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sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

"NINGUÉM É REALMENTE NOSSO, AS PESSOAS APENAS ESCOLHEM FICAR CONOSCO OU NÃO".EVA IBRAHIM

              CORAÇÃO PARTIDO
                              CAPÍTULO SEIS
Clara sentia, em seu íntimo, que seu casamento estava chegando ao fim. Todas as traições são precedidas de sinais, mas ninguém quer acreditar até conseguir a prova, isto é, ver com os próprios olhos. Quando ela presenciou o beijo de Marcos com sua secretária, seu mundo caiu; a verdade estava à vista. Depois da conversa com o marido ela entendeu que estava só e teria que encontrar uma saída. O fato de Marcos não parar em casa, deixar o celular desligado, dispensar aquele beijo que dava ao chegar ou sair de casa, lhe parecia estranho, porém, talvez fosse apenas cansaço ou preocupação com os negócios. Aos poucos foram deixando de lado o sorriso de cumplicidade que envolvia o casal, os votos de um bom dia, ou a tradicional pergunta:
 -Como foi seu dia? Está tudo bem?
Quando deixaram de existir era hora de tomar uma atitude, pois, são pequenos detalhes, que comprovam uma convivência fracassada e prestes a sucumbir. Ela tornara-se uma mulher ingênua depois de seu casamento, que acreditava ser para sempre. E, só depois de perceber que estava perdendo o marido para outra mulher, ela entendeu que as pessoas mudam. Estava cega ou não queria ver; agora era tarde demais. Seu marido estava demonstrando que já não se importava com ela. Marcos continuava ali por causa dos filhos e para manter as aparências em uma sociedade hipócrita, que cobra posturas tradicionais para o bom relacionamento entre empresas prósperas.
 É difícil para ambos, o que quer ir e o que quer que fique; Clara teria que tomar uma decisão. Não conseguiria prendê-lo por muito tempo e também tinha amor próprio e não o queria por piedade. Que ficasse com sua secretária, pelo menos, seria uma pessoa feliz; ela teria que se virar.
A mulher sentia-se uma pessoa covarde, pois, deveria pular em cima da moça com unhas e dentes e expulsá-la da vida deles. Na verdade ela queria gritar, com o dedo em riste, apontado para o marido e acusá-lo de traição. Porém, não poderia expor seus filhos a escândalos passionais; não queria que servissem de comentários maldosos na Escola. Clara era uma pessoa civilizada e por ora se contentaria em ser apenas uma mulher de papel.
Havia um vazio dentro de si, estava com sua autoestima muito baixa. O que não saia de sua cabeça eram as mentiras, que doíam mais que a traição propriamente dita. Ela não entendia como Marcos pode se desfazer de um amor tão completo e maravilhoso, que para ela ainda estava presente. Ele simplesmente a descartou para ficar com uma moça de princípios duvidosos, que destruíra seu lar sem pensar em sua dor ou no sofrimento das crianças. É dai que vem a mágoa que ataca o corpo e a alma, nada acalma; a vida perde o sentido.
Sair para esquecer um pouco de sua dor é pior, pois o casal que anda de mãos dadas ou aquele que se beija em público, faz avivar seu sentimento de rejeição. Parece que o amor não pode ser vivido por você, está definitivamente só e triste. Precisa aprender a viver e caminhar sozinha novamente.
Nos dias que se seguiram havia um clima pesado entre o casal, que procurava disfarçar para as crianças não perceberem. Entretanto, João viu o pai saindo do quarto de hóspedes e contou para a irmã, que questionou a mãe na hora do jantar. O pai explicou que estava com gripe forte e não queria que a mãe contraísse a doença, por isso estava dormindo em outro quarto. Momentaneamente o assunto fora resolvido, João concordou e mudou de assunto.
Dias se passaram e Marcos continuava saindo e voltando tarde da noite; Clara só sossegava quando ouvia seu marido entrar. Depois chorava até pegar no sono. Lá no fundo ela ainda tinha a esperança de que ele entrasse em seu quarto e dissesse que aquilo tudo havia sido apenas um equívoco.
  Certo dia, ela atendeu ao telefone e era um homem do outro lado da linha pedindo para ela avisar seu marido que o apartamento já estava pronto e que ele poderia se mudar quando quisesse. A mulher sentou-se e empalideceu. Sara, que a estava observando, pegou um copo de água e trouxe para ela tomar, querendo saber o que acontecera.
Entre lágrimas, Clara contou tudo à sua colaboradora, era a pessoa em quem poderia confiar. Não queria aborrecer sua família, pois seu pai andava muito doente. Seu marido iria morar com Selma, isso ficara claro para ela. Suas últimas esperanças se esvaíram com o telefonema recebido, porém ela não daria o recado, ele que descobrisse sozinho.
Nesse dia ela não desceu para jantar, dizendo estar com enxaqueca, não se humilharia mais. Depois de dois dias, seu marido chegou mais cedo e disse que queria conversar com ela e os filhos após o jantar. Clara estremeceu, sabia do que se tratava; ele iria sair de casa para morar com aquela vagabunda, que o tirara dela.
Um texto de Eva Ibrahim.

