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sexta-feira, 17 de junho de 2016

"O HOMEM NÃO MORRE QUANDO DEIXA DE VIVER, MAS SIM QUANDO DEIXA DE AMAR". CHARLES CHAPLIN - É HORA DE CALAR E OBSERVAR. EVA IBRAHIM

O DRAMA
CAPÍTULO TRÊS

   Uma dor intensa em seu tornozelo o impedia de movimentar o pé esquerdo, então, ele tentou apoiar o corpo para se erguer e viu que o braço esquerdo também doía muito. O membro estava torcido para um lado e, sangrando. Olhando o sangue que escorria de seu braço ele sentiu náuseas e um desejo enorme de estar vivendo um pesadelo; queria acordar.

 Porém, a dor que sentia era real, então, deixou-se cair novamente sobre os espinhos e nem se importou com os espinhos fincando em sua pele. Gabriel estava desesperado para saber de Alcione. Gritou o mais alto que pode até ouvir a sirene da polícia, em seguida, desfaleceu; queria desaparecer dali.

      O rapaz recobrou a consciência no Hospital, onde fora levado pela ambulância. O lugar era estranho e frio, havia uma porção de gente na sala onde estava sendo atendido. E, algumas pessoas vestidas com jalecos brancos mexiam em seus ferimentos.

            - Estaria morto? Não, aquilo tudo, infelizmente parecia real. Então, lembrou-se do acidente. E, imediatamente deduziu que, poderiam ser médicos e enfermeiras.
           De relance ele percebeu que estava nu e uma dor insuportável no pé e no braço do lado esquerdo o fizeram protestar.
           – Socorro, me tirem daqui, por favor socorro, socorro... O rapaz gritava sem parar.
          Em seguida, lhe espetaram o braço e ele não se lembrava de mais nada, caíra num sono profundo.

            Gabriel acordou no dia seguinte e seus pais estavam ao seu lado. Olhavam preocupados para o filho que estava com o pé e o braço imobilizados com faixas grossas, além de muitas escoriações pelo corpo provocadas pelos espinhos.

             Sua mãe segurava sua mão e tentava acalmá-lo, então ele perguntou de Alcione. A mulher tentou desconversar, o que o deixou mais irritado.

           – Quero saber a verdade, apenas a verdade, eu vi quando o meu carro explodiu. Será que a Alcione foi jogada fora do veículo como eu? A mulher gaguejou e o pai foi em seu socorro.
        – Encontraram um corpo carbonizado no local do incêndio e alguém disse que vira você saindo com uma colega de trabalho.
         – Quem era, meu filho? Perguntou o pai ansioso.
- Uma colega do escritório, seu nome é Alcione, precisa avisar a família, que mora em outra cidade.

 Gabriel fechou os olhos e duas lágrimas rolaram de seu rosto, agora estava perdido e Rosana jamais o perdoaria. Como explicar que estava com a moça para se separar, que sua intenção era terminar aquele caso para voltar para sua noiva.

Ninguém lhe daria crédito, ainda mais que Alcione estava morta e não poderia se defender. As dores aumentavam a cada pensamento ruim que lhe vinha à cabeça e o desespero tomou conta dele.
Um texto de Eva Ibrahim

Continua na próxima semana.

sexta-feira, 10 de junho de 2016

"SEMPRE QUE UMA LÁGRIMA CAI, UM ANJO A RECOLHE PARA TRANSFORMÁ-LA EM PRECE". AUTOR DESCONHECIDO -- AS VEZES A GENTE CHORA SEM QUERER... EVA IBRAHIM

SEM SAIDA
 CAPÍTULO DOIS
             Gabriel chegou ao seu local de trabalho e Alcione já o aguardava com um sorriso no rosto. Ela pensava que estava segura em seu novo relacionamento, já que Rosana estava ausente. No entanto, ela não poderia imaginar as intenções de Gabriel, que eram as piores possíveis em relação a ela.
              Ele pensou em passar por ela sem olhar em meio aos outros funcionários, mas, ela se adiantou para cumprimenta-lo e foi logo lhe dando um beijo de bom dia. O rapaz corou e permaneceu inerte para não chamar a atenção para si. Depois, saiu de cara amarrada para sua repartição.

