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sexta-feira, 26 de agosto de 2016

"AS BATALHAS MAIS IMPORTANTES SÃO AS QUE NÓS LUTAMOS, DIARIAMENTE, NO SILÊNCIO DE NOSSA ALMA". AUTOR DESCONHECIDO

BELEZA PURA
A DECISÃO
                                            CAPÍTULO UM 
            O calor castigava toda aquela região e, debaixo de um Sol escaldante Clara desceu do automóvel com um pacote nas mãos, trazia pães, presunto e queijo para o café da tarde. Ela tinha três filhos, Ana, Celso e Valentina, com diferença de um ano cada um. A convivência das crianças se tornou difícil, a partir do momento em que a caçula passou a engordar exageradamente. Os dois maiores estavam na piscina e Valentina, amuada, deitada no chão.

            Ana era uma menina linda, magra, loura e Celso um garoto comum, magro de grandes olhos verdes, porém, Valentina era a mais morena, olhos castanhos e rechonchuda; a beleza passara longe dela, diziam as más línguas. Porém, ela parecia não se importar, até que começou a se mostrar rebelde na escola e briguenta em sua casa. Se vestia igual aos meninos, nunca queria por um vestido ou um biquíni, por mais que Clara insistisse.

           Com os cabelos desgrenhados, a menina adentrou a porta da cozinha e sem lavar as mãos pegou um pão do pacote que a mãe colocara sobre a mesa. Clara gritou com ela, que saiu chutando a porta. Rui, o pai, entrou perguntando o que havia acontecido ali e depois de se assuntar do ocorrido, foi pegar as mãos de sua menina e a trouxe de volta para comer; ele era se defensor. Rui nutria um carinho especial pela filha, que lhe inspirava cuidados.

       Valentina comeu um pão, dois e no terceiro a mãe ficou brava novamente; iria se transformar em uma bola se não parasse de comer daquele jeito. Todos os dias havia brigas naquela casa por causa da gula da menina.

        E, com o passar dos meses ela se tornou uma adolescente obesa, estava com cento e quinze quilos. Cada dia mais relaxada, mais rebelde e comendo desesperadamente. A mãe tentou leva-la ao psicólogo e à nutricionista, porém, sem sucesso. Certo dia, Valentina chegou da escola suja, com as vestes rasgadas e sangrando no lábio superior. Sua mãe não teve dúvidas, partiu para cima dela e a agrediu gritando:

         - Você só me faz passar vergonha, eu não aguento mais. Depois foi para o quarto chorando. Clara estava decepcionada com a vida.

        Valentina não respondeu, entrou em seu quarto e se jogou na cama chorando, a mãe não gostava dela, iria se matar. A decisão fora tomada; ela queria que sua família sofresse de remorsos, principalmente sua mãe, que vivia dando broncas nela.

        Quando todos foram dormir, ela foi até o armário onde sua mãe guardava os remédios e pegou duas cartelas com comprimidos.

         - Aqueles deveriam servir. Pensou entre lágrimas. 
          Não se deu ao trabalho de ler o nome deles, qualquer um servia. Tomou todos com coca cola e depois foi se deitar para esperar a morte chegar.
Um texto de Eva Ibrahim

Continua na próxima semana.

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

"QUANDO A ALEGRIA DE OUTRA PESSOA FOR SUA ALEGRIA, VOCÊ TERÁ ENTENDIDO O SIGNIFICADO DO AMOR". AUTOR DESCONHECIDO.

ELA ESTAVA TÃO BONITA
CAPÍTULO CINCO
            As touradas continuaram acontecendo, pois, o espetáculo não poderia parar. A causa era nobre e todos estavam empenhados em construir o Hospital tão necessário a população daquela região. Outros toureiros se apresentaram naquela arena, mas para Raquel nenhum poderia substituir o seu primeiro amor. Manolo a cativara e ela sentia saudades dele.

           Para todas as apresentações ela se vestia como se Manolo fosse aparecer por ali, nada tirava as esperanças da menina. Ela andava dispersa e arredia; sua mãe dizia que andava no mundo da lua. Mas, ela estava sofrendo de mal de amor não correspondido.  Muitas pessoas, um dia, tiveram um amor platônico, que as fez sofrer pela primeira vez e com isso as fez amadurecer e com Raquel não seria diferente.

         Certo dia, a menina ouviu seu pai dizer para sua mãe que o toureiro que se ferira, já estava se recuperando em casa; ela ficou feliz. Manolo estava bem, era tudo que ela precisava saber.

            Na terceira semana ela ainda acreditava que Manolo poderia aparecer por ali, era verão e as noites quentes convidavam a população para sair de casa. Então, a menina se arrumou como se fosse encontra-lo; lá no fundo tinha esperança de vê-lo ao menos uma última vez.

          Depois ficou postada em frente à entrada, esperaria todos entrarem. Quando a arena já estava lotada e os últimos espectadores adentravam ao local, Raquel quase perdeu o fôlego, ao perceber o automóvel do toureiro parar do outro lado da rua.

