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sexta-feira, 19 de junho de 2015

"UM DIA, ALGUÉM VAI TE ABRAÇAR TÃO FORTE, QUE TODOS OS PEDAÇOS QUEBRADOS DENTRO DE VOCÊ SE JUNTARÃO NOVAMENTE". AUTOR DESCONHECIDO -- O TEMPO NÃO PODE PARAR. EVA IBRAHIM

ADEUS AMOR

CAPÍTULO CATORZE

           Celina estava abobalhada, mal conseguia raciocinar; sua vida se acabara e ela temia não resistir a tamanho desgosto. A mulher parecia um zumbi, pois, de vez em quando vinha sua mãe e a forçava a tomar calmantes. Sentada no sofá, fixava um ponto qualquer. Tinha o pensamento perdido em algum lugar onde não queria estar; sua expressão era de total desalento.

            A família de seus pais e dos pais de Fernando estavam ali, para prestar sua última homenagem ao parente morto. Alguns davam razão a ele e outros o chamavam de covarde por ter desistido da vida. Controvérsias a parte, a casa estava cheia de gente e isso incomodava a viúva, que queria chorar seu morto em paz.

            Trancou-se no quarto, não queria ver ninguém, no entanto, sua mãe insistiu até Celina abrir a porta; ficaria ali para lhe fazer companhia naquele momento triste. A mulher estava preocupada com a filha. Logo em seguida a sogra também entrou no quarto e se aproximou da nora. As duas padeciam da mesma dor, a morte de Fernando. As duas mulheres choravam abraçadas, precisavam de força para seguir em frente.

            As horas passavam lentamente e Celina não aceitava nenhum alimento. Dizia que não passavam em sua garganta, que acobertava um nó; não saberia dizer quando conseguiria desfazê-lo. Era muito triste saber que Fernando estava morto daquela maneira.

           - Por que ele fizera aquilo com ela? Deveria ter-lhe contado os maus pensamentos que tinha, ela o teria ajudado. 
          Chorava no ombro da sogra, que era quem mais entendia seu sentimento e partilhava com ela. Duas mulheres com sentimentos diferentes, porém intensos; a perda doía na alma da mãe e da esposa do defunto.

            Cesar tocou no ombro de Celina dizendo que deveria se arrumar para ir ao velório do marido. Estava ficando tarde e o corpo seria conduzido ao necrotério do cemitério. Teriam somente duas horas para velar o defunto, devido ao fato de ter morrido há vários dias.

           A viúva levantou-se como se fosse um robô e seguiu sua mãe que escolheu sua roupa e a ajudou a vestir-se. Estava pronta para a missão mais difícil de sua vida, entregar à terra seu grande amor. 
           
         Sua mãe falou em Deus, paciência, porém ela estava muito revoltada para poder entender alguma coisa. Não saiu dali espontaneamente, foi levada por braços amigos que a dirigiam para onde deveria ficar, ao lado do ataúde de Fernando. Celina olhava pelo vidro do caixão lacrado e mal podia reconhecer seu amor; parecia um rosto feito de cera. Imóvel, amarelado e inchado, gostaria de poder tocar nele.

            Algumas mulheres da vizinhança e amigas da família começaram a rezar o terço e todos acompanharam. Havia muita emoção no local, lágrimas rolavam em muitos rostos; parecia ser inevitável. E, logo após o Padre encomendar o corpo, foi iniciada a caminhada até a cova. Em seguida, diante de parentes e amigos o corpo desceu à sua última morada, sob o aplauso dos presentes.

        Alguém deu uma margarida para Celina jogar sobre o caixão. Foi sua última homenagem ao marido. Adeus amor, sussurrou a moça entre lágrimas enquanto a flor caia dentro da cova.
Um texto de Eva Ibrahim.

Continua na próxima semana.

sexta-feira, 12 de junho de 2015

"EU SEM VOCÊ SOU SÓ DESAMOR. UM BARCO SEM MAR, UM CAMPO SEM FLOR. TRISTEZA QUE VAI, TRISTEZA QUE VEM. SEM VOCÊ, MEU AMOR, NÃO SOU NINGUÉM". VINÍCIUS DE MORAES-- TRISTEZA SEM FIM... EVA IBRAHIM

O ENCONTRO

CAPÍTULO TREZE
A sogra foi pegar um litro de álcool para esfregar nos pulsos e dar para a mãe de sua nora cheirar. Após longos minutos a mulher abriu os olhos e quando se deu conta da realidade, começou a chorar. Em seguida, Celina pegou um copo com água para sua mãe se acalmar; precisava saber o teor do telefonema.

