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sexta-feira, 26 de maio de 2017

"A VIDA ME AFASTOU DE PESSOAS QUE EU PENSAVA QUE SERIAM PARA SEMPRE E ME APROXIMOU DE OUTRAS QUE EU NUNCA IMAGINEI CONHECER". AUTOR DESCONHECIDO

COISAS DE DEUS
 UM ANJO
CAPÍTULO UM
 O homem andava de cabeça baixa, parecia muito mais velho do que era na realidade. Havia uma tristeza no olhar e um peso nos ombros que o deixavam encurvado e lento. Andava em meio aos trilhos da estrada de ferro e, lá no fundo de seu coração desejava que o trem passasse por cima de seu corpo, para acabar com todo aquele sofrimento. Não tinha coragem de dar cabo da própria vida, esperava que isso acontecesse ocasionalmente.

Deixara seu automóvel no estacionamento do Hospital e saíra a pé, estava sem rumo; muito descontrolado para dirigir. Precisava de ar puro e paz na alma, que a muito tempo perdera. Jardel sabia que nunca mais veria os olhos que o encantara um dia; seriam apenas lembranças. Andou até sentir cansaço, então, avistou uma estação onde o trem parava e como estava com sede, resolveu entrar. Sua garganta estava seca.

 Viu uma torneira na parede do lado de fora e se aproximou para tomar água. Uma mulher o alertou dizendo:

 - Não tome desta água, pode estar contaminada, peça lá no balcão.

Ele agradeceu e estendendo as mãos sorveu a água sob o olhar de censura da mulher. Então, ele sorriu, fazia um bom tempo que não ria, achou graça na preocupação da mulher. Ela não poderia imaginar o drama que ele estava vivendo e que morrer seria a melhor opção.

 - Tomara que esteja cheia de bichos e que eu tenha a sorte de morrer contaminado. Pensou Jardel, com o coração apertado. Desejava morrer, mas não queria causar mais sofrimentos e tinha uma pequena princesa para cuidar. Isso o mantinha um morto vivo, que se arrastara nos últimos meses, fingindo ser forte.

Sentou-se no banco, estava sem destino, não queria voltar para os seus problemas. Em meio a tantas pessoas estranhas, ele sentia-se um pouco melhor. Uma moça aproximou-se, trazia nos braços um menino de uns dois anos de idade, que dormia com a cabeça nos ombros da mãe. Ela trazia consigo duas bolsas grandes, que pareciam pesadas e Jardel levantou-se para ajudá-la a sentar-se. Em seguida, ele se acomodou no restante do banco.

                O trem surgiu no horizonte e o rapaz perguntou a moça se ela iria subir no trem, porque ele a ajudaria com as bolsas. Ela sorriu com um olhar doce e disse que iria ao Hospital levar o filho para uma cirurgia.

            Com o barulho da locomotiva a criança acordou e olhou para Jardel, que deu um passo para trás; era uma criança feia. Então, Larissa, a mãe do menino, disse que ele nascera com lábio leporino e depois de três cirurgias na parte interna, agora iriam corrigir os lábios e ela estava muito feliz. Agradeceria se a ajudasse, porque estava sozinha e o menino era pesado.

O rapaz, por um momento se esqueceu de seus problemas e censurou o pai, que não estava presente para ajudar aquela mãe. Em seguida, prontamente pegou as bolsas e subiu no trem também, voltaria ao Hospital; a moça precisava de ajuda.

                A boca da criança o incomodava, mas ele queria parecer natural e perguntou onde estava o marido dela.

- Eu sou o pai e a mãe, pois quando o meu namorado soube da gravidez, tratou de desaparecer. Eu cuido dele sozinha e minha mãe fica com ele para eu trabalhar. E, fez um carinho na cabeça do menino, que se aconchegou ao peito dela.