            A porta do automóvel foi aberta pelo motorista e Manolo saiu do veículo com o braço enfaixado; estava apoiado na tipoia. Do outro lado a porta se abriu e a loira desceu indo dar o braço ao toureiro, que fez uma careta de dor quando segurou o braço com a mão boa. E, de repente ele viu Raquel e lembrou-se da menina. Então, sorriu e cumprimentou-a com um aceno. Depois Manolo aproximou-se da menina e sorrindo disse à sua acompanhante:

         - Ela estava tão bonita! Que eu lhe dei uma rosa na noite da estreia.

          Depois entrou e foi se apresentar ao público na arena onde fora ferido em sua última apresentação. Em seguida, foi sentar-se no palanque onde estavam as pessoas influentes da cidade.

          Raquel estava nas nuvens, ele a reconhecera e até falara com ela; estava feliz. Aproveitaria para vê-lo e gravar sua imagem para sempre na memória. Aquele dia ficaria marcado em sua vida com saudades de seu primeiro amor.


Aqui termina a história de Raquel e as touradas beneficentes.

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

"ESSA É A MAIS PURA VERDADE, O AMOR NÃO VÊ COM OS OLHOS, MAS COM O CORAÇÃO. NO ENTANTO, ABRA OS OLHOS, HÁ ENCANTOS ESCONDIDOS POR TODA PARTE". AUTOR DESCONHECIDO

COISAS DO CORAÇÃO
CAPÍTULO QUATRO
           A tourada foi iniciada com a apresentação dos cavaleiros, que demonstraram algumas habilidades de seus animais. Conseguiram arrancar aplausos da plateia, que se mostrava receptiva a todas as apresentações. Eram rodeios para angariar fundos para uma boa causa e a cada dia aumentavam os voluntários. A notícia dos eventos havia corrido por toda a região e as apresentações tinham plateias garantidas e lotação completa.

Raquel entrou com seu pai e irmãos e ficou contida na arquibancada, poderia somente aplaudir e se comportar como uma moça de família, alertou seu pai antes de entrarem. Era filha única com mais três irmãos, que a vigiavam o tempo todo; não poderia se manifestar. Ela já estava abalada por ter visto a loira segurando o braço de Manolo, sentia-se rejeitada e acuada.

No entanto, ela queria gritar o nome do objeto de seu amor “Manolo”, mas, depois aguentaria as consequências; não poderia mais frequentar o local, ela sabia disso. Os dois homens vestidos de palhaços e dentro de grandes sacos de palhas de milho ficavam circulando dentro da arena; tinham o intuito de proteger o toureiro distraindo o touro e brincavam com a platéia tirando aplausos.

 O espetáculo era alegre e festivo com músicas sertanejas tocando o tempo todo. Mas, naquele dia houve a apresentação de uma dupla caipira famosa e as pessoas se acotovelaram para poder entrar; não havia nenhum lugar vago, nem mesmo em pé.

Raquel ficou espremida entre o pai e os irmãos e quando Manolo entrou na arena ela tremeu, queria um olhar, um aceno, um sorriso para se sentir no paraíso. Ele acenou e cumprimentou todos os presentes e ela ficou embevecida ao vê-lo altivo em sua roupa verde segurando a capa vermelha.
O touro era o mais temido da região.

- Daria trabalho, Manolo teria que mostrar suas habilidades, pois, aquele animal já havia ferido outro toureiro. Dizia o dono da fera.

Quando o touro entrou bufando, a menina cobriu os olhos com as mãos. Não queria ver o touro atacar o seu amor. Foram momentos de muita expectativa e todos gritavam olé a cada investida do animal. De repente o animal se desvencilhou da capa e atingiu Manolo, que caiu ao chão. Houve um alvoroço no recinto e os dois homens dos sacos correram para acudir o toureiro. Enquanto o touro era contido o toureiro fora socorrido e conduzido ao Hospital.

Manolo havia tomado uma chifrada no braço direito, onde o sangue escorria, deixando parte do osso exposto. Um ferimento grave, dissera o médico que o atendera. Ficaria internado nos próximos dias e dificilmente voltaria às touradas.

Raquel saiu de cabeça baixa, nada poderia dizer. A menina teria que curtir sua dor sozinha; seu coração estava sangrando. Seu primeiro amor parecia não ter futuro, fora apenas uma ilusão de menina, mas doeu muito.


 Ela ficaria rezando para ele se restabelecer; queria muito vê-lo bem. Raquel ficaria esperando que um dia ele aparecesse por ali, porque ele fora responsável por despertar seu coração, que agora sofria por amor.  
Um texto de Eva Ibrahim

sábado, 6 de agosto de 2016

"EXISTE UMA MENINA DENTRO DE MIM E ESTA MENINA, TODOS OS DIAS, ME DIZ QUE EU AINDA PRECISO BRINCAR DE SER FELIZ, PORQUE SER FELIZ É COISA SÉRIA". SI CAETANO.