Continua na próxima semana.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

"SABE PORQUE A DECEPÇÃO DÓI TANTO? PORQUE ELA NUNCA VEM DE UM INIMIGO". AUTOR DESCONHECIDO. --- A TRISTEZA CORRÓI A ALMA. EVA IBRAHIM.

                      CARA DE PAU
                  CAPÍTULO CINCO..
Depois de vinte longos minutos, seu marido, o cara de pau, apareceu dizendo que teve um desarranjo estomacal. Marcos deveria ser ator, pensou sua mulher, pois mantinha a mão na altura do estômago e o corpo encurvado, dando veracidade ao que dizia. Os amigos, condoídos da situação, o aconselharam a procurar um médico. Porém, ele melhorou o suficiente para se recusar a visitar o médico, dizendo que só precisava descansar um pouco. E, olhando para Clara pediu que chamasse os filhos para irem embora.
A mulher levantou-se e foi chamar as crianças, dizendo que compraria lanches para todos, já que o almoço não aconteceria.  Depois da aquisição dos lanches, a família voltou para casa em silêncio. As crianças estavam cansadas e o casal parecia distante; havia uma nuvem negra no ar.
O homem estava compenetrado em seus pensamentos e Clara imaginava que o motivo seria a secretária; deveria estar armando alguma coisa. Ele não poderia, em hipótese nenhuma, imaginar que ela presenciara o amasso, entre ele e sua amante, no pátio dos fundos do restaurante. A mulher só pensava em vingança, ele merecia um par de chifres, iguais aos dela. Porém, Clara não era desse tipo de mulher, teria que refletir muito antes de tomar qualquer atitude.
Marcos deitou-se no sofá do escritório e Clara foi para seu quarto chorar escondido do marido e das crianças. João e Renata passaram à tarde no computador e vídeo game, não perceberam que sua mãe estava triste. Clara tomou banho e toda arrumada desceu para providenciar o jantar, que Sara deixara pronto no freezer. Chamou o marido com um toque em seu braço e deixando sua mágoa de lado, perguntou se estava melhor. Ele disse que sim e foi se preparar para o jantar.
O marido parecia estar alegre e puxou conversa com a mulher e os filhos; parecia o bom pai de família que sempre fora. Fazia planos para passeios com as crianças e sua mulher. Ele conseguiu descontrair o ambiente levando as crianças a dar boas gargalhadas. Clara só observava e refletia sobre os últimos acontecimentos. Parecia que a partir desse dia haveria uma representação teatral, onde ela e o marido fingiriam uma harmonia inexistente.
– Como ele conseguia fingir tão bem, ou será que tentava compensar o remorso da traição sendo amável com sua família? Pensava a mulher desconfiada.
 A semana seguinte correu normalmente; o marido chegava tarde e ia dormir, dizendo estar cansado. Clara sentia-se transparente, pois, parecia que Marcos não a via; olhava através dela. Ela não queria perder as regalias que tinha e ele apenas queria se divertir com a amante, mantendo a esposa em casa, para mostrar aos amigos e acompanha-lo quando necessário. Para um homem de negócios era bom passar credibilidade, mantinha seu nome íntegro no meio empresarial, onde a disputa é cerrada. Clara era a mulher ideal; fina, educada e concordava com tudo que ele falava.
  Ela passava os dias refletindo sobre sua situação, se virasse a “mesa”, isto é, dissesse tudo que estava entalado em sua garganta, não poderia voltar atrás. Haveria o rompimento e ela teria que viver precariamente e se aceitasse a situação teria que se anular como pessoa.
  Procurou a ajuda de Deus passando a frequentar a Igreja e até se aconselhou com o pároco, que era contra a separação. Recorreu a Bíblia e nada mudava; Marcos estava cada dia mais distante. Passava os finais de semana viajando com Selma e nem fazia questão de esconder. Quando Clara desabafou e disse que não aguentava mais, ele disse que pediria o divórcio se ela quisesse, porém deveria pensar muito, pois teria que viver com a pensão ou trabalhar para viver.
 Ele já não a desejava mais, porém, era a mãe de seus filhos e a queria como mulher para acompanha-lo em ocasiões especiais. Exigia fidelidade e ela continuaria desfrutando de tudo e cuidando dos filhos. A mulher levou um choque, era uma forma de se anular como mulher o que Marcos lhe propusera; seria apenas uma mulher de papel.
 Ela era casada no papel, mas não tinha marido na cama. A mulher não conseguia dormir, olhava a cama vazia e chorava; o marido se mudara para o quarto de hóspedes.
Um texto de Eva Ibrahim.
Continua na próxima semana..