Jardel sentiu-se envergonhado, pois ali estava uma mulher guerreira que não reclamava de seus problemas; estava resignada. No entanto, ele queria fugir da vida porque não lhe era favorável. Imaginou o trabalho que o filho doente dava aquela mãe sozinha e, ela continuava firme em seu amor pelo pequeno menino.

 A locomotiva seguia cadenciada e Larissa lhe perguntou para onde ia e ele começou a falar como se ela fosse sua amiga de muito tempo. Sua esposa estava morrendo e ele queria fugir e não presenciar nada daquilo. Tinha uma filha de seis meses de idade, que não iria conhecer a mãe; aquele pensamento cortava seu coração.

Foi durante a gravidez que descobriram um tumor no ovário de Lídia. Nada poderiam fazer antes da criança nascer, disseram os médicos. Assim mesmo fizeram uma cesárea antes do tempo, para tentar salvar a mãe, mas todas as tentativas foram inúteis. Lídia reagiu mal à quimioterapia e a doença ganhou força. E, nos últimos quinze dias piorou de vez. As esperanças de cura se foram e a espera da morte o estava matando também.

Sua filha estava com a avó, pois ele estava sempre com Lídia no Hospital. Vivia do trabalho ao Hospital e vice e versa; ia para sua casa somente para tomar banho e trocar as roupas. Apesar de todo o tratamento, não havia melhora, Lídia definhava a olhos vistos. Arruinou muito durante a noite e o médico disse que ela estava morrendo.

- Entrou em coma e é questão de horas para ela nos deixar, o médico foi categórico.
          - Então, eu me acovardei, não queria ver a minha mulher morrer, e duas lágrimas rolaram de seu rosto sofrido. Larissa o abraçou dizendo.

– Estou aqui e vou ajuda-lo, do jeito que me ajudou. Estamos juntos nesta situação.
                 A moça entrou com a criança no consultório médico e Jardel foi ver sua mulher. Estava do mesmo jeito que a deixara, mas ele ganhara um fôlego extra, já não estava tão desanimado. O encontro com Larissa e o filho lhe fizera bem, não era somente ele que tinha problemas. Havia um sentimento de conforto, que emanava da moça.

            – Seria coisa de Deus para lhe dar forças quando Lídia partisse? Afastou o pensamento que teimava em lembra-lo do que sua mãe sempre dizia:

             - “Deus usa as pessoas menos prováveis para falar conosco”.

           Quando a noite chegou, os dois se encontraram na recepção. O menino estava na sala de cirurgia e Jardel saíra para tomar um café. Conversaram e ele a levou para ver sua esposa e foi ali que ele deu seu último adeus a Lídia, que se foi suavemente. O aparelho começou a apitar indicando que havia algo de errado, então, foi constatado o óbito de Lídia.

            Jardel já não estava só, agora tinha um ombro para chorar. Sua dor foi acolhida e suas lágrimas puderam rolar até desabafar, pois, alí havia um anjo a lhe apoiar com seu abraço.

Um texto de Eva Ibrahim

sexta-feira, 19 de maio de 2017

"NÃO IMPORTA QUANTO DEMORE, SE ESTIVER NOS PLANOS DE DEUS, VAI ACONTECER". AUTOR DESCONHECIDO.

AMOR EM QUALQUER TOM

CAPÍTULO DEZ
           A semana acabou em grande estilo e amanheceu uma segunda feira chuvosa, onde as pessoas estavam de ressaca da festa de abertura das olimpíadas. E, não queriam sair do alojamento, precisavam recuperar as forças. Benjamim percebeu que não poderia escapar naquele dia, teria que aguardar o dia seguinte, onde teriam prosseguimentos os jogos das equipes de seu país. Ficara desolado, Eloisa estava de férias e ele não queria perder tempo, tinha urgência em ficar perto dela.

