ambiente é enfeitado com muitas flores e duzentas e quarenta cadeiras, para que os noivos possam se sentar e acompanhar a cerimônia, confortavelmente.

            - As cadeiras recebem capas brancas em seu espaldar e no chão é disposto um grande tapete vermelho, por onde os noivos devem passar. O ambiente é preparado para se parecer com uma igreja real.

          -  Assim, a festa é iniciada para promover a felicidade de muitas pessoas ao mesmo tempo. Uma verdadeira fábrica de sonhos, que movimenta a cidade toda.

           Cansado de tanto falar, Gabriel levantou-se e puxou Viviane, depois enlaçou a cintura dela e seguiram em frente. Ele feliz por estar com ela e ela feliz por estar vivendo um sonho de amor.

 Um texto de Eva Ibrahim Sousa

quarta-feira, 17 de julho de 2019

"RINDO À TOA" (...) DOEU, DOEU, AGORA NÃO DÓI, NÃO DÓI, NÃO DÓI. CHOREI, CHOREI, AGORA NÃO CHORO MAIS. TODA MÁGOA QUE PASSEI, É MOTIVO PRA COMEMORAR, POIS SE NÃO SOFRESSE ASSIM, NÃO TINHA RAZÕES PRA CANTAR." (...)" CANTOR: FALAMANSA, COMPOSITOR: TATO

O ENCONTRO

CAPÍTULO DOIS
             A moça adentrou o salão e parou ao ver que havia muita gente no local. Com um olhar mais aguçado, ela procurava pelo namorado, mas Gabriel não estava à vista. Os minutos pareciam uma eternidade e quando já estava ficando preocupada e pensando que ele não viera busca-la, Viviane avistou dois braços agitados por detrás de um muro humano. Em seguida, pedindo licença e abrindo caminho, apareceu o seu amor. Ela sorriu, estava emocionada e com o coração disparado.

                Gabriel foi ao seu encontro e a abraçou fortemente, depois a beijou e outro abraço e outro beijo. Permaneceram juntinhos por algum tempo. O cheiro de um se fundia no cheiro do outro, era muito amor para compartilhar. Depois, ele se afastou segurando as mãos dela, e com um olhar terno disse:

              - Bem-vinda à Paraíba, eu a amo e quero que se sinta em casa. Estou muito feliz com sua presença aqui.

              –Sim meu amor, eu também o amo e vou ficar bem ao seu lado. Ela respondeu e depois caminharam abraçados para o estacionamento.

          Com a bagagem colocada no veículo, Gabriel seguiu para seu apartamento. Viviane encostou sua cabeça no ombro do rapaz e agradeceu a acolhida. Parecia um sonho estar ali com seu novo amor, queria esquecer o passado e construir um futuro cheio de felicidades.

O rapaz morava sozinho e ela sabia disso, os pais dele moravam em um pequeno sítio na periferia da cidade. Entretanto, ele queria que ela se sentisse à vontade e sendo assim, mostrou o quarto de hóspedes, para ela colocar suas malas e utilizar o banheiro. Enquanto isso, Gabriel foi preparar um lanche, pensava que sua namorada poderia estar com fome.

 A moça saiu do quarto, estava linda, cheirosa e sensual.  E quando viu a mesa posta, ficou surpresa. Lancharam e depois sentaram-se no sofá, tinham muito para conversar. Entre abraços e beijos puseram a conversa em dia, mas Gabriel não queria que ela pensasse que ele era um aproveitador, então a convidou para dar uma volta. Queria que ela confiasse nele e daria tempo para isso.

              Foram ao Parque do Povo onde fica a Pirâmide, um grande salão onde acontecem os shows, os casamentos coletivos e as apresentações das quadrilhas de toda a região. Ali também, é o local onde o povo dança até de madrugada ao som do forró, que engloba distintos gêneros musicais, tais como: xote, baião, xaxado, arrasta-pé e outros. Com variações de passos característicos do nordeste brasileiro, os casais dançam juntos e de rosto colado, em uma dança bastante sensual.

              O Parque do Povo foi construído pala prefeitura de Campina Grande, é um espaço enorme destinado aos festejos do maior São João do mundo. Durante um mês inteiro de festas, são comemorados os três santos: Santo Antônio no dia treze de junho e na noite do dia doze acontecem os casamentos coletivos, bancados pela prefeitura de Campina Grande. 


