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sábado, 17 de agosto de 2013

"HÁ TANTA SUAVIDADE EM NADA DIZER E TUDO ENTENDER". FERNANDO PESSOA---O QUE FAZ OS OLHOS BRILHAR, TOCA O CORAÇÃO DA GENTE. EVA IBRAHIM.

                                       SEMPRE NO MEU CORAÇÃO.

        Mara estava quieta em seu quarto, sua filha deitada no sofá da sala assistia á um programa da televisão; era a rotina dos domingos e feriados. Uma buzina soou e Leila, a filha, levantou-se rapidamente. Em seguida saiu dizendo que não sabia a hora que retornaria; bateu a porta e Mara pode ouvir o barulho de uma motocicleta arrancando. Imaginou a filha agarrada ao Jonas, o namorado, e fechou os olhos, de onde brotaram duas lágrimas.

         Lentamente levantou e foi sentar-se em frente ao computador. Estava carente, seu marido a deixara há muitos anos e somente agora a solidão viera para ficar. Quando Dalton, o marido, a trocou pela bebida ela foi trabalhar e tinha pouco tempo para se divertir. Mara viveu anos difíceis que a fizeram amadurecer muito; tornara-se forte e decidida lutando para sobreviver e manter sua filha.

       Há quatro anos conheceu um rapaz em seu trabalho, isto é, já se conheciam, mas, começaram a prestar atenção um no outro somente após uma colisão de corpos na saída do corredor. Sérgio abaixou-se para pegar a bolsa de Mara e ela também fez o mesmo movimento e tiveram uma proximidade difícil de explicar; olho no olho. A partir daquele momento alguma coisa se transformou, foram flechados pelo cupido. Seus olhares falavam mais que muitas palavras, amaram-se no silêncio, que trazia muita emoção e penetrava na alma.

       Um dia ele a convidou para saírem juntos e ela o acompanhou á uma palestra relacionada ao seu trabalho. Havia uma empatia entre eles, sentaram-se lado a lado e não prestaram atenção ao palestrante; estavam vivendo um momento mágico, onde não havia lugar para mais ninguém. Apesar de pessoas tão diferentes a atração estava presente. Mara era quase vinte anos mais velha que Sérgio e isto a incomodava. A mulher pensava na filha, amigos e parentes; ficariam chocados.

        Todos os dias eles viajavam juntos para o trabalho, a conversa fluía fácil; estavam apaixonados. Porém, uma barreira invisível os mantinha afastados. Os dois sabiam que o futuro para eles, como casal, era improvável. Eles ficavam juntos durante todo o trajeto; era a hora da felicidade. Marcavam encontros por telefone na ânsia de desfrutar da presença do outro. Os amigos e conhecidos ficavam boquiabertos em perceber a relação que era construída no dia a dia entre pessoas tão diferentes.

        A confiança que havia entre eles era absoluta, falavam sobre seus problemas mais íntimos. Sentiam o cheiro um do outro, mas, não se tocavam, apenas se admiravam. Durante um ano e meio aquela relação aconteceu e Mara desejava que Sérgio a abraçasse e beijasse; o que nunca de fato aconteceu. Viviam aquele amor platônico de contatos, mas rico em olhares, palavras e desejos. Era o céu e o inferno lado a lado.

        Até o dia em que ele não apareceu, no outro dia também não e assim foram minando as esperanças de Mara. Ele mudara de emprego e ela temia que fosse para se afastar dela, pois tinha certeza de seu amor. No fundo ela sabia que os vinte anos que ela trazia a mais que ele, um dia, faria a diferença. A família dele era totalmente contra o relacionamento dos dois.
A mulher se transformara num zumbi, vivia solitária. Quase não saia de casa, mas quando via um carro igual ao dele, seu coração disparava diante da possibilidade de revê-lo.
        Ela poderia amar qualquer pessoa de sua idade, que tudo seria normal, porém, seu coração escolheu aquele homem; cheio de mistério e quase vinte anos mais novo que ela. Sérgio era introspectivo e calado, um homem de difícil relacionamento. Mara não conseguia deixar de pensar nele; o amor que ele despertara nela era maior que sua razão.