SONHOS DE MENINA
CAPÍTULO TRÊS
            Raquel acordou cedo, estava eufórica. E, quando saiu para comprar pães, a pedido de sua mãe, deu um jeito de passar em frente à praça de touros. Lá havia somente o pessoal da limpeza varrendo e recolhendo o lixo, que restara da festa de inauguração. A menina esperou que eles se afastassem e, entrou sorrateiramente até as arquibancadas.

              Sentou-se ali e ficou olhando a arena, onde na noite anterior houvera a primeira apresentação das touradas. Raquel, com os pães colocados no assento ao lado, esqueceu-se de todas as outras coisas, estava embevecida com a magia do lugar. Solitária em frente a arena, seu pensamento voava em busca de doces recordações. Não se cansava de pensar no toureiro, que na noite anterior se apresentara com uma dança louca e destemida, nunca vista por ela antes.

              Ali estava o príncipe encantado tão sonhado, e vinha com todos os encantos desejados. Tinha classe, magia e coragem; tudo o que ela queria. Entretanto, ele não notara que Raquel existia; era uns dez anos mais velho que ela e tinha olhos somente para mulheres vistosas e não meninas adolescentes. A rosa atirada fora um ato mecânico, que ele estava acostumado a oferecer ao final de cada apresentação.

          Quando chegou à sua casa, a mãe estava a sua espera e irada pela demora. Raquel entrou e foi para seu quarto, precisava ficar só e colocar as ideias em ordem. Estava alheia ao mundo real, criara um mundo particular, onde estava ela e o Manolo, nada mais.

              No entanto, o que a deixava chateada é que teria de esperar uma semana inteira, até o próximo sábado para rever o seu príncipe. Raquel queria ler sobre as touradas famosas na Espanha e no México, iria pesquisar na internet. Precisava entender a beleza dos movimentos que os toureiros fazem ao enfeitiçar o touro com a capa vermelha. E, depois sonhar com Manolo jogando a rosa para ela no final do espetáculo; era o que embalava sua imaginação.

         Na terça feira choveu muito; temporal com raios, trovões e muita água, deixando o local das touradas alagado. Em decorrência disso, o comentário geral era de que seria adiado o espetáculo do próximo sábado. Raquel chorou, não queria que a tourada fosse adiada, precisava ver o seu príncipe. Durante três dias o tempo permaneceu nublado e com chuvas ocasionais, porém, no sábado o Sol apareceu firme e forte.

Para a felicidade da menina foram iniciados os preparativos para os trabalhos daquele sábado. Ela se enfeitou para a festa com um vestido azul, que ganhara de sua avó. Estava muito feliz, iria rever o seu ídolo, o toureiro Manolo.

            A menina ficou posicionada em frente à praça de touros, queria ver o objeto do seu amor quando chegasse; estava nervosa. Manolo, finalmente apareceu, estava acompanhado por diversas pessoas e, entre elas, uma loira vistosa agarrada em seu braço. Passaram por Raquel e nem sequer a viram. Ela queria chorar, esperava que ele a cumprimentasse, mas apenas a ignorou ou nem a viu.

            Esta foi a sua primeira decepção, mas lá no fundo ela arrumava desculpas para ele, queria continuar a sonhar com tudo aquilo.
Um texto de Eva Ibrahim

Continua na próxima semana.

sexta-feira, 29 de julho de 2016

"UM DIA ME DISSERAM QUE O SORRISO É UMA FORMA DE MOSTRARMOS O QUANTO GOSTAMOS DE ALGUÉM. E, HOJE ME PERGUNTARAM SE EU GOSTAVA DE VOCÊ E EU APENAS SORRI..." AUTOR DESCONHECIDO

PARECIA UM RAMALHETE
CAPÍTULO DOIS

A menina usava um vestido florido de fundo vermelho. As flores do campo coloridas pareciam jogadas aqui e ali em toda a extensão do tecido. Trazia nos cabelos um pequeno buquê de flores alaranjadas, que a deixavam com ar de ramalhete.

              Uma jovem cuja beleza despontava docemente em sua inocência de menina moça. Enquanto a música sertaneja era tocada na vitrola, as pessoas chegavam e adentravam ao recinto. Cada um procurava o melhor lugar para assistir de perto os trabalhos dos cavaleiros e toureiros.

          Entretanto, Raquel não arredava pé do local, queria ver o toureiro. Quando alguém tocava no nome do toureiro, os olhos dela brilhavam. Era um toureiro espanhol legítimo, todos comentavam.

           Manolo, o homem tão esperado pela menina, finalmente chegou; estava caracterizado com uma roupa verde e dourada. Usava uma capa preta e uma boina colocada de lado na cabeça. E, a menina se encantou imediatamente, ele representava todos os seus sonhos.

          Era um jovem atleta, alto, moreno, esguio e muito corajoso, pois, se colocava em frente ao touro sem medo. Seu histórico era de um valente toureiro, nunca fora ferido em combate. A menina adentrou ao recinto e se sentou na primeira fila que dava para a arena.