             No dia vinte e quatro é comemorada a festa de São João, com fogueira e muitos fogos de artifício e no dia vinte e nove a festa é de São Pedro. No pátio fica a cidade cenográfica onde estão, a enorme fogueira, o Museu histórico e geográfico, o Cassino Eldorado e a Catedral de Nossa Senhora da Conceição, que é uma réplica da Catedral original, que fica no centro da cidade.

          Nessa praça ficam cinco ilhas de forró e seis palcos de shows. Ali também estão dispostas as muitas barracas de comidas e bebidas típicas, além dos quiosques de artesanatos e lembrancinhas do local. O evento chega a receber multidões durante todo o mês de festejos. Viviane e Gabriel estavam passeando pelo local, então o rapaz a conduziu até uma barraca, e sorrindo lhe disse:

              - Vamos tomar uma novidade daqui, que tenho certeza que você não conhece. Milk shake com cachaça.

              - Não, eu não bebo, vou passar mal, é melhor ficar na água com gás, a moça retrucou.

              - É somente para ficarmos mais alegres, vamos experimentar, disse ele.

              - Só se puser bem pouquinho de cachaça, então eu tomo, completou a moça.

                 Com os copos nas mãos, foram sentar-se em um banco da praça. Viviane tomou e gostou, parecia um licor e depois voltaram ao salão; Gabriel a enlaçou para dançar. Sob protestos, ela o acompanhou. Dançaram agarradinhos até as onze horas da noite, então ela pediu para irem descansar.

            Chegaram ao apartamento exaustos, ele a ajudou a despir-se e foram dormir agarradinhos, de comum acordo. A noite seria a testemunha da realização de um grande amor.

Um texto de Eva Ibrahim Sousa.

quarta-feira, 10 de julho de 2019

"RINDO À TOA" "TÔ NUMA BOA, TÔ AQUI DE NOVO. DAQUI NÃO SAIO, DAQUI NÃO ME MOVO. TENHO CERTEZA, ESSE É O MEU LUGAR. AHA, AHA. TÔ NUMA BOA, TÔ FICANDO ESPERTO. JÁ NÃO PERGUNTO SE ISSO TUDO É CERTO. USO ESSE TEMPO PRA RECOMEÇAR. AHA, AHA" (...)" CANTOR: FALAMANSA, COMPOSITOR: TATO


         DANÇA COMIGO?
A VIAGEM
CAPÍTULO UM
Viviane acordou cedo, sentou-se na cama e fez uma oração. Precisava da ajuda de Deus para viver aquele dia tão esperado. Fazia oito meses que conhecera um rapaz na internet, em um site de relacionamentos. No início foi apenas uma brincadeira, mas os dias foram passando e Gabriel se tornou muito importante em sua vida. Todas as noites, ela ficava esperando o barulho característico do Skype chamando. Seu coração disparava e ela passava horas conversando com seu novo amigo.

              A conversa fluía fácil, os assuntos eram diversos e um sentimento de amor nasceu entre eles. Entretanto, nenhum dos dois percebeu o quanto, um era importante para o outro, e a falta que faziam, quando estavam longe. A constatação ocorreu quando Gabriel precisou viajar para Recife. Uma viagem de negócios para resolver problemas do escritório, então puderam sentir a falta do outro.

              Ele era advogado em uma empresa em Campina Grande, na Paraíba. Viviane era psicóloga em uma multinacional, na cidade de Campinas São Paulo; uma longa distância os separava. O rapaz ficou uma semana fora e mal conseguiu mandar mensagens pelo celular, pois estava sempre em reuniões e acompanhado de colegas.

          Aquela foi a pior semana da vida dela, sentiu-se solitária e chorou todas as noites. Quando ele voltou, os dois entenderam que era impossível continuarem longe. Esse fato ocorreu há dois meses e desde então, começaram a programar um encontro.

             O namoro virtual começou de fato, as trocas de palavras de amor, projetos para um futuro a dois e um grande desejo de estarem juntos, crescia a cada dia. Tudo foi planejado cuidadosamente, ela tiraria férias no mês de junho, para se encontrar com Gabriel em sua terra. Viviane sabia das festas juninas da cidade de Campina Grande, que eram famosas no país inteiro. Ele queria que ela participasse e conhecesse o maior São João do Brasil ao seu lado.

