MOSTRAR VISUALIZAÇÕES DE PÁGINAS

sexta-feira, 5 de maio de 2017

LIBERTE SEUS PENSAMENTOS... OS MAUS PARA QUE SE PERCAM NO VENTO... E, OS BONS PARA QUE SE PROPAGUEM NO AR... DE RESTO É SER FELIZ E AMAR! CRIS PIZZIMENTI

 ME PERDER DE AMOR

CAPÍTULO OITO
            O abraço foi tão apertado que mal podiam respirar e quando se separaram, ficaram se olhando como se estivessem hipnotizados. Ele passou a mão na cintura dela, como que tomando posse daquele corpo muito amado. Em seguida a puxou para um local mais reservado, queria beijá-la e sentir seu perfume até se embriagar.

                Havia um encantamento entre eles, que os mantinha unidos de corpo e alma. Benjamim nunca sentira aquele arrebatamento por sua esposa; sabia que ela estava lá e não se preocupava com nada. Agora ele tinha que conquistar Eloisa e, manter vivo nela aquele sentimento de urgência e necessidade que sentia em relação a ela.

                Eles se acomodaram sobre uma mureta, que ficava embaixo de uma marquise dentro do estádio; disputando lugar com outros casais de namorados. O local estava muito cheio de gente e mal conseguiam ouvir o que um dizia ao outro. Mas, o amor é universal e estava presente nos olhos e gestos dos dois. Trocaram beijos calorosos e permaneceram abraçados até o final da festa. Havia uma ligação forte entre eles e uma linda promessa de amor.

            Quando Benjamim olhou para o relógio, levou um susto; era muito tarde e teria que voltar e se juntar ao seu grupo ou eles começariam a procura-lo. Despediram-se com a promessa de novos encontros que seriam combinados pelo celular.

           Quando os seus companheiros perceberam que ele regressara, o encheram de perguntas:
             - Onde estava? Por que demorou? Estávamos preocupados com seu sumiço. Não faça mais isso, por favor general, disseram em coro.

                Benjamim se justificou dizendo estar com muita dor no estômago, tinha uma velha úlcera, afirmou e foi logo dizendo que iria procurar um atendimento médico no dia seguinte. Por hora, estivera deitado no ambulatório do estádio, tomando uma medicação para aliviar sua dor e queimação, que o estavam atormentando.

                Seus companheiros concordaram e ficaram penalizados com sua dor, iriam acompanha-lo ao médico no dia seguinte. Ele quase gritou que não queria ninguém com ele, mas ficou quieto; depois resolveria o que fazer.

           Benjamim não conseguia dormir, queria aquela mulher, estava apaixonado e por nada desistiria dela. Eloisa também gostara dele e via nele a possibilidade de uma nova vida, cheia de mistérios e muito amor.

            Já estava amanhecendo quando ele pegou no sono e nem viu quando seus companheiros saíram. Eles foram conhecer o local onde iriam jogar vôlei a noite e queriam passear pela vila olímpica. Deixaram um bilhete sobre a mesa para Benjamim não se preocupar com eles. O general olhou para o relógio, era onze horas da manhã e ele teria o dia todo livre. Tratou de ligar para Eloisa.

          - Vamos sair para passear e almoçar em frente ao mar?
          – Sim, podemos aproveitar o lindo dia de Sol.
          Combinaram o encontro no calçadão da praia. Eloisa estava com um vestido curto, de tecido leve e florido e um grande sorriso no rosto; estava adorando aquela aventura amorosa. O general surgiu vestido com calça e camisa sociais

            - Não tinha muitas roupas para variar, justificou.

            Então, a moça sorriu, depois o abraçou dizendo que ele precisava de uma roupa de verão e o arrastou para o metrô em direção ao Saara, no centro popular do Rio de Janeiro. Ele não opôs resistência, estava muito feliz e faria qualquer coisa para fazê-la sorrir. E, seguiram abraçados e sorridentes.
            - Hoje eu quero me perder de amor, sussurrou Benjamim para Eloisa.