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

"ALGUMAS VEZES É PRECISO SILENCIAR, SAIR DE CENA E ESPERAR QUE O TEMPO NOS TRAGA AS RESPOSTAS". AUTOR DESCONHECIDO.-- O SILÊNCIO É UM GRANDE AMIGO. EVA IBRAHIM.

                    QUERO COLO
             CAPÍTULO QUATRO
       Clara estacionou o automóvel na garagem e chamou o marido, que dormia com a cabeça recostada no vidro do lado do passageiro. Marcos abriu os olhos e, surpreso, viu que haviam chegado a casa. Desceu do automóvel dizendo que a bebida que tomara era forte demais, não estava acostumado; apenas acompanhara os amigos. A mulher sorriu e o abraçou pela cintura aconchegando seu corpo ao dele, que não a repeliu.
Ele parecia estar embriagado e entrou no banheiro para tomar um banho antes de se deitar. Sua mulher sentiu que a oportunidade de se aproximar de Marcos havia chegado e não hesitou, despindo-se e entrando no banheiro também. Tomaram banho juntos, como nos velhos tempos e depois do amor, foram dormir abraçados. Ele adormeceu logo, mas Clara ficou saboreando aquele momento. Seu marido estava de volta ou talvez fosse consequência da bebida; uma nuvem negra surgiu em seu pensamento.
-Não, ela não iria estragar aquele momento; estava feliz.
Passou a mão nos cabelos do marido fazendo um carinho e tratou de adormecer agarrada a ele.
 Sara cuidara de tudo e depois do café pronto, a moça saiu, precisava voltar para casa. Clara ouviu o portão bater, levantando-se a seguir. Ela estava alegre como há muito tempo não se sentia. Foi ver seus filhos, que ainda dormiam e depois voltou ao quarto para se arrumar. Queria ficar bonita para agradar seu marido quando ele acordasse, precisava reconquistá-lo, mas ainda não sabia como agir.
Esperava ansiosa que ele acordasse de bom humor e a tratasse com carinho, ou ela ficaria triste para sempre. Clara amava seu marido, embora ele a tenha feito sofrer muito no último ano. A presença dele ainda fazia seu coração acelerar; o amor estava adormecido pela indiferença sofrida. Muitas vezes ela pensava que odiava o marido, mas era sentimento passageiro, que andava junto com o amor.
A mulher pensava em Selma, queria que o marido a despedisse, porém, como ela poderia abordar esse assunto sem provocar a ira de Marcos? O risco de ser abandonada era grande, ele parecia enfeitiçado.