             Seu avião sairia as doze horas do aeroporto de Viracopos e chegaria ao destino as dezessete horas, Gabriel estaria esperando por ela no aeroporto. Viviane precisava estar muito bonita, para ele não se decepcionar. Sua mala já estava pronta e ela colocou uma calça jeans, uma blusa branca de musseline e sandálias plataforma pretas, queria parecer jovem e elegante. Chamou um taxi, fez o sinal da cruz e fechou a porta. O apartamento ficaria vazio, enquanto ela ia ao encontro do seu amor; sua família morava no interior de Minas Gerais.

          A jovem estava separada fazia cinco anos. O divórcio aconteceu depois que ela descobriu que Saulo, seu ex-marido tinha um caso com a secretária. Ele tentou se explicar, mas ela estava irredutível, não queria mais vê-lo. Assim, terminou seu casamento de oito anos. Ainda bem que não tiveram filhos, ele foi embora e ela continuou sua vida; estava desiludida.

            O paraibano era solteiro, tivera um relacionamento que se arrastou por três anos, no entanto o amor acabou e os dois, de comum acordo, se separaram. Viviane e Gabriel tinham trinta e três anos, a idade de Cristo, ele fazia questão de ressaltar.

             Enquanto o táxi corria pela rodovia, na cabeça da moça passava um filme dos últimos acontecimentos; esperava não se arrepender, por estar indo ao encontro de Gabriel. Ainda estava decepcionada com seu ex-marido e temia sofrer novamente.

             O automóvel encostou e ela tratou de acertar a corrida e descer do veículo, estava com pressa. Foi rapidamente a procura do cheque in e depois seguiu para o salão de embarque, estava ansiosa. Suspirou, agora não tinha mais volta, o avião já estava à espera dos passageiros.

              Viviane seguiu as pessoas e quando viu já estava procurando sua poltrona, sentou-se ao lado de um senhor da raça japonesa, que se virou para a janela e rapidamente adormeceu. Ela relaxou, apertou o cinto e pensou:

             - Ótimo, assim terei tempo para pensar na minha vida e em Gabriel.

           Viviane fez uma reflexão da situação, o que havia em seu coração era muito forte, não dava para esquecer. Dormiu e acordou com a voz do comandante, dizendo que estavam chegando. Tratou de se recompor, foi ao banheiro, precisava estar bem para se encontrar com Gabriel.

              O avião desceu, estacionou e os passageiros começaram a deixar a aeronave, depois se dirigiram para o salão de desembarque. Viviane seguia atrás com o coração acelerado, estava muito perto de seu amor. Tremia só em imaginar que Gabriel estava a poucos passos dela. Assim que sua bagagem apareceu, ela tratou de procurar a saída.


Um texto de Eva Ibrahim Sousa

quarta-feira, 3 de julho de 2019

'NOSSA SENHORA DO BRASIL" "(...) ME COBRE COM SEU MANTO, ENXUGA O MEU PRANTO, PERDOA SE EU NÃO SEI REZAR, ESTENDA SUA MÃO, ME ABRE O CORAÇÃO, ME ENSINA A SABER AMAR, ESTENDA O SEU MANTO DE PAZ E ACALANTO. O AMOR MAIS PURO E VERDADEIRO, BENDITO É O PERDÃO, QUE ABRE O CORAÇÃO DO POVO BRASILEIRO". PADRE MARCELO ROSSI

TOURO BANDIDO, O MITO

CAPÍTULO DOZE
             Marcelo começou a contar a história fantástica do touro Bandido, que participou da trama de uma novela brasileira. Essa história obteve enorme audiência; chamava-se “América”. Angel tinha algumas lembranças de ver, na televisão, alguns capítulos de relance ao lado de sua avó. 

            - Eu era muito pequena e não me interessava por novelas, lamentou. A novela foi ao ar em dois mil e cinco e Angel era apenas uma criança.

               Ela tinha visto a estátua de Bandido na entrada do parque, porém, não conhecia sua história. Marcelo estava emocionado ao falar do animal, tivera a oportunidade de vê-lo uma única vez, mas bastou para ficar gravado em sua memória. Ele era apenas um adolescente e seu pai o levou para assistir à apresentação do Touro mais famoso do país. Depois de enxugar uma lágrima ele continuou.