Com as mãos cobrindo os olhos de onde corriam lágrimas de horror, a mulher disse que o genro estava morto. Então, as outras duas mulheres se abraçaram e gemeram juntas. Uma perdera o marido e a outra o filho, era muita dor naqueles corações. Logo depois, os pais e irmão chegaram para amparar aquelas mulheres aflitas.

As três choravam sua dor com pequenos gemidos e soluços contidos, estavam desoladas. Entretanto, em um momento de lucidez a mãe do rapaz quis saber como ele morrera e onde estava o corpo. O pai de Celina abraçou a filha e sentou-se com a moça no sofá, enquanto a mãe do rapaz esfregava as mãos de ansiedade, o homem começou a contar a pior parte.

Fernando se suicidara e fora encontrado no depósito dos fundos da serralheria do tio Nélio, irmão da mãe de Celina.  Estava muito perto e ninguém pensou em procurar ali, foi um funcionário da firma que encontrou o rapaz quando foi pegar as ferramentas, para iniciar os trabalhos na segunda feira.

A polícia estava preservando o local à espera do carro do Instituto Médico Legal. Demorou uma hora para o veículo encostar ali na frente, onde já havia uma aglomeração de pessoas curiosas. Depois das fotos e primeira avaliação, o corpo fora levado para a autópsia e só seria liberado no final da tarde. Celina queria ir até lá, porém, seu pai disse que a área estava isolada aguardando os peritos.

A moça chorando, perguntou como ele fizera aquilo e seu pai respondeu que havia uma embalagem de veneno para ratos ao lado do corpo. Estava lá já fazia algum tempo, pois o corpo estava inchado e o local cheirando mal. A filha deveria ser forte, porque o corpo de Fernando voltaria em caixão lacrado, devido ao estado de decomposição que se apresentava.

Celina não queria ver ninguém, entretanto, a cada pouco chegavam os parentes e amigos. Ela queria sumir dali e depois de tomar um calmante, que seu pai lhe deu, se isolou no quarto trancando a porta com chave. Deitada na cama chorou até os olhos ficarem inchados, depois adormeceu. A viúva perdera a noção do tempo, somente voltou à realidade quando seu irmão bateu na porta chamando pelo seu nome. Celso trazia o laudo do IML nas mãos e leu para sua irmã.

O laudo médico dizia que fazia, pelo menos, três dias que ele estava morto, isto é, sexta-feira, sábado e domingo. E a causa da morte foi envenenamento por raticida. Acabava ali o sonho de amor de Celina, agora começava o pesadelo; o velório e o enterro do corpo de seu amado.

      Quando a moça foi pegar os documentos do marido para seu irmão providenciar o enterro, ela encontrou uma folha de papel dobrada dentro da carteira. Celina abriu e leu a carta que era para ela. Fernando dizia que a amava muito e não queria que ficasse presa a um homem enfermo. Estava desanimado com sua doença e a vida perdera o encanto, por isso preferia deixar este mundo. Lhe pedia perdão e a seus pais também. Que ela prosseguisse sua vida e procurasse ser feliz.  Não havia assinatura e parecia inacabada, era tudo que sobrara de seu amor; um pedaço de papel.

Um texto de Eva Ibrahim.

Continua na próxima semana.

sexta-feira, 5 de junho de 2015

"PARECE QUE AS COISAS PERDERAM O BRILHO...O QUE ERA INSUBSTITUÍVEL VIROU FACILMENTE DESCARTÁVEL, OS MOMENTOS VIRARAM LEMBRANÇAS". CAZUZA--- SIMPLESMENTE ME ABRACE. EVA IBRAHIM

O MISTÉRIO

CAPÍTULO DOZE
          No sábado e no domingo os familiares e amigos não deram tréguas, procuraram em toda a região; cada grupo seguia para uma cidade vizinha. Vasculharam as redondezas e nada encontraram, nem uma pista do desaparecido. Alguns amigos anunciaram o desaparecimento de Fernando nas redes sociais. Seria impossível passar desapercebido entre tantos conhecidos, alguma notícia haveria de surgir.

          Confeccionaram cartazes com a foto do desaparecido e os familiares e amigos se incumbiram de colocar em ambientes públicos. Depois foram à rádio local para pedir ajuda à população; qualquer notícia seria benvinda; estavam desesperados sem saber o que fazer.