 Poderia afastá-lo de vez e jogá-lo nos braços da moça, que era vivida e muito esperta. Teria que ser prudente com as palavras e atitudes. Pensou em João e Renata, que não imaginavam o drama que a mãe estava enfrentando. Eles eram sua esperança em manter seu casamento em pé, porque Marcos amava os filhos, disso ela tinha certeza. Precisavam da mãe e do pai juntos, pois, João tinha doze e Renata dez anos. Admiravam os pais e os tinha como exemplo de vida; não poderiam sofrer uma decepção com seus pais nessa idade, pensava Clara, preocupada.
A mulher tinha uma vida tranquila e farta; os filhos, uma bela casa, automóvel, joias e Sara. A moça que era, também, sua secretária e ultimamente sua confidente. Marcos nunca questionava o que ela gastava, confiava na mulher. Um casamento estável, de provocar inveja em outras mulheres. Sua vida desmoronou com a admissão da nova secretária, que transformou sua vida num inferno.
As crianças acordaram e com o barulho o pai também acordou. Levantou-se e foi tomar café com os filhos e sua mulher, parecia normal. Estava alegre e convidou a família para passar o dia no Clube de Campo. Todos concordaram, iriam à piscina enquanto o pai e a mãe se juntariam aos amigos, que sempre estavam por lá.
Enquanto as crianças pegavam a mochila, Clara e Marcos subiram ao quarto para trocar as roupas e ela aproveitou para beijá-lo. Ele correspondeu e, em seguida, saíram felizes; estava tudo bem. A mulher agia como se nada tivesse acontecido, fazia algumas colocações sobre as crianças e comentários sobre a paisagem. Nada que pudesse lembrar os fatos sobre as traições de Marcos com sua secretária.
Chegaram ao Clube e foram ao encontro de um casal amigo, que estava sentado ao redor de uma mesa, conversando e tomando um aperitivo. Ficaram bebericando e jogando conversa fora durante algum tempo, Clara olhou para o relógio e concluiu que, estava quase na hora do almoço e Marcos levantou-se dizendo que iria ao banheiro. Clara esperou um pouco e levantou-se para chamar as crianças, saindo pelos fundos do salão.
A mulher ficou muda e extática quando viu um casal se beijando em um canto do jardim. Era o seu marido beijando a amante com a mão em sua cintura. Os cabelos louros e fartos da moça não deixavam campo de visão para Marcos e eles não viram a mulher parada na porta.
   Clara retrocedeu, estava pálida, quase desmaiando, mas conseguiu retornar à mesa. Os amigos perguntaram se estava bem e ela disse que não; iria para casa assim que o marido voltasse do banheiro.
Um texto de Eva Ibrahim.
Continua na próxima semana..

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

"ALGUMAS COISAS NÃO PRECISAM FAZER SENTIDO, BASTA VALER A PENA". RENATO RUSSO.-- A VIDA NÃO ESPERA POR NINGUÉM... EVA IBRAHIM.

