MOSTRAR VISUALIZAÇÕES DE PÁGINAS

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

"FELICIDADE NÃO DEPENDE SÓ DOS CAMINHOS QUE ESCOLHEMOS SEGUIR, MAS TAMBÉM DAS PESSOAS QUE ESCOLHEMOS PARA NOS ACOMPANHAR". AUTOR DESCONHECIDO. - EU CREIO NA MAGIA DO NATAL. EVA IBRAHIM

FELIZ NATAL
CAPÍTULO DEZ.
            Valmir arrumou uma casa em outro bairro para a família do irmão morar. Um lugar onde ninguém soubesse do drama vivido por Vitório; ali entre pessoas desconhecidas ficaria mais fácil recomeçar. Alda estava feliz em ter outra casa e sua família unida novamente; daria todo o apoio ao marido.

            As crianças voltariam à escola e a Igreja evangélica, que tão bem os acolhera. Ela tinha certeza que o Deus dos milagres estava agindo em sua vida e nunca mais se perderia dos ensinamentos recebidos ali.

A escola do bairro era grande e bonita, Ana ficou feliz em seu primeiro dia de aulas. Ficara para trás a turma complicada, da qual ela fazia parte e, que sempre se encontrava em apuros. Foi recebida pelos novos colegas e logo simpatizou com Larissa, que se tornou sua companheira inseparável. A menina era amiga para todas as horas, viviam juntas a maior parte do tempo.

 A Ana Banana ficara para trás, agora era uma garota de quatorze anos, que juntamente com Larissa cantava no coro da Igreja e despertava o interesse dos meninos. Consequentemente passou a se cuidar melhor, tornando-se uma bela e moderna garota.

                O pai voltara a trabalhar e a vida parecia tomar seu rumo. Alda cuidava da casa, dos filhos menores e ajudava a cuidar da Igreja; tornara-se uma irmã de fé. Nas horas vagas fazia artesanato para vender e ajudar o marido. No entanto, ainda não cumprira sua promessa de levar o marido para a Igreja, sentia-se em dívida com Deus. Vitório sempre arrumava uma desculpa para não ir; já a Ana gostava de cantar no coro.

                O ano passou rápido e Vitório cumpriu todas as atividades comunitárias, que lhe foram impostas. Ana tornara-se cantora do coro da Igreja e o pai lhe prometera que na Noite de Natal ele iria assistir ao culto para ouvi-la cantar. E, aproveitaria para pedir perdão a Deus pelos seus pecados. Alda ficou feliz, finalmente iria pagar sua dívida e ficar quites com Deus. No entanto, mais um ano inteiro se passou e o marido se esquivou da promessa feita; dizia que iria no Natal. 

            Naquele Natal faria dois anos do trágico acontecimento, que envolvera a família. Alda e as crianças foram à Igreja, era noite de Natal, entretanto, o marido estava viajando e não chegara a tempo; por isso havia uma insatisfação no ar. Ana não queria se apresentar, pois o pai não estaria presente. E, ela se esforçara tanto para vê-lo orgulhoso dela; tornara-se uma moça bonita e bem cuidada.

           Com o drama vivido pela família muita coisa mudou; o pai ficou mais tolerante, a mãe aumentou sua fé em Deus, tornando-se uma pessoa melhor. A Ana ficou longe das más companhias e passou a ver sua família com mais amor. Os dois meninos ficaram mais obedientes e estudiosos.

               A menina estava triste, ficara sentada em um canto aguardando o início do culto. Nada tinha graça, queria sua família reunida; agora ela sabia que amava o pai e que era amada por ele. Depois de duas apresentações de cantores louvando a Deus, Ana estava absorta, revivendo toda aquela história do acidente. Então, uma mão se apoiou em seu ombro. Ana virou-se imediatamente e um sorriso saiu de seus lábios, depois veio o grito:

            – Pai, você veio?

            - Corri como um louco para assistir à apresentação da minha menina. Estou aqui Ana e sempre estarei aonde vocês estiverem; sem a minha família não sou ninguém.