Foi um dia cheio de frustrações; Benjamim não conseguiu falar com sua amada; havia gente de sua equipe por perto o tempo todo. Desejou boa noite à Eloisa por mensagem e sua noite foi péssima. Um dia perdido, para quem tinha tão poucos para desfrutar com seu amor. Precisava planejar alguma coisa para poder ficar ao lado dela na terça-feira.

Ele soube pelos companheiros que o time de vôlei, principal time de seu país, havia perdido na estreia. Isso era mais uma preocupação, pois havia a possibilidade de voltarem para sua terra antes de terminar as olimpíadas.

Durante dois dias ele precisou acompanhar sua equipe ao estádio e pouco antes do início da última disputa, ele saiu sorrateiramente e foi encontrar-se  com Eloisa. Já não aguentava mais esperar para tê-la em seus braços.

Enquanto as competições tinham prosseguimento, o casal de namorados deixou a vila olímpica e seguiram abraçados sem rumo. Passaram a tarde juntos e no momento de dizer até logo, Benjamim puxou Eloisa e de comum acordo seguiram para um motel.

O amor que sentiam não poderia morrer em um simples adeus, pois o general sabia que se a equipe de seu país perdesse naquele dia, eles retornariam no dia seguinte à sua terra. Para os dois apaixonados, nada mais importava naquele momento, nem a preocupação que o desaparecimento de Benjamim ocasionaria aos seus companheiros.

                O dia amanheceu e Eloisa sacudiu o general, que adormecera profundamente. Ele deu um salto, não poderia ter feito aquilo, seria punido, com certeza. Vestiu-se de qualquer jeito e saiu puxando a moça pela mão. Entraram no primeiro ônibus que apareceu e seguiram cada um para seu destino.

           O último beijo teve sabor de despedida, poderiam nunca mais se verem. A moça desceu primeiro e parou para olhar o veículo se afastar; ficou sentindo uma sensação de perda irreparável.

Quando Benjamim adentrou ao recinto das olimpíadas, os seus companheiros estavam prontos para chamar a polícia, pensavam que ele poderia estar, até mesmo, morto em uma cidade tão violenta.

Foi uma surpresa muito grande ver que estava bem e sem jeito, pois não tinha satisfação a dar. Seus companheiros não se cansavam de lhe cobrar explicações; estavam realmente nervosos. Finalmente, ele balbuciou alguma coisa e disse que adormeceu deitado na praia.

- Estava com calor e acabou dormindo junto de uma barraca de cocos.                Alguns duvidaram da explicação e outros agradeceram aos céus por ele ainda estar vivo. Naquela noite, o avião levando Benjamim e sua comitiva alçaram voo de volta para casa.

Os dias foram passando e eles continuaram a se falar pelo Skype, mas a surpresa apareceu dois meses mais tarde. Eloisa estava grávida de um filho do general. Ambos ficaram felizes, mas ele só poderá conhecer pessoalmente o filho, quando se aposentar.

Benjamim acompanhou a gravidez de Eloisa pelo Skype e com muitas saudades de estar com ela e ao lado dela. Todos os meses ele lhe mandava uma quantia em dinheiro para ajudar nas despesas e finalmente o bebê nasceu, forte e saudável.

   Um futuro general, segundo o pai coruja, que aguarda ansiosamente sua aposentadoria para viver com Eloisa e o pequeno Benjamim Brasil da Silva. Foi assim que ele quis que o seu filho fosse registrado.

 Quando a moça lhe mostrou o registro, ele sorriu com seus dentes brancos e foi logo dizendo:
- Que lindo! O meu pequeno casca dura brasileiro.

