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sexta-feira, 9 de maio de 2014

"AQUELES QUE PASSAM POR NÓS, NÃO VÃO SÓS, NÃO NOS DEIXAM SÓS. DEIXAM UM POUCO DE SI, LEVAM UM POUCO DE NÓS." ANTOINE DE SAINT-EXUPÉRY---ALGUM DIA A GENTE SE ENCONTRA NOVAMENTE. EVA IBRAHIM



                   UMA NOVA VIDA.
                      CAPÍTULO DEZ.
        Clésio se mudara de cidade, sua esposa andava desconfiada de que fora traída e ele não queria mais problemas; era covarde demais para assumir qualquer coisa, preferiu fugir.
       Letícia ainda pensava nele com saudades, pois, tinha consigo um pedacinho dele; o grande amor de sua vida, seu filho André. Um menino bonito, saudável e brincalhão. Clésio não se esquecera de Letícia; por diversas vezes ele a procurara, queria saber do menino.
       Ela promoveu o encontro de pai e filho, dizendo que era um amigo e o menino não percebeu nada, almoçaram juntos. Foi uma despedida, disse Letícia, iria se casar e não queria que ele a procurasse mais. Clésio se foi sem prometer nada, não aceitara bem à notícia. Seu filho iria chamar outro homem de pai, partiu de cara amarrada.
       Agenor gostava de Júlio e fazia gosto no casamento da filha.
      - A menina tivera sorte, o rapaz era bom e trabalhador; seria um ótimo pai para André. Dizia Agenor para sua mulher, que concordava com a cabeça. O casamento fora marcado para o mês de dezembro, no dia do aniversário de cinco anos de André. A família faria uma grande festa; estavam muito felizes.       
      Uma semana antes do casamento Clésio foi esperar Letícia na saída do serviço; queria ficar com o menino. Estava visivelmente bêbado, falava alto gesticulando. A menina ficou assustada e tratou de tirá-lo da rua; entraram em uma Igreja.
      Os dois tiveram uma longa conversa, ela se casaria e ele continuava sua vida com a mulher e as duas filhas. A conversa foi difícil, pois, ele não queria nem uma coisa e nem outra; gostava das duas mulheres e dos filhos também. Ele se agarrou a ela e chorou. Ainda a amava; as lágrimas se fundiram, ela também chorou. Depois ele saiu apressado, não poderia detê-la. Letícia ficou olhando seu amor impossível partir; teria que se conformar.
      André e o irmãozinho de Letícia, seriam os pajens do casamento, pareciam gêmeos; estavam bonitos e felizes. Clésio fazia parte do passado, sua vida iria mudar. Júlio e André, essa era sua família; não poderia decepcionar mais ninguém.
       O casamento aconteceu tranquilamente e na hora dos cumprimentos, na porta da Igreja, ela viu o Clésio. Ele estava lá, queria vê-la vestida de noiva. No meio dos convidados ele passou despercebido, porém, Letícia o viu e acenou com a mão, dando adeus. Ali acabava sua história de amor proibido, agora tinha marido. Trataria de esquecer seu primeiro amor, que aconteceu forte, bonito, inesquecível, porém, impossível.
       A menina e seu marido saíram da festa para a viagem de lua-de-mel, deixando o filho com sua mãe. Quando os convidados saíram e as crianças foram dormir, Agenor abraçou Dora e sussurrou:
       -Estou feliz, casamos nossa menina, mas vou sentir muita falta dela. Quando vejo o André, preciso ver Letícia, os dois formam o corpo e a alma, devem sempre ficar juntos.
      Alguns anos se passaram e André ganhou um casal de irmãos, que ele ajuda a mãe a cuidar. Clésio nunca mais apareceu e o casamento de Letícia vai muito bem. Júlio é um ótimo pai para os três filhos, pois, ele reconheceu André como sendo seu filho.
     Aqui termina a história de Letícia, a menina que escondeu a gravidez até o bebê nascer.
       Um texto de Eva Ibrahim.
Iniciaremos outra história na próxima semana.

sexta-feira, 2 de maio de 2014

"PROS ERROS, PERDÃO. PROS FRACASSOS, CHANCE. PROS AMORES IMPOSSÍVEIS, TEMPO." LUÍS FERNANDO VERISSÍMO--- AMAR É O SEGREDO DE UMA VIDA FELIZ. EVA IBRAHIM.

