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sábado, 14 de maio de 2016

SE A DESPEDIDA DÓI É PORQUE O INTERVALO ENTRE O "OI" E O "ADEUS" VALEU A PENA. AUTOR DESCONHECIDO- SIGA EM FRENTE, HAJA O QUE HOUVER. EVA IBBRAHIM

A DESPEDIDA
CAPÍTULO TRÊS
              O dia terminou com Adele sentada no sofá com os olhos inchados de tanto chorar.  Suas filhas estavam ali para lhe dar apoio, porém, já estavam exaustas e acabaram dormindo jogadas sobre suas camas. A mulher cochilou e acordou sobressaltada; havia tido um pesadelo com Rafael. Ele a chamava para acompanha-lo, mas ela se negava a segui-lo. Adele estava com medo de tudo o que acontecera naquele domingo de manhã.

            A sua vida estava destruída, amava o marido e não saberia viver sem a presença dele. Então, sentiu um forte arrepio percorrer seu corpo. Temerosa, tratou de afastar este pensamento, pois temia a morte e não queria conversa com os mortos.

            -Que descanse em paz, desejou a mulher cautelosa.

           Pelo vitro da sala ela viu o dia chegando e a sua claridade inundando a casa. Levantou-se e foi tomar um banho precisava livrar-se da sensação de sujeira que a estava incomodando. Depois fez um café e sorveu o líquido quente, que a revigorou, dando lhe forças para pensar em ligar para o cunhado e saber quando o corpo seria liberado para o enterro.

           Aquele, certamente seria um dia muito ruim; enterrar o marido nunca fez parte de seus piores pensamentos. No entanto, coube a ela essa missão e ela teria que ser forte. Duas lágrimas correram em seu rosto indo morrer em sua boca, deixando ali um gosto salgado.

            Ela queria sumir para não ter que acompanhar o enterro de Rafael. Adele trazia uma dor intensa em seu íntimo.

            - Como poderia deixa-lo enterrado e ir para sua casa? Pensou a mulher assustada.

           Estava além de suas forças; ele era o amor de sua vida. Sentia-se sozinha em sua dor. Ninguém poderia avaliar o tamanho de seu sofrimento e nada a consolava, estava revoltada. A campainha tocou e alguns parentes próximos chegaram para ajudar e consolar a viúva.

           Na verdade, Adele queria ficar sozinha e pensar em tudo que ocorrera, precisava entender o que Deus queria dizer levando Rafael tão cedo. Mas, com tanta gente em sua casa teria que adiar aqueles pensamentos e tratar de se preparar para a chegada do corpo no necrotério.

          Rafael estava duro e gelado, além de pálido, as flores que encobriam parte de seu corpo eram amarelas, o que deixavam o defunto ainda mais descorado. Adele ficou extática em frente ao marido morto. Estranhamente não estava chorando, se conformara com a ideia da morte de Rafael.

          A sala onde estava o falecido, ficou cheia de gente e o cheiro dos crisântemos tomou conta do lugar. A viúva sentiu náuseas e saiu acompanhada das filhas. Ficou algum tempo encostada na parede do lado de fora, mas quando o padre chegou para encomendar o corpo, ela se colocou na cabeceira do marido.

         Sentia-se entorpecida, parecia que nada daquilo lhe dizia respeito. E, quando o cortejo seguiu até a vala, ela acompanhou abraçada com as suas filhas, seguiu o caixão até a beira da cova. Cercado de parentes e amigos, o caixão desceu depositando o corpo de Rafael em sua última morada. Adele jogou algumas flores, que alguém colocou em suas mãos, sobre o caixão do marido. Então, com os olhos marejados de lágrimas, ela foi conduzida para fora do cemitério.

Um texto de Eva Ibrahim

Continua na próxima semana.

sexta-feira, 6 de maio de 2016

"A MORTE NADA MAIS É DO QUE UMA DESPEDIDA INESPERADA, QUE NÃO TEMOS O PODER DE CONTESTAR OU EVITAR". AUTOR DESCONHECIDO-- O SILÊNCIO ACENTUA A DOR. EVA IBRAHIM

O CHORO DOÍDO
CAPÍTULO DOIS
             Adele insistiu, queria saber o que acontecera com Rafael, mas, ninguém se dispunha a lhe dizer a verdade. Diziam apenas, que ele passara mal enquanto jogava basquetebol. Seguiram de automóvel os poucos quarteirões que separavam o portão de entrada do clube e a casa de Adele. Ela mal teve tempo de colocar as ideias no lugar, estava vivendo um pesadelo.