Um texto de Eva Ibrahim

sexta-feira, 12 de maio de 2017

HÁ OLHOS QUE AGRADAM E ACARICIAM A GENTE COMO SE FOSSEM MÃOS". RUBEM ALVES

                           A LUZ DO SEU OLHAR

                                                           CAPÍTULO NOVE
            Benjamim não estava acostumado a fazer compras e muito menos, em locais tumultuados e impossíveis de se locomover. No Saara, as pessoas eram empurradas e levadas ao sabor do fluxo de pedestres, não havia lugar para escapar daquela massa de gente, que se mantinha por toda parte. Era necessário tomar cuidado para não se distanciar do acompanhante, porque corria-se o risco de não poder encontra-lo mais em meio à multidão. Por isso, Eloisa mantinha-se agarrada ao braço do general.

          –Não quero perde-lo meu amor, agora que o encontrei não quero que nada nos separe, disse a moça encabulada. O general sorriu com a proximidade do corpo dela, estava de bom humor e muito feliz, como jamais estivera antes.

            Depois de muitos empurrões, chegaram a uma loja onde Eloisa puxou Benjamim para dentro. Lá havia muita gente, mas dava para se locomover. A moça escolheu então, uma bermuda jeans, uma camiseta amarela, tênis esportivo e um boné azul. E, quando ele se vestiu, a moça sorriu; ele parecia um brasileiro nativo. Entretanto, o forte sotaque inglês denunciava sua procedência.

            Com as roupas originais na sacola saíram de mãos dadas; andaram até a estação do metrô e depois sentaram-se em uma lanchonete para tomar um refresco. Benjamim não se cansava de olhar para Eloisa, era a mulher de sua vida; alegre, decidida, amável e carinhosa.

               Sentado em frente ao mar e com a brisa quente lhe afagando o rosto, Benjamim sentia-se no paraíso. Era um sonho para o homem acostumado ao trabalho duro e nenhuma diversão. E, agora ele estava no Rio de Janeiro com a mulher de sua vida, usufruindo de momentos muito felizes.   

               Levantaram-se e saíram de mãos dadas para uma caminhada no calçadão. O general, cujo apelido era casca dura, se transformara em um namorado apaixonado e cheio de mimos com Eloisa. Andavam de mãos dadas e de vez em quando trocavam beijos calorosos. Seguiram por alguns quilômetros, pareciam dois pombinhos arrulhando.

            No entanto, teriam que voltar, então, tiraram os sapatos para molhar os pés nas águas, que a maré levava e trazia. Águas tépidas que muitas vezes chegava aos joelhos de ambos, que riam saltando as ondas.

               A noite chegou de mansinho e o general foi para suas acomodações na vila olímpica. Para sua sorte não havia ninguém lá, somente um bilhete dizendo que estavam no ginásio onde aconteceria o jogo de vôlei. Ficou satisfeito por não ter que se explicar, mas para deixar os companheiros tranquilos ligou no celular de um companheiro, dizendo que ficaria no quarto para se recuperar, pois, estivera em um ambulatório para ser medicado.

Benjamim estava feliz, tomou um banho e deitou-se, estava realmente cansado e queria conversar no celular com Eloisa, até adormecer. Esse disfarce de homem doente estava rendendo o suficiente e ele levaria a farsa até aonde fosse conveniente. Até comprara alguns medicamentos para o estômago, com o intuito de deixar sua história verídica.

 Precisava tomar cuidado para não ser desmascarado e sofrer as consequências de seu ato de insubordinação. Mas, nada o faria separar-se de seu amor; amava aquela mulher e queria viver sob a luz do seu olhar.

 Um texto de Eva Ibrahim

sexta-feira, 5 de maio de 2017

LIBERTE SEUS PENSAMENTOS... OS MAUS PARA QUE SE PERCAM NO VENTO... E, OS BONS PARA QUE SE PROPAGUEM NO AR... DE RESTO É SER FELIZ E AMAR! CRIS PIZZIMENTI

 ME PERDER DE AMOR

CAPÍTULO OITO
            O abraço foi tão apertado que mal podiam respirar e quando se separaram, ficaram se olhando como se estivessem hipnotizados. Ele passou a mão na cintura dela, como que tomando posse daquele corpo muito amado. Em seguida a puxou para um local mais reservado, queria beijá-la e sentir seu perfume até se embriagar.