A menina levantou-se, abraçou o pai e seguiu para sua apresentação no palco. Vitório foi reunir-se ao resto da família. Enquanto a Ana cantava seu louvor a Deus, seu pai abraçava a esposa e lhe dizia:

- Feliz Natal mulher, eu te amo.

Alda sorriu com o coração, cumprira sua promessa, o marido estava na Igreja do Deus dos milagres. Quando o culto terminou saíram abraçados e felizes ao som dos badalos do sino da Igreja matriz; era meia noite. O casal olhou para o alto e uma estrela caiu. Vitório apertou a mulher e disse:

- Feliz Natal para você também pequeno anjo!

Sua voz estava embargada pela emoção, pois pensou no menino que caíra sob a roda de seu caminhão, então, duas lágrimas escorreram pelo seu rosto indo morrer em seus lábios. Alda se aconchegou, ainda mais, junto ao peito do marido; aquilo tudo pertencia ao passado.
 Termina aqui a história de uma família que aprendeu muito com o drama vivido.
 Um texto de Eva Ibrahim.


quinta-feira, 5 de novembro de 2015

"CADA LÁGRIMA ROLADA É UM DESABAFO DA ALMA CANSADA". PROJOTA - É PRECISO CHORAR PARA DIMINUIR O TAMANHO DA DOR. EVA IBRAHIM

A ESPERANÇA ESTÁ NO AR
                                                CAPÍTULO NOVE                                                                                      
             Vitório parecia muito mais jovem depois do banho tomado e a visita ao cabeleireiro. Alda o abraçou com carinho, estava com saudades do marido; fazia tempo que ele não a procurava. Estava vivendo num mundo escuro onde não havia lugar para o amor. Se isolara do mundo, não queria saber de nada que o fizesse se lembrar do acidente. Por isso bebia até ficar entorpecido e impedido de raciocinar.

              Entretanto, com a boa nova, os olhos de Vitório ganharam um brilho diferente, havia uma esperança no ar. O irmão lhe trouxera a melhor notícia do mundo; as testemunhas depuseram a seu favor.

               Naquela noite o jantar foi festivo, havia alegria naquela casa. A Ana também abraçou o pai.

              - Agora está bonito e cheiroso, disse a menina ao beijá-lo.

             O pai ficou surpreso ao receber tamanha manifestação de carinho, pois a filha era arredia e parecia não gostar dele.

            – Eu também sou grosso com ela, pode ser apenas uma maneira dela se proteger de minha estupidez e do mundo. Pensou o pai cismado, porém feliz.

Valmir acompanhou o irmão e o advogado até o fórum da cidade. Vitório precisava de apoio naquele momento crucial em sua vida. Enquanto isso, Alda orava ajoelhada no chão do quarto da casa da sogra. Se agarrava a esperança acenada pelo cunhado.  Com toda a fé do mundo pedia a Deus para Vitório ser absolvido. Foram horas de ansiedade, a vida da família dependia da decisão do Juiz; seria o céu ou o inferno.

                Quando Vitório chegou, Alda ficou assustada, pois ele estava com os olhos vermelhos de tanto chorar. Ela foi logo perguntando qual foi a decisão do Juiz.

                - O Vitório foi absolvido, entretanto terá que prestar serviços para a comunidade porque estava embriagado no dia do acidente. Afirmou o irmão que o acompanhara.

              - E, qual o motivo da tristeza se o melhor aconteceu? Perguntou a mulher aflita.

                 Vitório abraçou a mulher e chorando lhe disse que não sabia consolar a família do menino atropelado; estava desolado.

             - O acidente ficara cravado em meu coração, dói como um punhal. Os pais do menino estavam lá e eu não sabia o que dizer; me deu muita pena do casal. Estavam tristes e desconsolados.

            - Foram vítimas das circunstâncias, ninguém consegue prever ou impedir tais fatos. São desígnios de Deus e temos que aceitar, ponderou a mulher entristecida.

            – Vamos viver nossa vida da melhor forma possível e pedir a Deus que tenha misericórdia daquela família. Alda concluiu abraçando o marido, que voltara à vida.