          Quando adentraram ao pátio lateral, de onde dava para ver a quadra de basquete, Adele viu que lá havia uma aglomeração.  Então, colocou a mão na boca para calar um grito inesperado; no fundo ela sabia que o caso era muito grave. Em seguida, ao se aproximar ela viu um corpo coberto com um pano branco e o grito espremido saiu dolorido; era seu marido que estava estendido sob aquele tecido branco.

            Adele correu em direção ao local, porém não obteve êxito, foi contida por algumas pessoas ali presentes. Sentaram-na em uma cadeira e trouxeram água com açúcar para ela se acalmar. Durante este tempo as suas filhas chegaram para apoiar a mãe e todas gemeram em alta voz. Rafael, marido e pai exemplar estava morto, caído na quadra de basquetebol.

Enquanto aguardavam o carro do Instituto Médico Legal (IML), a polícia montava guarda para que ninguém se aproximasse do corpo inerte. A família, desesperada, queria ver o seu ente querido e, depois de algum tempo a mulher e filhas puderam se aproximar. 

O choro tomou conta da maioria das pessoas que ali estavam. Até os homens disfarçavam uma ou outra lágrima que teimava em cair. Adele era a desolação em pessoa, trazia nos olhos a dor e a tristeza da perda. Ficou parada olhando o rosto pálido e sem vida de Rafael. Aos poucos a aglomeração foi se dispersando e ficaram alguns amigos e a família aguardando o IML.

            As horas foram passando e o seu marido permanecia caído no chão duro da quadra de basquete; então, inesperadamente ela começou a gritar. Queria leva-lo para casa; não era justo ele ficar ali sem assistência. A polícia argumentou que ele estava morto e tinham que obedecer às leis; ninguém poderia mexer no corpo.

                 Amparada pelas filhas ela se afastou e foi chorar em outro canto. E, quando ela viu o carro do IML adentrar ao local ela se desesperou novamente. Três homens vestidos de roupas brancas e luvas desceram do carro e pegando um cocho abaulado colocaram o corpo dentro e, depois empurraram-no de qualquer jeito para dentro do carro. Então, saíram em desabalada carreira deixando para trás uma família desesperada e sem saber o que fazer.

             No entanto, naquele momento nada poderia ser feito, deveriam esperar a liberação do corpo. Adele e as filhas caminharam para a casa em completa solidão, Rafael já não estava presente. O domingo se despedia deixando o escuro da noite tomar conta de tudo.
Um texto de Eva Ibrahim

Continua na próxima semana.

sexta-feira, 29 de abril de 2016

"AS VEZES, TUDO O QUE VOCÊ PRECISA FAZER É ABAIXAR A SUA CABEÇA, FAZER UMA ORAÇÃO E RESISTIR À TEMPESTADE". AUTOR DESCONHECIDO - CREIA EM DEUS E SIGA EM FRENTE. EVA IBRAHIM

DOMINGO DE MANHÃ
                            CAPÍTULO UM
            O domingo amanheceu lindo, um Sol brilhante e um cheiro de terra molhada, que tomava conta do ar umidificado pela chuva. Durante a noite chovera torrencialmente, parecia que o mundo iria acabar. Uma chuva de verão, que trouxera muito barulho e vento, mas logo que amanheceu passou, e deu lugar a uma manhã esplendorosa.

Na casa de Adele, os filhos ainda dormiam quando ela se levantou para fazer o café. E, ao abrir a porta percebeu que havia muito trabalho a fazer. A chuva deixara muita sujeira das árvores por toda a extensão do quintal, jardim e na rua também. O vento açoitou as árvores e elas perderam folhas e galhos, esparramando-os por toda a parte.

