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sexta-feira, 8 de maio de 2015

"VOLTA TEU ROSTO SEMPRE NA DIREÇÃO DO SOL, E ENTÃO, AS SOMBRAS FICARÃO PARA TRÁS". SABEDORIA ORIENTAL--NÃO IMPEÇA QUE O SORRISO ENFEITE TEU ROSTO. EVA IBRAHIM

MIRE EM DIREÇÃO À LUZ
                                          CAPÍTULO OITO
           Fernando foi levado na maca para ser submetido aos exames e Celina saiu do quarto, precisava respirar ar puro. Aquele cheiro de Hospital a deixava sufocada; ela não se lembrava de algum dia ter sentido aquele cheiro forte de éter misturado com iodo.

          Toda vez que entrava no Hospital lembrava-se de sua avó, que se fora no ano anterior. Pensava nela enrolada em sua mortalha roxa. Vó Mariquita estava pálida em meio à muitas flores de cor amarela e odor fétido, que encobriam grande parte de seu corpo encarquilhado pela idade.

          Esses pensamentos a deixavam deprimida; sentiu náuseas e até cambaleou. Depois andou algumas quadras e sentou-se em um banco da praça da Igreja Matriz. Seu coração estava apertado pela situação inusitada que estava vivendo.

         – Será que Deus a estaria castigando ou testando? Não se lembrava de ter feito mal a alguém, ou será que deixara de fazer o bem quando estava dentro de suas possibilidades. E, por isso o castigo viera para tirar sua felicidade?

          Com tantos pensamentos negativos ela resolveu entrar na Igreja para conversar com o Padre. Ele poderia aconselhá-la melhor, afinal era um homem religioso e vivia mais perto de Deus, sua mãe sempre dizia isso. Havia muita paz naquele lugar; alguns pássaros davam voos rasantes de um lado ao outro dentro da casa de Deus. Em seguida, pousavam nos detalhes dos afrescos nas paredes, depois entravam nos vãos dos telhados.

          - Nossa! Pensou Celina, eles devem estar fazendo ninhos e chocando seus ovinhos ali. No entanto, apesar da sujeira, Deus deve gostar, pois, foi ele quem criou essas criaturinhas e todas as outras também. Seu coração se acalmara, aquele lugar parecia mágico, queria ficar ali para sempre. Então, ela ouviu vozes na Sacristia e resolveu ir até lá.

           O pároco estava sentado em uma mesa mexendo em alguns papéis; estava compenetrado. Seu assistente foi saindo enquanto ela pedia licença para falar com ele. O velho padre, de bochechas rosadas, levantou-se e lhe deu a mão, depois indicou a cadeira para que ela se sentasse. E, com um largo sorriso perguntou o que a afligia e a moça começou a chorar.

           Ele deu a volta na mesa, apanhou um copo com água e lhe ofereceu. Entre soluços ela sorveu a água, o pároco puxou a cadeira e olhando nos olhos da moça pediu que lhe contasse sobre sua aflição.

          - Compartilhar as tormentas alivia a alma, disse o velho com olhar de compaixão.

         Celina parecia uma criança contando sua história aquele homem, que lhe inspirava confiança. Ele ouvia com atenção e as vezes balançava a cabeça, demonstrando descontentamento com a situação da moça recém-casada. E, para finalizar ela disse que o Deus dele a estava castigando, sem que ela soubesse o motivo.

         Então, o Padre pegou suas mãos e com muito carinho lhe explicou que o Deus dele era de todos. Um Deus de amor e não de vingança e que jamais ele a castigaria. Um ser divino que a amava e ao Fernando também. Ele a levantou, depois a conduziu até o altar e juntos se ajoelharam para pedir pela saúde do marido dela.

         Fizeram uma oração que mexeu com o coração da moça, o Padre sabia como se dirigir ao Santo Pai, pensou Celina ao levantar-se.

         - Mire em direção à luz e siga em frente, sem lamentações minha filha, disse o velho pároco ao se despedir da moça.
Celina saiu dali em paz e seguiu para o Hospital; precisava saber como estava seu marido, trazia as esperanças renovadas.