PASSANDO A LIMPO.
CAPÍTULO NONO.
        A menina voltou para casa com seu filho e todos os acolheram com carinho. Dora estava feliz e agradecida por seu marido ter perdoado a filha, que estava sinceramente arrependida por ter escondido sua gravidez. Entretanto, ela temia que Agenor fosse tirar satisfações com o pai de André. O marido não sossegaria até esclarecer os fatos, disso ela tinha certeza.
       Letícia continuava trabalhando na padaria e Dora ficava com seu neto. Parecia que estava tudo bem naquela casa; porém, haviam notado a presença de um veículo rondando por ali todas as tardes; era o Clésio querendo ver o filho.
       O pai, preocupado, disse a Letícia que não iria tolerar que ela falasse com aquele cafajeste, ele iria espera-lo para conversar. Agenor fez sinal ao veículo de Clésio para que parasse, queria colocar as coisas em pratos limpos. Não permitiria que aquele homem rondasse a sua casa.
      Clésio desceu do automóvel e com cara de pau disse que queria ver seu filho e ajudar a cria-lo. A vontade de Agenor era pular no pescoço daquele safado, mas, prometera a filha que iria ter calma. O homem disse a Clésio que se afastasse de Letícia ou contaria tudo à sua esposa, não queria e não precisava de ajuda para nada. Se ele insistisse iria chamar a polícia, o menino pertencia a sua família e a mais ninguém.
      O rapaz não tinha argumentos para insistir e foi saindo cabisbaixo. Agenor entrou em sua casa avisando à sua esposa que nunca mais queria ouvir falar naquele homem. André era de Letícia e deles; o menino seria criado junto com seus outros filhos.
       Clésio não desistira, procurava ver a moça quando ela saia do trabalho, não se conformava em ficar longe da criança. Queria conhecer o menino, pegá-lo no colo. Letícia se comovia com os argumentos de Clésio e combinou um encontro.  Iria levar o menino para tomar vacina e deixaria que ele visse André.
       O pai pode, então, conhecer o filho, a menina não queria negar esse direito a ele; ainda o amava. Depois, Clésio se foi com um jeito triste, não poderia reconhecer o menino como seu filho, nem lhe dar o nome.
      Nice ajudava sua irmã a cuidar das crianças, que cresciam como irmãos. Agenor se apegara ao menino com amor de pai.  André saia com o avô e o tio, o irmãozinho mais novo de Letícia. Pareciam irmãos, além de parecidos eram do mesmo tamanho.
      O tempo corria e quando Agenor chegava à sua casa e não via o neto, ficava nervoso. Dizia que mãe e filho pareciam o corpo e a alma; queria vê-los sempre juntos.
      Quando André estava com três anos, Letícia conheceu o Júlio; um mineiro recém-chegado de Uberlândia, com quem fizera amizade. Ela o tinha como amigo, porém, ele a amava e dizia que iria se casar com ela. Letícia ria alto, não pensava em se casar; tinha um filho para criar. A menina estava feliz no seio de sua família; o pai e a mãe lhe davam o apoio necessário e de vez em quando ela via o Clésio, que ainda balançava seu coração.
      Letícia sabia que deveria se manter afastada daquele homem, mas ainda o amava e ele também gostava dela. Então, ela se contentava em sonhar com ele. Júlio era insistente, queria namorar a menina.
      -Letícia continuava obesa como sempre e assim mesmo encontrava pretendente, comentou sua irmã mais velha em conversa com a tia Nice.
      -Pudera! Era vistosa e tinha um sorriso alegre; uma menina cheia de vida; Argumentava Nice.
      Durante dois anos Júlio procurou aproximar-se de Letícia, que já aceitara o namoro com ele. Não era um grande amor, mas um amor tranquilo, que lhe fazia bem.
Um texto de Eva Ibrahim.

Continua na próxima semana.

sexta-feira, 25 de abril de 2014

"A BELEZA AGRADA AOS OLHOS, MAS É A DOÇURA DAS AÇÕES QUE ENCANTA A ALMA." VOLTAIRE--- A VIDA É ASSIM, O AMOR SEMPRE VENCE. EVA IBRAHIM.