A mulher coou o café e pegando a vassoura começou a varrer o quintal. Então, o seu marido surgiu na porta espreguiçando e dizendo que iria ao supermercado e depois ao clube de campo; havia uma disputa de basquete entre duas equipes rivais. Rafael era um apaixonado por aquele esporte.

Adele serviu o café ao marido; em seguida lhe entregou uma relação de compras necessárias para o almoço de domingo. Então, Rafael saiu e deixou a mulher envolvida com a limpeza da área externa da casa.

Durante um bom tempo ela limpou tudo, em seguida, adentrando a cozinha sentiu um forte calafrio; parou e se benzeu, depois foi cuidar da casa. No entanto, ficara pensativa, não gostava de ter pressentimentos ruins. Adele temia o desconhecido, era uma mulher simples e medrosa; fora criada ouvindo histórias mirabolantes, que a deixavam noites sem dormir.

Rafael chegou reclamando da demora no atendimento dos caixas do supermercado. E, dizendo estar atrasado para seu compromisso do domingo, pegou sua mochila e saiu apressado. Adele não deu importância ao que ele disse, pois era a sua rotina de domingo. O marido voltaria cansado e feliz; depois do banho almoçaria e iria se deitar para descansar.

O almoço estava quase pronto, a mulher estava lavando a verdura, quando alguém bateu palmas em frente ao portão de sua casa, parecia nervoso, pois insistia veementemente. Adele enxugou as mãos e foi verificar o que estava acontecendo e, quando abriu a porta, sentiu novamente o calafrio percorrer seu corpo.

Ali, com expressão de espanto, estavam três conhecidos da mulher, amigos de Rafael, que gaguejavam ao falar. Alguma coisa de muito ruim havia acontecido e eles titubeavam em dizer. Finalmente pediram para a mulher acompanha-los, porque seu marido estava passando mal no clube.                      
  Então, ela desligou o fogão e saiu apressada atrás dos rapazes; estava com o coração nas mãos.
Um texto de Eva Ibrahim

Continua na próxima semana.

sexta-feira, 22 de abril de 2016

"O CAMINHO MAIS BONITO PARA VOCÊ SEGUIR É O QUE FAZ SEU CORAÇÃO VIBRAR, SUA ALMA BRILHAR E SEU CORPO SORRIR". AUTOR DESCONHECIDO.--

O RETORNO
CAPÍTULO SEIS
          No entanto, quando tudo parecia perdido e Lorena já se considerava uma namorada abandonada, eis que aparece o Anselmo querendo conversar com ela. Ele estava ansioso, porém cheio de atenções para com a moça, até lhe trouxera uma caixa de bombons.

Os dois saíram para conversar em uma lanchonete; queria um ambiente neutro, pediu Anselmo.

-A conversa será longa e definitiva, disse o rapaz. Lorena estremeceu;                           
- O que ele queria dizer com aquilo? Será que ele a dispensaria educadamente, como sempre fora o seu jeito de ser?

Pediram sucos e uma porção a moda da casa e, enquanto beliscavam ele se pôs a falar. Havia recebido uma carta de seu superior de quando atuava na obra humanitária dos Médicos Sem Fronteiras. E, este o chamava para completar o serviço, pois, ali havia muito a fazer por tantas pessoas carentes e desabrigadas. Depois de sua saída, houvera um surto de diarreia bacilar por falta de saneamento básico; muitas crianças estavam morrendo de desidratação.

A moça começou a chorar. Entre soluços dizia que não queria que ele fosse embora novamente. Então para sua surpresa, Anselmo a pediu em casamento; estava cansado de ficar só naquele lugar. Ele a queria junto dele. E, para seu espanto lhe disse:

 - Eu te amo Lorena e quero que vá comigo para eu cumprir essa missão. A moça, agora já formada em psicologia, poderia ajuda-lo em seu trabalho

Uma sineta tocou dentro do seu coração, ela mal podia acreditar no que ele acabara de lhe dizer. Anselmo a amava e ela o seguiria para onde ele fosse, nunca mais o deixaria ir sozinho novamente.

Ele pegou suas mãos e a puxou, beijando seus lábios. Naquele momento Lorena entrou em alfa, amava aquele homem e a resposta era sim.