Um texto de Eva Ibrahim.

Continua na próxima semana.

sexta-feira, 1 de maio de 2015

"... È A SUA ESTRADA E SOMENTE SUA. OUTROS PODEM ANDAR AO SEU LADO, MAS NINGUÉM PODE ANDAR POR VOCÊ". ADMIRE-- UMA VIDA SEM AMOR NÃO TEM SENTIDO. EVA IBRAHIM

VOCÊ, É MEU AMOR
CAPÍTULO SETE
            Seu marido acordou e sorriu, estava melhor e cheio de amor para dar. Celina e Fernando, pela primeira vez após o casamento estavam sós e centrados na realidade. Era a manhã de quinta-feira e ainda não haviam se amado nem uma vez, entretanto havia chegado a hora; estavam sedentos de amor.

            Se amaram na cama, no banho, no sofá e depois saíram para fazer compras para o almoço; aquele dia seria inteiramente deles, precisavam recuperar o tempo perdido. Passaram grande parte do dia curtindo a casa nova e vendo televisão, parecia que a doença que acometera Fernando, os havia abandonado.

            Depois do café da tarde, o rapaz se dizia sonolento e foi para a cama; iria tirar uma soneca. Celina havia percebido que seu marido estava estranho, se esquecendo de algumas coisas importantes; parecia distante.  Porém, afastou aquela sombra, queria pensar em coisas boas. E, quando terminou de arrumar a casa foi se aconchegar ao marido, estava contente. Ficou juntinho de Fernando e também cochilou.

            Subitamente ela acordou; Fernando espumava pela boca, fazia movimentos repetitivos e involuntários; ele estava convulsionando. Deu um salto e pegou o telefone para chamar a ambulância do Hospital, depois ligou para sua mãe desesperada; precisava de ajuda. Seus pais e a ambulância chegaram juntos; Fernando e Celina foram levados na ambulância, enquanto os pais dela seguiam o veículo; a filha precisava deles.

O rapaz foi atendido prontamente e com uma injeção na veia se acalmou, caindo em um sono profundo. O médico que o atendeu estava muito preocupado e reservadamente chamou a esposa, que foi atende-lo acompanhada dos pais.    
        O médico começou a falar que o paciente ficaria internado, pois, deveria ser submetido a uma porção de exames para fechar o diagnóstico e ajustar as medicações. Celina começou a chorar abraçada à sua mãe; estava desconsolada.

         Em seguida ele passou a explicar sua conduta. Pausadamente, o médico dizia para a família que:
          - Fernando estava apenas iniciando um longo tratamento. Precisavam descartar doenças neurológicas agudas e excluir causas potencialmente fatais, como síncope cardíaca. Posteriormente, será encaminhado ao ambulatório onde a abordagem é direcionada a confirmação do diagnóstico e o seguimento tem um tratamento individualizado.

             O paciente será submetido a um exame neurológico completo e assistido por um especialista; ele é muito jovem e deverá receber toda a atenção possível. A presença de déficits neurológicos focais pode demonstrar a lesão responsável pelas crises. Queixas de falta de memória são comuns em pacientes epiléticos e podem estar relacionadas a descontrole das crises, efeitos das medicações, alterações psiquiátricas associadas e alteração estrutural. Os exames adequados podem evidenciar as hipóteses diagnósticas e assim teremos a certeza do tratamento a ser conduzido pelo ambulatório de neurologia, concluiu o médico de plantão.