PAI HERÓI.
CAPÍTULO OITO.
  Agenor estava sentado na varanda descansando e ouvindo o seu canário do reino cantar, enquanto esperava Dora preparar o almoço; vez ou outra se levantava para mudar a gaiola de lugar. O homem gostava de ouvir seu passarinho cantar; ficava com o coração mais leve, dizia aos amigos.
     Letícia com André no colo abriu o portão e entrou; quando viu o pai parou, estava com muitas saudades dele, queria lhe dar um beijo. Os dois sempre foram muito ligados; tinham afinidades e gostavam das mesmas coisas. Letícia vivia grudada no pai quando ele estava em casa ou saia para passear de automóvel. Agenor dizia, carinhosamente:
     - Vamos minha “bambina”. E, a menina entrava no veículo toda prosa e saltitante.
      Não guardava rancor dele; queria abraça-lo e pedir perdão; entendia que a surpresa o deixou desnorteado.
      O pai quando viu a filha ficou paralisado, muitas vezes sonhara com aquela situação, porém, agora era realidade. O homem não conseguia tirar os olhos do neto; parecia encantado. Em seguida seu irmão entrou com a mulher, estavam com Letícia; queriam ajuda-los promovendo a reconciliação entre pai e filha.
      Letícia se aproximou e com os olhos cheios de lágrimas disse:
     - Eu errei e o enganei, perdoa-me pai, eu preciso de você.
     A filha ali parada com o bebê no colo e seu irmão olhando para ele o emocionou; precisava respirar, seu coração estava disparado. Como negar perdão à sua menina, que agora era mãe e lhe pedia guarida com o seu neto no colo. Pensava o homem sem ação.
     Que monstro ele seria se não a perdoasse, também era um pecador. Então, Agenor estendeu os braços e pegou o bebê no colo. Ele sempre gostara de crianças e aquele era um menino especial. Dos seus olhos escorriam lágrimas e seu coração só se acalmou quando Letícia o abraçou e beijou; aquele era seu pai.
      Dora ouviu o barulho e foi ver quem havia chegado. Quando presenciou a cena entre pai e filha, a mulher parou e agradeceu a Deus por ter ouvido suas preces; estava feliz com sua família reunida novamente.
     Agenor sentia-se constrangido diante da filha, porém, tentou parecer o mais natural possível. Quando seu irmão e cunhada saíssem ele queria saber quem era o pai de André. Perdoava a filha, mas tinha o direito de saber quem se aproveitara dela.
     Letícia sabia que o pai iria lhe perguntar do pai de seu filho, era inevitável a explicação final. E, ela não poderia mentir se quisesse voltar à casa de seus pais.
     O almoço de domingo transcorreu normalmente e André dormiu na antiga cama de Letícia, que continuava intacta, a espera dela. A família estava alegre com a presença de mãe e filho naquela casa. Teriam que ficar morando ali, pediram os irmãos de Letícia ao pai.
      Agenor chamou a filha para conversar. Ela poderia voltar para casa, mas teria que dizer quem era o responsável por tudo aquilo.
      Letícia abaixou a cabeça e disse ao seu pai que não iria mentir mais. Ela fora culpada, juntamente com Clésio, se apaixonara pelo homem que a cortejava e nunca perguntou se era casado ou solteiro. Entregou-se a ele sem pensar nas consequências, era imatura e inexperiente. Somente quando ficou grávida ela ficou sabendo que ele era um homem casado, por isso se calou. Não queria provocar um aborto como Clésio sugerira, não mataria o próprio filho; preferia morrer. Então, duas lágrimas desceram pelo rosto da menina.
      O pai se comoveu com a sinceridade da filha e prometeu não fazer nenhuma besteira.
Um texto de Eva Ibrahim.

Continua na próxima semana.

sexta-feira, 18 de abril de 2014

"SUPERAR É PRECISO; SEGUIR EM FRENTE É ESSENCIAL. OLHAR PARA TRÁS É PERDA DE TEMPO. PASSADO, SE FOSSE BOM ERA PRESENTE." CLARICE LISPECTOR.

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UM POUCO DE AMOR.
CAPÍTULO SETE.
      Quando Dora adentrou ao quarto do Hospital, seus olhos encheram-se de lágrimas; ela já amava os dois, mãe e filho. Letícia ao ver a mãe e a tia ali, chorou e depois voltou os olhos ao seu filho, dizendo que aquele era o André, seu bebezinho. As três mulheres se abraçaram e choraram juntas, havia amor naquele lugar. Nada mais importava, as mentiras e omissões ficaram lá atrás, agora era hora de olhar à frente e criar aquele lindo menino de olhos negros.
      Depois, Dora perguntou à filha como ela suportara tudo aquilo sozinha e a resposta comoveu a mãe e a tia.
      - Eu nunca estive só, pois, Deus estava sempre comigo. Perdoa-me mãe, por tê-la enganado. A menina abaixou os olhos, estava envergonhada.
      Dora respondeu com a voz embargada, seu coração de mãe já havia perdoado a filha.
      - Eu sabia que havia alguma coisa errada com você, porém, não acreditei na minha intuição. Letícia eu amo você, seus irmãos e agora o seu filho também, como se fosse meu. Nada me deve, vamos criar o André juntas.
      - Mãe onde está meu pai? Ele ficou muito bravo? A menina perguntou, estava preocupada com a reação do pai.
Dora disse que ele estava muito nervoso, que deveriam deixar o tempo passar para acalmá-lo. Letícia concordou, seu pai devia estar sofrendo muito pela decepção sofrida. As duas irmãs, Dora e Nice, foram para casa, estavam mais calmas, Letícia e o bebê estavam bem.
      Agenor chegou à sua casa quando o dia estava amanhecendo; entrou rapidamente sem olhar para Dora, pegou a roupa de trabalho e saiu batendo a porta. A mulher ficou parada olhando para o marido, queria lhe contar da criança, porém, ele a ignorou.
      A mãe e a filha mais velha foram visitar a menina no Hospital, enquanto Nice ficava com os irmãos menores. A mãe queria saber quem era o pai da criança, mas, Letícia dizia que não tinha pai, era só seu.
      O médico avisou que a menina teria alta no dia seguinte e a mãe ficou preocupada com o pai, pois este dissera que Letícia não voltaria para casa. Dora iria conversar com o marido, depois do jantar; ela sabia que ele estava zangado, mas apelaria para o amor que ele tinha pelos filhos. Agenor sempre fora um pai amoroso.
      Entretanto, seu marido chegou cheirando a álcool e foi se deitar no quartinho dos fundos, não quis comer nada. Fechou a cara, não queria conversa com ninguém. Quando Agenor se levantou para trabalhar, a mulher lhe perguntou se ele iria buscar a filha no Hospital.
      Olhando com ódio para Dora, ele respondeu:
     - Não tenho filha em nenhum Hospital, a minha filha Letícia já morreu, portanto, me deixe em paz.
     A mulher tremeu de medo; ele não aceitaria a filha e o neto em sua casa. Dora começou a chorar, não poderia abandonar a filha com o bebezinho.
A filha mais velha levantou a hipótese de levar Letícia para a casa dos avós, pais de Dora e Nice. O casal de idosos concordou prontamente, acolheriam a neta e o bisneto; Nice ficou feliz, gostava da sobrinha.
       Letícia recebeu alta e foi para a casa de seus avós; o pai não a perdoara. A menina deveria ficar com os avós e sua tia Nice até aquela história se resolver.
       Agenor chegava tarde à sua casa e ia se deitar no quartinho dos fundos, ignorava sua mulher, pois, dizia que ela era culpada pelo erro de Letícia. Um mês inteiro se passou sem que Dora ouvisse a voz de seu marido. A mulher ia todas as tardes visitar a filha e o neto, que estavam muito bem.
       Certo dia, Letícia levou o bebê para tomar vacina e quando voltava empurrando o carrinho, Clésio apareceu querendo ver o filho. A menina ficou branca e quase desmaiou. Agarrou o bebê no colo e disse que iria gritar se ele se aproximasse. O filho era só dela, já que ele não queria que a criança nascesse.
      Clésio disse que queria ajuda-la e ela recusou. Seu pai o mataria se soubesse que ele era o responsável por sua gravidez. Que sumisse para sempre, e saiu andando. Ele ficou parado olhando a menina empurrando o carrinho, sentindo pena de si mesmo.
      Dora com muito jeito se aproximava do marido; ele já aceitava conversar com ela e os outros filhos. Parecia mais tranquilo, mas não queria saber de Letícia.
      André estava com três meses e Letícia planejava batizar o bebê. A menina queria a presença de seu pai, já que o irmão dele seria o padrinho do menino. 
No domingo, seu pai estava em casa e ela resolveu ir até lá falar com ele; queria lhe pedir perdão.
Um texto de Eva Ibrahim.