          Na arena havia dois homens vestidos de palhaços, que ficavam dentro de sacos de palhas andando de um lado ao outro. Tinham a função de distrair o touro se investisse em Manolo.

              A música parou e o apresentador iniciou os trabalhos daquela noite de estreia. Balões subiram aos céus e sob aplausos e gritos de “Olé”, Manolo ensaiava seus passos de matador em frente ao touro. Com uma capa vermelha ele desafiava o touro bravo, que bufava e batia o pé no chão. Raquel sentia medo, porém queria assistir a luta entre o homem e o animal até o fim.

           Ali não haveria morte, pois, no Brasil não existe sacrifícios de animais, mas o ritual era o mesmo. Uma dança louca, que deixava os olhinhos de Raquel extáticos. Manolo era exímio toureiro e por diversas vezes tirou suspiros da plateia.

            E, quando o show terminou, o toureiro pegou uma rosa que haviam atirado na arena e jogou para a menina, pois, ele havia reparado em seu encantamento. A partir daquele momento, a garota de apenas quinze anos, passava a ser cativa de Manolo.

              Raquel saiu dali com a rosa na mão e quando seu pai lhe perguntou quem lhe dera a flor, ela respondeu que pegara do chão. Aquele era um segredo seu, que ninguém poderia interferir. Ela estava nas nuvens. Sua cabeça rodava de emoção e seu coração lhe dizia, que aquele era seu príncipe encantado. 

          A rosa foi colocada em um vaso na estante da sala; era seu troféu. Naquela noite os seus sonhos foram embalados pela música e o toureiro rodopiando com ela na arena de touros.
 Um texto de Eva Ibrahim.

Continua na próxima semana.

sexta-feira, 22 de julho de 2016

"AINDA BEM QUE SEMPRE EXISTE OUTRO DIA. E OUTROS SONHOS. E OUTROS RISOS. E OUTRAS PESSOAS. E OUTRAS COISAS". CLARICE LISPECTOR - O INESPERADO ENCANTA E MOTIVA A VIDA. EVA IBRAHIM

ELA ESTAVA TÃO BONITA!
A TOURADA
CAPÍTULO UM
            As crianças daquele lugarejo estavam eufóricas. Eram meninos e meninas pequenos e adolescentes, que corriam feito um bando de borboletas pousando aqui e ali. O motivo para tanto alvoroço eram os caminhões que chegavam e depositavam seus materiais no terreno descampado da Usina de açúcar; havia muitos homens trabalhando naquele local.

               Os adultos também faziam rodinhas de comentários sobre a construção, que estava sendo preparada. Notícias diziam que ali haveria um picadeiro para a realização de touradas. As crianças estavam fascinadas com a possibilidade de ver os touros e os toureiros em atividade.

             Aquilo tudo era novidade, que levavam as pessoas as mais variadas fantasias. A maioria dos habitantes nunca tinha saído dali e ter ao alcance dos olhos uma tourada, era assustador e mágico. Seria apenas o começo de uma grande luta, cujo intuito era angariar fundos para a construção de um Hospital no local.

           Era uma região de plantação de cana de açúcar, que empregava a maioria das pessoas no corte de canas. Os donos da fazenda eram tementes a Deus e frequentavam a Igreja da pequena vila. O velho pároco era amigo particular da família, que estava envolvida em obras assistenciais para a comunidade.

            A população era composta, em sua maioria, de famílias carentes de colonos e agricultores, que viviam do que conseguiam ganhar na lida diária. Uma comunidade pobre e desprotegida, que necessitava de amparo social.

           Nesse contexto a região perdia muitos de seus habitantes por falta de um Hospital para atendimentos de urgência, tais como: acidentes, enfartes, AVCS, partos e outros. Essa preocupação atormentava alguns de seus mais eminentes moradores, entre eles o prefeito, o padre, o farmacêutico e principalmente o médico, que se reuniram formando uma comissão para pedir a colaboração dos donos da fazenda.

             A ideia foi bem recebida, então, houve a doação daquele terreno, que ficava em um local onde houvera o loteamento de terras por parte da fazenda. Doaram também a mão de obra e os materiais que podiam ser retirados do local, principalmente o madeiramento com a derrubada de eucaliptos.

            Seria um empreendimento de grande porte para aquele lugar simples e monótono. Tratores, caminhões e homens trabalhando incessantemente varavam a noite para aprontar o local.

          Depois de um mês, o picadeiro e as arquibancadas estavam prontos para sua inauguração. A lona cobria toda a volta das laterais do terreno formando um grande circo a céu aberto. Na verdade, era uma arena para a realização de touradas.

         Uma semana inteira de preparativos para a inauguração do evento e, todos daquela comunidade se vestiram com seu melhor traje para comparecer a primeira tourada daquela região.

          Entre eles estava Raquel, uma adolescente que queria ver o toureiro. A menina estava muito bonita e postada em frente à entrada da arena. Ela era portadora da maioria dos sonhos, que rondavam a cabeça daquelas pessoas.

