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sexta-feira, 15 de abril de 2016

"EU SEM VOCÊ SOU SÓ DESAMOR. UM BARCO SEM MAR, UM CAMPO SEM FLOR. TRISTEZA QUE VAI, TRISTEZA QUE VEM. SEM VOCÊ, MEU AMOR, EU NÃO SOU NINGUÉM". VINÍCIUS DE MORAES

TRAVESSURAS
CAPÍTULO CINCO
O domingo chegou e a moça estava deprimida, pois a semana transcorrera num verdadeiro marasmo, parecia que Anselmo também a pusera de castigo. Mas, com ela fora diferente; ele a colocara na geladeira. O rapaz não dera sinal de vida e ela temia que ele não a quisesse mais.

 A manhã transcorreu monótona e rotineira, porém, pouco antes da hora do almoço parou um automóvel em frente à casa de Lorena. E, dele apearam seus tios e cinco primos com duas crianças pequenas, netos do casal de tios.

Foi um alvoroço, sua mãe queria atender a família da irmã da melhor forma possível e as mulheres tiveram que enfrentar o fogão; as visitas estavam famintas. Viajaram por três horas até chegarem ali e as crianças queriam comer na casa da tia. Lorena ajudou sua mãe e depois foi tomar banho, iria sair para se livrar de tantas visitas.

A moça estava no chuveiro quando ouviu um barulho e depois uma porção de gritos de criança; em seguida os latidos do seu cachorro. Lorena sentiu um arrepio; o peludo raramente latia, somente quando o caso era sério; então, percebeu que as crianças haviam quebrado alguma coisa, pois, gritos de censura dos pais eram alarmantes.

Lorena tratou de desligar o chuveiro e se apressar em colocar suas roupas para ir verificar o acontecido; estava apreensiva com tanto barulho na casa. Quando saiu do banheiro, ainda com a toalha prendendo os cabelos ela deu de cara com sua mãe e a tia lhe pedindo calma.

As crianças haviam derrubado a galinha da estante e o peludo a mordera; estava em estado lastimável. A galinha perdera as penas do rabo e estava corroída em grande extensão do corpo. A moça tremeu, desconfiava que aquilo queria dizer que o seu amor estava por um fio.

Foi procurar o Peludo, queria lhe dar uns tabefes. No entanto ao avistá-lo percebeu que era apenas um cão e que mordera a galinha por instinto, não havia maldade naquela criatura, que ao vê-la abanou o rabo. As crianças trataram de se esconder, temiam a fúria da prima.

A moça se conteve, estava desolada, não sabia o que fazer. Em seguida, pegando a galinha, olhou para ela com desconfiança e, sentiu que poderia estar enganada em sua crença. A galinha estava mordida, suja e sem as penas do rabo; perdera seu encanto. Parecia ser, apenas, um objeto comum, um mito africano que perdera sua magia e não havia nada que provasse que tinha poder sobre a vida dela. 

No entanto, Lorena estava muito suscetível aos últimos acontecimentos com Anselmo e queria uma explicação para sua ausência.

 Um texto de Eva Ibrahim Continua na próxima semana.

sábado, 9 de abril de 2016

"EM CADA UM DE NÓS HÁ UM SEGREDO, UMA PAISAGEM INTERIOR COM PLANÍCIES INVIOLÁVEIS, VALES DE SILÊNCIO E PARAÍSOS SECRETOS". ANTOINE DE SAINT EXUPÉRY-- NUNCA DEIXE DE SONHAR- EVA IBRAHIM

       NA ESTANTE

                                           CAPÍTULO QUATRO
Lorena se atirou aos pés de Anselmo, chorou, esperneou, mas nada adiantou, ele estava determinado; se ela insistisse ele a abandonaria e adeus ao namoro. Teriam que amadurecer a ideia para, então, depois pensarem em noivado. 

- Era muito cedo para um compromisso tão sério, afirmou o rapaz com convicção.

O encontro terminou em lágrimas e com o rapaz saindo abruptamente. A moça, desesperada, adentrou ao seu quarto com muita raiva no coração, pela decepção sofrida. Não queria falar com ninguém e se jogou na cama; estava em prantos.

Depois de muitas lágrimas ela lembrou-se da galinha e pegando-a com raiva disse que a culpa era dela, que não fizera o serviço direito, isto é: não protegera o seu namoro como devia. Em seguida, pensou em jogá-la na lata do lixo, porém, achou melhor lhe dar uma chance; poderia precisar dela posteriormente.

A galinha teria um castigo até que o Anselmo fizesse as pazes com ela. Pensou e resolveu coloca-la na estante até a sua situação melhorar, estava muito magoada para deixa-la em seu lugar de honra.

