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quarta-feira, 17 de julho de 2019

"RINDO À TOA" (...) DOEU, DOEU, AGORA NÃO DÓI, NÃO DÓI, NÃO DÓI. CHOREI, CHOREI, AGORA NÃO CHORO MAIS. TODA MÁGOA QUE PASSEI, É MOTIVO PRA COMEMORAR, POIS SE NÃO SOFRESSE ASSIM, NÃO TINHA RAZÕES PRA CANTAR." (...)" CANTOR: FALAMANSA, COMPOSITOR: TATO

O ENCONTRO

CAPÍTULO DOIS
             A moça adentrou o salão e parou ao ver que havia muita gente no local. Com um olhar mais aguçado, ela procurava pelo namorado, mas Gabriel não estava à vista. Os minutos pareciam uma eternidade e quando já estava ficando preocupada e pensando que ele não viera busca-la, Viviane avistou dois braços agitados por detrás de um muro humano. Em seguida, pedindo licença e abrindo caminho, apareceu o seu amor. Ela sorriu, estava emocionada e com o coração disparado.

                Gabriel foi ao seu encontro e a abraçou fortemente, depois a beijou e outro abraço e outro beijo. Permaneceram juntinhos por algum tempo. O cheiro de um se fundia no cheiro do outro, era muito amor para compartilhar. Depois, ele se afastou segurando as mãos dela, e com um olhar terno disse:

              - Bem-vinda à Paraíba, eu a amo e quero que se sinta em casa. Estou muito feliz com sua presença aqui.

              –Sim meu amor, eu também o amo e vou ficar bem ao seu lado. Ela respondeu e depois caminharam abraçados para o estacionamento.

          Com a bagagem colocada no veículo, Gabriel seguiu para seu apartamento. Viviane encostou sua cabeça no ombro do rapaz e agradeceu a acolhida. Parecia um sonho estar ali com seu novo amor, queria esquecer o passado e construir um futuro cheio de felicidades.

O rapaz morava sozinho e ela sabia disso, os pais dele moravam em um pequeno sítio na periferia da cidade. Entretanto, ele queria que ela se sentisse à vontade e sendo assim, mostrou o quarto de hóspedes, para ela colocar suas malas e utilizar o banheiro. Enquanto isso, Gabriel foi preparar um lanche, pensava que sua namorada poderia estar com fome.

 A moça saiu do quarto, estava linda, cheirosa e sensual.  E quando viu a mesa posta, ficou surpresa. Lancharam e depois sentaram-se no sofá, tinham muito para conversar. Entre abraços e beijos puseram a conversa em dia, mas Gabriel não queria que ela pensasse que ele era um aproveitador, então a convidou para dar uma volta. Queria que ela confiasse nele e daria tempo para isso.

              Foram ao Parque do Povo onde fica a Pirâmide, um grande salão onde acontecem os shows, os casamentos coletivos e as apresentações das quadrilhas de toda a região. Ali também, é o local onde o povo dança até de madrugada ao som do forró, que engloba distintos gêneros musicais, tais como: xote, baião, xaxado, arrasta-pé e outros. Com variações de passos característicos do nordeste brasileiro, os casais dançam juntos e de rosto colado, em uma dança bastante sensual.

              O Parque do Povo foi construído pala prefeitura de Campina Grande, é um espaço enorme destinado aos festejos do maior São João do mundo. Durante um mês inteiro de festas, são comemorados os três santos: Santo Antônio no dia treze de junho e na noite do dia doze acontecem os casamentos coletivos, bancados pela prefeitura de Campina Grande. 


             No dia vinte e quatro é comemorada a festa de São João, com fogueira e muitos fogos de artifício e no dia vinte e nove a festa é de São Pedro. No pátio fica a cidade cenográfica onde estão, a enorme fogueira, o Museu histórico e geográfico, o Cassino Eldorado e a Catedral de Nossa Senhora da Conceição, que é uma réplica da Catedral original, que fica no centro da cidade.