Um texto de Eva Ibrahim

Continua na próxima semana.

sexta-feira, 15 de julho de 2016

"QUANDO UMA PESSOA QUER ESTAR COM VOCÊ, ELA ESTARÁ COM VOCÊ. NÃO EXISTIRÁ DESCULPAS, DRAMA OU DOR DE CABEÇA; NADA, ABSOLUTAMENTE NADA". TATI BERNARDI


O CAMINHO DO CORAÇÃO
CAPÍTULO SETE
           Gabriel estava nas nuvens, acreditava que Rosana não o esquecera. Com suas atitudes parecia que a moça ainda o amava, mas, ele teria que encontrar um caminho para chegar ao seu coração, que estava magoado. Ele lhe causara uma ferida profunda com sua traição e agora não sabia como curá-la.

            Seria difícil fazê-la acreditar que Alcione fora oferecida e vivia atrás dele. Uma coisa ele não entendia, porque quando a pessoa morre se torna intocável ou vira santa. Todas as vezes em que ele tocara no assunto para pessoas diferentes, todas reagiram da mesma maneira; a morta teria que descansar em paz, pois não poderia se defender.

Gabriel perdera o sono pensando em como poderia contar a verdade à Rosana sem falar mal de Alcione, ou a perderia para sempre. Teria que assumir seu erro e carregar toda a culpa da traição, além da morte da moça.

Ele não se conformava com isso, era relativamente culpado e não totalmente. A morta não era santa e tinha muita culpa naquele deslize de Gabriel, mas ninguém queria ouvir o que ele dizia. Ela o assediara por meses a fio, até ele ceder à tentação.

Enquanto Alcione estava viva havia a chance de Rosana aceitar as explicações de Gabriel. No entanto, agora ele teria que reconquistá-la sem macular o nome da defunta, que se tornara intocável.

Os dias passavam e nada acontecia, então ele resolveu procurar a moça. Juntou todas as forças que lhe restaram e tomou coragem. Em seguida telefonou para Rosana e pediu para marcarem um encontro. Ela titubeou, mas acabou aceitando, ainda gostava de Gabriel e andava solitária, precisava de companhia.

Sentados frente a frente a conversa fluía lentamente, havia muita mágoa entre eles. Gabriel se portava como se fosse um viúvo, que elegantemente evitava tocar no nome da viúva; tomou toda a culpa da traição para si. E, assim conseguiu comover Rosana, que acreditou em sua sinceridade. Ele se colocara como vítima do destino, que esperava uma nova chance para recomeçar a viver.

              Estava profundamente consternado por ter provocado sofrimento para ela, mas agora faria tudo para fazê-la feliz. Finalmente Rosana sorriu, também queria esquecer o passado; recomeçar uma vida ao lado de Gabriel. Saíram dali abraçados e seguiram em frente, deixando para trás uma história que feriu profundamente uma porção de gente.

           Gabriel olhou para o alto e pensou olhando para o céu:
          -Preciso te esquecer Alcione, descanse em paz. Então, uma estrela caiu em lugar desconhecido, para nunca mais importuná-lo.

Um texto de Eva Ibrahim.

sexta-feira, 8 de julho de 2016

"O AMOR SÓ É LINDO, QUANDO ENCONTRAMOS ALGUÉM QUE NOS TRANSFORME NO MELHOR QUE PODEMOS SER". MÁRIO QUINTANA -- ISTO É, SIMPLESMENTE O AMOR. EVA IBRAHIM

ENCANTADO
CAPÍTULO SEIS

O coração de Gabriel estava aos pulos, não poderia deixar que Rosana se afastasse dali. Ele percebera que ainda havia uma conexão entre eles e, logo tratou de sorrir dizendo:
           -Senti sua falta, precisamos conversar; quero esclarecer algumas coisas.
          -Podemos nos encontrar no antigo barzinho, aquele da esquina, estou sempre por ali, enfatizou a moça.

           Depois, Rosana saiu apressada, pois sua mãe a estava chamando. O rapaz ficou extático, não queria que ela saísse dali, mas, nada poderia fazer. Então, ficou esperando a sua vez para entrar no consultório médico; estava cheio de esperanças. A partir daquele dia ele viveria esperando o encontro com Rosana.

           Quase todas as noites, Gabriel ia ao referido bar e ficava sentado em uma mesa esperando Rosana aparecer. No entanto, uma semana inteira se passou e a moça não apareceu. Ele já estava desanimado, quando, na noite de sexta-feira a moça surgiu acompanhada de uma amiga. E, quando ela viu Gabriel, acenou com a mão e se afastou para os fundos do bar.

            O rapaz mal continha sua ansiedade, seu coração disparou.

            –Será que ela virá falar comigo? Ele mantinha o olhar fixo no local onde Rosana entrara. Trinta minutos contados no relógio e nada da moça aparecer. Gabriel pensou em ir embora, pois, estava se sentido humilhado esperando por ela. Então, Rosana chegou perto dele sorrindo e foi logo puxando uma cadeira para sentar-se.