Continua na próxima semana.

sexta-feira, 11 de abril de 2014

"DEUS TEM ESTRADAS, ONDE O MUNDO NÃO TEM CAMINHOS." MEIMEI-- A PRIORIDADE É SER FELIZ. EVA IBRAHIM.

O SENTIDO DA VIDA
CAPÍTULO SEIS
A menina foi conduzida para dentro da sala de emergência e o enfermeiro fechou a porta na cara de Agenor, o pai de Letícia, que deu um passo para trás. Em seguida apareceu uma enfermeira, já cinquentona e com voz grossa lhe ordenou:
- Aguarde lá fora, por favor. Depois entrou na sala onde estava Letícia.
O homem foi saindo, não ousaria desobedecer tão incisiva ordem.
Vinte longos minutos se passaram e a enfermeira apareceu para lhe dar notícias da filha. A mulher foi logo dizendo:
Parabéns, o senhor vai ser avô, o bebê já está a caminho; sua filha está sendo levada para a sala de parto.
Agenor ficou extático; perdeu a voz e ficou pálido.
 -Não, eles estavam enganados, a filha dele estava com cólicas de rim, ele queria argumentar, porém, sua voz não saia.
Quando a enfermeira ia entrar, ele conseguiu soltar um som que mais parecia um grunhido.
-Espere, não pode ser Letícia, ela não está grávida.
A moça que o senhor trouxe, está grávida e daqui a pouco o bebê estará em seus braços; é só aguardar um pouco mais.
A mulher, com ar vitorioso, entrou balançando as gorduras do traseiro volumoso.
 Agenor perdeu o chão, não conseguia entender, aquilo não poderia ser verdade. Sua mulher não iria esconder aquele fato dele. E a vergonha que ele teria que enfrentar; o que diria aos parentes e amigos? Ele não merecia passar por aquela situação, pensava rápido como se fosse um filme passando por sua cabeça.
Subiu no veículo e voltou para sua casa, iria tirar satisfação com sua mulher. O homem dirigia loucamente. Mataria o pai da criança, assim que descobrisse quem era o cafajeste que fizera mal à sua filha. Sua vida estava destruída; ele não aguentaria tamanha vergonha. Estas ideias martelavam em sua cabeça.
Chegou cantando pneu e Dora já estava na porta para saber notícias da filha.
Agenor estava irado, mãe e filha o enganaram; entrou gritando e empurrando sua mulher.
- Que espécie de brincadeira era aquela?
- Letícia estava grávida e ninguém lhe contou?
-Quem era o pai da criança?
Dora começou a chorar. As crianças acordaram e todos foram para a sala. Boquiabertos e sem entender nada, as crianças ficaram ouvindo o pai gritar com a mãe.
- A mulher, desesperada, dizia que estava desconfiada, porém, a menina sempre negava e como não tinha namorado, ela achava que estava enganada.
As crianças menores começaram a chorar, nunca tinham visto o pai tão alterado. Agenor dizia que Letícia estava morta para ele e que não a queria mais ali. Então, ele percebeu que estava aterrorizando os filhos e por um momento voltou à razão.
Agenor não era mau, apenas estava nervoso; queria fugir dali e se esconder. Em seguida, deixou a sala, teria que esfriar a cabeça.
Saiu cantando pneus e Dora sentou-se no sofá, estava pálida, sem ação. A filha mais velha disse que iria chamar a tia Nice para ajudar sua mãe naquele momento de desespero. O relógio da sala marcava uma hora da manhã.
Nice era irmã de Dora e madrinha de Letícia; uma balzaquiana solteirona que vivia com os pais idosos. Depois de meia hora a moça chegou esbaforida, viera correndo na escuridão da noite. Não encontrara ninguém, dissera ao entrar na casa da irmã.
Sentou-se ao lado de Dora, que lhe contou o drama que havia desabado sobre ela. A moça arregalou os olhos e depois sorriu; a irmã já era avó, teria que ficar feliz. Os fatos verdadeiros veriam depois, agora iriam conhecer o bebê.
Dora foi arrastada pela irmã Nice, que ria ao pensar que já era tia avó. Seguiam pela noite adentro em uma caminhada de cerca de três quilômetros. Com a brisa fria da madrugada a tensão sofrida parecia diminuir. A caminhada fez bem à Dora, até conseguiu sorrir ao pensar no bebezinho de Letícia.
Depois fechou a cara:
-Como sua filha conseguira esconder a gravidez? Deve ter sofrido muito; pobre menina; lamentou a mulher chorosa. Entretanto, logo foi envolvida pelos braços de sua irmã, que mais parecia um anjo caído do céu.
Chegaram ao Hospital e conseguiram permissão para dar uma olhada em Letícia, pois, esta era menor de idade.
Quando adentraram ao quarto viram a menina dando o peito para o filho pequeno. Era um lindo menino de dois quilos e oitocentos gramas. Um texto de Eva Ibrahim.
Continua na próxima semana.