– Vai ficar abandonada entre os livros esquecidos na estante, assim aprenderá a cuidar melhor dos interesses de sua dona.

E, com ar vitorioso voltou para a cama, estava vingada. Acordou no dia seguinte com os olhos inchados, os cabelos eriçados e uma grande dor de cabeça. Quando olhou para o espelho, quase desmaiou, estava horrível; ninguém poderia vê-la daquele jeito. 

Correu para o chuveiro para tentar melhorar sua aparência. Amenizou apenas, as marcas da noite mal dormida continuaram em seu rosto; demoraria dias para voltar ao normal.

A galinha continuava jogada entre os livros esquecidos na estante, era seu castigo.
 - Que espécie de amuleto era aquele que não a protegera da decepção? Pensava Lorena, desconfiada.

 A moça estava visivelmente magoada com tudo e com todos. O dia se foi lentamente e quando a noite chegou ela resolveu ligar para o Anselmo, que não dera sinal de vida durante todo o dia. Ele atendeu secamente e disse que tinha combinado jogo com os amigos e não poderia encontrá-la.

Lorena ficou furiosa, pois ele estava frio e distante, então pensou que era coisa da galinha. Foi até a estante e a chacoalhou gritando furiosa:
- Se o Anselmo não retornar para mim eu vou coloca-la na lata do lixo.

Em seguida a jogou sobre os livros, deixando-a caída na estante de qualquer jeito. Depois, a moça deu-lhe as costas e saiu pisando duro. Pelo jeito a galinha ficaria ali por muito tempo, pois o Anselmo não queria saber de noivado tão cedo.

Atribuir poder a um objeto e depois cobrar dele atitudes, faz parte de mentes crédulas no invisível.

Um texto de Eva Ibrahim. Continua na próxima semana.

sexta-feira, 1 de abril de 2016

"AS GALINHAS DO EXTREMO NORTE DA ÁFRICA SÃO FEITAS DE MATERIAL LEVE, PINTADAS, ORNADAS E COM RABOS DE GALINHAS VIVAS. DEVEM SER GANHADAS E NUNCA COMPRADAS. É UMA LEMBRANÇA QUE TRAZ PROTEÇÃO, AMOR FIEL E CASAMENTO PARA AS SOLTEIRAS".SENSO COMUM--- O AMULETO TORNA A PESSOA CORAJOSA. EVA IBRAHIM

                                         O AMULETO
                                CAPÍTULO TRÊS
           Anselmo trouxera a galinha como falta de opção, pois, não tinha comprado nada para Lorena e, no aeroporto ele se deparou com um quiosque de lembrancinhas; então, optou por comprar a galinha para ela. Era uma lembrança que a maioria das moças africanas gostavam de ganhar; era um amuleto da sorte para as moças que queriam se casar.

          Ele pensou que seria apropriado levar alguma coisa para sua namorada, que lembrasse o lugar onde estivera aquele tempo todo. Em nenhum momento ele se preocupou com o que ela iria pensar, apenas agiu por impulso e nunca poderia imaginar o efeito que o presente teria sobre ela.

A galinha ganhara um lugar especial no criado mudo da moça, ficava sobre o rádio relógio e era objeto de beijos, afagos e pedidos inusitados de conquista amorosa e até casamento. Claro que o desejado e conquistado era o Anselmo, que não imaginava estar sendo assediado através de uma galinha.

A galinha tornara-se o objeto mais precioso do mundo para Lorena, ele era o seu amuleto da sorte. O que a tornara confiante e poderosa em relação ao seu namoro. A partir desse dia ela começara a se preparar para o casamento, pois, acreditava que a galinha fora o sinal tão esperado do amor de Anselmo por ela.

A sensação que ela tinha era de que o seu corpo estava fechado com relação ao amor de Anselmo. Tudo estava escrito e nada poderia interferir em sua vida. Sentia-se poderosa e determinada; nada faria Anselmo se afastar dela.

            Começara a comprar seu enxoval e acumular coisas para o grande dia; vivia em estado de graça e não percebeu que o namorado já não lhe dava tanta atenção; vivia rodeado de amigos farristas. Sempre em meio a um grupo descompromissado com as convenções sociais; o rapaz estava resgatando o tempo em que estivera se preparando para sua carreira.

          Ela ligava e combinavam sair, então, se encontravam como namorados que eram. E, logo o rapaz tratava de ir embora, mas ela estava envolvida com a situação, e não percebia a falta de interesse do namorado. Quando ele dizia estar cansado, ela achava normal e nada questionava.

         Assim os meses foram passando e quando chegou o mês de junho ela queria ficar noiva no dia dos namorados, porém Anselmo não pensava em se amarrar com ninguém. Tinha outros planos, no entanto precisava ser claro com Lorena ou estaria em uma situação crítica, da qual não conseguiria se desvencilhar.