              O coração de Gabriel quase saiu pela boca e a noite se iluminou, estava feliz com a presença da moça. Ele perguntou por sua avó e ela lhe disse que a velha senhora havia sido operada e se recuperava em sua casa. A conversa fluía artificial, havia muita mágoa entre eles. Gabriel pensou em Deus, precisava de sua ajuda.

Ele queria tocar no nome de Alcione, porém, temia que Rosana se levantasse e fosse embora. Ela sorriu e lhe perguntou sobre o aparelho que ele tinha nas pernas. Gabriel suspirou aliviado, a conversa tomara outro rumo e ele lhe contou sobre seu tratamento.

Alguns amigos adentraram ao recinto e vieram juntar-se ao casal, assim, a conversa particular ficara adiada. No entanto, havia ainda, uma sintonia entre eles. E, a noite terminou com olhares e sorrisos de cumplicidade trocados entre Rosana e Gabriel; era visível que um gostava do outro e vice-versa.

Na saída ela lhe estendeu o braço para que servisse de apoio e o acompanhou até a porta do automóvel do amigo, que o trouxera. Gabriel pode sentir seu perfume com a proximidade dela. Uma onda de felicidade invadiu seu corpo e seus pensamentos.

-Se morresse naquele momento, morreria feliz, pensou o rapaz, estava embevecido. Rosana lhe deu um beijo de leve e aguardou no meio fio, o carro se afastar.  Ali estava um homem apaixonado e cheio de encantamento.

Um texto de Eva Ibrahim. Continua na próxima semana.

sexta-feira, 1 de julho de 2016

"ONTEM É APENAS UM SONHO E O AMANHÃ É SÓ UMA VISÃO. O HOJE, PORÉM, BEM VIVIDO TRANSFORMA TODO O ONTEM EM UM SONHO DE FELICIDADE E, TODO O AMANHÃ EM UMA VISÃO DE ESPERANÇA. PORTANTO CUIDE BEM DO DIA DE HOJE". AUTOR DESCONHECIDO -

ESPERANÇA

CAPÍTULO CINCO
           Vinte dias se passaram e Gabriel estava sendo submetido a terceira cirurgia em sua perna esquerda. O médico dissera que na fratura exposta, ele havia perdido parte do osso da perna. Sendo assim, teria que receber o fixador em forma de arco na perna fraturada; era um recurso para permitir que o osso se recuperasse. Gabriel deveria movimentar os parafusos do aparelho diariamente, até o osso crescer e preencher o vácuo deixado com o acidente.

          Depois de dois meses, o rapaz começou a sair de casa para se distrair um pouco. Sempre estava acompanhado dos amigos, pois, dependia deles para ir e vir.  Mas, com tantas idas e vindas, os pinos do aparelho introduzidos na perna inflamaram e, ele ficou dias internado no Hospital, parecia que nunca mais ficaria bom.

          O paciente perdeu massa muscular e estava magro e pálido, depois da internação prolongada. Seus amigos já não apareciam como antes, foram se dispersando diante da incapacidade que ele tinha em acompanha-los em suas andanças. As muletas eram um transtorno em bares apertados. Gabriel parecia uma sombra do que fora antes do acidente, triste e desolado; não queria se alimentar mais.

         Entretanto, um novo fato ocorreu e reavivou suas esperanças. Certo dia, Gabriel estava aguardando o Ortopedista, na sala de espera do Hospital, quando chegou uma paciente idosa gritando de dor, estava acompanhada da nora. Todos deram passagem a mulher que parecia desesperada.

        Logo que a mulher foi acolhida na sala de urgência, outras duas mulheres adentraram ao recinto; era Rosana e sua mãe. As duas seguiram imediatamente para a sala de emergência, a senhora em questão era a avó da moça. Rosana entrou e logo saiu, pois, a sua mãe permaneceu ao lado da paciente; ela precisou sair a pedido da enfermeira. E, ao sair deu de cara com Gabriel, que a estava observando avidamente.

         Com o coração disparado, o rapaz perguntou o que estava acontecendo e ela, sem jeito, lhe disse que sua avó quebrara a perna. Depois a moça ficou parada, parecia comovida em vê-lo, então, lhe perguntou como estava. Ele sorriu e disse:

              - Estou melhorando, porém, está muito difícil continuar esperando os dias passarem lentamente.

        - Eu pensei que você já houvesse se recuperado, não sabia da gravidade de seus ferimentos, respondeu a moça complacente. Em seguida, sentou-se ao lado de Gabriel, enquanto aguardava o desenrolar dos fatos na sala de emergência. 

