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sexta-feira, 23 de setembro de 2016

"SEMPRE TENHA ESPERANÇA...A MELHOR SENSAÇÃO DO MUNDO É SABER QUE EXISTEM INFINITAS POSSIBILIDADES" AUTOR DESCONHECIDO.

ESPERANÇA

CAPÍTULO CINCO
        Clara, a partir deste dia, passou a tratar o menino com simpatia, pois sentia que ali estava o caminho para chegar ao coração da filha. Ferrugem era tímido, mas com o passar do tempo, parecia mais alegre e mais solto também; passava as tardes na casa de Valentina. Faziam a tarefa da escola e depois jogavam xadrez, dama ou baralho; vez ou outra riam para valer.

         A família estava apreensiva; o pai procurava conversar com a filha, que nem sempre estava receptiva. Ela só se transformava em contato com aquele menino desajeitado, que conseguia penetrar em seu coração. Os dois se entendiam e não se largavam, mas não queriam a companhia de ninguém. Se alguém se aproximava, eles se fechavam e saiam rapidamente.

Com o passar dos dias, Valentina passou a apresentar uma calma estranha, que muitas vezes parecia desinteresse por tudo ao seu redor. Não se abria para conversar com ninguém. Havia uma nuvem pesada pairando no ar e, Clara temia que a filha tentasse contra a própria vida novamente.

Porém, quando o amigo chegava seus olhos brilhavam e ela saia daquele marasmo. Não havia dúvidas de que o menino, fazia com que ela se sentisse menos triste. Os dias passavam e Valentina apresentava altos e baixos. Ora estava alegre e brincalhona, ora ficava trancada em seu quarto. A mãe lhe dava os remédios e esperava ela tomar, pois temia que ela os cuspisse fora.

Era uma situação preocupante, parecia que a paz nunca mais voltaria àquele lugar. Havia uma ameaça permanente assustando a todos. Valentina continuava a mesma menina relaxada e introspectiva; comia muito e agora vivia acompanhada de Ferrugem. Clara tinha medo de proibir essa amizade e ela se revoltar; não sabiam mais o que fazer.

Certo dia, o menino apareceu andando de bicicleta, disse que havia ganhado de presente. Disse que fora um tio quem lhe dera; estava feliz. No entanto, Valentina ficou muito triste, estava gorda para pilotar uma bicicleta. Em sua casa havia duas bicicletas, que eram de seus irmãos, mas ela não conseguia sair do lugar. Passou a tarde toda chorando e se lamentando.

Então, Clara propôs à filha procurar um médico para fazer um regime. E, para sua surpresa ela concordou e ficou feliz com a possibilidade de emagrecer. Clara lhe prometeu uma bicicleta e roupas novas se ela fizesse a dieta prescrita pelo médico.

 Pela primeira vez depois da tentativa de suicídio, Clara sentiu que sua filha estava de volta para eles. Seu coração pulsou forte, ainda restava uma esperança de recuperação para sua filha.
Um texto de Eva Ibrahim.

Continua na próxima semana.

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

"SER AMIGO É INTERPRETAR OLHARES, ENTENDER SILÊNCIOS, PERDOAR ERROS, GUARDAR SEGREDOS, PREVENIR QUEDAS E SECAR LÁGRIMAS". PAULO FERNANDES.


FERRUGEM, O AMIGO
CAPÍTULO QUATRO
          Clara pediu férias do seu trabalho para cuidar da filha, que estava em recuperação após a tentativa de suicídio. Valentina se encontrava em um estado lastimável, precisava da mãe perto dela o tempo todo. A situação era grave e Clara temia que a menina cometesse outra loucura. Levantava-se várias vezes durante a noite, para ir ver se a filha estava bem.

          O pai tentava, todas as noites, conversar com Valentina, porém ela apenas respondia com monossílabos evasivos. Foi, então, levada ao psicólogo, que não conseguiu grande coisa também; ela ouvia e não dava retorno. Demonstrava um desânimo total perante à vida, situação preocupante em uma adolescente. Parecia estar sofrendo de uma dor profunda. Sendo, posteriormente, encaminhada ao psiquiatra para ser acompanhada e medicada.

         Os dias foram passando e Valentina voltou a comer desesperadamente, retomando a sua rotina; parecia estar em seu estado normal. Na escola arrumou um amigo, que tinha o apelido de “Ferrugem”, era um menino desengonçado de cabelos vermelhos. No entanto, era ele que conseguia tirar sorrisos da menina. Seu relacionamento com a família era péssimo, falava somente o necessário.