                                     FRENTE A FRENTE.
                                  CAPÍTULO TRÊS.
        Clara precisava de uma pessoa para acompanha-la ao Shopping e ajuda-la a carregar as sacolas. Pensou e não conseguiu imaginar uma pessoa que fosse boa ouvinte, quieta e pudesse dar palpites sinceros se fosse necessário.     Entrou na cozinha e viu sua ajudante; uma moça que deveria ter uns quarenta anos, bonita, porém, bastante judiada pela vida dura. Estava na casa fazia uns dez anos, desde que a sua filha Renata era apenas um bebê. As crianças cresceram ao lado de Sara, que sempre demonstrou ter muita competência e afeto pelos seus filhos. 
.       Chamou a moça e lhe propôs um serviço extra, em troca ganharia vestido e sapatos novos, além de uma gratificação em dinheiro. A moça adorou a ideia e aceitou a oferta. Clara pediu que se arrumasse, dando-lhe um de seus vestidos e comprasse sapatos novos, iriam ao Shopping no dia seguinte.
Sara chegou toda produzida e sua aparência agradou até ao João e a Renata, os filhos de Clara. Depois de deixar as crianças no colégio, as duas mulheres foram às compras; Clara estava decidida, agora Marcos iria ver o estrago que aquela “Jeca” faria em seu cartão de crédito.
A mulher era bonita, uma morena vistosa; formada em administração de empresas e tinha um gosto refinado, mas, ultimamente andava tão desgostosa com sua vida de casada que relaxara um pouco. Clara e sua secretária iriam procurar roupas, sapatos e acessórios para ela se arrumar para o jantar do Clube, onde estariam os amigos e a amante de seu marido.
          Sara colaborou com tudo que a patroa queria fazer e dormiria no serviço, no dia do jantar, para cuidar das crianças. Na sexta-feira, Clara se deu de presente, “um dia de princesa”; cuidou do corpo, das unhas e dos cabelos e a noite vestiu sua roupa nova. Quando Marcos a viu descer as escadas, parou para admirá-la. Sua esposa estava linda em seu traje de noite; um vestido vermelho justo, com babados e decotado, deixando seu colo à mostra. Clara tinha o cabelo preso no alto da cabeça e um mistério no olhar. Ela usava brincos e gargantilha de pedras pretas incrustradas em ouro branco, combinando com a bolsa e os sapatos. Estava chique e deslumbrante, arrancando suspiro de seu marido, que não disse nada, mas lhe deu o braço, em silêncio; parecia chocado. Durante o trajeto ele apenas perguntou das crianças e depois ficou calado, mas de vez em quando dava uma olhada para ver sua mulher.
Quando adentraram ao salão em direção à mesa, a mulher avistou a secretária de Marcos sentada ao redor da mesa. Ela estava com outro casal de amigos de seu marido. Clara fez questão de se sentar em frente a Selma, sua rival. Uma loura bonita e vulgar, concluiu a mulher traída. Houve os cumprimentos de praxe enquanto chegavam mais dois casais que se juntaram aos demais. E, finalmente chegou o advogado de Marcos que fez par com sua secretária. A mesa do jantar estava completa, poderiam fazer o pedido.
Os homens ora comiam, ora falavam de negócios, enquanto as mulheres se entreolhavam e falavam umas com as outras sobre banalidades. Selma foi irônica ao dizer que Clara estava bonita; ela agradeceu com um sorriso desafiador. Iria colocar aquela víbora em seu lugar.
Quando o jantar terminou, Clara disse ao marido que queria dançar e o puxou para a pista de danças, onde já havia outros casais dançando. A amante ficou na mesa olhando o casal e Marcos colou seu rosto ao de sua mulher. Selma olhava com ódio para Clara, que fazia questão de ostentar uma felicidade que há muito não acontecia.
Selma não acreditava que Marcos a estava ignorando e dançando com a mulher que dizia não amar mais.
–Será que ele não a queria mais?
 Pesou na alma da moça a condição de amante e o desapontamento estava estampado em seu rosto. A guerra fora declarada, havia lampejos de raiva quando cruzavam olhares. Clara conseguiu manter o marido ao seu lado até o final do baile e saíram abraçados. Marcos já estava um tanto embriagado e ela sentou-se na direção do automóvel; estava feliz, demonstrara força à sua rival. Porém, lá no fundo ela sabia que fora apenas uma pequena luta vencida em uma guerra cruel.
Marcos cochilava e ela pensava nas mulheres que choram por um amor sem futuro. Muitas, como ela, que são fiéis e submissas a um homem que faz questão de ignorá-las. Aquelas para quem não falta dinheiro, mas falta amor, carinho, companheirismo e atenção. Clara sentia-se enganada, assustada, traída diante de um homem que ela amava e que não a queria mais. Aquele dia ele percebera que ela estava presente e ela aguardava ansiosa por carinho; Seu maior desejo era terminar a noite nos braços de seu amor.
Um texto de Eva Ibrahim.
Continua na próxima semana.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

"A VIDA É A ARTE DO ENCONTRO, EMBÓRA HAJA TANTOS DESENCONTROS PELA VIDA". VINÍCIUS DE MORAES-- NUNCA RECLAME DO QUE VOCÊ PERMITE. EVA IBRAHIM.