          Nessa praça ficam cinco ilhas de forró e seis palcos de shows. Ali também estão dispostas as muitas barracas de comidas e bebidas típicas, além dos quiosques de artesanatos e lembrancinhas do local. O evento chega a receber multidões durante todo o mês de festejos. Viviane e Gabriel estavam passeando pelo local, então o rapaz a conduziu até uma barraca, e sorrindo lhe disse:

              - Vamos tomar uma novidade daqui, que tenho certeza que você não conhece. Milk shake com cachaça.

              - Não, eu não bebo, vou passar mal, é melhor ficar na água com gás, a moça retrucou.

              - É somente para ficarmos mais alegres, vamos experimentar, disse ele.

              - Só se puser bem pouquinho de cachaça, então eu tomo, completou a moça.

                 Com os copos nas mãos, foram sentar-se em um banco da praça. Viviane tomou e gostou, parecia um licor e depois voltaram ao salão; Gabriel a enlaçou para dançar. Sob protestos, ela o acompanhou. Dançaram agarradinhos até as onze horas da noite, então ela pediu para irem descansar.

            Chegaram ao apartamento exaustos, ele a ajudou a despir-se e foram dormir agarradinhos, de comum acordo. A noite seria a testemunha da realização de um grande amor.

Um texto de Eva Ibrahim Sousa.

quarta-feira, 10 de julho de 2019

"RINDO À TOA" "TÔ NUMA BOA, TÔ AQUI DE NOVO. DAQUI NÃO SAIO, DAQUI NÃO ME MOVO. TENHO CERTEZA, ESSE É O MEU LUGAR. AHA, AHA. TÔ NUMA BOA, TÔ FICANDO ESPERTO. JÁ NÃO PERGUNTO SE ISSO TUDO É CERTO. USO ESSE TEMPO PRA RECOMEÇAR. AHA, AHA" (...)" CANTOR: FALAMANSA, COMPOSITOR: TATO


         DANÇA COMIGO?
A VIAGEM
CAPÍTULO UM
Viviane acordou cedo, sentou-se na cama e fez uma oração. Precisava da ajuda de Deus para viver aquele dia tão esperado. Fazia oito meses que conhecera um rapaz na internet, em um site de relacionamentos. No início foi apenas uma brincadeira, mas os dias foram passando e Gabriel se tornou muito importante em sua vida. Todas as noites, ela ficava esperando o barulho característico do Skype chamando. Seu coração disparava e ela passava horas conversando com seu novo amigo.

              A conversa fluía fácil, os assuntos eram diversos e um sentimento de amor nasceu entre eles. Entretanto, nenhum dos dois percebeu o quanto, um era importante para o outro, e a falta que faziam, quando estavam longe. A constatação ocorreu quando Gabriel precisou viajar para Recife. Uma viagem de negócios para resolver problemas do escritório, então puderam sentir a falta do outro.

              Ele era advogado em uma empresa em Campina Grande, na Paraíba. Viviane era psicóloga em uma multinacional, na cidade de Campinas São Paulo; uma longa distância os separava. O rapaz ficou uma semana fora e mal conseguiu mandar mensagens pelo celular, pois estava sempre em reuniões e acompanhado de colegas.

          Aquela foi a pior semana da vida dela, sentiu-se solitária e chorou todas as noites. Quando ele voltou, os dois entenderam que era impossível continuarem longe. Esse fato ocorreu há dois meses e desde então, começaram a programar um encontro.

             O namoro virtual começou de fato, as trocas de palavras de amor, projetos para um futuro a dois e um grande desejo de estarem juntos, crescia a cada dia. Tudo foi planejado cuidadosamente, ela tiraria férias no mês de junho, para se encontrar com Gabriel em sua terra. Viviane sabia das festas juninas da cidade de Campina Grande, que eram famosas no país inteiro. Ele queria que ela participasse e conhecesse o maior São João do Brasil ao seu lado.