        Clara e Rui não gostavam de ver a filha andando com um menino desleixado, mas o Ferrugem era o único que conseguia conversar com Valentina. Ele deveria saber todos os motivos de sua rebeldia e da tentativa de suicídio. Precisavam conversar com o menino.

         Certo dia, a menina estava na casa da avó e Ferrugem apareceu para chama-la, então, Clara o convidou para entrar e conversar um pouco. Precisava entender o que se passava com sua menina. A conversa foi difícil e truncada, mas esclarecedora.

- Qual o seu nome? Perguntou Clara, que não queria chama-lo pelo apelido, que lhe parecia desrespeitoso.
 – Claudionor, respondeu o Ferrugem.
 – Você gosta de Valentina?
 – Sim, é minha amiga. Então, me ajuda a entender a minha filha por favor, implorou a mulher desesperada.
O menino abaixou a cabeça, era tímido e queria fugir dali.
 - Não sei nada da vida dela, gaguejou o Claudionor.
          - Valentina lhe contou o motivo que a fez tentar acabar com a própria vida? Me responda para eu poder ajuda-la; é muito importante eu saber o que a aflige.
         O menino olhou para a mãe da amiga e sentiu que ela estava muito preocupada e resolveu falar.
          – Valentina quer morrer porque é gorda e feia. Os irmãos dela são bonitos e o pai e a mãe gostam somente deles.   
         – Ela lhe disse isso?
          – Sim, e que vai tentar outra vez.
           Clara ficou pálida diante do menino, que dentro de sua simplicidade demonstrava sua preocupação com a amiga.
          – Não quero que ela morra, eu gosto dela. E, duas lágrimas correram pelo rosto de Claudionor.

          A mulher, comovida, tratou de pegar um copo de suco para dar ao menino. Naquele momento, toda a aversão que sentia por ele, transformou-se em carinho e agradecimento por perceber que ali estava um amigo verdadeiro de Valentina.

Um texto de Eva Ibrahim. Continua na próxima semana.

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

"DIFÍCIL É ENCONTRAR ALGUÉM QUE LHE ENTENDA, QUANDO VOCÊ NÃO CONSEGUE POR EM PALAVRAS AQUILO QUE TANTO LHE MACHUCA". AUTOR DESCONHECIDO


DIAS DIFÍCEIS
CAPÍTULO TRÊS
O dia seguinte surgiu e encontrou o casal dormindo sentados na poltrona da recepção do Hospital. Clara e Rui estavam exaustos de tanto chorar e, acabaram caindo no sono abraçados, tentando se consolar. A recepcionista, que rendeu a sua colega do noturno, foi acordá-los pois, já estavam chegando pacientes para serem atendidos.

- Por favor, vão para casa descansar, comer alguma coisa, que não adianta ficar aqui. A paciente está sendo bem cuidada, mais tarde podem retornar, que os deixarei entrar. Afirmou a moça com pena dos pais de Valentina.

Ambos ficaram em pé, estavam assustados e quando se lembraram do motivo pelo qual estavam ali, o desespero ficou estampado em seus rostos. Eles queriam informações sobre a filha, antes de irem para casa.

A enfermeira veio e lhes disse calmamente, que a paciente estava se recuperando lentamente, mas teriam que aguardar a evolução do quadro. Rui parecia desolado e abraçando sua esposa saiu em busca de um pouco de ar puro. Fora uma noite de puro pesadelo, seu corpo parecia moído; as dores estavam por toda parte.

Clara se agarrou ao marido chorando baixinho, precisava de apoio emocional; seu mundo estava de cabeça para baixo. E, ela não via saída; seu futuro estava irremediavelmente comprometido.

 - Como será minha vida daqui para a frente? Nunca mais terei paz, o medo da desgraça viverá como um fantasma me assombrando. Disse ao marido engolindo os soluços. Rui a abraçou com força, sentia o mesmo que ela.

            Vários dias se passaram e Valentina permanecia em coma para desespero da família. Depois de uma semana de tortura, a menina acordou e deu sinais de recuperação. Em três dias ela teve alta hospitalar e foi para casa. Estava emagrecida, mas o maior problema estava na cabeça; parecia dispersa e não queria conversar sobre o assunto. Estava deprimida; queria ficar no escuro e sozinha.

            Os irmãos mal conversam com ela, tinham medo de agravar a situação. Clara perdera o sossego, não saia de casa com medo que a filha fizesse outra loucura. O pai parecia perdido, tinha medo de retornar a casa e receber outra notícia ruim. A família estava em pânico.
 Um texto de Eva Ibrahim

Continua na próxima semana.

sábado, 3 de setembro de 2016

"É SÓ COM O CORAÇÃO QUE CONSEGUIMOS VER DE VERDADE, O QUE É ESSENCIAL É INVISÍVEL AOS OLHOS". O PEQUENO PRÍNCIPE.