                Havia um encantamento entre eles, que os mantinha unidos de corpo e alma. Benjamim nunca sentira aquele arrebatamento por sua esposa; sabia que ela estava lá e não se preocupava com nada. Agora ele tinha que conquistar Eloisa e, manter vivo nela aquele sentimento de urgência e necessidade que sentia em relação a ela.

                Eles se acomodaram sobre uma mureta, que ficava embaixo de uma marquise dentro do estádio; disputando lugar com outros casais de namorados. O local estava muito cheio de gente e mal conseguiam ouvir o que um dizia ao outro. Mas, o amor é universal e estava presente nos olhos e gestos dos dois. Trocaram beijos calorosos e permaneceram abraçados até o final da festa. Havia uma ligação forte entre eles e uma linda promessa de amor.

            Quando Benjamim olhou para o relógio, levou um susto; era muito tarde e teria que voltar e se juntar ao seu grupo ou eles começariam a procura-lo. Despediram-se com a promessa de novos encontros que seriam combinados pelo celular.

           Quando os seus companheiros perceberam que ele regressara, o encheram de perguntas:
             - Onde estava? Por que demorou? Estávamos preocupados com seu sumiço. Não faça mais isso, por favor general, disseram em coro.

                Benjamim se justificou dizendo estar com muita dor no estômago, tinha uma velha úlcera, afirmou e foi logo dizendo que iria procurar um atendimento médico no dia seguinte. Por hora, estivera deitado no ambulatório do estádio, tomando uma medicação para aliviar sua dor e queimação, que o estavam atormentando.

                Seus companheiros concordaram e ficaram penalizados com sua dor, iriam acompanha-lo ao médico no dia seguinte. Ele quase gritou que não queria ninguém com ele, mas ficou quieto; depois resolveria o que fazer.

           Benjamim não conseguia dormir, queria aquela mulher, estava apaixonado e por nada desistiria dela. Eloisa também gostara dele e via nele a possibilidade de uma nova vida, cheia de mistérios e muito amor.

            Já estava amanhecendo quando ele pegou no sono e nem viu quando seus companheiros saíram. Eles foram conhecer o local onde iriam jogar vôlei a noite e queriam passear pela vila olímpica. Deixaram um bilhete sobre a mesa para Benjamim não se preocupar com eles. O general olhou para o relógio, era onze horas da manhã e ele teria o dia todo livre. Tratou de ligar para Eloisa.

          - Vamos sair para passear e almoçar em frente ao mar?
          – Sim, podemos aproveitar o lindo dia de Sol.
          Combinaram o encontro no calçadão da praia. Eloisa estava com um vestido curto, de tecido leve e florido e um grande sorriso no rosto; estava adorando aquela aventura amorosa. O general surgiu vestido com calça e camisa sociais

            - Não tinha muitas roupas para variar, justificou.

            Então, a moça sorriu, depois o abraçou dizendo que ele precisava de uma roupa de verão e o arrastou para o metrô em direção ao Saara, no centro popular do Rio de Janeiro. Ele não opôs resistência, estava muito feliz e faria qualquer coisa para fazê-la sorrir. E, seguiram abraçados e sorridentes.
            - Hoje eu quero me perder de amor, sussurrou Benjamim para Eloisa.

Um texto de Eva Ibrahim

sexta-feira, 28 de abril de 2017

"OS OLHOS SÃO AS JANELAS DA ALMA E NÃO HÁ NADA MELHOR DO QUE SERMOS ENXERGADOS COM "OLHOS DE AMOR". O AMOR É A FORÇA MAIS PODEROSA DO UNIVERSO E, É FELIZ QUEM SE PERMITE AMAR E SER AMADO". AUTOR DESCONHECIDO.