Toda a comunidade foi mobilizada à procura de Fernando. Celina não comia nada, apenas tomava líquidos, dizia que a comida não passava na garganta. Os pais do rapaz ficavam ali noite e dia a espera de notícias, não tinham sossego.

Desde a sexta-feira de manhã Fernando estava desaparecido. Sua esposa o vira quando foi dormir quinta-feira à noite e não sabia mais nada dele, nem a hora que saíra de sua casa enquanto ela dormia.

 Já era noite de domingo e não havia nenhuma notícia de seu marido. Ela ouvira seus familiares cochichando que ele poderia estar morto. Fernando não levara nada e com toda aquela chuva e frio, ele não resistiria; só teriam que encontrar o corpo. Ela saiu de mansinho e foi chorar em seu quarto.

– Será que o marido não pensara no sofrimento dela e de seus pais? Desaparecera sem deixar nenhuma pista, ninguém sabia para onde ele teria ido. Deveria estar confuso para fazer uma coisa dessas; ela não merecia isso, pensava Celina entre um soluço e outro. 

Sua mãe insistiu para ela tomar um calmante e dormir um pouco. Estava desesperada e acabou concordando; deitou-se pensando que queria sumir e não ouvir mais nada. Seus sonhos haviam se transformado em um grande pesadelo, que ela não imaginava como poderia terminar.

A segunda-feira amanheceu gelada, os parentes e amigos voltaram ao trabalho. A polícia dissera que deveriam esperar, pois nada foi encontrado; estavam diante de um mistério. Celina levantou-se e foi tomar banho, seria outro dia longo e cheio de incertezas. Sua mãe dormira ali e sua sogra acabara de chegar. As três mulheres estavam juntas para se apoiar, enquanto aguardavam alguma notícia.

Já passava das dez horas da manhã quando o telefone tocou. A mãe da moça atendeu e ficou pálida, depois sentou-se no sofá, parecia que iria desmaiar. Celina assustada, queria saber quem era do outro lado da linha. A mulher conseguiu balbuciar que era o pai dela com notícias de Fernando. Em seguida desfaleceu caindo para trás, estava branca como uma folha de papel. Celina e a sogra tentavam despertar a mulher para saber o que havia acontecido.
Um texto de Eva Ibrahim

Continua na próxima semana.

sexta-feira, 29 de maio de 2015

"SOU UMA PESSOA INSEGURA, INDECISA, SEM RUMO NA VIDA. SEM LEME PARA ME GUIAR, NA VERDADE NÃO SEI O QUE FAZER COMIGO". CLARICE LISPECTOR-- A VIDA É UM SOPRO. EVA IBRAHIM


O GRANDE IMPREVISTO

                                      CAPÍTULO ONZE
          A mulher procurou em todos os cômodos da casa e nada encontrou. Então, ligou para a casa da sogra para assuntar se seu marido teria ido para lá.
           –Não, a sogra foi categórica; muito assustada também queria saber do filho.

Celina se vestiu e, desesperada foi até a casa da sogra; os pais de Fernando estavam prontos, esperando por ela. Naquele momento começou a grande caçada. Procuraram o rapaz em todos os lugares onde houvesse uma pequena possibilidade de encontra-lo.

Pararam para comer alguma coisa e pensar onde Fernando poderia estar. Depois voltaram para casa, precisavam verificar se ele havia levado os documentos e outros pertences; o celular estava com Celina, ela pegara ao sair pela manhã.

A preocupação aumentou quando encontraram a carteira com documentos e dinheiro na gaveta do criado-mudo; ele não levara nada. Celina estremeceu ao ver a bermuda e a camisa que ele usava na noite anterior; seu marido saíra de pijama. Então, ela começou a chorar, deveria ter acontecido alguma coisa grave com Fernando.

A sogra se ajoelhou no tapete e começou a rezar, também temia o pior; o sogro pegou o telefone para ligar para a polícia. Naquele momento chegaram os pais de Celina e o irmão da moça. Celso, irmão mais velho de Celina, viera para ajudar na procura do cunhado.

Ele teria que tomar as providências, uma vez que todos ali estavam nervosos e ansiosos demais. O rapaz teria que ir à delegacia para dar queixa e formalizar o desaparecimento do cunhado.  Sentia pena de Celina por tudo que ela estava passando.

 Depois das formalidades na delegacia o rapaz foi informado de que esperariam até a manhã seguinte, para iniciar as buscas, isto é, as 24 horas necessárias para a polícia entrar no caso, disse o delegado de plantão. Enquanto isso, Fernando poderia aparecer e a família deveria comunicar à polícia.