No entanto, não teve jeito, a situação se agravou quando ele disse que não queria ficar noivo, que tinha outros planos, ela se pôs a chorar desesperadamente gritando:
- Eu te amo e quero casar com você.

 Um texto de Eva Ibrahim. Continua na próxima semana.

sábado, 26 de março de 2016

"NÓS NÃO VEMOS O QUE VEMOS, NÓS VEMOS O QUE SOMOS. SÓ VEEM AS BELEZAS DO MUNDO, AQUELES QUE TEM BELEZAS DENTRO DE SI". RUBEM ALVES---AFINIDADE NÃO SE EXPLICA. EVA IBRAHIM

ÊXTASE
                                                 CAPÍTULO DOIS
           Quando Anselmo surgiu no portão de desembarque, Lorena sentiu que iria desmaiar de tanta felicidade, mas logo se apoiou no balcão da recepcionista e tratou de respirar fundo. Não queria dar vexame em frente ao seu amor; não era hora para dramas.

          Ele se aproximou com o carrinho de bagagem e de repente, quando a viu, parou e sorriu para ela que foi ao seu encontro, deixando-se beijar em meio às pessoas, que olhavam sorrindo para o casal.  Mais um encontro acontecia no aeroporto, unindo ou separando as pessoas que estavam em trânsito; as emoções estavam no ar.

        Depois saíram abraçados, pareciam visivelmente felizes. Naquele momento nada mais importava, estavam em êxtase. Lorena prometera a si mesma que nunca mais o deixaria ir sozinho a lugar algum. 

           No entanto, o que ela não sabia é que durante o ano que passou ele conheceu uma colega de trabalho, que o fez balançar por diversas vezes. Anselmo pensara seriamente em abandonar Lorena. A presença diária da colega mexia com ele e como estava carente, caiu nos braços de Ana, que o satisfazia plenamente.

      Entretanto, a moça por quem Anselmo estava interessado teve que retornar à sua casa, pois, seu pai havia sofrido um acidente e ela precisou cuidar dele; era a médica da família. A sorte favoreceu Lorena que o aguardava ansiosamente; acreditava que ele também a amava.

.      Ela sentia saudades de Anselmo, que quando se fora ainda era seu namorado e a deixara para perseguir seus sonhos. O rapaz, com retorno marcado, estava sozinho e, de regresso para sua casa resolveu voltar para Lorena, embora já não a amasse, ela poderia consolá-lo.

A moça percebeu que ele estava frio e distante, já não tinha os arroubos dos primeiros tempos; apenas correspondia as suas investidas. No entanto, ela tinha muito amor para dar e faria tudo para reconquistá-lo. Para ela não importava o que houvesse acontecido, e também não queria saber de nada; Anselmo estava ali e isso era o que lhe interessava.

Durante todo o ano ela nunca pensara em outra pessoa; permanecera fiel ao namorado. Anselmo chegou alegre e sorridente, estava de volta à sua terra. Queria agradar a todos, trouxera alguns presentes para os familiares e para ela uma galinha da sorte, que lá na África era tida como presente obrigatório para os namorados.

Quando ela recebeu a galinha ficou muito feliz, pois sabia da lenda que envolvia o presente. Anselmo havia contado a ela, em um cartão postal, a estranha lenda que  fazia parte do folclore daquele povo carente. Lorena ficou em êxtase; estava muito contente.

Um texto de Eva Ibrahim. Continua na próxima semana.

sábado, 19 de março de 2016

'O VERDADEIRO AMOR CHEGA NÃO QUANDO ALGUÉM DIZ QUE NOS AMA, MAS QUANDO OLHA NOS NOSSOS OLHOS E SEM DIZER UMA PALAVRA, NOS CONVENCE DE QUE SOMOS AMADOS". Pe. FÁBIO DE MELO-- EU SÓ PRECISO DE VOCÊ... EVA IBRAHIM

EU TE AMO

CAPÍTULO UM
           O automóvel parou no meio fio e a moça desceu rapidamente adentrando ao aeroporto internacional de Cumbica, estava visivelmente apressada. Chegou esbaforida ao guichê de informações; gesticulava sem parar, queria saber do voo que deveria chegar da Turquia. A recepcionista a tranquilizou, o avião estava com atraso de uma hora, deveria taxiar nos próximos vinte minutos.

            Lorena agradeceu e deu um passo para trás, estava aliviada; o seu amor ainda não havia chegado. Temia que houvesse perdido a chegada do voo, pois, ficara presa no trânsito, que estava quase parado.