             - Bandido está enterrado no memorial dos touros em Barretos. Faleceu em dois mil e nove, deixando muitos filhos e sêmen congelados para futuros cruzamentos. Era um touro sensível, apesar de seus quase mil quilos. Bandido nasceu mestiço de um cruzamento das raças Simental e Nelore, tinha uma cara branca, uma expressão dura, com um olhar malicioso e faceiro; parecia entender tudo que se passava a sua volta. Seu corpo era malhado de escuro e claro, um touro altivo e voluntarioso. Andava com passos rápidos e leves, como os de uma gazela de quase uma tonelada.

         - Somente um peão, no ano de dois mil e dois permaneceu oito segundos em seu lombo, depois disso, o Bandido manteve-se invicto. Derrubou todos os mais de duzentos peões que o desafiaram.

          - Os desafios levavam multidões às arenas de todo o país, onde quer que o touro fosse se apresentar. Os campeões tinham o direito de desafiar o Bandido e aproveitavam para se promover, mas não conseguiam dominar a fera e caiam nos primeiros segundos.

           - A enorme plateia se calava para ver o touro na arena. Ele entrava e dava uma volta de apresentação, parava e arrastava a mão jogando areia para trás, parecia saber que era uma estrela. Bandido era indomável, tornou-se uma lenda, promovendo os rodeios e encantando as plateias.

       - O touro, de quase uma tonelada, não levava mais que dois segundos, para jogar o peão fora de seu dorso. Às vezes, se jogava no chão juntamente com o peão ou em cima do mesmo. Depois, enfurecido, investia com seus chifres para jogar o derrotado para longe. Um deles foi atirado seis metros para cima e caiu de mal jeito, sofrendo sérias lesões. Os salva vidas tinham muito trabalho, para acudir os peões dos chifres e cascos do touro.

      - Onde Bandido se apresentava era certa a multidão para aplaudi-lo, parecia que torciam para o animal e não para o peão. Muitos sonhavam em vencer o touro na arena, planejavam, criavam estratégias, rezavam muito, mas não conseguiam permanecer montados no animal.

           - A porta do brete era aberta e Bandido corcoveava com seu corpanzil, erguendo a traseira e chacoalhando para todos os lados, até sentir que se livrara do peão. Em seguida, atacava seu montador, queria destruí-lo. Entretanto, os salva-vidas o afastavam. Frustrado em seu intento, o touro erguia a cabeça, altivo, ensaiava uma pequena corrida, parava e arrastava a mão jogando areia para trás. Depois voltava para o brete, parecia vingado pela ousadia de tentarem montá-lo.

           - Bandido foi ator de novela e o touro mais famoso e admirado por todos, nas arenas do Brasil. Participou, também, de alguns rodeios internacionais. Brilhou e foi a estrela maior dos rodeios, durante oito anos, tornou-se um mito. Mas, como tudo tem seu fim, Bandido foi acometido de um câncer no olho. E em decorrência da doença, foi definhando até seu falecimento, em janeiro de dois mil e nove.

            - Foi sepultado com honras e o toque do berrante, no memorial de Barretos. Quando desceu à cova, não teve uma pessoa sequer, entre os presentes, que conseguisse segurar as lágrimas em sua despedida.

          Marcelo bocejou, já era tarde, ele estava cansado e com os olhos marejados de lágrimas, então, convidou a namorada para irem descansar no hotel. Angel estava calada e encantada com aquela narrativa. Percebeu a grandeza dos rodeios e a emoção, que existe em todo peão de boiadeiro. São homens valentes, tementes a Deus, que jogam com a própria vida para vencer um touro na arena e ganhar fama por alguns momentos. No entanto, respeitam o animal, que não se deixa dominar e Bandido foi um deles.
          
            No dia seguinte, com um Sol maravilhoso seguiram a viagem de volta, na caminhonete recebida como prêmio, por sua performance nas rédeas do Jiló.

            Angel gostaria de voltar a Barretos no próximo ano, descobrira um mundo novo e fascinante. O mundo dos sertanejos, dos peões de boiadeiro, do povo simples do interior do Brasil, que sabem fazer festas incríveis. Marcelo e Angel estavam felizes e concentrados, vivendo dias de felicidade.

 Um texto de Eva Ibrahim Sousa 
Pesquisas: You tube, Wikipédia Brasil

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