       
                                                    LOBO BOBO. 
                                                  CAPÍTULO DOIS
            Clara havia descoberto a traição de Marcos pela internet. Certo dia, seu marido chegou apressado dizendo para ela colocar algumas peças de roupas em uma maleta, que ele precisava viajar para o Rio de Janeiro a negócios. O casal morava na cidade de São Paulo e raramente Marcos viajava sem a família, pois quem o representava era o advogado da firma. Porém, ele disse que iria passar o final de semana  cuidando de seus negócios. Ela perguntou se ele iria sozinho; Marcos não respondeu, apenas desconversou.
           O homem saiu apressado e ela ficou sentada na cama, sem saber o que pensar. Ele nem cogitou da possibilidade de levá-la; na verdade ele mal olhou para ela. Tristonha, Clara se dirigiu até o escritório e viu o Notebook do marido aberto sobre a escrivaninha.
       Aproximou-se e viu que estava na página da companhia aérea que ele comprara as passagens. Marcos fizera o check in e se esquecera de fechar a página, estava com muita pressa, pois jamais ele deixaria seu Notebook aberto. Clara ficou pensativa.
     -Como ele iria trabalhar sem sua melhor ferramenta? A dúvida fez morada em seu pensamento. Sentou-se no computador e olhando a tela ficou pasma. A passagem era para dois lugares; Marcos e Selma Junqueira.
       Desde esse episódio, Clara perdeu o sossego; foi ao escritório para conhecer a tal moça e teve a certeza de que não seria fácil reconquistar seu marido. Selma tinha todas as características de mulher fatal, que destroem lares sem nenhuma preocupação. Era muito bonita, do tipo que os homens gostam; vistosa, alegre e provocante.  
       Clara se mantinha calada, sua situação era complicada, pois ela e seus dois filhos não poderiam sobreviver sem o marido; Marcos era o provedor da casa. Lentamente ela foi observando as mudanças de atitudes do marido. Chegava tarde da noite em casa e dizendo estar cansado, deitava-se e dormia. E, se fosse questionado, fechava a cara e passava dias sem conversar com ela.
        A mulher, desesperada, procurou terapia para poder entender o que se passava com seu marido.  Para sua surpresa ela descobriu que Marcos estava na “idade do lobo”. A terapeuta lhe disse que a fase da virada dos quarenta anos equivale a um novo ciclo de vida, é o período onde a ansiedade, o aparecimento de cabelos brancos e a certeza da velhice estão presentes no pensamento da maioria dos homens. O medo de perder a potência sexual é o maior fantasma que assombra os homens nessa faixa de idade, por isso eles se voltam para as mulheres mais jovens, deixando suas esposas em segundo plano. Procuram provar para si mesmos que continuam com a mesma disposição que tinham aos vinte anos; é uma forma de autoafirmação.                 
    Passam a ignorar sua rotina querendo realizar sonhos antigos; parece que algo ficou perdido no passado e que precisa ser resgatado a todo custo. Então, procuram frequentar as academias e a cuidar em excesso da aparência. Querem demonstrar que ainda podem conquistar uma mulher mais jovem, que geralmente se torna sua amante.
     A esposa perde a graça para ele, vendo-a como uma figura materna, boa para cuidar da casa e dos filhos. Não desperta mais seus desejos, que procura em outras mulheres. O homem torna-se uma pessoa egoísta, ignorando os sentimentos de sua esposa. A mulher se torna refém do passado, isto é, do tempo em que foi feliz com seu marido e as traições e mágoas começam a incomodar.
      Clara era uma mulher esclarecida e procurava agir normalmente para Marcos não se sentir acuado. De algum modo ela sentia-se segura enquanto ele pensasse que ela não sabia do seu caso com a secretária.
      Quando ela cobrava sua presença e seus carinhos ele fingia voltar para o ninho. Acontecia a aproximação por obrigação, porém, logo ele se distanciava novamente. Clara sentia-se rejeitada, uma “jeca” como ele a chamou. Duas lágrimas rolaram de seus olhos e ela resolveu enfrentar a situação; iria às compras.
Um texto de Eva Ibrahim.
Continua na próxima semana.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