Um texto de Eva Ibrahim

sexta-feira, 28 de abril de 2017

"OS OLHOS SÃO AS JANELAS DA ALMA E NÃO HÁ NADA MELHOR DO QUE SERMOS ENXERGADOS COM "OLHOS DE AMOR". O AMOR É A FORÇA MAIS PODEROSA DO UNIVERSO E, É FELIZ QUEM SE PERMITE AMAR E SER AMADO". AUTOR DESCONHECIDO.

COM MUITA EMOÇÃO

CAPÍTULO SETE
             O general passou dias pensando em uma forma de se encontrar com seu amor. Como estrategista do exército de seu país, estudou todas as possibilidades e finalmente, planejou um encontro viável. Com seu projeto de amor minuciosamente visto e revisto, ele acreditava que teriam êxito no encontro. E, a sua comitiva não ficaria sabendo da sua estratégia de amor.

             - O lugar escolhido é a vila olímpica, no Rio de Janeiro, onde haverá muita gente e será mais fácil sair sem ser percebido, dizia Benjamim para Eloisa. 

           A moça concordou, a vila olímpica estaria cheia de gente e eles poderiam marcar encontro enquanto os atletas, patrícios de Benjamim, estivessem competindo. Ninguém iria prestar atenção nele, que sairia sem ser notado.

             Eloisa morava em Niterói e para ela seria fácil estar na vila olímpica, pois uma porção de amigos da moça estavam envolvidos na segurança, hotelaria e apoio aos jogos olímpicos. Durante um mês inteiro, as conversas dos dois giraram em torno do encontro tão sonhado. Ambos estavam ansiosos pela possibilidade concreta de se encontrarem.

            A moça se programou pedindo férias do trabalho durante as olimpíadas, ela queria conhecer Benjamim e ver como seria quando estivessem frente a frente. Sentir sua presença, seu cheiro e se aconchegar em seus braços, para ver se o seu coração disparava. Dependendo dos seus sentimentos e de sua reação natural, seria o seu futuro com o general.

                   Uma semana antes do início dos jogos, Benjamim chegou ao Brasil, mas não teve nenhuma oportunidade de sair e deixar os atletas de seu país, sem ser visto. No entanto, estava em contato com Eloisa todos os dias, e aguardava o dia da abertura dos jogos para se encontrarem no Maracanã.

                   Ela se preparou para o grande encontro; foi ao cabeleireiro, comprou um vestido novo da cor de seus olhos e se produziu para impressionar o general. Enquanto isso, Benjamim não cabia em si de tanto nervosismo, parecia um adolescente aguardando o seu primeiro encontro. Ninguém sabia de suas intenções, era tudo um grande segredo dele e de Eloisa.

             Marcou com a moça na entrada do estádio de futebol, assim que começassem as apresentações ele daria um jeito de sair para encontrá-la. O grande evento começou e a moça se postou do lado de dentro do estádio, em um local onde Benjamim pudesse vê-la, logo que se aproximasse.

            A festa teve início com o estádio lotado. O som alto inundava o ambiente entre fogos de artifício e balões que subiam aos céus. Eloisa estava eufórica e muito ansiosa, precisava acalmar seu coração, que parecia querer saltar de seu peito.

         Já fazia quase uma hora do início da festa e nada do general; a moça começou a ficar impaciente.
           – Será que ele desistiu do encontro?
          – Ou será que ele não conseguiu sair sem ser visto? Pensou preocupada.

              Ele planejou uma saída estratégica, era bom nisso! Começou a reclamar que estava com náuseas e precisava procurar um banheiro, mas ninguém queria acompanha-lo, estavam interessados no desenrolar das apresentações. Então, Benjamim disse que iria sair para tomar ar e ir ao banheiro. Seus companheiros concordaram com a cabeça e ele se foi para sua aventura amorosa.

                Seu coração queria sair pela boca, mas ele mantinha o passo firme em direção à realização de seu sonho de amor. Quando chegou a uns vinte metros do local combinado, Benjamim parou e viu a mulher que amava; parecia uma fada dos contos infantis.

            - Bonita como uma deusa, diria mais tarde o homem apaixonado.