DESESPERO
CAPÍTULO DOIS
           Ao adentrar ao seu quarto Valentina tropeçou no tapete, que estava na porta e caiu batendo a cabeça na parede; o barulho foi ensurdecedor. E, todos se levantaram para ver o acontecido. A mãe, o pai, Ana e Celso olhavam atônitos para Valentina, que já estava meio tonta; sofrendo o efeito dos medicamentos. Clara tentou levantar a filha, mas ela estava largada e seu corpo mole, parecia desmaiada.

            O pai e a mãe arrastaram a menina para a cama chamando pelo seu nome, mas não houve resposta. Ansiosos, estranharam quando ela começou a espumar pela boca. Clara desesperada, desconfiou que havia algo errado e correu para a cozinha. Assustada, ela viu as cartelas de remédio de pressão da avó vazias e jogadas sobre a pia.

           A mulher gritou para o pai e ambos se entreolharam apavorados. Clara pegou a chave do carro e deu ao marido. Em seguida, todos arrastaram Valentina até o automóvel, que precisou da ajuda do vizinho para colocá-la no carro, que saiu em desabalada carreira.

            Quando adentraram ao Pronto Socorro a menina estava pálida e desacordada. Clara começou a chorar enquanto os médicos e enfermeiros corriam com a maca até a sala de emergência. E, quando ela tentou adentrar a sala de emergência foi barrada e teve a porta fechada na cara; então, ela se desesperou com a gravidade da situação.

Duas horas se passaram sem que tivessem notícias da filha e o casal continuava ali, estarrecidos com a situação. Os dois irmãos se mantinham calados ao ver o sofrimento dos pais, nunca os tinham visto tão desesperados. Os avós chegaram e ficaram sentados calados, a espera de alguma notícia de Valentina. Podia-se ouvir os soluços de Clara, tão grande era o silêncio que reinava ali.


          Então, a porta se abriu e um médico paramentado de cirurgião entrou se dirigindo ao casal, que mal podia falar de tão nervosos que estavam.  

         - A paciente está estável no momento, foram feitas lavagens estomacais e aplicados todos os recursos disponíveis na área de emergência, pois o estado da paciente é muito grave. Ela está na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), onde deverá permanecer até segunda ordem.

         Em seguida ele saiu silenciosamente, enquanto todos se olhavam assustados e perdidos. Então, apareceu uma enfermeira convidando os pais para verem a menina, um de cada vez. Depois todos deveriam deixar o local, pois, na UTI não pode ficar acompanhante. A moça foi categórica em sua colocação.

            Os familiares se retiraram levando Ana e Celso e no local permaneceram os pais de Valentina, que se perguntavam o motivo daquilo tudo. Quando saíssem daquela situação teriam que descobrir a causa que levou à filha a tomar uma atitude tão radical contra a própria vida.
Um texto de Eva Ibrahim.
 Continua na próxima semana.

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

"AS BATALHAS MAIS IMPORTANTES SÃO AS QUE NÓS LUTAMOS, DIARIAMENTE, NO SILÊNCIO DE NOSSA ALMA". AUTOR DESCONHECIDO

BELEZA PURA
A DECISÃO
                                            CAPÍTULO UM 
            O calor castigava toda aquela região e, debaixo de um Sol escaldante Clara desceu do automóvel com um pacote nas mãos, trazia pães, presunto e queijo para o café da tarde. Ela tinha três filhos, Ana, Celso e Valentina, com diferença de um ano cada um. A convivência das crianças se tornou difícil, a partir do momento em que a caçula passou a engordar exageradamente. Os dois maiores estavam na piscina e Valentina, amuada, deitada no chão.

            Ana era uma menina linda, magra, loura e Celso um garoto comum, magro de grandes olhos verdes, porém, Valentina era a mais morena, olhos castanhos e rechonchuda; a beleza passara longe dela, diziam as más línguas. Porém, ela parecia não se importar, até que começou a se mostrar rebelde na escola e briguenta em sua casa. Se vestia igual aos meninos, nunca queria por um vestido ou um biquíni, por mais que Clara insistisse.

           Com os cabelos desgrenhados, a menina adentrou a porta da cozinha e sem lavar as mãos pegou um pão do pacote que a mãe colocara sobre a mesa. Clara gritou com ela, que saiu chutando a porta. Rui, o pai, entrou perguntando o que havia acontecido ali e depois de se assuntar do ocorrido, foi pegar as mãos de sua menina e a trouxe de volta para comer; ele era se defensor. Rui nutria um carinho especial pela filha, que lhe inspirava cuidados.