             Seu avião sairia as doze horas do aeroporto de Viracopos e chegaria ao destino as dezessete horas, Gabriel estaria esperando por ela no aeroporto. Viviane precisava estar muito bonita, para ele não se decepcionar. Sua mala já estava pronta e ela colocou uma calça jeans, uma blusa branca de musseline e sandálias plataforma pretas, queria parecer jovem e elegante. Chamou um taxi, fez o sinal da cruz e fechou a porta. O apartamento ficaria vazio, enquanto ela ia ao encontro do seu amor; sua família morava no interior de Minas Gerais.

          A jovem estava separada fazia cinco anos. O divórcio aconteceu depois que ela descobriu que Saulo, seu ex-marido tinha um caso com a secretária. Ele tentou se explicar, mas ela estava irredutível, não queria mais vê-lo. Assim, terminou seu casamento de oito anos. Ainda bem que não tiveram filhos, ele foi embora e ela continuou sua vida; estava desiludida.

            O paraibano era solteiro, tivera um relacionamento que se arrastou por três anos, no entanto o amor acabou e os dois, de comum acordo, se separaram. Viviane e Gabriel tinham trinta e três anos, a idade de Cristo, ele fazia questão de ressaltar.

             Enquanto o táxi corria pela rodovia, na cabeça da moça passava um filme dos últimos acontecimentos; esperava não se arrepender, por estar indo ao encontro de Gabriel. Ainda estava decepcionada com seu ex-marido e temia sofrer novamente.

             O automóvel encostou e ela tratou de acertar a corrida e descer do veículo, estava com pressa. Foi rapidamente a procura do cheque in e depois seguiu para o salão de embarque, estava ansiosa. Suspirou, agora não tinha mais volta, o avião já estava à espera dos passageiros.

              Viviane seguiu as pessoas e quando viu já estava procurando sua poltrona, sentou-se ao lado de um senhor da raça japonesa, que se virou para a janela e rapidamente adormeceu. Ela relaxou, apertou o cinto e pensou:

             - Ótimo, assim terei tempo para pensar na minha vida e em Gabriel.

           Viviane fez uma reflexão da situação, o que havia em seu coração era muito forte, não dava para esquecer. Dormiu e acordou com a voz do comandante, dizendo que estavam chegando. Tratou de se recompor, foi ao banheiro, precisava estar bem para se encontrar com Gabriel.

              O avião desceu, estacionou e os passageiros começaram a deixar a aeronave, depois se dirigiram para o salão de desembarque. Viviane seguia atrás com o coração acelerado, estava muito perto de seu amor. Tremia só em imaginar que Gabriel estava a poucos passos dela. Assim que sua bagagem apareceu, ela tratou de procurar a saída.


Um texto de Eva Ibrahim Sousa

quarta-feira, 3 de julho de 2019

'NOSSA SENHORA DO BRASIL" "(...) ME COBRE COM SEU MANTO, ENXUGA O MEU PRANTO, PERDOA SE EU NÃO SEI REZAR, ESTENDA SUA MÃO, ME ABRE O CORAÇÃO, ME ENSINA A SABER AMAR, ESTENDA O SEU MANTO DE PAZ E ACALANTO. O AMOR MAIS PURO E VERDADEIRO, BENDITO É O PERDÃO, QUE ABRE O CORAÇÃO DO POVO BRASILEIRO". PADRE MARCELO ROSSI

TOURO BANDIDO, O MITO

CAPÍTULO DOZE
             Marcelo começou a contar a história fantástica do touro Bandido, que participou da trama de uma novela brasileira. Essa história obteve enorme audiência; chamava-se “América”. Angel tinha algumas lembranças de ver, na televisão, alguns capítulos de relance ao lado de sua avó. 

            - Eu era muito pequena e não me interessava por novelas, lamentou. A novela foi ao ar em dois mil e cinco e Angel era apenas uma criança.