          O rapaz não se cansava em olhar a mulher de seus sonhos; estavam unidos, naquele momento, pela preocupação com fraturas ósseas. Ela apertava as mãos com visível nervosismo e, em dado momento fixou o olhar em Gabriel e sorriu, como nos velhos tempos.
  Um texto de Eva Ibrahim

  Continua na próxima semana.

sexta-feira, 24 de junho de 2016

"AQUELE QUE NÃO APRENDEU A AMAR, JAMAIS CONSEGUIRÁ DEFINIR, EXATAMENTE, COM QUE O AMOR SE PARECE..." MAKTUB- O AMOR É NECESSÁRIO PARA SE CONHECER O SENTIDO DA VIDA. EVA IBRAHIM

A ESPERA
CAPÍTULO QUATRO
           Gabriel precisou ser medicado com calmantes para poder dormir. E, entre procedimentos e medicações para dor, ele passou uma semana internado no Hospital; foram dias terríveis. Muita dor e uma expectativa que o deixava nervoso; cada vez que a porta do quarto era aberta, ele pensava que poderia ser Rosana. Entretanto, ela não apareceu por lá.

          Ele estava sofrendo sem saber se seu amor voltara ao trabalho ou não; a ansiedade o deixava agressivo; estava visivelmente descontrolado. No terceiro dia após o acidente, seu supervisor foi visita-lo. Então, ele perguntou por Rosana e suas esperanças se esvaíram.

         - Rosana está trabalhando normalmente e disse que nunca mais quer vê-lo, além de traí-la com Alcione, provocou sua morte. É o falatório que está rolando no escritório, respondeu com voz grave o homem sério.

               Uma nuvem cobriu os olhos do rapaz, em seguida, deitou-se virando de lado; não queria que ninguém visse as lágrimas descerem pelo seu rosto. Queria dizer que saíra com Alcione para terminar o caso que houvera entre eles, mas pareceria um insulto à vítima, que ganhara imunidade com sua morte. Depois da morte todos se tornam bons e inatingíveis.

               O rapaz obteve alta Hospitalar e foi levado até o automóvel de seus pais sentado em uma cadeira de rodas. Estava deprimido, perna e braço quebrados e com inúmeras feridas pelo corpo. Nem em seus piores pesadelos ele imaginou, um dia, estar em uma cadeira de rodas e com a morte de Alcione pesando sobre si.

          Um amigo, que fora visita-lo, lhe dissera que os pais da moça o odiavam intensamente, não queriam vê-lo, senão o matariam. A partir daquele episódio infeliz ele seria mal visto pelos amigos e vizinhos e marcado para sempre. Aquele pensamento o deixava mais deprimido; não tivera culpa de nada, mas a morte da moça o condenava impiedosamente.

            Os primeiros dias em sua casa demoraram a passar; sentia-se solitário. Por mais visitas que recebesse nada o alegrava, porque quem ele queria não fora visita-lo. Gabriel estava sofrendo a perda das duas mulheres que fizeram parte de sua vida amorosa. Uma estava morta e a outra o odiava.
               Então, começou a elaborar um plano para se encontrar com Rosana e tentar reconquistá-la.
              Um texto de Eva Ibrahim

              Continua na próxima semana.

sexta-feira, 17 de junho de 2016

"O HOMEM NÃO MORRE QUANDO DEIXA DE VIVER, MAS SIM QUANDO DEIXA DE AMAR". CHARLES CHAPLIN - É HORA DE CALAR E OBSERVAR. EVA IBRAHIM

O DRAMA
CAPÍTULO TRÊS

   Uma dor intensa em seu tornozelo o impedia de movimentar o pé esquerdo, então, ele tentou apoiar o corpo para se erguer e viu que o braço esquerdo também doía muito. O membro estava torcido para um lado e, sangrando. Olhando o sangue que escorria de seu braço ele sentiu náuseas e um desejo enorme de estar vivendo um pesadelo; queria acordar.

 Porém, a dor que sentia era real, então, deixou-se cair novamente sobre os espinhos e nem se importou com os espinhos fincando em sua pele. Gabriel estava desesperado para saber de Alcione. Gritou o mais alto que pode até ouvir a sirene da polícia, em seguida, desfaleceu; queria desaparecer dali.

      O rapaz recobrou a consciência no Hospital, onde fora levado pela ambulância. O lugar era estranho e frio, havia uma porção de gente na sala onde estava sendo atendido. E, algumas pessoas vestidas com jalecos brancos mexiam em seus ferimentos.

            - Estaria morto? Não, aquilo tudo, infelizmente parecia real. Então, lembrou-se do acidente. E, imediatamente deduziu que, poderiam ser médicos e enfermeiras.
           De relance ele percebeu que estava nu e uma dor insuportável no pé e no braço do lado esquerdo o fizeram protestar.
           – Socorro, me tirem daqui, por favor socorro, socorro... O rapaz gritava sem parar.
          Em seguida, lhe espetaram o braço e ele não se lembrava de mais nada, caíra num sono profundo.

            Gabriel acordou no dia seguinte e seus pais estavam ao seu lado. Olhavam preocupados para o filho que estava com o pé e o braço imobilizados com faixas grossas, além de muitas escoriações pelo corpo provocadas pelos espinhos.