Ficaram parados se olhando, pareciam hipnotizados; um querendo penetrar no pensamento do outro e finalmente correram para os braços do amor. Foi com muita emoção que se abraçaram, naquele momento não importava mais nada, o mundo era deles.

Um texto de Eva Ibrahim

sexta-feira, 21 de abril de 2017

"A MATURIDADE ME PERMITE OLHAR COM MENOS ILUSÃO, ACEITAR COM MENOS SOFRIMENTO, ENTENDER COM MAIS TRANQUILIDADE E QUERER COM MAIS DOÇURA." LYA LUFT

AMOR MADURO

CAPÍTULO SEIS
           Benjamim fora casado durante vinte e três anos. Era muito jovem quando assumiu o compromisso, tinha somente vinte anos e foi forçado a se casar. Um casamento arranjado por seu pai e um amigo; queriam unir as duas famílias. Atitude comum naquela região; os pais arranjavam os casamentos dos filhos, sem lhes consultar.

            Ele somente conheceu a noiva na hora da celebração do casamento. Ela era bonita, mas muito tímida; uma moça recatada e obediente. Ambos agiram mecanicamente no altar e na noite de núpcias; fizeram o que esperavam que fizessem. Ninguém falou em amor, apenas obedeceram aos pais. Seguiram os rituais e costumes de sua religião, tornando-se marido e mulher de fato.  
 
                Zarife era uma mulher quieta, introspectiva e servil. Tratava seu marido com respeito e estava sempre a postos para servi-lo. Benjamim estava acostumado a ser obedecido e até gostava que a esposa fosse assim. Era um homem dedicado ao trabalho, a religião e à família. Todos diziam que era muito inteligente e tinha um belo futuro no exército do seu país.

            Tiveram a primeira filha e quando esta tinha um ano encomendaram outro filho; o jovem oficial queria um menino para seguir seus passos. No entanto, nasceu outra menina e Zarife quase morreu, perdeu o útero por conta de uma hemorragia difícil de estancar.

Depois deste fato a sua esposa nunca mais foi a mesma, estava sempre doente e resignada ao seu destino. Criou as duas meninas e quando elas se casaram, respirou aliviada; sua missão estava cumprida. Em seguida, entrou em depressão e foi definhando até que a morte a levou silenciosamente, enquanto dormia.

 Essa era a história do casamento de Benjamim, que pouco conhecia de amor, carinho ou trocas de sentimentos. Fora fiel e cumpriu com suas obrigações, mas agora, depois de dez anos de viuvez, estava apaixonado. Um amor maduro que viera na ordem inversa das coisas, porém, intenso e profundo.

Benjamim passava os dias pensando em Eloisa, sonhava com ela e seu futuro era projetado ao lado dela. Se ele não a tivesse, então não queria mais ninguém. E, assim os dias passavam sem que o general encontrasse uma saída para se casar com Eloisa.

A moça tentou abandoná-lo, pois não poderia esperar ele se aposentar para ficar ao seu lado. No entanto, ele insistia, chorava, pedia e ela acabava cedendo aos seus apelos. Então, ele prometia uma solução para o caso deles. Tentou encontrar uma saída, mas as leis de seu país eram rígidas e não havia nenhuma brecha para o amor de uma estrangeira.

Ele só poderia deixar o país em missão oficial e retornar em seguida, não haveria tempo para namoros ou passeios turísticos. Certa manhã, ele vislumbrou uma pequena possibilidade de vir ao Brasil. Participou de uma reunião onde estava em pauta a segurança dos atletas que viajariam para o Rio de Janeiro; iriam representar seu país nos jogos olímpicos.

Então, ele começou a planejar para ver sua amada. Seu coração disparou e demorou para se acalmar, era uma possibilidade, apesar de tênue.