       O tempo foi se arrastando e ela descobriu, por acaso, o local onde ele estava trabalhando, mas seu orgulho a impedia de procura-lo. Depois de tanto tempo ela temia que seu amor houvesse se casado e tantas outras dúvidas rondavam sua cabeça; tornara-se uma mulher angustiada e desiludida.

       Sentada em frente ao computador ela queria encontra-lo de qualquer maneira, tinha urgência em rever aquele rosto tão amado. Entrou confiante nos sites de busca de pessoas e digitou seu nome, Sérgio Amaral e apareceu uma porção de homens com o nome de seu amor, mas, nenhum era ele. Como se nunca tivesse existido, Sérgio não estava em lugar algum, somente em seu coração. Que estranho! Em um período de sua vida ele era real e bastava olhar para ela que tudo se transformava, criava luz e fazia a vida ficar mais colorida.

       Muitas vezes ele dirigia calado e com um simples olhar fazia a ponte mágica para a felicidade de Mara. Absorta olhava para as mãos de seu amor; imaginava ele pegando em suas mãos e todo seu corpo tremia silenciosamente; sentia-se ruborizada. Sérgio falava alguma coisa e Mara voltava á razão. A dúvida pairava no ar.
 -Será que ele tinha o mesmo sentimento por ela?
       No dia seguinte ele parava o carro, ela sentava-se ao lado dele e todas as dúvidas do mundo se esvaiam como por encanto. Naquele momento só existia os dois, o mundo era deles e tinha um nome, felicidade.

       Algumas vezes ele pedia para ela pegar alguma coisa no banco detrás e ela se esticava toda. Os braços dos dois roçavam levemente e a respiração acelerava; ambos ficavam ofegantes, tamanha era a proximidade, mas, desviavam tão rapidamente o olhar que numa fração de segundo voltava á lucidez e seguiam em frente pensativos. Sentados lado a lado tentavam desviar o sentimento falando de coisas rotineiras para esconder o rubor em seus rostos. Tentavam esquecer o sentimento aflorado à pele e os desejos escondidos; um muro invisível ficava entre eles.

       Com Sérgio, Mara conseguiu esquecer o passado e lembrou-se da vida e toda beleza que nela encontram as pessoas apaixonadas. Desejou muito estar ao seu lado, mas, ele afastou-se e o tempo passou deixando atrás de si uma mulher amargurada.
       -E se tivessem ficado juntos? Essa pergunta martelava em sua cabeça.
Teria sido tudo tão diferente, ela o amaria sem fronteiras, daria tudo de si em troca de tê-lo ao seu lado. Porém para ele as expectativas de vida eram outras, queria casar-se e ter filhos, o que Mara não tinha condições de lhe dar.

        O maior empecilho era a idade de Mara, que estava com mais de cinquenta anos e passara da menopausa. Ela tinha vontade de gritar que continuava a mesma e amava como se tivesse dezoito anos. A capacidade de amar não depende da idade, o ser humano pode se apaixonar em qualquer idade. Sérgio pensava em deixa-la apesar do amor que sentia e por isso a manteve distante. Ele sentia medo de não ter coragem de abandoná-la, pois a amava muito, confessara á uma amiga comum.

       Tanto tempo já se passou e ela sonha com a volta dele, espera ele viver a vida e ter os filhos que quiser para então retornar e viver o amor que nunca concretizaram.
Enquanto procura por ele na internet pensa que seu amor continua vivo e por isso não se interessa por ninguém; recusa-se a aceitar que seu sonho esteja perdido.
Enquanto houver vida, haverá esperança; ela sorri. Sérgio continua sempre em seu coração, disso ela tem certeza, pensa a mulher amargurada.