               Ela tinha visto a estátua de Bandido na entrada do parque, porém, não conhecia sua história. Marcelo estava emocionado ao falar do animal, tivera a oportunidade de vê-lo uma única vez, mas bastou para ficar gravado em sua memória. Ele era apenas um adolescente e seu pai o levou para assistir à apresentação do Touro mais famoso do país. Depois de enxugar uma lágrima ele continuou.

             - Bandido está enterrado no memorial dos touros em Barretos. Faleceu em dois mil e nove, deixando muitos filhos e sêmen congelados para futuros cruzamentos. Era um touro sensível, apesar de seus quase mil quilos. Bandido nasceu mestiço de um cruzamento das raças Simental e Nelore, tinha uma cara branca, uma expressão dura, com um olhar malicioso e faceiro; parecia entender tudo que se passava a sua volta. Seu corpo era malhado de escuro e claro, um touro altivo e voluntarioso. Andava com passos rápidos e leves, como os de uma gazela de quase uma tonelada.

         - Somente um peão, no ano de dois mil e dois permaneceu oito segundos em seu lombo, depois disso, o Bandido manteve-se invicto. Derrubou todos os mais de duzentos peões que o desafiaram.

          - Os desafios levavam multidões às arenas de todo o país, onde quer que o touro fosse se apresentar. Os campeões tinham o direito de desafiar o Bandido e aproveitavam para se promover, mas não conseguiam dominar a fera e caiam nos primeiros segundos.

           - A enorme plateia se calava para ver o touro na arena. Ele entrava e dava uma volta de apresentação, parava e arrastava a mão jogando areia para trás, parecia saber que era uma estrela. Bandido era indomável, tornou-se uma lenda, promovendo os rodeios e encantando as plateias.

       - O touro, de quase uma tonelada, não levava mais que dois segundos, para jogar o peão fora de seu dorso. Às vezes, se jogava no chão juntamente com o peão ou em cima do mesmo. Depois, enfurecido, investia com seus chifres para jogar o derrotado para longe. Um deles foi atirado seis metros para cima e caiu de mal jeito, sofrendo sérias lesões. Os salva vidas tinham muito trabalho, para acudir os peões dos chifres e cascos do touro.

      - Onde Bandido se apresentava era certa a multidão para aplaudi-lo, parecia que torciam para o animal e não para o peão. Muitos sonhavam em vencer o touro na arena, planejavam, criavam estratégias, rezavam muito, mas não conseguiam permanecer montados no animal.

           - A porta do brete era aberta e Bandido corcoveava com seu corpanzil, erguendo a traseira e chacoalhando para todos os lados, até sentir que se livrara do peão. Em seguida, atacava seu montador, queria destruí-lo. Entretanto, os salva-vidas o afastavam. Frustrado em seu intento, o touro erguia a cabeça, altivo, ensaiava uma pequena corrida, parava e arrastava a mão jogando areia para trás. Depois voltava para o brete, parecia vingado pela ousadia de tentarem montá-lo.

           - Bandido foi ator de novela e o touro mais famoso e admirado por todos, nas arenas do Brasil. Participou, também, de alguns rodeios internacionais. Brilhou e foi a estrela maior dos rodeios, durante oito anos, tornou-se um mito. Mas, como tudo tem seu fim, Bandido foi acometido de um câncer no olho. E em decorrência da doença, foi definhando até seu falecimento, em janeiro de dois mil e nove.

            - Foi sepultado com honras e o toque do berrante, no memorial de Barretos. Quando desceu à cova, não teve uma pessoa sequer, entre os presentes, que conseguisse segurar as lágrimas em sua despedida.

          Marcelo bocejou, já era tarde, ele estava cansado e com os olhos marejados de lágrimas, então, convidou a namorada para irem descansar no hotel. Angel estava calada e encantada com aquela narrativa. Percebeu a grandeza dos rodeios e a emoção, que existe em todo peão de boiadeiro. São homens valentes, tementes a Deus, que jogam com a própria vida para vencer um touro na arena e ganhar fama por alguns momentos. No entanto, respeitam o animal, que não se deixa dominar e Bandido foi um deles.
          