COM MUITA EMOÇÃO

CAPÍTULO SETE
             O general passou dias pensando em uma forma de se encontrar com seu amor. Como estrategista do exército de seu país, estudou todas as possibilidades e finalmente, planejou um encontro viável. Com seu projeto de amor minuciosamente visto e revisto, ele acreditava que teriam êxito no encontro. E, a sua comitiva não ficaria sabendo da sua estratégia de amor.

             - O lugar escolhido é a vila olímpica, no Rio de Janeiro, onde haverá muita gente e será mais fácil sair sem ser percebido, dizia Benjamim para Eloisa. 

           A moça concordou, a vila olímpica estaria cheia de gente e eles poderiam marcar encontro enquanto os atletas, patrícios de Benjamim, estivessem competindo. Ninguém iria prestar atenção nele, que sairia sem ser notado.

             Eloisa morava em Niterói e para ela seria fácil estar na vila olímpica, pois uma porção de amigos da moça estavam envolvidos na segurança, hotelaria e apoio aos jogos olímpicos. Durante um mês inteiro, as conversas dos dois giraram em torno do encontro tão sonhado. Ambos estavam ansiosos pela possibilidade concreta de se encontrarem.

            A moça se programou pedindo férias do trabalho durante as olimpíadas, ela queria conhecer Benjamim e ver como seria quando estivessem frente a frente. Sentir sua presença, seu cheiro e se aconchegar em seus braços, para ver se o seu coração disparava. Dependendo dos seus sentimentos e de sua reação natural, seria o seu futuro com o general.

                   Uma semana antes do início dos jogos, Benjamim chegou ao Brasil, mas não teve nenhuma oportunidade de sair e deixar os atletas de seu país, sem ser visto. No entanto, estava em contato com Eloisa todos os dias, e aguardava o dia da abertura dos jogos para se encontrarem no Maracanã.

                   Ela se preparou para o grande encontro; foi ao cabeleireiro, comprou um vestido novo da cor de seus olhos e se produziu para impressionar o general. Enquanto isso, Benjamim não cabia em si de tanto nervosismo, parecia um adolescente aguardando o seu primeiro encontro. Ninguém sabia de suas intenções, era tudo um grande segredo dele e de Eloisa.

             Marcou com a moça na entrada do estádio de futebol, assim que começassem as apresentações ele daria um jeito de sair para encontrá-la. O grande evento começou e a moça se postou do lado de dentro do estádio, em um local onde Benjamim pudesse vê-la, logo que se aproximasse.

            A festa teve início com o estádio lotado. O som alto inundava o ambiente entre fogos de artifício e balões que subiam aos céus. Eloisa estava eufórica e muito ansiosa, precisava acalmar seu coração, que parecia querer saltar de seu peito.

         Já fazia quase uma hora do início da festa e nada do general; a moça começou a ficar impaciente.
           – Será que ele desistiu do encontro?
          – Ou será que ele não conseguiu sair sem ser visto? Pensou preocupada.

              Ele planejou uma saída estratégica, era bom nisso! Começou a reclamar que estava com náuseas e precisava procurar um banheiro, mas ninguém queria acompanha-lo, estavam interessados no desenrolar das apresentações. Então, Benjamim disse que iria sair para tomar ar e ir ao banheiro. Seus companheiros concordaram com a cabeça e ele se foi para sua aventura amorosa.

                Seu coração queria sair pela boca, mas ele mantinha o passo firme em direção à realização de seu sonho de amor. Quando chegou a uns vinte metros do local combinado, Benjamim parou e viu a mulher que amava; parecia uma fada dos contos infantis.

            - Bonita como uma deusa, diria mais tarde o homem apaixonado.

Ficaram parados se olhando, pareciam hipnotizados; um querendo penetrar no pensamento do outro e finalmente correram para os braços do amor. Foi com muita emoção que se abraçaram, naquele momento não importava mais nada, o mundo era deles.