sexta-feira, 4 de abril de 2014

"CADA COISA TEM SUA HORA E CADA HORA O SEU CUIDADO." RACHEL DE QUEIROZ ---QUE SEJA ALEGRE O QUE VIER. EVA IBRAHIM

DEUS; CUIDA DE MIM.
CAPÍTULO CINCO.

        Letícia não procurou o médico e nunca disse nada, sobre seu estado gravídico, à ninguém. Curtira os enjoos da gravidez inicial e as azias costumeiras às gestantes, sem reclamar. Comia menos para não engordar muito, assim conseguia manter quase o mesmo peso.
        Em sua ingenuidade, achava que poderiam tirar a criança dela ou dá-la ao pai para criar. Em nenhum momento se preocupou consigo mesma, pensava somente no bebê. Lá no íntimo, ela tinha certeza de que seria um menino, pois, sempre que pensava nele ou acariciava sua barriga, a figura de um bebê vestido de azul lhe vinha à mente. Até já lhe dera o nome de André; era seu filho querido.
        A menina sabia que o bebê seria um presente de Natal, porém, não sabia o dia certo. Letícia juntara informações ouvidas de sua mãe e outras lidas em revistas femininas, que sua irmã comprava, e, tirara suas conclusões.
       Ela sabia que seu segredo tinha hora para acabar, então, entrou na Igreja e ajoelhada pediu para Deus ajuda-la, depois chorou até desabafar. Estava escurecendo quando ela desceu as escadas da Igreja; estava cabisbaixa, sentia-se aliviada. Agora, Deus também conhecia seu segredo e ele daria um jeito de André nascer e ficar com ela; era isso que pedira a ele.
      Tantas moças já tiveram filhos, antes de se casarem, ela não seria a primeira e nem a última; esse pensamento a acalentava. Porém, quando pensava em seu pai esbravejando e vindo para seu lado, ela tremia de medo. Ele poderia se virar contra a mãe dela também; pobre mulher que não sabia de nada. Dora, a mãe tinha desconfiança da situação, porém, Letícia estava obesa como sempre e não saia de casa, então, a mãe sossegava. Depois pensava que seus pensamentos eram cruéis para com sua filha, iria se confessar.
       A menina, em suas noites de angustia, pensava em alguma saída, porém, era difícil, porque o pai da criança era casado. Letícia tinha uma tia, irmã de sua mãe, de quem gostava muito, entretanto, se contasse à Nice, todos ficariam sabendo. Na certa ela tentaria resolver a situação e descobriria o Clésio e a mulher dele também.
       Não, não, ela não queria aquilo, ficaria calada para o bem de todos. Nunca diria quem era o pai de André, certamente seu pai o mataria e depois iria preso por sua culpa. Em nenhuma situação ela e o bebê ficariam bem; teria que esperar.
       Certa noite ela começou a vomitar e sentir muitas cólicas, o que a levou a chamar sua mãe e esta pediu ao pai para leva-la ao Hospital. Chegando lá, um médico sonolento a atendeu e disse que poderia ser cólica de rim e lhe prescreveu uma medicação para dor. Ela tomou a medicação e depois foi para casa, estava melhor.
       O médico nem se deu ao trabalho de lhe perguntar se estava grávida, queria se livrar dela logo. Letícia voltou para casa e todos acreditaram que ela tivera uma cólica de rim. A dor passou e ela voltou à sua vida normal.
        Ainda faltavam dois meses para o bebê nascer e ela começava a sentir cólicas, que poderiam ser de trabalho de parto prematuro. Ela usava a cinta modeladora, que a cada dia ficava mais apertada; o bebê ganhava peso. Letícia procurava não pensar em nada, acreditava que Deus cuidava dela e do bebê. Quando sentia cólicas tomava o remédio que o médico lhe dera. Para todos os seus familiares, ela estava com pedras nos rins. O pai dissera que iria leva-la a um especialista em urologia e ela se esquivava, dizendo que estava melhor.
       Dezembro chegou com muita chuva e vento e Letícia foi se deitar com algumas dores na região lombar e no baixo ventre.  Já passava da meia noite, quando ela começou a gritar, as dores estavam insuportáveis.
       O pai foi ver o que estava acontecendo e encontrou a menina pálida de dor, teria que leva-la ao Hospital. Dora ajudou a filha a entrar no automóvel e viu o veículo partir. Aquele sentimento de que havia algo errado voltou a tomar conta da mulher, que começou a orar. Um texto de Eva Ibrahim.