             Chegando a sua casa estava alegre e esbanjando felicidade. Então, pegou os cacos da galinha e tentou colar os pedaços, sentia-se culpada por atribuir a ela a distância que o rapaz lhe impusera. Ela nada influenciara nas atitudes de Anselmo, ele queria aproveitar aquelas férias para se divertir um pouco. Quando pressionado para terminar sua missão, pensara nela e acabara por confessar o seu amor.  

             Durante uma semana o casal se preparou para a viagem e o casamento antes da partida. Todos estavam felizes naquela casa, Lorena seguiria o seu amor independente de qualquer magia ou simpatia. A galinha estava quebrada e fora jogada na lata do lixo.

             Em um domingo de manhã o casal seguiu para o aeroporto com destino a África; estavam muito felizes. A viagem transcorreu sem nenhuma novidade e quando desceram no aeroporto, a moça adentrou ao salão de desembarque e para sua surpresa deu de cara com a banca de lembranças e simpatias para promoção de casamentos.

             Ela parou em frente, enquanto o Anselmo apanhava suas malas e um pensamento lhe ocorreu:

          - Será que a galinha está querendo me dizer para eu comprar outra, já que estou tão feliz?

          Anselmo se aproximou e sorrindo disse a ela que comprasse outra galinha senão o feitiço não vingaria; todos acreditavam nisso naquela terra.

             Lorena sentiu um arrepio pelo corpo e ao invés de comprar uma galinha ela comprou quatro, cada uma de uma raça diferente. Com isso ela queria fortalecer os laços dela com a simpatia africana para não ter surpresas no futuro. Chegou exultante à nova casa e colocou as quatro galinhas na estante de Anselmo e quando saiu dali piscou para elas, que eram suas aliadas em se tratando de magias para prender marido.

       Termina aqui a história das galinhas africanas, que tem poder de promover casamentos, segundo a crença popular do norte da áfrica.
 Um texto de Eva Ibrahim


sexta-feira, 15 de abril de 2016

"EU SEM VOCÊ SOU SÓ DESAMOR. UM BARCO SEM MAR, UM CAMPO SEM FLOR. TRISTEZA QUE VAI, TRISTEZA QUE VEM. SEM VOCÊ, MEU AMOR, EU NÃO SOU NINGUÉM". VINÍCIUS DE MORAES

TRAVESSURAS
CAPÍTULO CINCO
O domingo chegou e a moça estava deprimida, pois a semana transcorrera num verdadeiro marasmo, parecia que Anselmo também a pusera de castigo. Mas, com ela fora diferente; ele a colocara na geladeira. O rapaz não dera sinal de vida e ela temia que ele não a quisesse mais.

 A manhã transcorreu monótona e rotineira, porém, pouco antes da hora do almoço parou um automóvel em frente à casa de Lorena. E, dele apearam seus tios e cinco primos com duas crianças pequenas, netos do casal de tios.

Foi um alvoroço, sua mãe queria atender a família da irmã da melhor forma possível e as mulheres tiveram que enfrentar o fogão; as visitas estavam famintas. Viajaram por três horas até chegarem ali e as crianças queriam comer na casa da tia. Lorena ajudou sua mãe e depois foi tomar banho, iria sair para se livrar de tantas visitas.

A moça estava no chuveiro quando ouviu um barulho e depois uma porção de gritos de criança; em seguida os latidos do seu cachorro. Lorena sentiu um arrepio; o peludo raramente latia, somente quando o caso era sério; então, percebeu que as crianças haviam quebrado alguma coisa, pois, gritos de censura dos pais eram alarmantes.

Lorena tratou de desligar o chuveiro e se apressar em colocar suas roupas para ir verificar o acontecido; estava apreensiva com tanto barulho na casa. Quando saiu do banheiro, ainda com a toalha prendendo os cabelos ela deu de cara com sua mãe e a tia lhe pedindo calma.

As crianças haviam derrubado a galinha da estante e o peludo a mordera; estava em estado lastimável. A galinha perdera as penas do rabo e estava corroída em grande extensão do corpo. A moça tremeu, desconfiava que aquilo queria dizer que o seu amor estava por um fio.