Celso retornou à casa de sua irmã, estava desolado, as notícias não eram boas. Teriam que esperar ou procurar por conta própria. Eles deveriam procurar nos Hospitais, Necrotério, lugares ermos, onde houvesse uma pequena possibilidade de encontrar Fernando, foi o que o assistente do delegado sugeriu, quando Celso saiu da delegacia.

O rapaz disse que pediria a dois amigos para ajudá-lo a encontrar o cunhado. Iriam procurar em todos os Hospitais e Necrotérios da região. Fernando não poderia ter sumido, provavelmente estaria vagando pelas ruas em uma de suas ausências.

Os três rapazes rodaram a tarde toda e quando já tinha anoitecido voltaram de mãos vazias. Nenhum sinal de Fernando, nos Hospitais e Necrotérios não havia ninguém que se parecesse com ele e nas ruas das periferias também não encontraram rastros do rapaz. Até no rio que cortava a cidade eles procuraram, porém, não havia nenhuma pista; teriam que esperar o dia seguinte para procurar com o apoio da polícia.

 Amanheceu o sábado com chuva intermitente; o dia fechado e frio deixou Celina mais desesperada. Dormira um pouco após tomar um calmante; sua família passara a noite ali com a esperança de Fernando voltar. Entretanto, não havia nenhuma notícia do seu marido e logo após, chegaram os pais do rapaz; queriam notícias do filho desaparecido.
 Um texto de Eva Ibrahim.

Continua na próxima semana.

sexta-feira, 22 de maio de 2015

"AMOR... POIS DE AMOR ANDAMOS TODOS PRECISADOS! EM DOSE TAL QUE NOS ALEGRE, NOS REUMANIZE, NOS CORRIJA, NOS DÊ PACIÊNCIA E ESPERANÇA; FORÇA, CAPACIDADE DE ENTENDER, PERDOAR, IR PARA A FRENTE...! CARLOS DRUMOND DE ANDRADE-- "AS VEZES É SÓ UM PEDAÇO RUIM DA VIDA'. EVA IBRAHIM.


VIDA INCERTA

CAPÍTULO DEZ
         As férias acabaram e Fernando voltou ao seu trabalho no Banco, parecia que estava bem de saúde. Entretanto, ele tomava uma porção de remédios para poder trabalhar e quando chegava em sua casa se jogava na cama exausto. Celina perdera a paz, vivia preocupada com o marido; ele parecia distante, passava horas olhando o teto do quarto. 

      Quando Fernando saia dirigindo o seu automóvel ela ficava rezando; temia que ele tivesse uma crise ao volante e sofresse um acidente. Porém, se calava para não aborrecer o marido e saia para o seu trabalho na escola com o coração na mão.

       Fernando andava triste e não queria conversa, estava emagrecendo e não queria trabalhar; andara faltando do serviço sem que Celina soubesse. Ficava muito tempo no quarto e quando ela perguntava o motivo, ele dizia estar cansado.

        O gerente do Banco ligou para saber de Fernando e pediu para Celina ir conversar com ele. Ele sabia dos problemas que tiveram quando se casaram e gostaria de ajuda-los. Então, ele lhe disse que o rapaz estava estranho e deveria leva-lo ao médico. O trabalho exigia concentração e, ultimamente ele vivia disperso.

       Fernando não quis nem ouvir o que ela dizia e se trancou no quarto. Diante da recusa do rapaz, Celina precisou da ajuda dos sogros para convencê-lo a voltar ao médico. E, ele foi categórico, o rapaz estava com depressão e o afastou do serviço.

       - Apesar da gravidade da doença, que está associada a epilepsia, existem tratamentos eficazes atualmente. Os mais comuns envolvem psicoterapia e medicamentos e, para que haja o desaparecimento completo dos sintomas, é preciso que seja aplicado um tratamento rígido, explicou o médico para a esposa e o pai do rapaz.

      A vida de Celina estava um caos, ela precisava preparar as aulas da escola e devia ajudar e ficar de olho no marido, pois, ele poderia fazer uma besteira; estava muito esquisito. Ela pressentia que alguma coisa muito ruim poderia acontecer, se ele continuasse daquela maneira.

       Os pacientes com depressão devem também ser encorajados a modificar seus hábitos diários: realizar atividades físicas regulares, manter um período satisfatório de sono diário, ter uma boa alimentação e evitar ficar muito tempo sozinho.