Um texto de Eva Ibrahim

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

"AS VEZES SÃO AS PEQUENAS DECISÕES QUE PODEM MUDAR A SUA VIDA PARA SEMPRE" AUTOR DESCONHECIDO--- O ESSENCIAL É VIVER EM PAZ CONSIGO MESMO. EVA IBRAHIM

                                            DINAMITE
           Lucas chegou à casa da tia Lola, levado pelos pais, em uma missão muito importante, escolher um cãozinho. A cadela, mãe dos cinco filhotes, fora comprada pelo pai do menino, Celso, irmão de Lola, como sendo cachorro “macho”. Na empolgação, o homem não se lembrou de olhar os órgãos genitais do animal, apenas aceitou o cão que lhe foi vendido e seguiu viagem; era uma surpresa para seu filho Lucas.
O nome fora escolhido pelo menino, “Roger”; durante alguns dias o cão corria e brincava no jardim da casa, tornara-se amigo da criança. Foi levado ao veterinário para tomar banho e vacinas, era peludo e estava gordo; uma beleza de cachorro. Quando o Celso foi busca-lo teve uma grande surpresa. O seu cão era uma cadela, o veterinário explicou ao rapaz. O homem fora enganado, pagara por “Roger” e trouxera a “Rogéria”. O homem ficou nervoso e queria tirar satisfações com a loja, mas seu filho já tinha se apegado a cadela e a melhor solução encontrada foi deixar o animal na casa de sua irmã, que não se importava em ter um filhote de cachorro do sexo feminino em sua casa. Assim, Lucas, o sobrinho poderia visita-la quando quisesse. E, quando que nascessem filhotes, Lucas iria escolher um cãozinho “macho”, filho da Rogéria, que morava com a tia Lola.
Rogéria era uma cadela de raça, uma bela fêmea de “Pastor alemão”. Tinha pedigree e certificado “falso” porque constava ser um cachorro. Ela era mansa, tinha pelos pretos e amarelos; uma fêmea bonita e vistosa. Logo arrumou um namorado na rua de sua nova casa. Um elegante e vistoso cão “Vira-lata” marrom, que a deixou prenha. Quando nasceram os cinco cãezinhos, a mulher não sabia o que fazer; teria que recorrer à doação. Lucas estava lá para escolher o seu presente de aniversário; um cãozinho fofo. Antes de levar o cão escolhido todos examinaram os órgãos genitais do animalzinho, pois, seu pai não queria cadela, ele temia que houvesse procriação em sua casa.
O menino saiu com seu presente no colo, estava muito feliz. Lucas olhou para ele e disse que ele tinha focinho de “Dinamite” e assim passou a ser chamado.
Dinamite era forte, saudável e bagunceiro. Um cão que comia chinelos, meias e roía o que estava por perto. Por diversas vezes Celso ameaçou leva-lo para o sitio de um conhecido. Lucas chorava, o pai se comovia e Dinamite continuava na casa. Certo dia a mãe do menino foi ao Supermercado e comprou carne moída, iria fazer quibes para o jantar.
A mulher colocou a carne sobre a mesa e foi guardar o restante do dinheiro no quarto, quando voltou à carne havia sumido. Saiu à procura e encontrou o cachorro com o focinho dentro do pacote de carne; ele comeu um quilo de carne moída. Só não foi jogado na rua porque Lucas chorava de soluçar; mais uma vez sua mãe relevou a traquinagem; ela amava o filho e não queria vê-lo desesperado.
Dinamite já estava com dois anos, um cachorro adulto, malandro e medroso. Em dias de jogos de futebol ele se escondia debaixo do automóvel da família; a cada rojão era um ganido dolorido.
A avó de Lucas adoeceu e a filha andava muito preocupada com a mãe; planejara uma visita naquela tarde. Era uma boa caminhada e antes de sair, a mulher procurou o cão para deixa-lo no quintal, mas, não o encontrou. Deduziu que estava na rua e seguiu com o filho para visitar sua mãe.