            No dia seguinte, com um Sol maravilhoso seguiram a viagem de volta, na caminhonete recebida como prêmio, por sua performance nas rédeas do Jiló.

            Angel gostaria de voltar a Barretos no próximo ano, descobrira um mundo novo e fascinante. O mundo dos sertanejos, dos peões de boiadeiro, do povo simples do interior do Brasil, que sabem fazer festas incríveis. Marcelo e Angel estavam felizes e concentrados, vivendo dias de felicidade.

 Um texto de Eva Ibrahim Sousa 
Pesquisas: You tube, Wikipédia Brasil

quarta-feira, 26 de junho de 2019

"NOSSA SENHORA DO BRASIL" "FONTE DE AMOR E LUZ, ESTRELA QUE CONDUZ AONDE VAI A ESTRADA. A FÉ QUE ALIMENTA A ALMA E O PODER DA PALMA, QUEM NÃO CRER EM NADA. É A FORÇA DE UMA ORAÇÃO, É A PROVA DO PERDÃO, SEU MANTO AZUL ANIL. É A SALVAÇÃO A TODA HORA, É LÁGRIMA DE QUEM NÃO CHORA, NOSSA SENHORA DO BRASIL" (...) PADRE MARCELO ROSSI

POR ENTRE OS DEDOS

CAPÍTULO ONZE
    Marcelo, com seu melhor traje de peão de boiadeiro e com toda a fé do mundo, aguardava sentado no lombo de seu cavalo Jiló, a abertura do portão para sua apresentação. Seu coração batia forte e seus pensamentos se embaralhavam a ponto de ele sentir-se fora da realidade. Sabia que era uma chance única de marcar muitos pontos e sair vencedor.

 Pensou em sua santa de devoção e balbuciou uma oração, no entanto, misturou o Pai Nosso com a Ave Maria, estava confuso. Que ela o desculpasse, pensou, pois precisava muito de sua proteção. Em seguida, fez o sinal da cruz. Não conseguia pensar em mais nada.

            Angel e os pais do rapaz estavam apreensivos, a mãe rezava com o terço na mão, pedindo a ajuda de Nossa Senhora. Quando o narrador disse o nome de Marcelo Magalhães, Angel cobriu os olhos com as mãos. Era tudo ou nada, poderiam ir aos céus ou baixar aos infernos, em apenas alguns segundos. Não havia mais tempo, então ela fechou os olhos, como se fecha uma cortina da janela.

             O cavalo saiu desembestado, pulando, corcoveando e girando sobre si mesmo, parecia possuído por alguma coisa estranha. Marcelo estava pregado em seu lombo, acompanhava os saltos de Jiló com o braço esquerdo levantado, parecia impassível. Nem o chapéu caiu da cabeça. Aquele boneco de pano resistiu aos sacolejos intensos, até ultrapassar o tempo necessário.  

            Por entre os dedos, Angel espiava temerosa. Abria e fechava suas janelas de visão de mundo, parecia flutuar, tamanha era sua emoção. Oito, dez segundos, uma eternidade e a campainha tocou, para que os cavaleiros salva-vidas o apoiasse para descer. Marcelo desceu e se ajoelhou na arena em agradecimento a Santa. A plateia aplaudiu freneticamente gritando:

                - É campeão, é campeão!

            O peão ficou por alguns minutos concentrado de cabeça baixa, com o chapéu nas mãos e os olhos cheios de lágrimas. Seus pais gritavam desesperados o seu nome e Angel tirou as mãos dos olhos para aplaudir.

             Então ela gritou:
            - Acabou? Marcelo venceu? A sogra chorando aquiesceu com a cabeça.

            Em seguida, a moça abraçou a futura sogra e chorou de escorrer lágrimas dos olhos. Depois de alguns minutos, saiu a nota oficial do peão Marcelo Magalhães, noventa e um pontos, se tornara o líder da competição. No entanto, era cedo para cantar vitórias, pois ainda faltavam os dois melhores competidores daquela modalidade.