       Valentina comeu um pão, dois e no terceiro a mãe ficou brava novamente; iria se transformar em uma bola se não parasse de comer daquele jeito. Todos os dias havia brigas naquela casa por causa da gula da menina.

        E, com o passar dos meses ela se tornou uma adolescente obesa, estava com cento e quinze quilos. Cada dia mais relaxada, mais rebelde e comendo desesperadamente. A mãe tentou leva-la ao psicólogo e à nutricionista, porém, sem sucesso. Certo dia, Valentina chegou da escola suja, com as vestes rasgadas e sangrando no lábio superior. Sua mãe não teve dúvidas, partiu para cima dela e a agrediu gritando:

         - Você só me faz passar vergonha, eu não aguento mais. Depois foi para o quarto chorando. Clara estava decepcionada com a vida.

        Valentina não respondeu, entrou em seu quarto e se jogou na cama chorando, a mãe não gostava dela, iria se matar. A decisão fora tomada; ela queria que sua família sofresse de remorsos, principalmente sua mãe, que vivia dando broncas nela.

        Quando todos foram dormir, ela foi até o armário onde sua mãe guardava os remédios e pegou duas cartelas com comprimidos.

         - Aqueles deveriam servir. Pensou entre lágrimas. 
          Não se deu ao trabalho de ler o nome deles, qualquer um servia. Tomou todos com coca cola e depois foi se deitar para esperar a morte chegar.
Um texto de Eva Ibrahim

Continua na próxima semana.

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

"QUANDO A ALEGRIA DE OUTRA PESSOA FOR SUA ALEGRIA, VOCÊ TERÁ ENTENDIDO O SIGNIFICADO DO AMOR". AUTOR DESCONHECIDO.

ELA ESTAVA TÃO BONITA
CAPÍTULO CINCO
            As touradas continuaram acontecendo, pois, o espetáculo não poderia parar. A causa era nobre e todos estavam empenhados em construir o Hospital tão necessário a população daquela região. Outros toureiros se apresentaram naquela arena, mas para Raquel nenhum poderia substituir o seu primeiro amor. Manolo a cativara e ela sentia saudades dele.

           Para todas as apresentações ela se vestia como se Manolo fosse aparecer por ali, nada tirava as esperanças da menina. Ela andava dispersa e arredia; sua mãe dizia que andava no mundo da lua. Mas, ela estava sofrendo de mal de amor não correspondido.  Muitas pessoas, um dia, tiveram um amor platônico, que as fez sofrer pela primeira vez e com isso as fez amadurecer e com Raquel não seria diferente.

         Certo dia, a menina ouviu seu pai dizer para sua mãe que o toureiro que se ferira, já estava se recuperando em casa; ela ficou feliz. Manolo estava bem, era tudo que ela precisava saber.

            Na terceira semana ela ainda acreditava que Manolo poderia aparecer por ali, era verão e as noites quentes convidavam a população para sair de casa. Então, a menina se arrumou como se fosse encontra-lo; lá no fundo tinha esperança de vê-lo ao menos uma última vez.

          Depois ficou postada em frente à entrada, esperaria todos entrarem. Quando a arena já estava lotada e os últimos espectadores adentravam ao local, Raquel quase perdeu o fôlego, ao perceber o automóvel do toureiro parar do outro lado da rua.

            A porta do automóvel foi aberta pelo motorista e Manolo saiu do veículo com o braço enfaixado; estava apoiado na tipoia. Do outro lado a porta se abriu e a loira desceu indo dar o braço ao toureiro, que fez uma careta de dor quando segurou o braço com a mão boa. E, de repente ele viu Raquel e lembrou-se da menina. Então, sorriu e cumprimentou-a com um aceno. Depois Manolo aproximou-se da menina e sorrindo disse à sua acompanhante:

         - Ela estava tão bonita! Que eu lhe dei uma rosa na noite da estreia.

          Depois entrou e foi se apresentar ao público na arena onde fora ferido em sua última apresentação. Em seguida, foi sentar-se no palanque onde estavam as pessoas influentes da cidade.

          Raquel estava nas nuvens, ele a reconhecera e até falara com ela; estava feliz. Aproveitaria para vê-lo e gravar sua imagem para sempre na memória. Aquele dia ficaria marcado em sua vida com saudades de seu primeiro amor.


Aqui termina a história de Raquel e as touradas beneficentes.
MEU MUNDO REINVENTADO.

UM BLOG PARA POSTAR CONTOS CURTOS E EM CAPÍTULOS.