            Vitório sorriu, estava ansioso para voltar ao trabalho nas estradas. Era um caminhoneiro e ansiava pelo ar puro no rosto; sentia falta do asfalto em sua frente. Perdera seu antigo emprego após o acidente, entretanto, era experiente e logo conseguiria outro lugar para trabalhar.
 Um texto de Eva Ibrahim.

Continua na próxima semana.

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

"TER FÉ É ASSINAR UMA FOLHA EM BRANCO E DEIXAR QUE DEUS ESCREVA NELA O QUE QUISER. AUTOR DESCONHECIDO. - CAMINHE, APESAR DOS OBSTÁCULOS. EVA IBRAHIM.


A FÉ MAIOR
CAPÍTULO OITO
Alda estava animada, parecia ter descoberto a saída para todos os seus problemas. A igreja lhe dava forças para acreditar que Vitório voltaria a ser a mesma pessoa de antes do acidente, ou talvez melhor que antes, já que era um homem violento e grosseiro. No entanto, de qualquer maneira seria melhor que aquele que se apresentava no momento.

 A mulher depositava toda sua esperança nessa fé que crescia em seu coração. O Deus dos milagres ouvia todas as preces sinceras e atendia a quem tinha merecimento, dizia o Pastor da Igreja Evangélica. E, ela presenciava os testemunhos dos fiéis, que se emocionavam ao contar as graças recebidas.

Os cultos eram elucidativos e tocantes; a música tocava a alma. Alda tinha consciência de que era uma pecadora, mas pedia perdão a Deus todos os dias e agradecia por tudo que recebia; então, esperava por um milagre em sua vida. No entanto, ela não percebia que o milagre já estava acontecendo, pois, a alegria e a esperança tomaram conta de seus dias.

Ela e as crianças se arrumavam para ir à casa de Deus quando ela ouviu um automóvel parar em frente à casa. Era o Valmir, irmão do marido; ao ver o cunhado descer do automóvel seu coração disparou. Com certeza trazia notícias do Inquérito movido contra Vitório.

                O rapaz estava alegre e trouxera boas notícias; dois homens que presenciaram o acidente depuseram a favor de Vitório. Afirmaram, em depoimento, que o caminhoneiro não vira o menino, que caiu da bicicleta atrás das rodas do veículo. Com esses esclarecimentos, o Delegado dissera que melhorou muito a situação de Vitório e o juiz poderia mandar arquivar o caso. Entretanto, ele poderia ser condenado a prestar serviços à comunidade por estar bêbado.

                Quando Vitório chegou o irmão mal o reconheceu; estava sujo, barbudo e cabeludo. Abrindo os braços, Valmir gritou:

             - De cá um abraço, burro velho, trago boas notícias. Duas testemunhas depuseram a seu favor; ânimo homem.

                Os olhos de Vitório encheram-se de lágrimas, realmente não vira o menino.
              – Foi um acidente, não tive culpa.

                - Depois vamos ao barbeiro para cuidar dessa carcaça velha, quero que fique apresentável. Amanhã você tem uma audiência com o Juiz. Enfatizou Valmir autoritário.

                Finalmente o homem esboçou um sorriso; em seguida agradeceu ao irmão, abraçando-o.
                Alda também abraçou o marido, que estava afastado do mundo desde o acidente. A velha mãe acariciou os cabelos maltratados do filho, que se virou e recebeu um beijo carinhoso. As crianças se aproximaram e abraçaram o pai com amor. Ana se afastou dizendo que o pai estava fedido e todos caíram na risada.

            - É a mais pura verdade, cheira a lixo podre, deve tomar um banho urgente; disse a menina saindo da sala.

Ninguém se importou com a grosseria da filha, estavam felizes com a possibilidade daquela tortura acabar. Valmir saiu dizendo que iria ao mercado fazer umas compras para o jantar. Foi acompanhado das crianças, que queriam comprar guloseimas. Enquanto isso, Vitório tomava banho para tirar a sujeira, que juntara nos dias escuros que vivera.