Dando prosseguimento ao evento, foram apresentados os últimos competidores, que obtiveram oitenta e oito e noventa pontos. Mas, não alcançaram os pontos de Marcelo, que venceu a competição, entre choros e risos, abraços e beijos. Até o Jiló recebeu beijos de Marcelo, pela sua excelente performance.

               Angel não se continha, parecia inacreditável que seu amor se consagrara o campeão de Barretos, depois de ter sofrido um acidente tão grave, há seis meses apenas. Agora era só esperar a hora da entrega do prêmio, para abraça-lo e comemorar.

               Com muita festa e fogos de artifício, Marcelo recebeu as chaves da caminhonete, das mãos do organizador do evento. Mas, ficariam na arena para assistir à final da montaria em touros. Agora já calmos e felizes, apenas observando os competidores.

           Marcelo ficou na plateia com sua família e acompanhou o desempenho de seus companheiros. E, entre uma prova e outra, contava histórias dos rodeios para sua namorada.

             - Angel, houve nessas arenas um touro que foi considerado invencível durante oito anos. O maior mito dos rodeios brasileiros, o touro Bandido, vou lhe contar essa história.

               Então, saíram da arena e foram pegar o veículo, que foi ganho na competição. Uma caminhonete possante e brilhante, onde os quatro foram dar uma volta. A noite era apenas uma criança e depois de deixar os pais no hotel, saíram para namorar.

               Sentaram-se em uma mesa reservada de uma lanchonete e Marcelo, entre um carinho e outro, começou a contar a história do touro Bandido.

Um texto de Eva Ibrahim Sousa

quarta-feira, 19 de junho de 2019

"NOSSA SENHORA" "(...) SANTA MÃE DE DEUS, TEM PIEDADE DE NÓS, DE JOELHOS AOS VOSSOS PÉS, ESTENDEI A NÓS VOSSAS MÃOS. ROGAI POR TODOS, NÓS VOSSOS FILHOS, MEUS IRMÃOS. NOSSA SENHORA ME DÊ A MÃO, CUIDA DO MEU CORAÇÃO. DA MINHA VIDA, DO MEU DESTINO, DO MEU CAMINHO, CUIDA DE MIM". ERASMO CARLOS E ROBERTO CARLOS

BONECO DE PANO

CAPÍTULO DEZ
             Marcelo se classificou em terceiro lugar para as finais da montaria em cavalos, na modalidade Cutiano. Jiló se portara magnificamente, pulou e corcoveou para todos os lados, o rapaz estava satisfeito com seu cavalo. Vislumbrava a possibilidade de sair vencedor da prova final.

            Terminados os trabalhos de classificação para as provas de cavalos e touros, os presentes se dirigiram para o espaço de shows de músicas sertanejas. Os pais do rapaz e o casal de namorados, também se dirigiram para o local do show de uma famosa dupla sertaneja.

              Havia uma satisfação plena entre os quatro, naquele evento. O melhor aconteceu, Marcelo provou que estava recuperado e pronto para a competição, que teria sua final no dia seguinte. Já era muito tarde quando se separaram, o peão foi para o camping, Angel e os pais do rapaz para o hotel.

            Voltariam a se encontrar ao cair da noite na arena de rodeios. Ali seria decidido o novo campeão de montaria a cavalo, no rodeio de Barretos. Dez foram os classificados, todos veteranos e capacitados para vencer; seria um páreo duro.

            Marcelo ficaria concentrado até chegar a hora da competição, precisava descansar. A luta para manter Jiló controlado fora intensa, seu punho doía, apesar da munhequeira usada. Mas, mesmo assim acalentava em seu peito uma esperança de vitória, queria que Angel sentisse orgulho dele. Embora a esperança fosse tênue, criara força depois das eliminatórias.  Dependia somente dele e de Jiló levar o prêmio para casa, uma caminhonete possante.