Continua na próxima semana.

sexta-feira, 28 de março de 2014

"É PRECISO TER O CAOS DENTRO DE SI PARA GERAR UMA ESTRELA." NIETZSCHE-- COM O SILÊNCIO TORTURAMOS. EVA IBRAHIM

  
            A TRISTEZA E O SILÊNCIO.
                 CAPÍTULO QUATRO
        Letícia entrou sorrateiramente, não queria ver ninguém; aquilo que o Clésio dissera não podia ser verdade. Ele falou em aborto e tudo que ela sabia de aborto é que o bebê era tirado do útero da mãe. Sua mãe tivera um aborto espontâneo, ficara internada no Hospital e lhe explicara sobre o aborto. Nunca iria provocar a morte de seu filho, porque já o amava; seu coração estava sangrando, não queria ver ninguém. 
        Ela tinha vontade de jogar aquele dinheiro, que estava no envelope, no lixo ou jogar na cara de Clésio; nem sequer abrira para ver quanto tinha. Porém, teria que, momentaneamente, escondê-lo de sua mãe. Enfiou o envelope dentro de uma calça jeans velha; ninguém mexeria ali, disso ela tinha certeza.
       Tomou banho e deitou-se. Sua mãe foi ver o que havia acontecido e ela disse estar indisposta, queria um chá e um analgésico. A mãe concordou, poderia ser uma virose. Letícia chorou até pegar no sono e acordou com o despertador. Levantou-se para trabalhar, estava arrasada, precisava pensar muito. 
       Nunca mais queria ver o Clésio, além de casado, era covarde, pois a descartou como se fosse um trapo velho. Não tomou café, nada passava em sua garganta; parecia que estava travada, só conseguia chorar. Os colegas da padaria ficaram com pena de Letícia, pois, seus olhos lacrimejaram o dia todo. 
- Estava gripada. Dissera a menina, era uma desculpa para encobrir tristeza.
      Depois de uma semana inteira sem conseguir comer, havia emagrecido; a mãe e algumas pessoas notaram. Letícia até sorriu.
 - Que bom! Pensou, assim teria tempo para resolver a sua situação. 
      Sua irmã levou para sua casa um catálogo de roupas íntimas, onde havia diversas cintas modeladoras e sugeriu à sua irmã que comprasse uma. Letícia sentiu que poderia ajuda-la a esconder a barriga e prontamente marcou uma cinta modeladora.
      De tanta tristeza, ela se alimentava mal e emagreceu ainda mais e quando a cinta chegou, ela pode disfarçar a gravidez. Ninguém poderia imaginar que aquela menina estivesse esperando um bebê; era apenas uma menina fora do peso. 
       Letícia não saia de casa, fato que acalmou o coração de sua mãe, que trazia uma desconfiança lá no fundo do peito. Deveria esquecer aqueles pensamentos, a menina estava inocente; era gorda desde pequena e em alguns casos as regras são irregulares, estava ainda se formando, dissera o médico, há algum tempo.
 - Julgar mal a filha deveria ser pecado. Pensou a mulher temerosa.
      Os meses iam passando lentamente e Letícia sentia que sua barriga estava crescendo; quando ela tirava a cinta sua barriga saltava. E, ela colocava a cinta ainda no banheiro, para ninguém desconfiar. Era um segredo só seu, não contaria a ninguém, o futuro a Deus pertencia e ela esperava que ele a amparasse. 
Letícia sempre ouviu dizer que Deus não desampara seus filhos e ela tinha mais um filho de Deus na barriga; então, eram dois para ele cuidar.
      Certo dia, na saída da padaria, ela viu o Clésio, que a estava esperando, porém, ela passou por ele sem olhar. Ele a chamou, mas ela seguiu em frente; temia que ele tirasse a criança dela. Nunca mais falaria com ele, o bebê seria só dela, não tinha pai.
      Com certeza, a consciência de Clésio deveria estar pesada, pois, ele a deixara na rua da amargura e agora queria saber se ela fizera ou não o aborto, já que seu corpo nada revelava. Ela comia pouco e mantinha praticamente o mesmo corpanzil de sempre. 
Letícia o havia enganado, então sorriu baixinho; que a dúvida o atormentasse, desejou a menina.
       Quando viu o pai de seu filho, lembrou-se do dinheiro, que estava escondido. Compraria roupas e tudo que o bebê precisasse, era uma boa quantia e ficaria guardada até ele nascer.
Um texto de Eva Ibrahim. ,
Continua na próxima semana.