Alda entrou em seu quarto, se ajoelhou ao lado da cama e agradeceu a Deus, que estava atendendo suas súplicas. Sentia-se em estado de graça, pois, em seu peito existia uma fé maior que tudo. Ela podia perceber a presença do Deus dos milagres em sua vida. 
Um texto de Eva Ibrahim.
Continua na próxima semana

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

"HABITUE-SE A OUVIR A VOZ DO CORAÇÃO. É ATRAVÉS DELE QUE DEUS FALA CONOSCO E NOS DÁ A FORÇA QUE NECESSITAMOS PARA SEGUIR EM FRENTE". IRMÃ DULCE - SIGA O SEU CORAÇÃO. EVA IBRAHIM

A VOZ DO CORAÇÃO
CAPÍTULO SETE
Durante duas horas houve louvor a Deus e cantoria naquele local; alguns testemunhos de pessoas emocionadas e a pregação do evangelho pelo Pastor. Alda permanecia quieta e com pensamento fixo em algo maior; um anjo, uma entidade de luz ou o próprio Jesus. Queria que ouvissem o seu coração, pois era ali que estavam guardadas todas as amarguras e aflições de sua vida. Ela podia sentir o coração pulsando acelerado e querendo sair pela boca; estava ansiosa demais.

Não era religiosa, entretanto, trazia consigo ensinamentos que a levavam a acreditar que o mundo era regido pelo bem e o mal, o céu e o inferno. Essas dualidades estavam sempre presentes na vida das pessoas e aquela que fosse alimentada seria a dominante em cada ser; Alda acreditava nisso.

Estava cansada e precisava de ajuda dos céus para superar tantos problemas. Queria esquecer a desgraça que vitimara o menino e recomeçar a vida ao lado do marido e filhos; a família era um bem precioso. Sentiu-se egoísta com este pensamento:

- Como poderia pensar desse jeito? E a família da criança morta?
Pediu perdão a Deus e seus olhos encheram-se de lágrimas.

– Pobre mãe, deveria estar sofrendo mais do que tudo no mundo. No entanto, a vida continua e nada poderá trazer o menino de volta.

Pensou em voz alta, depois abaixou a cabeça, a situação estabelecida fora cruel com todos. O Deus dos milagres sabia que ela não era maldosa e a perdoaria por querer ser feliz com sua família.

                Seu coração se enchera de esperanças, a Igreja era um bom lugar e lhe transmitia paz. As crianças permaneceram quietas e atentas. A Ana, que já era uma mocinha, seguia os rituais e quando Alda olhou para ela, a filha estava cantando com os demais. A sogra chorou em vários momentos, queria que seu filho se recuperasse. Todos que ali estavam foram envolvidos por uma energia dominante.

            Sibele sorriu quando o último acorde foi dado, praticara uma boa ação levando a família da vizinha ao culto evangélico. Alda até sorriu para ela em agradecimento. O grupo saiu alegre, estavam no caminho certo. Era a voz do coração que cochichava para Alda, que nem tudo estava perdido.

            Chegando à casa ela sentou-se ao lado do marido que ainda dormia, então, olhou para ele com novos olhos. E, lá no fundo do coração ela fez uma promessa a Deus. Vitório também estava sofrendo e se embriagava para esquecer a cena que provocara.

             - Levaria o marido, aquela alma inquieta, para a Igreja, não importava o tempo; um dia estariam todos lá, louvando ao Senhor.

            Alguma coisa aconteceu e o Vitório quis saber porque estavam andando com as melhores roupas e não paravam mais em casa. Alda o convidou para irem juntos a Igreja, porém ele respondeu grosseiramente:

- Que Igreja vai tirá-lo daquela situação? Aquele lugar é para quem não tem serviço e quer ficar bajulando o Pastor.

Depois saiu rumo ao bar, precisava beber. A mulher ficou orando para que ele ouvisse a voz da razão, agora tinha fé. Ficaria feliz no dia em que Vitório a acompanhasse à Igreja.