           - Tenho que pôr um fim nessa história ainda hoje, pensou Gabriel, que estava preocupado com a situação que ele mesmo criara.

              No intervalo do almoço ele se deparou com seu supervisor e perguntou sobre a volta de Rosana ao trabalho e a resposta o assustou mais ainda.
             – A Rosana deve retornar ao trabalho em três dias.
              O seu encarregado acabou fazendo uma observação que deixou Gabriel mais encabulado.
              - Por que você quer saber? Agora você está com a Alcione, estou certo?

              Gabriel fez um sinal com a cabeça e foi andando para se esquivar das perguntas, que ele não queria responder nem mesmo para si. Precisava se livrar da moça, porém não sabia como agir.

             Ele se alimentou de sanduíches no escritório, para evitar a Alcione no refeitório. Aquele era um assunto para ser resolvido entre ambos, não precisavam de plateia. Além do que Alcione tinha fama de briguenta e poderia chamar a atenção dos colegas.

              Gabriel passou o restante de seu turno distraído e preocupado, teria que resolver aquela situação que o atormentava. Sentia-se um covarde, pois, se aproveitara da colega e agora queria dispensá-la. A situação piorou quando ela passou por ele e acenou com a mão perguntando se estava tudo bem. Ele assentiu com a cabeça.

             – E, como conseguiria continuar trabalhando no mesmo escritório com as duas mulheres, com as quais se envolvera?

            Conforme a reação de Alcione ele teria que mudar de emprego ou nunca mais teria a sua Rosana. Esse pensamento latejara o dia todo em sua cabeça. Entretanto, ele tomara uma decisão, amava Rosana e a queria de volta. Iria esperar Alcione na saída do trabalho e seria o mais sucinto possível; ela teria que compreender que o caso deles chegara ao fim.

              Na saída ele a convidou para sair e conversar; ela concordou e entrou em seu automóvel. Gabriel arrancou em direção a uma pousada fora da cidade, não queria encontrar amigos. Quando o rapaz entrou na estrada principal abordou o assunto, dizendo que queria um tempo para pensar.

            – É porque a Rosana vai voltar ao trabalho? Perguntou a moça irada.
Gabriel gaguejou e tentou disfarçar, mas não teve tempo de responder. Um caminhão Baú, veio em desabalada carreira e bateu em sua traseira jogando o automóvel para fora da estrada, que capotou rolando pela ribanceira.

Em segundos, ele fora jogado do veículo, pois estava sem o cinto e caiu sobre alguns arbustos de espinhos. A dor o trouxe a realidade, então, ele viu seu carro rolar até o final e depois explodir com um barulho ensurdecedor.
Gabriel gritou por Alcione, que ficara presa no cinto de segurança dentro do automóvel. Desesperado, tentou levantar-se, mas não conseguiu.
 Um texto de Eva Ibrahim

Continua na próxima semana.

sábado, 4 de junho de 2016

"CALMA NA ALMA, QUE A VIDA SE ENCARREGA DE EXPLICAR AS COISAS QUE NÃO FAZEM SENTIDO AGORA". TATI ZANELA - PROCURE O CAMINHO DO CORAÇÃO. EVA IBRAHIM.

PRECISO TE ESQUECER
 O ABANDONO
CAPÍTULO UM
           Gabriel andava triste e não queria conversar com ninguém de sua família, nem com os amigos ele queria falar. Rosana, sua noiva, o havia abandonado depois de vê-lo agarrado com Alcione, uma colega de trabalho. Ele não tivera tempo de lhe dar explicações, Rosana o surpreendeu quando ele beijava a colega, que estava se oferecendo a ele fazia tempo.

           Rose, outra colega de Gabriel, alertara Rosana sobre a safadeza do noivo e lhe indicou o local dos encontros furtivos. Com essas informações Rosana conseguiu dar o flagrante em seu futuro marido.