 As Olímpíadas ocorreriam no Brasil e havia alguns atletas de seu país que participariam dos jogos. O governo estava preocupado com a segurança desses atletas e, ele poderia fazer parte da segurança da comitiva à paisana. Benjamim ficou exultante, ele iria se encontrar com Eloisa.
Um texto de Eva Ibrahim

sexta-feira, 14 de abril de 2017

"EU GOSTO DE OLHOS QUE SORRIEM, DE GESTOS QUE SE DESCULPAM, DE TOQUES QUE SAIBAM CONVERSAR E DE SILÊNCIOS QUE SE DECLARAM". MACHADO DE ASSIS


EU TE AMO
CAPÍTULO CINCO
            Eloisa estava enraivecida e decidida a não mais falar com aquele homem grosso. Ele se mostrara ríspido e mandão, deixando ela sozinha em frente ao computador. Na noite seguinte ela ouviu quando o Skype chamou, no entanto ignorou; não iria atender Benjamim.
                Ele a chamou na segunda feira, na terça e também na quarta feira, então ela resolveu atender.
              - Que você tenha uma boa explicação, para ter-me deixado sozinha na noite de domingo.
                Benjamim abriu o sorriso ao ver sua amada, mas ela queria uma explicação. E, ele tentou se explicar.
            - Eu fiquei tão emocionado ao vê-la que passei mal, fechei a câmera e fui me deitar com o coração disparado; me perdoe, isso não vai mais acontecer.
                Eloisa aquiesceu;
            - Tudo bem, mas se fizer isso novamente, não haverá mais conversas no Skype.
                Com a situação amenizada a conversa fluiu branda. Ela queria saber muitas coisas de sua vida e costumes.

             –Quem cuida de você? Existe outra mulher em sua vida?
                -Minha filha cuida de mim, afirmou o general.
                - Não tenho tempo para outras mulheres, sou muito ocupado e a amo muito; só tenho você.
                - Então, vamos fazer um trato de amor, fidelidade de ambas as partes, sugeriu Eloisa. O velho turrão concordou:
               - Fiel até a morte!

             A moça não gostou muito, até a morte era muito tempo, mas concordou, afinal fora ela quem sugerira o pacto. No entanto, não pretendia cumprir; era muito jovem; estava com quarenta e cinco anos e esperava viver outros tantos. Tinha dois filhos casados e três netos, trabalhava e era independente. Mas, a magia do local e a situação criada a deixavam extasiada, também queria aquele homem.

             - Se eu for encontra-lo em sua terra, terei que usar a burca? Eu serei aceita como sua esposa?

            -Você não pode vir aqui, pois é muito perigoso, mas se viesse como turista, poderia andar com um lenço na cabeça, roupas discretas e de cores neutras. Para eu me casar com você sendo ocidental, terá que aceitar a minha religião e aderir aos costumes da minha terra, afirmou Benjamim.

Eloisa percebeu que seria muito difícil aquele relacionamento dar certo, mas gostava de ser cobiçada por ele e deixaria o amor fluir. Para tanto começou a ler sobre a religião muçulmana e os costumes da região. Era um mundo novo, cheio de rituais e crenças fortíssimas, que o tornava um homem diferente dos que ela conhecia; um enigma a ser decifrado.

Um general de guerra, que comandava suas tropas rigidamente, que também acatava as ordens superiores cegamente. No entanto, trazia no peito uma semente de amor plantada em seu coração árido. Amava as filhas e netos fraternalmente e Eloisa apaixonadamente.

Quem convivia com ele não imaginava o amor que trazia dentro do peito, que chegava a doer só em pensar em rever sua amada. Eloisa não ficava indiferente ao seu amor. Gostava dele como uma novidade que massageava seu ego, porém, não levava aquele relacionamento muito a sério. Saíra de um casamento complicado e agora era livre e solta para cuidar de sua vida. E, ele representava uma vida contida e servil; teria que pensar muito em tudo aquilo.

Benjamim enchia a boca e dizia: eu te amo.

Um texto de Eva Ibrahim

sexta-feira, 7 de abril de 2017

"O AMOR NÃO COMEÇA NA PALAVRA, O AMOR COMEÇA NO OLHAR. PALAVRAS SÃO PASSAGEIRAS; OLHARES DURAM A VIDA INTEIRA". PADRE FÁBIO DE MELO


ANSIOSO DE VOCÊ

CAPÍTULO QUATRO
            Benjamim foi convocado, em caráter de urgência, para uma missão perigosa. Ficou nervoso, pois precisava avisar Eloisa. Deixou uma mensagem no Skype, não havia outro jeito para avisá-la. Passou o dia e a noite pensando nela, mesmo com o perigo rondando a sua tropa, nunca se esqueceu de Eloisa.