Voltou outras vezes aquela casa de oração e louvor; estava sempre acompanhada da vizinha, da sogra e dos filhos. E, a cada dia aumentava a certeza de que estava no caminho certo, pois se acalmava ao ouvir a palavra de Deus. Havia uma esperança de que dias melhores estavam por vir, o pior já havia passado. Então, Alda aprendera a escutar a voz do coração.
Um texto de Eva Ibrahim.

Continua na próxima semana.

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

"COISA RARA E BONITA É A GENTE PODER SE COMUNICAR POR MEIO DA ALMA, SEM QUE PALAVRA ALGUMA NECESSARIAMENTE ACONTEÇA". ANA JÁCOMO. - SE ENCANTAR ELEVA SEU PODER DE CONCENTRAÇÃO. EVA IBRAHIM

MILAGRE
CAPÍTULO SEIS
Alda precisava encontrar um caminho para tirar o marido daquela situação. As crianças estavam com medo do pai, pois, ele andava maltrapilho, barbudo, cabeludo e sempre embriagado. Ana tinha saudades de quando ele a maltratava, agora nem olhava para ela; parecia um morto vivo.

Sua mãe andava desesperada procurando o pai pelas redondezas e sempre acabava por encontra-lo caído nas portas dos bares. Voltava para casa arrastando o marido e se expondo aos falatórios da vizinhança. 

Vitório aguardava o inquérito ser concluído para saber qual seria seu destino. O advogado dissera que se as testemunhas depusessem a seu favor, ele poderia ser considerado inocente e ficaria livre das acusações. Entretanto, ele se considerava culpado e queria ser castigado por ter tirado a vida de uma criança. Estava com depressão e ideias suicidas.

Dois longos meses se passaram e a situação só piorava. Certo dia, Alda estava chorando debruçada na mureta do muro, que dava para a rua; estava cansada de viver de favor na casa da sogra. Não tinham dinheiro para nada e a mãe dele gastava toda sua aposentadoria, para manter a casa com muitas dificuldades. A velha senhora estava adoentada pelo sofrimento que presenciava todos os dias.

Alda queria trabalhar, arrumar uma casa e tocar a vida para a frente. E, logo começariam as aulas dos filhos, que precisavam voltar à escola. Em meio a tantas incertezas, a mulher não via saída.

A vizinha da sogra, que morava ao lado, se aproximou e perguntou por que chorava. Alda enxugou as lágrimas e lhe disse que sua vida estava complicada demais, perdera as esperanças. Então, a mulher a chamou para irem à Igreja.

Ela se surpreendeu com o convite, pois mal conhecia a vizinha. Entretanto, respondeu prontamente que aceitava o convite. Alda percebeu que foi um impulso e acabou sentindo um arrepio pelo corpo.

- Seria a vontade de Deus lhe mostrando uma saída?

Seu coração dizia que sim e acabou combinando com a mulher a ida à Igreja Evangélica. Levaria a sogra e os filhos e pediria muito a Deus pela saúde de Vitório. Ele precisava trabalhar para poderem retomar à vida e deixar a casa da mãe dele, que merecia sossego.

Sibele, a vizinha, estava em frente à casa na hora marcada e com a Bíblia na mão. Alda, a sogra e os três filhos se juntaram a ela para irem à Igreja. Vitório estava jogado na cama roncando, mais uma vez o álcool o dominara. Não seria desta vez que levariam o Vitório até uma Igreja; quem sabe algum dia ele iria por vontade própria.

O grupo foi andando até o local; um grande salão onde aconteceria o culto. O órgão começou a tocar e uma cantora jovem se pôs a cantar músicas que falavam do milagre de Deus. Alda suspirou:

 - Só um milagre poderia dar jeito naquela situação, pensou a mulher incrédula.

Porém, seu coração trazia uma esperança. Sibele havia plantado uma pequena semente em seu coração quando disse:

 - Para Deus nada é impossível. Ele é o Deus dos milagres.

Sibele acreditava que o seu Deus tinha poder para ajudar a família de Alda e ela se agarrara aquela possibilidade. Estava ali pronta a pedir ajuda aos céus. Abaixou a cabeça, fechou os olhos e se deixou levar pela energia do lugar. Ela precisava se conectar com os anjos, para obter ajuda no pedido que faria ao pai.
- “Um milagre em sua vida”.
Um texto de Eva Ibrahim.