            Alcione, uma moça bonita, vistosa e alegre vivia dizendo que o amava e poderia fazê-lo feliz, só precisava de uma chance. Rosana nunca desconfiou de nada, acreditava cegamente que era amada pelo seu noivo. Fazia dois anos que começaram a namorar e nos últimos seis meses fizeram planos para o casamento.

            Entretanto, Gabriel andou saindo com Alcione; não resistiu aos assédios da moça. Ele gostava dos arroubos inconsequentes da colega, que sabia como agradá-lo. No entanto, ele amava sua noiva e não queria perde-la, mesmo assim, ele não resistiu e sucumbiu aos agarramentos furtivos com Alcione. Somente depois do flagrante e consequente abandono, ele percebeu que havia ofendido seriamente o seu grande amor.

          O ocorrido, que para ele fora apenas uma aventura, gerou a perda de sua noiva e seus mais caros sonhos de amor. Sendo assim, o sofrimento que ele sentia era consequência de suas escapadas com outra mulher e não poderia nem reclamar.

           Rosana estava com muita raiva de Gabriel por causa de sua traição; não atendia aos telefonemas e mandava dizer que não estava. Essa situação estava estabelecida fazia um mês e ele nunca mais a vira, nem falara com ela. Depois que ela gritou que o odiava e não queria vê-lo nunca mais, desapareceu e ele não sabia mais aonde procura-la.

             Todos os dias, Gabriel tentava entrar em contato com Rosana, mas ele constatou que os familiares da moça não diriam para onde ela havia ido depois da briga. E, no seu trabalho diziam que ela estava de férias. Seu desespero só aumentava com o passar dos dias, ele queria, ao menos, vê-la e se possível tê-la em seus braços para lhe pedir perdão. Mas, teria que se humilhar, encontra-la e conseguir sua atenção, pois havia um muro enorme entre eles.

            Deveria, antes de qualquer coisa, cortar relações com Alcione, que vivia perseguindo-o em lugares públicos e, no local de trabalho estava sempre por perto. A moça ligava, insistentemente, para falar com ele, porém, não era com ela que ele queria conversar e já se cansara daquela situação. Na verdade, ele sentia raiva de Alcione, que provocara toda aquela desavença.

          Gabriel teria que tomar uma atitude drástica, antes que fosse tarde demais, pois ele sabia que as férias de Rosana estavam terminando e ele queria vê-la.

Um texto de Eva Ibrahim
Continua na próxima semana.









sexta-feira, 27 de maio de 2016

NUNCA DEIXE DE SONHAR POR MEDO DE SE MACHUCAR, SE O MUNDO USOU ALGUÉM PARA TE FERIR, A VIDA TRARÁ ALGUÉM PARA TE CURAR". AUTOR DESCONHECIDO- AMO ENQUANTO POSSO, É TUDO... EVA IBRAHIM


O RECOMEÇO
CAPÍTULO CINCO
             Na primeira semana, Adele esteve envolvida com todas as coisas burocráticas que a esposa tem que resolver quando perde o esposo. Além de responder as perguntas dos amigos e conhecidos sobre o passamento do marido, ainda tinha que cuidar dos papéis, cartório, banco, empresa onde Rafael trabalhava e, finalmente na sexta feira ela respirou com a sensação do dever cumprido. Estava viúva e muito cansada; precisava ficar só.

             O domingo chegou e Adele se vestiu sobriamente, iria à missa de sétimo dia da morte de Rafael juntamente com suas duas filhas. Suas roupas combinavam com sua alma, ambas tinham a cor escura dominante. Adele chorou durante a missa; as palavras do padre a emocionaram e ela não prestou atenção em mais nada, estava frágil demais.

             O tempo passou lentamente e foi implacável com a viúva; nos três primeiros meses a sua rotina era chorar e visitar o cemitério. Então, ela tratou de arrumar trabalho para afastar a depressão. De casa para o trabalho e vice e versa, assim ela chegou ao oitavo mês da morte de Rafael.

            Cansada da solidão, Adele começou a frequentar a Igreja para poder sair de casa e voltar a vida em sociedade novamente. Em uma cerimônia da missa de um mês de falecimento da esposa de um conhecido de Rafael, Adele se comoveu e foi cumprimentar Olavo, o viúvo.