Esteve sobrevoando os piores lugares dos esconderijos dos rebeldes, sofreu algumas baixas, mas saiu ileso e com a certeza de que a vida é breve e deve ser vivida intensamente.

Quando retornou, a primeira coisa que fez foi ver se havia alguma mensagem de sua amada. Para sua felicidade havia votos de bons augúrios. Eloisa dizia para ele se cuidar, que estaria esperando por ele. O general ficou feliz e tratou de ir para sua casa, precisava descansar para rever a sua Eloisa na madrugada.

No entanto, ele adormeceu profundamente; estava exausto por muitas horas de alerta contra os rebeldes. E, quando acordou o Sol já havia nascido fazia tempo. Benjamim não se conformava, como pudera adormecer e perder a hora de ver o seu amor? Estava desolado. Naquela hora do dia a moça já estaria trabalhando e deveria estar com muita raiva dele. Faltara com seu compromisso e agora não sabia o que fazer.

                Passou o resto do dia de mau humor descontando em todos que se aproximavam dele, distribuindo ofensas e palavrões. Parecia estar com raiva do mundo, um verdadeiro ogro. Antes de sair para sua casa foi ao computador e não havia nenhum recado da moça. Ele, então, desabou.

            -Será que ela não quer mais falar comigo? Pensou acabrunhado, o homem estava apaixonado.

 Ficou um tempo sentado coçando a cabeça; depois resolveu deixar uma desculpa, seguida de uma breve explicação para tentar comover Eloisa.

            - Meu amor, me perdoe, ontem não pude lhe falar porque houve uma terrível tempestade e acabou a energia elétrica. Ficamos sem internet durante toda a noite e parte da manhã. Estarei aqui no horário de sempre, beijos, seu general.

           Então, respirou aliviado, Eloisa teria que entender a situação. Foi para sua casa e colocou o despertador sobre o criado mudo; não poderia perder a hora novamente. Estava ansioso e muito nervoso, não queria desapontar a moça. Dormiu e teve pesadelos horríveis com os rebeldes, que raptaram a sua amada. Acordou suando, pouco antes do relógio despertar.

           Tomou um banho frio e saiu madrugada a dentro para rever Eloisa. O general carrancudo e frio tinha um coração quente e cheio de amor, que pulsava em segredo. Dirigia rapidamente, pois temia um ataque dos rebeldes, que eram imprevisíveis e constantes.

Quando a moça apareceu na tela do computador ele olhou para ela e sorriu com o coração. Estava completamente indefeso, a mercê dos desejos de sua amada. Então, ele lhe disse:

- Estou ansioso de você, e sorriu mostrando os dentes brancos sob o bigode preto. Era a mais pura verdade, seus olhos pregados na moça demonstravam um encantamento pleno.
 - Ele é um homem bonito quando sorri, pensou Eloisa.
E ela, displicentemente, perguntou:
- Você me ama?

- Muito mais do que você pode imaginar, por você sou capaz de fazer loucuras. Então, ficou olhando e sorrindo para ela, estava extasiado. De repente ele fechou a tela e ela ficou brava.

- Por que fechou a câmera? Não gosta mais de mim?
- Gosto tanto que preciso apagar para poder respirar, estou ansioso demais para me controlar. Me perdoe, depois conversamos.

- Aceita minha chamada velho turrão; eu quero vê-lo.
           - Amanhã conversaremos mais, preciso descansar, eu te amo. E, se foi.
          - Velho turrão mil cruzes, ficou gritando a moça. Nunca mais quero vê-lo.

 Um texto de Eva Ibrahim

sexta-feira, 31 de março de 2017

"E QUEM, UM DIA, IRÁ DIZER QUE NÃO EXISTE RAZÃO NAS COISAS FEITAS PELO CORAÇÃO?" LEGIÃO URBANA

OLHOS DO CORAÇÃO
TERCEIRO CAPÍTULO
           Benjamim perdeu a voz diante da beleza da moça. Ele só conseguia dizer:
           - Como você é linda!
 Ela sorriu e o coração do velho turrão quase parou; queria aquela mulher.