sexta-feira, 21 de março de 2014

"NÃO VOU DEIXAR A PORTA ENTREABERTA. VOU ESCANCARÁ-LA OU FECHÁ-LA DE VEZ; PORQUE PELOS VÃOS, BRECHAS E FENDAS PASSAM SEMI VENTOS, MEIAS VERDADES E MUITA INSENSATEZ." CECÍLIA MEIRELES. --TEMPESTADES NÃO SÃO ETERNAS. EVA IBRAHIM

            TIRANDO A MÁSCARA
              TERCEIRO CAPÍTULO
      Clésio chegou para o encontro, estava feliz e sorridente; aquela menina tinha o poder de deixa-lo tranquilo. Amava seu cheiro, sua pele fresca e seu sorriso. Sua vida dupla o deixava satisfeito; ele amava as filhas e precisava da mulher para cuidar da família. Letícia era um doce capricho, que seria descartado posteriormente, porém, não tinha data e ele não queria pensar nisso.
   Em sua ingenuidade e inexperiência, Letícia se preparara o dia todo para lhe dar a grande notícia; iria lhe dar um filho. Passara o dia imaginando que seria um menino, igual ao pai; depois ficara pensando que nome daria ao filho de seu amor. Em seguida ponderou que, seria melhor deixar o pai escolher o nome do menino, queria agradá-lo.
O encontro aconteceu entre abraços e beijos e no auge da paixão ela disse:
     -Estou grávida, vamos ter um filho. Clésio a afastou prontamente e pálido, perguntou?
      - Que história é essa? Você está tomando anticoncepcional ou não está?
A menina gaguejou e disse que se esquecera de tomar o remédio algumas vezes.
Clésio a segurou pelos braços e apertando disse:
      - Eu sou um homem casado e tenho duas filhas para criar, você não tinha o direito de deixar isso acontecer. Eu nunca lhe prometi casamento porque já sou casado.
Letícia começou a chorar. Entre um soluço e outro ela dizia que não premeditara nada e só percebera agora que sua barriga estava crescendo e alguma coisa mexendo lá dentro.
       Clésio perdeu a cor, ele queria sumir, balançava a cabeça; não podia acreditar que tinha um problema desse tamanho para resolver. Só agora ele percebera que não pensara na gravidade do que estava fazendo. Coçando a cabeça ele tentava pensar em alguma coisa que o livrasse daquela responsabilidade.
Um mundo de possibilidades passava por sua cabeça. Ele poderia ser preso por corrupção de menores. Sua mulher o abandonaria e não deixaria que ele visse as filhas ou o pai de Letícia o mataria. Qualquer uma dessas hipóteses já o arruinaria para sempre.
      - O que fazer? Olhava para a menina, que chorava sentada no banco do passageiro de seu veículo.
     – Como fugir daquela responsabilidade? Teria que pensar, pensar e pensar...
Olhou para a menina e disse:
 -Você tem noção do tamanho da encrenca em que estamos metidos?
Letícia não conseguia responder; o que para ela era motivo de felicidade para ele era a tormenta. A incerteza tomara conta dela; a decepção fora muito grande. Ele a levou de volta e pediu que não comentasse com ninguém, no dia seguinte falariam novamente; precisava pensar.
A menina entrou e foi direto para seu quarto, estava com os olhos vermelhos e não queria que ninguém a visse. Entretanto, sua mãe percebeu e foi atrás dela fazendo mil perguntas, das quais ela se esquivou dizendo estar com muita dor de cabeça. A mãe, preocupada, foi buscar um comprimido e um copo de água para ela tomar; depois apagou a luz para a filha descansar.
Ela não conseguia dormir, pois, tivera a maior decepção de sua vida; Clésio era casado. Ela não podia acreditar que aquele homem que ela amava a enganara. Ficaria mal falada e seu pai a mataria se tivesse um filho de um homem casado.
 Clésio passara a noite toda sentado no vaso do banheiro com uma súbita diarreia; não conseguia achar uma saída decente para justificar a gravidez de uma garota de quinze anos. Pensou até em suicídio; seria uma saída estratégica, porém, ele era muito covarde para tentar contra a própria vida.
Pensou em procurar um médico e pagar um aborto; certamente seria a melhor solução. Letícia sairia ilesa dessa história e ele continuaria sua vida de garanhão. Clésio tinha dinheiro guardado para uma emergência e resolveu pegá-lo, assim que o Banco abrisse e levaria para a Letícia. Depois foi se deitar, estava mais tranquilo. Parecia ter encontrado a solução, a menina teria que concordar.
         O dinheiro queimava em seu bolso, o homem não via a hora de dá-lo à Letícia e fazer com que ela prometesse procurar um médico. Ele não poderia aparecer; ninguém poderia saber de sua existência.
         Quando a menina saiu da padaria ele a abordou dizendo que naquele envelope havia dinheiro suficiente para ela pagar um aborto. Letícia ficou pálida e sem ação, não conseguia entender o que ele queria dizer com aquilo. Ele pegou sua mão onde colocou o envelope, fechando-a e depois disse adeus. Ela devia esquecer que o conhecera, ele não queria problemas. Subiu em sua caminhonete e desapareceu.
      Ela ficou parada no meio da calçada sem saber o que fazer; depois lentamente seguiu para sua casa, estava desolada.
Um texto de Eva Ibrahim.