          E, a partir desse dia passaram a se falar constantemente, até o dia da véspera de Natal, quando ambos não resistiram e se entregaram ao amor. Um amor cheio de culpa e restrições, mas forte e capaz de resistir aos comentários de amigos e familiares.

O novo casal tinha muita coisa em comum, mas precisavam de um local neutro, onde não houvesse lembranças atormentando a consciência de cada um. Então, reuniram as duas famílias; as duas filhas de Adele e o filho de Olavo para apresentar-lhes os planos para o futuro.

Depois de alguns questionamentos, eles concordaram em montar uma uma nova casa, onde não houvesse lembranças do passado. Estas ficariam apenas nos corações e nos álbuns de cada um deles. Rafael e Rosaura, a esposa de Olavo, teriam seus lugares respeitados, no entanto, o novo casal queria recomeçar dali e viver uma vida feliz.

 E, foi num domingo de manhã junto a família e alguns amigos que foi celebrado o casamento de Adele e Olavo; uma nova oportunidade de viver o amor; o recomeço para duas almas solitárias.
 Um texto de Eva Ibrahim


sexta-feira, 20 de maio de 2016

"QUE MINHA SOLIDÃO ME SIRVA DE COMPANHIA, QUE EU TENHA CORAGEM DE ME ENFRENTAR. QUE EU SAIBA FICAR COM O NADA E MESMO ASSIM, ME SENTIR COMO SE ESTIVESSE PLENA DE TUDO". CLARICE LISPECTOR -- NÃO POSSO CAMINHAR SOZINHA... EVA IBRAHIM.

SOLIDÃO
CAPÍTULO QUATRO

           Adele chegou à sua casa e foi para o quarto, não sabia o que fazer de sua vida. E, no escuro do ambiente ela sentiu que seu futuro mais parecia um borrão cinzento, então, deitou-se na cama; estava triste e cansada de todos aqueles acontecimentos, que lhe roubaram o marido.

           Precisava ficar só e refletir na mudança que a morte de Rafael provocaria em sua vida. Solidão era a definição para aquele momento, uma dor profunda de perda inesperada; uma mudança sofrida e nunca pensada.

            Agora, Adele era viúva e aquela palavra lhe parecia uma carga pesada e escura; precisava encontrar uma saída para não entrar em depressão. Naquele momento, o que lhe restava era chorar.  As lágrimas corriam pelo seu rosto molhando o travesseiro, no entanto, serviam para aliviar a dor que apertava seu peito.    

          -    Por que eu? O Rafael sempre foi o grande amor da minha vida, o que farei sem ele?

          A mulher, depois de algum tempo, foi vencida pelo cansaço e adormeceu em um sono agitado; sentia mágoa do mundo e queria desaparecer.

           O dia amanheceu limpo e com uma luz brilhante, Adele estava com os olhos inchados de tanto chorar, mas não poderia ficar indiferente a beleza do dia que se apresentava naquela manhã. Foi tomar banho para melhorar sua aparência, teria que tomar algumas providências práticas referentes a morte de Rafael.

           A tristeza tomava conta de seu coração, estava de luto e sentia que precisava buscar Deus. Fez café e sentou-se para sorvê-lo; procurava um novo sentido para sua vida. Estava absorta em seus pensamentos e, distraidamente, levou a xícara aos lábios queimando a língua, em seguida, de um pulo levantou-se e foi tomar água...

 Adele sabia que precisava ficar forte, pois tinha duas filhas adolescentes que precisavam dela. No entanto, sentia que para sobreviver teria que ter um apoio espiritual; iria procurar o padre para aconselhá-la. Na Igreja encontraria um pouco de consolo, estava muito carente.

Quando saiu de casa os vizinhos foram lhe dar uma palavra de conforto e Adele começou a chorar, não conseguia falar dos últimos acontecimentos. Era muita angustia que a sufocava impedindo-a de conversar, então, teve que retornar à sua casa para poder se acalmar. Ela não queria a piedade de ninguém, estava acuada em sua dor.