Foi procurar o Peludo, queria lhe dar uns tabefes. No entanto ao avistá-lo percebeu que era apenas um cão e que mordera a galinha por instinto, não havia maldade naquela criatura, que ao vê-la abanou o rabo. As crianças trataram de se esconder, temiam a fúria da prima.

A moça se conteve, estava desolada, não sabia o que fazer. Em seguida, pegando a galinha, olhou para ela com desconfiança e, sentiu que poderia estar enganada em sua crença. A galinha estava mordida, suja e sem as penas do rabo; perdera seu encanto. Parecia ser, apenas, um objeto comum, um mito africano que perdera sua magia e não havia nada que provasse que tinha poder sobre a vida dela. 

No entanto, Lorena estava muito suscetível aos últimos acontecimentos com Anselmo e queria uma explicação para sua ausência.

 Um texto de Eva Ibrahim Continua na próxima semana.

sábado, 9 de abril de 2016

"EM CADA UM DE NÓS HÁ UM SEGREDO, UMA PAISAGEM INTERIOR COM PLANÍCIES INVIOLÁVEIS, VALES DE SILÊNCIO E PARAÍSOS SECRETOS". ANTOINE DE SAINT EXUPÉRY-- NUNCA DEIXE DE SONHAR- EVA IBRAHIM

       NA ESTANTE

                                           CAPÍTULO QUATRO
Lorena se atirou aos pés de Anselmo, chorou, esperneou, mas nada adiantou, ele estava determinado; se ela insistisse ele a abandonaria e adeus ao namoro. Teriam que amadurecer a ideia para, então, depois pensarem em noivado. 

- Era muito cedo para um compromisso tão sério, afirmou o rapaz com convicção.

O encontro terminou em lágrimas e com o rapaz saindo abruptamente. A moça, desesperada, adentrou ao seu quarto com muita raiva no coração, pela decepção sofrida. Não queria falar com ninguém e se jogou na cama; estava em prantos.

Depois de muitas lágrimas ela lembrou-se da galinha e pegando-a com raiva disse que a culpa era dela, que não fizera o serviço direito, isto é: não protegera o seu namoro como devia. Em seguida, pensou em jogá-la na lata do lixo, porém, achou melhor lhe dar uma chance; poderia precisar dela posteriormente.

A galinha teria um castigo até que o Anselmo fizesse as pazes com ela. Pensou e resolveu coloca-la na estante até a sua situação melhorar, estava muito magoada para deixa-la em seu lugar de honra.

– Vai ficar abandonada entre os livros esquecidos na estante, assim aprenderá a cuidar melhor dos interesses de sua dona.

E, com ar vitorioso voltou para a cama, estava vingada. Acordou no dia seguinte com os olhos inchados, os cabelos eriçados e uma grande dor de cabeça. Quando olhou para o espelho, quase desmaiou, estava horrível; ninguém poderia vê-la daquele jeito. 

Correu para o chuveiro para tentar melhorar sua aparência. Amenizou apenas, as marcas da noite mal dormida continuaram em seu rosto; demoraria dias para voltar ao normal.

A galinha continuava jogada entre os livros esquecidos na estante, era seu castigo.
 - Que espécie de amuleto era aquele que não a protegera da decepção? Pensava Lorena, desconfiada.

 A moça estava visivelmente magoada com tudo e com todos. O dia se foi lentamente e quando a noite chegou ela resolveu ligar para o Anselmo, que não dera sinal de vida durante todo o dia. Ele atendeu secamente e disse que tinha combinado jogo com os amigos e não poderia encontrá-la.

Lorena ficou furiosa, pois ele estava frio e distante, então pensou que era coisa da galinha. Foi até a estante e a chacoalhou gritando furiosa:
- Se o Anselmo não retornar para mim eu vou coloca-la na lata do lixo.

Em seguida a jogou sobre os livros, deixando-a caída na estante de qualquer jeito. Depois, a moça deu-lhe as costas e saiu pisando duro. Pelo jeito a galinha ficaria ali por muito tempo, pois o Anselmo não queria saber de noivado tão cedo.

Atribuir poder a um objeto e depois cobrar dele atitudes, faz parte de mentes crédulas no invisível.

Um texto de Eva Ibrahim. Continua na próxima semana.
MEU MUNDO REINVENTADO.

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