                 Angel estava deslumbrada com tantas novidades presenciadas. O trabalho dos salva-vidas ao abordar o animal a deixou surpresa, eram verdadeiros heróis ao se colocarem para proteger os peões. Assim, muitas vidas foram poupadas dos cascos de animais pesados, violentos e descontrolados.

              O dia amanheceu brilhante e prometia muitas conquistas na arena. Depois do almoço, os pais e a namorada deixaram o hotel, para passear e conhecer a cidade. A moça ganhou uma linda bota e um chapéu de boiadeiro da futura sogra, que usaria para assistir à competição.

           Conheceram o Hospital de amor e ficaram perplexos e extasiados pela grandiosidade da instituição e calor humanos existentes no local. É um hospital moderno, enorme e abençoado, pois todos que necessitam de tratamento são acolhidos e assistidos da melhor maneira possível. São centenas de pessoas que passam por ali todos os dias, provenientes de todos os estados brasileiros.

              A festa de peões de boiadeiro de Barretos é cheia de muita fé, alegria, caridade e principalmente amor pelos doentes. Por sua própria condição de lidar com sertanejos, que são homens de fé e respeito aos ensinamentos de Deus, emana dessa simplicidade a vontade de contribuir para o bem-estar do próximo.

              A noite chegou estrelada e brilhante, propícia para eventos ao ar livre. Angel e os pais de Marcelo se dirigiram à arena, onde ele já se encontrava. Sentaram-se bem perto das baias dos cavalos, queriam ver os competidores de perto.

            A festa começou com o narrador fazendo uma oração a Nossa Senhora de Aparecida e todos os peões de cabeça baixa e com o chapéu nas mãos, fizeram a sua oração. Depois dos fogos de artifício e do desfile dos competidores foi dada a largada para a grande final. O berrante tocou mais uma vez e a arena se calou para assistir a contenda.

              O primeiro cavaleiro saiu com seu cavalo xucro, pulando desembestado e seu condutor parecia um boneco de pano, solto sobre o lombo do animal. De uma carreira rápida, ele foi atirado ao chão. Foi aplaudido e socorrido pelos salva-vidas, estava eliminado. Assim, foram surgindo os próximos candidatos, até que chegou a vez de Marcelo. A pontuação ficava entre setenta e oitenta, ninguém chegara a noventa até o momento.

              O coração de Angel batia tão rapidamente, que parecia saltar do peito. Puxou o lenço do pescoço e cobriu os olhos, temia por seu amor.

Um texto de Eva Ibrahim Sousa.

quarta-feira, 12 de junho de 2019

"NOSSA SENHORA" "(...) SEMPRE QUE O MEU PRANTO ROLAR, PONHA SOBRE MIM SUAS MÃOS. AUMENTA MINHA FÉ E ACALMA O MEU CORAÇÃO. GRANDE É A PROCISSÃO A PEDIR, A MISERICÓRDIA, O PERDÃO. A CURA DO CORPO E PRA ALMA, A SALVAÇÃO. POBRES PECADORES, OH! MÃE, TÃO NECESSITADOS DE VÓS" (...). ERASMO CARLOS E ROBERTO CARLOS

DE JOELHOS NA ARENA

CAPÍTULO NOVE
A noite chegou e Angel acompanhada dos pais de Marcelo foi assistir as eliminatórias, para as finais de montarias de cavalos e touros. Jiló, o cavalo de Marcelo, era amargoso e xucro, corcoveava e rodopiava ao mesmo tempo, quando alguém tentava montá-lo. Várias vezes, Marcelo foi lançado para fora de seu dorso pelo animal enfurecido, que chacoalhava até o cavaleiro cair. Muito treino e teimosia estavam relacionados com Jiló e Marcelo.

    - Esse animal nunca será um cavalo manso e obediente, não adianta você insistir, diziam seus companheiros.