          Celina ouvia tudo aquilo entre soluços sufocados no peito de sua mãe. Tivera apenas um dia de felicidade e estava novamente mergulhada naquele mar de incertezas. O médico saiu, ela se aproximou do marido e baixinho sussurrou em seu ouvido:

         - Você é meu amor. Enquanto isso, duas lágrimas rolavam pelo seu rosto, já vermelho de tanto chorar. Fernando não se mexeu, entretanto, para ela bastava sua presença para amenizar a dor que trazia dentro do peito.
Um texto de Eva Ibrahim.
Continua na próxima semana.


sexta-feira, 24 de abril de 2015

"UMA NOVA SITUAÇÃO PODE SER O COMEÇO DE UMA NOVA ESTRADA. APESAR DE NEM TUDO DEPENDER DE VOCÊ, MUITAS COISAS DEPENDERÃO DE SUA ATITUDE". PAULO E LAURO RAFAEL.-- PRECISO DE ABRAÇOS APERTADOS PARA PODER SORRIR. EVA IBRAHIM


                                     ENFIM SÓS

                                    CAPÍTULO SEIS
           Fernando dormia um sono forçado, deitado de barriga para cima e roncando com a boca aberta.

- Que desilusão, pensava a recém-casada.

          Ele estava tomando uma porção de medicamentos e alguns deles induziam ao sono. No começo ele dormiria bastante, porém, quando o seu corpo se habituasse à medicação, ele ficaria bem, dissera o enfermeiro à Celina.

          A moça abriu todos os presentes e leu os cartões, depois sorriu por receber tanto carinho dos parentes e amigos. Entretanto, estava só naquela sala ouvindo o ronco do marido, que vinha do quarto. Então, duas lágrimas rolaram pelo seu rosto, indo morrer em sua boca, onde ficou um gosto salgado.

          - Salgado e azedo, igualzinho ao seu casamento, pensou Celina, limpando a boca com o dorso da mão direita.

         Ela não sabia como agir, estava muito assustada; queria estar solteira e voltar para a casa de seus pais. Naquele momento a campainha da porta tocou e ela tratou de enxugar os olhos para atender à porta. Era sua sogra, que fora ver como o filho estava, uma vez que no Hospital lhe disseram que Fernando tivera alta.

             A moça recebeu a sogra com alegria, precisava de companhia para se acalmar. A mãe de Fernando trouxera comida para o casal, que deveria estar desfrutando sua lua de mel, portanto, ela deduziu que não teriam nada em casa. O rapaz acordou e parecia estar bem, depois tomou banho e jantou com as duas mulheres.

           A sogra, mais tranquila, foi para sua casa e o novo casal se abraçou e depois de um longo beijo Fernando sussurrou no ouvido de Celina: Enfim sós. Foram para o quarto e se deitaram na cama, ambos estavam preocupados com o mesmo problema; o desempenho sexual de Fernando. Ficaram deitados se tocando e de repente o rapaz lembrou-se que estava na hora de seu remédio e levantou-se para toma-lo. 

             Um elo se partiu, a moça estava desencantada. Será que teria que conviver com o fantasma da doença e a interferência dos medicamentos em momentos íntimos do casal. Fernando voltou para a cama e Celina levantou-se indo para a cozinha. Estava chateada, não dava para ser feliz com tantos pensamentos ruins rondando sua cabeça.  

         Tomou um suco, foi ao banheiro e quando sentiu que estava mais calma, voltou ao quarto. E, para sua surpresa, seu marido já estava dormindo. A sua noite de núpcias terminara antes de começar; deitou-se ao lado do marido e chorou baixinho, até pegar no sono.

         O Sol clareou o quarto e Celina acordou disposta; queria animar o marido e recomeçar de onde haviam parado, no dia do casamento. Não deixaria mais nada, nem ninguém estragar seu sonho de amor.

             Um texto de Eva Ibrahim 

       Continua na próxima semana.

sexta-feira, 17 de abril de 2015

"TENHO EM MIM, TODOS OS SONHOS DO MUNDO! FERNANDO PESSOA-- A VIDA É CHEIA DE SURPRESAS. EVA IBRAHIM

SEMPRE AO SEU LADO
CAPÍTULO CINCO
         Celina ficou eufórica, iria pedir ao seu pai para busca-los, tinha pressa em ir para casa com seu marido. Finalmente veria os presentes que ganharam dos parentes e amigos; ela queria organizar seu novo lar. A lua de mel poderia esperar, o mais importante naquele momento, era a saúde de Fernando. Tratou de arrumar as coisas do marido e ficou aguardando o médico e suas recomendações.