             Sua mãe segurava sua mão e tentava acalmá-lo, então ele perguntou de Alcione. A mulher tentou desconversar, o que o deixou mais irritado.

           – Quero saber a verdade, apenas a verdade, eu vi quando o meu carro explodiu. Será que a Alcione foi jogada fora do veículo como eu? A mulher gaguejou e o pai foi em seu socorro.
        – Encontraram um corpo carbonizado no local do incêndio e alguém disse que vira você saindo com uma colega de trabalho.
         – Quem era, meu filho? Perguntou o pai ansioso.
- Uma colega do escritório, seu nome é Alcione, precisa avisar a família, que mora em outra cidade.

 Gabriel fechou os olhos e duas lágrimas rolaram de seu rosto, agora estava perdido e Rosana jamais o perdoaria. Como explicar que estava com a moça para se separar, que sua intenção era terminar aquele caso para voltar para sua noiva.

Ninguém lhe daria crédito, ainda mais que Alcione estava morta e não poderia se defender. As dores aumentavam a cada pensamento ruim que lhe vinha à cabeça e o desespero tomou conta dele.
Um texto de Eva Ibrahim

Continua na próxima semana.

sexta-feira, 10 de junho de 2016

"SEMPRE QUE UMA LÁGRIMA CAI, UM ANJO A RECOLHE PARA TRANSFORMÁ-LA EM PRECE". AUTOR DESCONHECIDO -- AS VEZES A GENTE CHORA SEM QUERER... EVA IBRAHIM

SEM SAIDA
 CAPÍTULO DOIS
             Gabriel chegou ao seu local de trabalho e Alcione já o aguardava com um sorriso no rosto. Ela pensava que estava segura em seu novo relacionamento, já que Rosana estava ausente. No entanto, ela não poderia imaginar as intenções de Gabriel, que eram as piores possíveis em relação a ela.
              Ele pensou em passar por ela sem olhar em meio aos outros funcionários, mas, ela se adiantou para cumprimenta-lo e foi logo lhe dando um beijo de bom dia. O rapaz corou e permaneceu inerte para não chamar a atenção para si. Depois, saiu de cara amarrada para sua repartição.

           - Tenho que pôr um fim nessa história ainda hoje, pensou Gabriel, que estava preocupado com a situação que ele mesmo criara.

              No intervalo do almoço ele se deparou com seu supervisor e perguntou sobre a volta de Rosana ao trabalho e a resposta o assustou mais ainda.
             – A Rosana deve retornar ao trabalho em três dias.
              O seu encarregado acabou fazendo uma observação que deixou Gabriel mais encabulado.
              - Por que você quer saber? Agora você está com a Alcione, estou certo?

              Gabriel fez um sinal com a cabeça e foi andando para se esquivar das perguntas, que ele não queria responder nem mesmo para si. Precisava se livrar da moça, porém não sabia como agir.

             Ele se alimentou de sanduíches no escritório, para evitar a Alcione no refeitório. Aquele era um assunto para ser resolvido entre ambos, não precisavam de plateia. Além do que Alcione tinha fama de briguenta e poderia chamar a atenção dos colegas.

              Gabriel passou o restante de seu turno distraído e preocupado, teria que resolver aquela situação que o atormentava. Sentia-se um covarde, pois, se aproveitara da colega e agora queria dispensá-la. A situação piorou quando ela passou por ele e acenou com a mão perguntando se estava tudo bem. Ele assentiu com a cabeça.

             – E, como conseguiria continuar trabalhando no mesmo escritório com as duas mulheres, com as quais se envolvera?

            Conforme a reação de Alcione ele teria que mudar de emprego ou nunca mais teria a sua Rosana. Esse pensamento latejara o dia todo em sua cabeça. Entretanto, ele tomara uma decisão, amava Rosana e a queria de volta. Iria esperar Alcione na saída do trabalho e seria o mais sucinto possível; ela teria que compreender que o caso deles chegara ao fim.

              Na saída ele a convidou para sair e conversar; ela concordou e entrou em seu automóvel. Gabriel arrancou em direção a uma pousada fora da cidade, não queria encontrar amigos. Quando o rapaz entrou na estrada principal abordou o assunto, dizendo que queria um tempo para pensar.

            – É porque a Rosana vai voltar ao trabalho? Perguntou a moça irada.
Gabriel gaguejou e tentou disfarçar, mas não teve tempo de responder. Um caminhão Baú, veio em desabalada carreira e bateu em sua traseira jogando o automóvel para fora da estrada, que capotou rolando pela ribanceira.

Em segundos, ele fora jogado do veículo, pois estava sem o cinto e caiu sobre alguns arbustos de espinhos. A dor o trouxe a realidade, então, ele viu seu carro rolar até o final e depois explodir com um barulho ensurdecedor.
Gabriel gritou por Alcione, que ficara presa no cinto de segurança dentro do automóvel. Desesperado, tentou levantar-se, mas não conseguiu.
 Um texto de Eva Ibrahim

Continua na próxima semana.
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