 Quando Romeu, o pai do rapaz, comprou o cavalo para dar ao filho, pensou que seria utilizado para transporte, no pequeno sítio de sua propriedade. Porém, o animal era rebelde e não gostava de amarras ou montarias. Jiló era altivo e mal-humorado e foi o causador do acidente, que quase aniquilou seu dono. O coice desferido na cabeça de Marcelo, poderia tê-lo matado. Entretanto, sua vida foi preservada, mas o marcou para sempre, com uma enorme cicatriz na testa.

O pai, enfurecido, queria vender o cavalo causador de muitas aflições, mas Marcelo implorou por uma última chance.

              O rapaz não guardava mágoas de Jiló, dizia que fora imprudente.

              - Ele faz o que sabe, quando não gosta de alguma coisa, se defende dando coices. Eu deveria ter tomado cuidado ao me abaixar atrás dele. Vou leva-lo para o rodeio, lá ele poderá pular e corcovear à vontade. Irei montá-lo e fazer o meu melhor. Concluiu o rapaz, para desespero de sua mãe.

              Havia muita gente na arena para assistir as eliminatórias. Todos, nas arquibancadas e camarotes estavam com os olhos pregados nos cavalos e cavaleiros. Um dos competidores teve uma queda de mal jeito e precisou ser levado ao hospital de ambulância. Foi uma correria e Angel ficou mais nervosa ainda, queria tirar o namorado dali, mas a festa estava apenas começando.

              Uma festa grandiosa, que envolve centenas de pessoas, para que sua programação seja efetiva e agrade a maioria dos presentes. Os peões se destacam pelas roupas características e muitos já são famosos, pelos desempenhos ao longo dos anos. Desfilam com suas caminhonetes, que valem cerca de duzentos e cinquenta mil reais, cada uma. Em cada evento, são distribuídos cerca de um milhão de reais aos vencedores de todas as etapas.

              A família, sentada na arquibancada, não aguentava a ansiedade, enquanto Marcelo aguardava sua vez de participar das eliminatórias. Finalmente, o narrador anunciou a prova seguinte, dizendo:

              - Esta será uma prova nos moldes brasileiros; a modalidade Cutiano, que existe oficialmente no Brasil, desde 1956. É uma prova conhecida por usar apenas uma mão, para o cavaleiro se segurar sobre o cavalo. O objetivo é demonstrar a habilidade do peão, em manter o equilíbrio somente com uma mão. É utilizado um arreio em forma de um V invertido. O competidor deve permanecer no lombo do animal por pelo menos oito segundos e ter estilo para saltar, quando descer do cavalo, que estará aos pulos.

              - Está de volta o peão Marcelo Magalhães, que sofreu um acidente com seu cavalo Jiló e, ambos estão participando, depois de uma longa ausência. Boa sorte e sejam bem-vindos! Concluiu o narrador.

              O coração de Angel parecia querer sair pela boca, de tão acelerado que estava.  A porta foi aberta, o cavalo saiu pulando feito doido e Marcelo grudado em seu dorso, corcoveava com o braço esquerdo erguido. Depois de dez segundos, Jiló atirou o homem ao chão; ele caiu em pé. Sua saída fora muito boa, seus pontos já tinham sido computados. Em seguida, o peão se ajoelhou no chão da arena, sabia que conseguira se classificar, e devia agradecer a sua santa de devoção.

              – Obrigado Nossa Senhora de Aparecida, imploro por sua proteção, estamos apenas começando, rezou baixinho, estava emocionado. Seu coração batia acelerado e procurou por Angel com os olhos cheios de lágrimas.

            A moça estava em pé, aplaudindo a performance de seu amor. Em seguida, Marcelo acenou para todos, estava muito feliz. Foi aplaudido pelo feito realizado e depois voltou ao salão de espera. O peão foi juntar-se aos outros concorrentes, para aguardar a classificação oficial.

 Um texto de Eva Ibrahim Sousa

MEU MUNDO REINVENTADO.

UM BLOG PARA POSTAR CONTOS CURTOS E EM CAPÍTULOS.