           A emoção tomava conta daquele coração aflito, seu amor chegaria naquele voo, que ela aguardava ansiosamente, pois estavam separados fazia dez meses. Ele estava servindo no norte da África em missão no programa de médicos sem fronteiras.  Foi um tempo longo e sofrido; a espera judiou da moça, que era apaixonada por Anselmo.

            O namorado se formara a três anos na faculdade de medicina e tinha como meta de vida conhecer outros países; queria trabalhar em programas humanitários. Era um excelente aluno e muito respeitado pelos professores. Quando se formou logo se inscreveu no programa “Médicos sem fronteiras”, tinha chances diziam as pessoas que o conheciam.

            Depois de muitas provas e a documentação exigida ele foi convocado a participar do programa e realizar seu sonho. Anselmo estava feliz, iria trabalhar nos campos de refugiados ao norte da África onde a necessidade de médicos era urgente.

         O rapaz partiu em uma segunda feira de manhã, mas deixou para trás uma jovem chorosa; era sua namorada. Anselmo e Lorena iniciaram o namoro fazia dois anos, a moça era estudante de psicologia e ainda tinha um ano inteiro de aulas pela frente.

         Anselmo tentou terminar o namoro porque não queria se prender e nem deixar Lorena presa a ele. Mas, a moça não aceitou e como ele a amava continuaram comprometidos.

         Foi um ano difícil para o rapaz, no entanto, ele tinha pouco tempo para sentir saudades. Mas, Lorena sentia-se solitária, amava Anselmo e entrara em depressão depois que ele partiu. 
         No entanto, quando recebeu o e-mail que dizia que ele voltaria naquele dia, ela chorou até se cansar e depois foi se preparar para recebe-lo.

Um texto de Eva Ibrahim. Continua na próxima semana.

sexta-feira, 11 de março de 2016

"TODOS OS NOSSOS SONHOS PODEM TORNAR-SE REALIDADE SE TIVERMOS A CORAGEM DE PERSEGUI-LOS". WALT DISNEY-- OS MILAGRES ESTÃO POR TODA PARTE. EVA IBRAHIM

O AMOR É TUDO
CAPÍTULO NOVE
          Cada dia que passava Vitória ficava mais surpresa, pois se pegava pensando no Júlio; o rapaz não saia de sua cabeça. Mal se lembrava de Edu e também pouco se importava em saber se ele ainda estava com a loira vistosa.

          Estava se apegando ao novo amor; aquele rapaz a quem ela desprezara, agora era o centro de sua atenção. Vitória nunca poderia imaginar um Júlio tão envolvente e carinhoso; se mostrara o mais galante dos companheiros.

        Ele tinha a capacidade de surpreendê-la com carinhos inesperados. Certo dia, ele a surpreendeu com músicas românticas, que a comoveram tanto que as lágrimas escorreram de seus olhos sem ela querer. Quando tocou o “Amor se fim” ela se deu conta de que estava apaixonada por Júlio.

         Júlio a tratava com tanto carinho, que ela se sentia muito importante. Nunca antes, fora tratada daquele jeito; ele tinha muito amor para dar, era criativo e galante. A cada novo dia ele a surpreendia com um carinho diferente, flores, chocolates, mensagens de amor e outros, na verdade, ela nunca esteve tão feliz.


         O rapaz estava nas nuvens e muito feliz por ter conquistado a mulher que ele sempre quisera. E, agora ela também o queria como namorado e estava pronta para assumir um compromisso mais sério. 
        
       Os dois saiam para comer ou dançar e os conhecidos ficavam espantados em ver um amor tão bonito, vivido por pessoas que ficaram juntos por acaso. Pareciam dois pombinhos arrulhando o tempo todo. O amor se impôs àqueles corações, que apaixonados queriam ficar juntos para sempre.

         Então, quiseram ficar noivos em uma festa na praia; um Lual entre amigos e, lá dançaram até o Sol raiar. Depois foram para casa e dormiram nos braços um do outro. Pensavam em casar-se no ano seguinte, porém já viviam como marido e mulher; dormiam juntos, ora na casa dele, ora na casa dela.

        Assim, depois de alguns meses, Vitória estava grávida de Júlio, que a amava muito. Para ele foi uma alegria geral e motivo para antecipar o casamento. A família tratou de formalizar a situação e promoveram o casamento dos futuros pais de Maria Carolina, a menina que o ultrassom detectara.

         Em uma festa familiar aconteceu o casamento de Vitória e Júlio, que com um sorriso vitorioso no rosto fez um discurso, cujo final terminou assim;

          - Vitória, meu grande amor, você é a luz do meu mundo.


Termina aqui a história de um amor pouco provável, mas que se tornou o centro da vida de duas pessoas, que se amaram para sempre. 
MEU MUNDO REINVENTADO.

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