Continua na próxima semana.

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

ENCARAR A REALIDADE PODE SER O CAMINHO PARA UM RECOMEÇO. EVA IBRAHIM

SEM RUMO
CAPÍTULO CINCO
             Valmir tratou de arrumar um advogado para tirar o irmão da cadeia, porém, quando chegaram a delegacia constataram que Vitório não estava mais lá. Fora transferido emergencialmente, pois a população se preparava para invadir o local; queriam mata-lo a qualquer preço.

            Ao redor da delegacia a cena era de um campo de guerra, havia uma quebradeira geral. Os vidros das portas e vidraças foram todos quebrados com pedras e paus. A rua estava interditada, tudo nas imediações fora saqueado. Atos de puro vandalismo, que deveriam ser apurados posteriormente.

           Aquela parecia a revolta de uma população descontente, que acaba se envolvendo em uma desgraça para demonstrar sua insatisfação à sociedade. O fato ocorrido era uma situação estabelecida, uma vez que o menino já estava morto. Portanto, nada mais poderia ser feito, então, todos os presentes tomaram as dores da família e começaram a quebradeira.

           Valmir ficou paralisado com a situação, ainda mais que o delegado o aconselhou a sumir por uns dias, poderiam querer pegá-lo também. Vitório ficaria na delegacia da cidade vizinha para sua própria segurança. Depois dos primeiros depoimentos, sua prisão seria relaxada e ele responderia ao processo em liberdade.

        O advogado e Valmir iriam ao encontro de Vitório, mas, antes passariam na casa dele para pegar algumas roupas e objetos de uso pessoal. Entretanto, ao avistar a casa perceberam que ali também houvera um ataque. A residência da família estava toda pichada e com os vidros quebrados. No muro podia-se ler: “Assassino”, “Monstro” e outros nomes equivalentes.

           Os dois homens adentraram a casa com receio de serem surpreendidos e atacados. No entanto, não havia ninguém ali e assim que pegaram documentos e objetos de uso pessoal do Vitório saíram e, foram até a cidade vizinha.

         O encarcerado estava desesperado, não aceitou comida e nem queria conversar com ninguém; queria morrer. Era evidente que houvera um acidente e que aquele homem era inocente. Apesar de estar cheirando a bebida, era um trabalhador e pai de família. O delegado disse que iria interroga-lo e ouvir as testemunhas e depois ele poderia aguardar o inquérito em liberdade. 

        Diante da gravidade da situação, o advogado orientou Valmir a retirar os móveis da casa do irmão e entregar a propriedade ao dono. Aquele lugar não poderia mais abrigar aquela família, que estava marcada pelos últimos acontecimentos. Seria melhor que a esposa e filhos de Vitório não voltassem mais ali, ou poderiam receber represálias dos parentes da vítima.

         Depois de alguns dias, Valmir retirou toda a mobília da casa de Vitório debaixo de xingamentos dos vizinhos, que sabiam que ele nada tinha a ver com o ocorrido. No entanto, não se conformavam com o acidente e queriam acabar com o "assassino", que fora se juntar à  família na casa de sua mãe.

        O homem estava em estado lastimável, nunca mais fizera a barba ou cortara o cabelo. Andava sujo e não queria conversa com ninguém. Se entregara à bebida, nada mais lhe importava, nem mesmo os filhos. Deixara de implicar com a Ana e nunca mais brigou com Alda.

         - Estava com depressão; precisava se tratar ou acabaria fazendo alguma besteira, dissera o médico.

Em apenas duas semanas, Alda e a sogra não sabiam mais o que fazer, Vitório não queria trabalhar e vivia caído nas sarjetas; tornara-se um mendigo.

 Um texto de Eva Ibrahim. 
Continua na próxima semana.
MEU MUNDO REINVENTADO.

UM BLOG PARA POSTAR CONTOS CURTOS E EM CAPÍTULOS.