Enquanto ouvia as orientações do médico, sua alegria foi se exaurindo; agora tinha um doente para cuidar e não um amante para ser feliz. A frase que o Padre disse não lhe saia da cabeça: “Na saúde e na doença, até que a morte os separe”.

 - Mas, ela não tivera nem um dia de saúde com ele e, já teria que cuidar da doença? Pensou desconsolada a recém-casada.

Seu pai chegou e Fernando saiu apoiado no sogro, enquanto sua mulher carregava as bolsas e as receitas dos remédios que iria comprar. Sentia-se feliz, porém, apreensiva; aqueles foram dias terríveis. Seu sonho de amor estava muito prejudicado; ela precisava de um tempo para entender tudo o que acontecera.

Sentada no banco detrás do automóvel, Celina olhava seu marido e constatava que ele havia emagrecido durante aqueles três dias de Hospital. Fernando parecia estranho, confuso e sonolento; ninguém saberia ou poderia dizer como seria a vida deles dali para a frente; Celina sentiu medo. Somente Deus poderia socorrê-los.

Começar uma nova vida com tantas responsabilidades, ela nada entendia de remédios e muito menos de epiléticos. Teria que procurar na internet, já que Fernando fora diagnosticado como sendo epilético. O nome da doença soava como se fosse um palavrão, afinal, estragara sua lua de mel. As palavras do médico pareciam latejar em sua cabeça.

 - “A epilepsia é uma doença do sistema nervoso, facilmente controlada por medicamentos, entretanto, quem tem um epilético em casa deve tomar alguns cuidados. Ficar atenta as crises, que podem ser desencadeadas por ansiedade, cansaço, intoxicação, verminoses, febre alta, ingestão de álcool e luzes intensas piscando. Estamos apenas começando um tratamento que requer muita investigação e observação, precisamos de sua ajuda para o bem de seu marido”.

- Nossa, que enrascada! Pelo jeito, ela nunca mais teria sossego, precisava de muita fé e força para ajudar o seu marido naquela fase difícil. Pensou a moça, apreensiva.

Chegaram à casa nova e o casal, seguido do sogro, entrou na sala, que estava cheia de pacotes de presentes colocados sobre o sofá e outros no chão, sobre o tapete. Fernando não quis nem olhar, seguiu direto para o quarto, estava com muito sono. Celina ajeitou os travesseiros e o acomodou na cama, depois foi se despedir do pai.

             O pai abraçou a filha e disse que poderia chama-lo a qualquer hora, tudo aquilo iria passar; era só uma questão de tempo. A moça entrou com os olhos cheios de lágrimas, o marido estava dormindo e ela teria que mexer em tudo aquilo sozinha.

          Mais uma vez, seus planos deram errado, ainda não sabia se Fernando poderia manter uma relação sexual saudável ou teria convulsões em seus braços. Ela poderia esperar o marido ficar bem para iniciar sua vida de casada, mas, não suportaria que os parentes e amigos sentissem pena dela. Agiria de maneira normal, a partir daquele dia seria uma pessoa dissimulada.

Um texto de Eva Ibrahim.

 Continua na próxima semana.

sexta-feira, 10 de abril de 2015

"DE QUALQUER JEITO, SEU SORRISO VAI SER MEU RAIO DE SOL". CHORÃO --- DEIXE A LUZ ENTRAR PELA FRESTA. EVA IBRAHIM

UMA FRESTA DE SOL
CAPÍTULO QUARTO
          Fernando dormiu como um anjo, depois da dose noturna de vários medicamentos e Celina apagou recostada na poltrona ao lado da cama do marido; estava exausta. Ela acordou com o barulho que o enfermeiro fez ao entrar no quarto, para verificar os sinais vitais do paciente. De sobressalto ela ficou em pé assustada, só então, lembrou-se que estava no Hospital.