           No entanto, ele sabia que estava sonhando, pois não era permitido que um general viajasse para fora do país sem permissão do governo. Ainda mais para casos de amor, nem pensar nessa possibilidade. E, não era permitido receber turistas, portanto, aquele era um amor platônico e sem futuro. Mas, ele nada diria, queria desfrutar daquele momento e todos os outros que surgissem.

Eloisa gostava de estar sendo cortejada por um homem que tinha o peito cheio de medalhas e condecorações por bravura; o seu país vivia em guerra e ele sempre se destacava no comando de suas tropas. Nunca antes, ela havia chegado perto de um general, ou mesmo visto uma pessoa tão importante; além de tudo ele era um piloto de helicóptero. Juntava uma porção de coisas que ela não conhecia e sua curiosidade a mantinha diante do computador.

 Benjamim não era nenhum galã, era um tipo altivo e carrancudo, mas ficava sorridente quando queria. Sua aparência era a de um homem comum, alto e magro, por conta de muitos jejuns a que se submetia. Cabelos, olhos e bigodes pretos em um corpo curtido pela vida no exército. Sua atitude era de soberba, própria de quem não aceita ser desobedecido, um militar típico e intransigente. No entanto, aquela mulher o deixava desarmado e sedento de amor. Queria toma-la em seus braços e beijá-la até amanhecer.

O General queria saber tudo sobre a vida dela, onde trabalhava e principalmente sua condição afetiva. Com quem morava, se estava casada, separada ou viúva, queria desesperadamente saber se estava livre. Era um homem possessivo e não queria ninguém por perto de sua amada. Só em pensar que alguém poderia tê-la em seus braços, ele ficava irado.

 Era um sentimento tão profundo que ele mal conseguia se controlar. Até sua filha estranhou suas atitudes e lhe perguntou o que estava acontecendo com ele.

– O senhor parece estar vivendo no mundo da lua, enfatizou a moça perplexa. Rapidamente ele se justificou, dizendo que não havia nada de diferente, apenas estava cansado e precisava de umas férias.

Na verdade, ele queria umas férias para visitar o Brasil, para se encontrar com Eloisa e abraça-la com muito amor. No entanto, Benjamim sabia que eram apenas sonhos, pois, os rebeldes estavam muito agitados e ninguém lhe daria férias; muito menos para viajar ao exterior. Eloisa lhe mandou algumas fotos, que ele olhava sempre que tinha uma folga. Não queria que ninguém soubesse do seu segredo de amor.

O general sabia que teria que aguardar mais cinco anos para sua aposentadoria e ela não esperaria tanto tempo para se casar com ele. O que fazer para mantê-la presa ao seu amor por cinco anos? Este pensamento o deixava triste e desanimado, mas logo vinha em sua mente a figura de Eloisa, que mexia profundamente com seus desejos de homem.

- Uma morena de olhos azuis é a minha perdição, ele pensava enquanto sonhava com a moça.

 Acostumado com mulheres morenas de olhos escuros e cobertas com a burca, agora via a moça vestida com roupas leves, que deixavam aparecer seu colo avantajado. Então, Benjamim ficava preso a tela do computador suspirando, enquanto Eloisa falava de si, de seus sonhos e desejos.

Depois que sua esposa falecera, ele se mantivera solitário. As mulheres conhecidas tinham medo dele, pois, sua fama era terrível. Então, se isolou em um canto e, agora com o novo amor retornava a vida com muita ganância. Queria aquela mulher, custasse o que fosse, não iria desistir dela.

            A conversa foi mais um monólogo do que um diálogo; ele contemplava e ela falava. Ele a via com os olhos do coração e quando ela disse:
             - Boa noite, meu general. Eu te amo.

            Ele se derreteu todo; estava preso pelo laço do amor.

Um texto de Eva Ibrahim.
MEU MUNDO REINVENTADO.

UM BLOG PARA POSTAR CONTOS CURTOS E EM CAPÍTULOS.