Um texto de Eva Ibrahim

sexta-feira, 21 de abril de 2017

"A MATURIDADE ME PERMITE OLHAR COM MENOS ILUSÃO, ACEITAR COM MENOS SOFRIMENTO, ENTENDER COM MAIS TRANQUILIDADE E QUERER COM MAIS DOÇURA." LYA LUFT

AMOR MADURO

CAPÍTULO SEIS
           Benjamim fora casado durante vinte e três anos. Era muito jovem quando assumiu o compromisso, tinha somente vinte anos e foi forçado a se casar. Um casamento arranjado por seu pai e um amigo; queriam unir as duas famílias. Atitude comum naquela região; os pais arranjavam os casamentos dos filhos, sem lhes consultar.

            Ele somente conheceu a noiva na hora da celebração do casamento. Ela era bonita, mas muito tímida; uma moça recatada e obediente. Ambos agiram mecanicamente no altar e na noite de núpcias; fizeram o que esperavam que fizessem. Ninguém falou em amor, apenas obedeceram aos pais. Seguiram os rituais e costumes de sua religião, tornando-se marido e mulher de fato.  
 
                Zarife era uma mulher quieta, introspectiva e servil. Tratava seu marido com respeito e estava sempre a postos para servi-lo. Benjamim estava acostumado a ser obedecido e até gostava que a esposa fosse assim. Era um homem dedicado ao trabalho, a religião e à família. Todos diziam que era muito inteligente e tinha um belo futuro no exército do seu país.

            Tiveram a primeira filha e quando esta tinha um ano encomendaram outro filho; o jovem oficial queria um menino para seguir seus passos. No entanto, nasceu outra menina e Zarife quase morreu, perdeu o útero por conta de uma hemorragia difícil de estancar.

Depois deste fato a sua esposa nunca mais foi a mesma, estava sempre doente e resignada ao seu destino. Criou as duas meninas e quando elas se casaram, respirou aliviada; sua missão estava cumprida. Em seguida, entrou em depressão e foi definhando até que a morte a levou silenciosamente, enquanto dormia.

 Essa era a história do casamento de Benjamim, que pouco conhecia de amor, carinho ou trocas de sentimentos. Fora fiel e cumpriu com suas obrigações, mas agora, depois de dez anos de viuvez, estava apaixonado. Um amor maduro que viera na ordem inversa das coisas, porém, intenso e profundo.

Benjamim passava os dias pensando em Eloisa, sonhava com ela e seu futuro era projetado ao lado dela. Se ele não a tivesse, então não queria mais ninguém. E, assim os dias passavam sem que o general encontrasse uma saída para se casar com Eloisa.

A moça tentou abandoná-lo, pois não poderia esperar ele se aposentar para ficar ao seu lado. No entanto, ele insistia, chorava, pedia e ela acabava cedendo aos seus apelos. Então, ele prometia uma solução para o caso deles. Tentou encontrar uma saída, mas as leis de seu país eram rígidas e não havia nenhuma brecha para o amor de uma estrangeira.

Ele só poderia deixar o país em missão oficial e retornar em seguida, não haveria tempo para namoros ou passeios turísticos. Certa manhã, ele vislumbrou uma pequena possibilidade de vir ao Brasil. Participou de uma reunião onde estava em pauta a segurança dos atletas que viajariam para o Rio de Janeiro; iriam representar seu país nos jogos olímpicos.

Então, ele começou a planejar para ver sua amada. Seu coração disparou e demorou para se acalmar, era uma possibilidade, apesar de tênue.

 As Olímpíadas ocorreriam no Brasil e havia alguns atletas de seu país que participariam dos jogos. O governo estava preocupado com a segurança desses atletas e, ele poderia fazer parte da segurança da comitiva à paisana. Benjamim ficou exultante, ele iria se encontrar com Eloisa.
Um texto de Eva Ibrahim
MEU MUNDO REINVENTADO.

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