         O clarão do novo dia a deixou confusa; por um momento pensou que estava em sua casa, entretanto, a realidade estava ali, nua e crua. Ela, o marido e o pessoal do Hospital, foi o que restou do seu casamento, que fora tão esperado. Ela não curtiu nada do dia mais importante da sua vida, saiu às pressas da Igreja direto para o Hospital. Não viu o bolo nem a festa, que havia sido preparada para o casal.

         Depois ficou sabendo que doaram os quitutes para um orfanato. Uma nostalgia tomou conta de Celina. De todos aqueles acontecimentos, pelo menos, uma coisa boa, fizeram a felicidade de muitas crianças carentes. Sua mãe lhe contou o destino da sua festa quando lhe entregou o casal de noivinhos, que estavam em cima do bolo e seus olhos encheram de lágrimas.

          Celina apertava os bonequinhos na mão e pensava que aquilo era uma grande ironia, os dois bonecos pareciam muito felizes e ela perdida em incertezas. Aquele dia que estava amanhecendo, seria o terceiro de um casamento muito sonhado, que havia sido freado pela doença repentina de Fernando.

               Celina foi ao banheiro e quando se olhou no espelho levou um susto, estava horrível; perdera o viço. Com certeza, aquelas duas noites passadas na poltrona do Hospital, não lhe fizeram bem. Estava ansiosa, preocupada e acima de tudo decepcionada, precisava desabafar com alguém ou explodiria a qualquer momento.

               Tentou conversar com o enfermeiro para ver se conseguia saber alguma coisa a mais, sobre o estado do marido, porém, o funcionário respondia por monossílabos, o que a deixou mais irritada. Tomou um banho e esperou para ajudar o marido tomar o café, depois iria dar uma volta, enquanto o enfermeiro cuidava da higiene de Fernando. A desculpa dada fora que iria comprar algumas revistas para passar o tempo. Estava muito triste e precisava desabafar, mas não poderia ser em frente ao marido. Saiu com destino certo, a Igreja onde se casara, o Padre poderia ouvi-la e lhe dar bons conselhos; era conhecido da família.

A missa já havia começado e ela sentou-se no banco dos fundos da Igreja; olhou para o lado e viu um cachorro deitado perto do altar de Nossa Senhora. Ficou comovida, ele também era uma criatura de Deus e como tal estava ali respeitosamente. Aquele pensamento alegrou seu coração, também precisava de Deus e certamente ele não a abandonaria. A missa estava no final e ela ficou esperando as pessoas saírem para se aproximar do altar principal.

Quando conseguiu chegar ao altar o padre já havia saído pela sacristia, então, ela se ajoelhou diante do Santíssimo e orou com fé entre lágrimas de preocupação. Queria o marido bom para retomar seu casamento, esperara muito por isso.

Ficou ali durante um bom tempo e quando saiu sua alma estava leve; com certeza Deus ouvira suas preces. Voltaria ao Hospital renovada e com algumas revistas na mão. O cachorro estava em frente à Banca de jornais e abanou o rabo quando ela passou; ficou cismada.

- Seria apenas um cachorro ou um anjo?

 Sua mãe sempre dizia que os cães são anjos disfarçados para ajudar os seres humanos. Foi caminhando em direção ao Hospital e quando chegou teve uma bela surpresa. Fernando poderia ir para casa, estava com alta médica.
Um texto de Eva Ibrahim.
Continua na próxima semana.


quinta-feira, 2 de abril de 2015

"EU TAMBÉM SOU VÍTIMA DE SONHOS ADIADOS, DE ESPERANÇAS DILACERADAS. MAS, APESAR DISSO, EU AINDA TENHO UM SONHO, PORQUE A GENTE NÃO PODE DESISTIR DA VIDA". MARTIN LUTHER KING. -- REFLITA E VIVA UM DIA DE CADA VEZ. EVA IBRAHIM


UM DIA DE CADA VEZ

CAPÍTULO TRÊS

         Amanheceu um lindo dia de Sol e Celina estava com os olhos inchados de tanto chorar. Desolada, a moça olhava seu marido dormir um sono forçado por medicamentos diversos. Teria que esperar Fernando acordar, estava dopado, conforme o que lhe dissera o enfermeiro. Ele teria que passar o dia todo no Hospital, para aguardar o Neurologista e sua conduta naquele caso.