Continua na próxima semana.

sexta-feira, 14 de março de 2014

"E, O BONITO DESTA VIDA É PODER COSTURAR SONHOS, BORDAR HISTÓRIAS E DESATAR OS NÓS DE NOSSOS DIAS." CIDINHA ARAUJO.-- SONHAR É VIVER...EVA IBRAHIM

                       DOCE MISTÉRIO
                 SEGUNDO CAPÍTULO
        AH! O Clésio, seu grande amor, que apareceu na padaria e passou semanas cortejando-a. Sentava-se em uma cadeira, nos fundos do estabelecimento, então, Letícia levava o café com pão quente e manteiga; depois ele degustava seu café, sem tirar os olhos dela. Parecia um encantador de serpentes, que a encantou; pobre menina ingênua!
        Ele era um homem casado, com duas filhas menores, porém, Letícia não sabia de nada e aos poucos foi sendo enfeitiçada por ele. Era seu primeiro amor e ela sentia que ninguém poderia saber; temia que seus pais a proibissem de vê-lo. Ele era muito mais velho que ela, seus pais não aceitariam o namoro, então, ele a pegava na saída do trabalho com sua caminhonete e saiam para algum local isolado. Cada dia em um lugar diferente, era instigante descobrir para onde ele a estava levando.
       Trocavam carícias e beijos entre muitas promessas de amor sem fim, dentro do veículo de Clésio. Ele não tinha escrúpulos e gostava dos carinhos da menina. Ela era uma adolescente bonita, de olhos grandes e longos cabelos pretos.
Em seguida, o homem a levava para casa, estacionando o veículo duas quadras antes de sua moradia. Letícia seguia caminhando como se nada tivesse acontecido; abraçava a mãe e o bebê, seu irmãozinho. Depois, cantarolando ia tomar banho; parecia a pessoa mais feliz do mundo.
       Clésio se dizia apaixonado e prometia ficar com ela. Letícia estava amando pela primeira vez e ficava feliz com sua presença. Seu coração disparava e ela tornava-se uma presa fácil.
     A menina se entregou a ele espontaneamente; foi uma explosão de felicidade. Em sua casa ninguém percebeu nada; ela dizia que ficava na padaria até mais tarde para organizar e limpar o local. A desculpa era boa, devia deixar o estabelecimento pronto para o dia seguinte. Era uma situação viável, não dava para limpar de manhã, pois, a freguesia era grande.
    Os dois amantes juravam fidelidade e se amavam quase diariamente. Clésio tinha facilidade em conduzir Letícia, pois, a menina era ingênua. O homem tinha o dobro da idade dela, além de ser casado, por isso, temia ser descoberto. Então, comprara anticoncepcional para ela, que muitas vezes se esquecia de tomar.
       Certo dia, uma colega do trabalho perguntou à Letícia se aquele homem a estava assediando e ela negou; era apenas um freguês, como outro qualquer. Naquele momento ela percebeu que corriam riscos de serem descobertos.
    A partir desse dia eles passaram a tomar mais cuidado, encontravam-se escondidos, era mais saboroso, um segredo, que pertencia somente a eles. Disfarçavam seus sentimentos, depois se amavam loucamente. Letícia sentia-se poderosa, trazia no peito um doce mistério.
        O homem estava tranquilo, pois, acreditava que a menina estava tomando o anticoncepcional. E, Letícia tomava o remédio quando se lembrava, não imaginava que corria um enorme risco de engravidar, se deixava levar pela magia do amor.
Ele era um aproveitador, traia sua esposa e iludia a namorada, que se tornara uma menina dissimulada.
       Quando Clésio passou na padaria e piscou, ela sorriu, sabia que ele a estaria esperando na saída, no lugar de sempre. Ela iria lhe contar sobre suas suspeitas e tinha certeza de que ele se casaria com ela; seriam felizes para sempre. Ela mal podia esperar a hora do encontro, estava eufórica; trazia no ventre o fruto de seu amor.
Um texto de Eva Ibrahim.

Continua na próxima semana.
MEU MUNDO REINVENTADO.

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