            Suas filhas tentaram acalmá-la, porém, teriam que esperar a mãe viver todas as fases do luto; seria prematuro tentar impedir seu sofrimento. As duas meninas deixaram a mãe sozinha para curtir a sua perda; nada poderiam fazer. Eram jovens e ainda não entendiam o drama que estavam vivendo.

Um texto de Eva Ibrahim

Continua na próxima semana.

sábado, 14 de maio de 2016

SE A DESPEDIDA DÓI É PORQUE O INTERVALO ENTRE O "OI" E O "ADEUS" VALEU A PENA. AUTOR DESCONHECIDO- SIGA EM FRENTE, HAJA O QUE HOUVER. EVA IBBRAHIM

A DESPEDIDA
CAPÍTULO TRÊS
              O dia terminou com Adele sentada no sofá com os olhos inchados de tanto chorar.  Suas filhas estavam ali para lhe dar apoio, porém, já estavam exaustas e acabaram dormindo jogadas sobre suas camas. A mulher cochilou e acordou sobressaltada; havia tido um pesadelo com Rafael. Ele a chamava para acompanha-lo, mas ela se negava a segui-lo. Adele estava com medo de tudo o que acontecera naquele domingo de manhã.

            A sua vida estava destruída, amava o marido e não saberia viver sem a presença dele. Então, sentiu um forte arrepio percorrer seu corpo. Temerosa, tratou de afastar este pensamento, pois temia a morte e não queria conversa com os mortos.

            -Que descanse em paz, desejou a mulher cautelosa.

           Pelo vitro da sala ela viu o dia chegando e a sua claridade inundando a casa. Levantou-se e foi tomar um banho precisava livrar-se da sensação de sujeira que a estava incomodando. Depois fez um café e sorveu o líquido quente, que a revigorou, dando lhe forças para pensar em ligar para o cunhado e saber quando o corpo seria liberado para o enterro.

           Aquele, certamente seria um dia muito ruim; enterrar o marido nunca fez parte de seus piores pensamentos. No entanto, coube a ela essa missão e ela teria que ser forte. Duas lágrimas correram em seu rosto indo morrer em sua boca, deixando ali um gosto salgado.

            Ela queria sumir para não ter que acompanhar o enterro de Rafael. Adele trazia uma dor intensa em seu íntimo.

            - Como poderia deixa-lo enterrado e ir para sua casa? Pensou a mulher assustada.

           Estava além de suas forças; ele era o amor de sua vida. Sentia-se sozinha em sua dor. Ninguém poderia avaliar o tamanho de seu sofrimento e nada a consolava, estava revoltada. A campainha tocou e alguns parentes próximos chegaram para ajudar e consolar a viúva.

           Na verdade, Adele queria ficar sozinha e pensar em tudo que ocorrera, precisava entender o que Deus queria dizer levando Rafael tão cedo. Mas, com tanta gente em sua casa teria que adiar aqueles pensamentos e tratar de se preparar para a chegada do corpo no necrotério.

          Rafael estava duro e gelado, além de pálido, as flores que encobriam parte de seu corpo eram amarelas, o que deixavam o defunto ainda mais descorado. Adele ficou extática em frente ao marido morto. Estranhamente não estava chorando, se conformara com a ideia da morte de Rafael.

          A sala onde estava o falecido, ficou cheia de gente e o cheiro dos crisântemos tomou conta do lugar. A viúva sentiu náuseas e saiu acompanhada das filhas. Ficou algum tempo encostada na parede do lado de fora, mas quando o padre chegou para encomendar o corpo, ela se colocou na cabeceira do marido.

         Sentia-se entorpecida, parecia que nada daquilo lhe dizia respeito. E, quando o cortejo seguiu até a vala, ela acompanhou abraçada com as suas filhas, seguiu o caixão até a beira da cova. Cercado de parentes e amigos, o caixão desceu depositando o corpo de Rafael em sua última morada. Adele jogou algumas flores, que alguém colocou em suas mãos, sobre o caixão do marido. Então, com os olhos marejados de lágrimas, ela foi conduzida para fora do cemitério.

Um texto de Eva Ibrahim

Continua na próxima semana.
MEU MUNDO REINVENTADO.

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