Celina fora alertada de que Fernando poderia ficar internado para fazer exames ou até mesmo ser submetido a algum procedimento cirúrgico. Ela estava triste e com sono, sua noite fora longa e estressante; precisava descansar. Quando sua sogra chegou para ver o filho, ela desabou; estava emocionalmente fragilizada. E, abraçada à mãe do marido chorou copiosamente e baixinho resmungou; “o meu mundo caiu”.

Não demorou muito e o rapaz acordou, estava confuso, não sabia o que estava acontecendo e depois das explicações dadas pelas duas mulheres ele disse lembrar-se vagamente do ocorrido. Então, o enfermeiro entrou dizendo que o paciente iria tomar banho, que as duas saíssem para dar uma volta. Sogra e nora se abraçaram e foram até a lanchonete para tomar um café.

A velha senhora tentava consolar a nora, que estava curtindo sua lua de mel com o coração na mão e pedindo a Deus pela cura de seu marido. Depois de uma hora, elas retornaram ao quarto.  Fernando estava sendo preparado para uma tomografia, que o neurologista havia solicitado.

As próximas horas seriam decisivas para Celina saber sobre a doença de seu marido e como seria sua vida dali para a frente. As duas mulheres sentaram-se no sofá da sala de espera e não demorou muito para Celina recostar a cabeça e adormecer; seus olhos estavam tão pesados que foram fechando sem ela consentir.

                  A sogra observava a nora e pensava se ela ficaria com Fernando, caso a sua doença fosse grave. Então, tratou de andar um pouco para tirar aquele pensamento da cabeça; a espera e a ansiedade a deixavam nervosa.

         Depois de um longo tempo, surgiu uma maca no final do corredor com dois homens vestidos de branco empurrando-a. Era Fernando sendo conduzido ao quarto, o rapaz havia adormecido após os exames a que fora submetido. Celina acordou sobressaltada e pediu desculpas à sogra por ter cochilado. Queria saber do marido e se estava bem; o enfermeiro disse para a mulher aguardar que o médico daria notícias.

Aquela espera era assustadora, teria que se acalmar ou ficaria doente também, pensou Celina em um momento de lucidez. Mais tarde, depois que Fernando acordara, apareceu um senhor de meia idade com óculos de lentes grossas, bigodes fartos e expressão séria, estava apressado. Entrou com uma porção de papéis nas mãos e foi logo abordando o paciente e dizendo que já tinha um diagnóstico baseado na tomografia.

            - Tudo indica que foi uma crise epilética que você teve.

Falou diretamente para Fernando e depois olhou para as duas mulheres que que estavam ao lado da cama. Então, continuou:

           - Durante a crise o paciente perde a consciência, apresenta espasmos musculares, que sacodem o corpo ou pode, simplesmente, deixar a pessoa confusa e desatenta.     
                
          - Como ele adquiriu essa doença? Perguntou a mãe de Fernando.

E, o médico especialista em neurologia começou a explicar:

         -É difícil estabelecer uma causa, precisamos investigar

        - A epilepsia é uma doença do sistema nervoso, a maioria dos casos é de fácil tratamento. Porém, existem casos mais severos que precisam, muitas vezes, de cirurgia. As crises epiléticas podem ser desencadeadas por mudanças súbitas de intensidades luminosas, tais como: luzes piscando, privação do sono, bebidas alcoólicas, febre alta, ansiedade, cansaço, drogas e outros.

          Vamos deixa-lo internado para entrar com a medicação para diminuir o número e a intensidade das crises. Se amanhã ele estiver melhor darei alta para ele. Daqui para a frente ele terá que viver um dia de cada vez. Dizendo isso ele saiu do quarto deixando a mãe e a esposa de Fernando boquiabertas. Tudo aquilo era novo e terrível para o casal de recém-casados.

Um texto de Eva Ibrahim.

Continua na próxima semana.
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