Celina pediu um afastamento temporário da escola para cuidar do marido. Ela não o deixava sozinho e o incentivava a sair, no entanto, ele sempre arrumava uma desculpa para ficar no quarto. Não gostava de visitas e mal falava com a esposa, também não aceitava seus carinhos. 

Fernando não queria comer, dizia que não tinha fome e depois de uma semana recusando comida, começou a vomitar e precisou ser internado para ser hidratado; perdera o interesse pela vida. O médico o encaminhou ao psiquiatra para acompanhar o caso, que era bastante grave, dissera ao pai do rapaz.

Depois de alguns dias internado, Fernando voltou para casa; estava pálido, fraco e mal conseguia andar. Celina também estava enfraquecida, depois de muitas noites mal dormidas, ela queria cair na cama.

 Naquela noite, a moça tomou um banho quente, um comprimido para dor de cabeça e foi dormir; estava exausta. E, quando acordou olhou o lugar vago na cama e de um salto levantou-se.

Um texto de Eva Ibrahim 
Continua na próxima semana.

sexta-feira, 15 de maio de 2015

"REFAZER AS ASAS A CADA AMANHECER, PLANTAR DE NOVO O AMOR E ACREDITAR NA FELICIDADE COMO AS CRIANÇAS ACREDITAM EM SEUS SONHOS".CAROLINA ALCIDES-- O AMOR É A FORÇA QUE TE LEVANTA. EVA IBRAHIM


TRISTEZA NUNCA MAIS 

  CAPÍTULO NOVE
          A moça chegou ao Hospital e Fernando ainda não retornara dos exames. Então, Celina sentou-se num pequeno jardim de inverno, que havia na área interna daquele local; estava conformada. E, logo foi abordada por uma mulher, que aguardava a cirurgia do filho terminar. Ambas curtiam a mesma ansiedade e começaram a conversar; trocaram queixas e desconfianças.

        Até riram de suas desgraças e só entraram quando o enfermeiro chamou a moça, pois, o marido já estava no quarto e queria vê-la. Celina, então, percebeu que a vida continua e existem problemas por todos os lados, não era apenas ela a vítima de uma desgraça.

Ela beijou o marido e ele retribuiu, estava sereno e esperançoso. Fernando disse que o médico, talvez o liberasse para casa. Foi o que o enfermeiro cochichou em seu ouvido, depois sorriu abraçando sua esposa, carinhosamente.

Celina precisava daqueles braços ao redor de seu corpo para sempre; sonhara com isso desde que conhecera o Fernando. Sentia-se fraca e desamparada quando ficava longe dele; era seu marido. Entretanto, ficaram tão pouco juntos, que ela duvidava disso.

Passaram mais uma noite no Hospital e pela manhã, após muitas recomendações e uma longa receita de medicamentos, foram para casa. Estavam felizes e dispostos a outro recomeço e tantos quantos fossem necessários. Não queriam mais saber de tristeza, queriam desfrutar do amor que sentiam um pelo outro.

Celina estava em período de férias escolares e o marido pedira as férias para se casar, precisavam aproveitar o que restava delas. Iriam passar alguns dias na praia. Fernando estava medicado e o médico dissera que a chance de nova convulsão era muito remota. Porém, não poderia descuidar dos remédios, que Celina trazia marcado e com horários rígidos.

Os pais da moça e os sogros criaram uma porção de empecilhos para que ambos desistissem da viagem, tinham medo que o rapaz passasse mal. No entanto, estavam irredutíveis; iriam para uma lua de mel, mesmo que fosse apenas por uma semana.

Celina saiu dirigindo o automóvel de Fernando, ele ficava sonolento depois que tomava os remédios e ela temia que dormisse ao volante. Chegaram ao Hotel e foram para o apartamento reservado para o casal, queriam namorar em paz. O marido dormia bastante e ela velava seu sono; amava aquele homem de todo o coração. Mas, quando estava acordado se comportava como um amante exemplar; Celina estava feliz.

Foram dias de muita felicidade, Fernando sentia-se melhor e a vida seguia seu rumo, como fora previsto. Andaram pela praia de mãos dadas, sentaram-se nas pedras para ver os navios passar ao longe, contaram estrelas, recolheram conchas do mar e voltaram cansados para dormir abraçados. Parecia que a doença de Fernando e todo aquele pesadelo havia passado.
Um texto de Eva Ibrahim.

Continua na próxima semana.
MEU MUNDO REINVENTADO.

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