HOJE INICIAMOS UMA NOVA HISTÓRIA EM CAPÍTULOS. "MULHERES DE PAPEL" DE EVA IBRAHIM. --" RENUNCIO AS HONRAS, MAS NÃO A LUTA" EVITA PERON

                            MULHERES DE PAPEL.
                                 CAPITULO UM.
            Marcos chegou do aeroporto e jogou sua bolsa sobre a mesa de jantar e olhando de relance viu sua esposa, Clara, sentada no sofá folheando uma revista. Desconfiada a mulher levantou-se para recebê-lo, fazia quatro dias que ele viajara para o Rio de Janeiro e não atendia o celular. Lá no fundo ela sabia que estava sendo traída, mas não tinha forças para reagir, nem mesmo abordar o assunto; temia acabar na rua da amargura.
          Educadamente ele disse: - Tudo bem?
Ela aquiesceu com a cabeça e se aproximou esperando que ele lhe desse um beijo, porém, ele foi saindo e dizendo que na sexta-feira teriam um jantar no Clube de Campo.  E, enfatizando as palavras, determinou que ela fosse ao salão de beleza e ficasse apresentável, pois era um jantar de casais e ele tinha negócios naquele meio; precisava se apresentar em grande estilo. Finalizando ele disse que não queria uma “jeca” como sua acompanhante, que fosse comprar uma roupa nova.
          Marcos saiu e Clara com os olhos cheios de lágrimas experimentou uma variedade de emoções: medo, raiva, negação e finalmente pegou o telefone para marcar o salão de beleza. Ficaria muito bonita, ele teria que engolir o que dissera. Se ela era uma “Jeca” ele teria que aguentá-la, gostasse ou não; teria que aprender a respeitá-la, pois tinham dois filhos adolescentes, que precisavam do pai. Clara dependia do marido para tudo, ele fizera com que ela deixasse seu trabalho no Banco, para ser apenas dona de casa e agora não a queria mais.
          Quando mudou seu estilo de vida e fez escolhas conscientes ao longo do caminho, a mulher achava que seu casamento duraria para sempre. Marcos era bom e tinha uma vida financeira estável e ela o amava. E, tendo mais tempo livre ela poderia criar seus filhos e dar a eles tudo que nunca tivera. Clara vivia feliz com sua família, suprimira seus sentimentos e aceitava tudo que o marido queria. Acatava as novas oportunidades, aquelas mais adequadas ao seu novo estilo de vida.
          Desde o Natal, agora já era setembro, ela percebeu que o marido andava estranho e grosseiro, também notou que fora se afastando aos poucos; ele a ignorava. À noite ele se deitava e dormia e ela chorava. Quando Clara o abraçava ele resmungava e tirava o braço dela, não queria manter contatos mais íntimos.
 Como ela gostaria de ter a coragem de expressar seus sentimentos ou o que restara deles. Muitas pessoas já suprimiram seus sentimentos a fim de manter a paz em sua família e ela não seria diferente. Como resultado, a maioria teve uma existência medíocre e nunca se tornaram quem eram realmente capazes de se tornar. Marcos e Clara mantinham as aparências para não magoar os filhos, mas, havia um oceano entre eles.
          Clara pensava em suas antigas amizades, que deixara escapar; só restaram as mulheres dos empresários que faziam parte do grupo de seu marido. Falsas e fúteis foi à conclusão que a mulher chegou; não poderia dividir seus problemas com elas e sua família morava no interior. Estava à mercê do destino, precisava pensar nos filhos, João e Renata.
        Muitas pessoas não percebem, até o fim, de que a felicidade é uma escolha. Ela estava presa a velhos padrões e tradições e uma delas era acompanhar o marido ao jantar de negócios. Queria ver a cara da secretária de Marcos, que era a culpada de suas aflições. Uma loira escultural, que estava saindo com seu marido e ela sabia de tudo, mas não poderia deixar ninguém perceber nada. Deveria ficar bonita, falar pouco e sorrir levemente para todos os amigos de Marcos; era assim que ele queria que ela se comportasse.
Um texto de Eva Ibrahim.

Continua na próxima semana.
MEU MUNDO REINVENTADO.

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