A tarde quente e ensolarada prometia chuva de verão no fim do dia, porém ela voltaria logo para sua casa; antes da chuva, pensou. Deixara a casa toda limpa, pois comprara um jogo novo de sofás e estava feliz com sua casa arrumada.
Ficara algum tempo conversando com sua mãe acamada enquanto Lucas brincava no quintal. De repente ouviu-se o barulho de um trovão e a mulher saiu para ver o tempo, que estava muito escuro. Sua mãe a aconselhou esperar a chuva passar, pois o tempo fechara de repente e viria muita água pela frente. A filha concordou, era perigoso sair com tantos relâmpagos e trovões.
Depois de uma hora a tormenta havia passado e mãe e filho tomaram o caminho de casa. Havia muitas árvores caídas nas ruas, a tempestade fora arrasadora. Ao chegar a casa o menino lembrou-se do cachorro:
- Onde o cão ficara durante a tormenta?-
Ao abrir a porta eles descobriram onde estava o Dinamite. Sobre o sofá novo em meio a muita espuma revirada em toda a sala. Ele destruíra o sofá novo, rasgando e mordendo a espuma; havia buracos profundos em cada assento. O cachorro ficara dentro da casa e com os trovões entrou em desespero e atacou o sofá.
A mulher abanava a cabeça apreensiva, como explicar a situação ao marido; ele ficaria furioso. Lucas olhava assustado para sua mãe, como reparar o desastre provocado por Dinamite?
Essa pergunta pairava no ar. O cão se aproximou abanando o rabo, não entendia que poderia virar um cão sem teto nas próximas horas. Dinamite e o menino saíram dali e a mãe começou a fazer a limpeza do local.
Quando terminou a faxina, a mulher viu o tamanho do estrago. Buracos esfiapados de circunferência de vinte centímetros, em cada assento. Seu sofá estava destruído e ela teria que explicar ao marido que o cão era inocente, deveria ter olhado melhor antes de fechar a casa. Para amenizar a situação ela preencheu os buracos com espuma da almofada e colocou sobre o assento uma toalha florida; ganharia tempo para arrumar uma desculpa.
Lucas, temeroso de perder o cachorro, se manteve calado; deixaria que a mãe resolvesse a situação complicada. O pai saia cedo e voltava tarde da noite, assim, alguns dias se passaram até que, no sábado, o pai sentou-se no sofá. Estranhou o desnível e levantou-se retirando a toalha que cobria os buracos.
Atônito, o homem chamou sua mulher.
- O que era aquilo? Perguntou espantado e furioso.
Mãe e filho se postaram em frente ao homem pedindo que ele perdoasse o cachorro, pois, ele não tivera culpa. O pai saiu sem responder e foi deitar-se, depois pensaria no caso.
No dia seguinte ele foi trabalhar e deixou mãe e filho na expectativa; não sabiam o destino de Dinamite. A noite, após o jantar ele expôs sua decisão: Se ficassem com Dinamite o sofá ficaria rasgado, porque ele não pagaria o concerto. Porém, se quisessem consertar o sofá ele doaria o cachorro a um amigo. Era uma escolha justa, pois todos estavam errados.
Lucas foi deitar-se chorando e sua mãe foi conversar com o filho. Ficariam com Dinamite e ela deixaria a toalha sobre o sofá até conseguir economizar dinheiro para comprar outro sofá. Por ora a situação fora contornada e Lucas passou a vigiar Dinamite até ele crescer e sossegar.
Há dois anos a toalha está cobrindo o sofá e o Dinamite continua bagunceiro, mas nada que se pareça com a tragédia do sofá, que já incorporou a toalha.
Um sofá novo está prometido para o próximo Natal, o pai relevou a decisão para fazer sua família feliz.

Um texto de Eva Ibrahim.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

"O ÊXITO DA VIDA NÃO SE MEDE PELO CAMINHO QUE VOCÊ CONQUISTOU, MAS, SIM PELAS DIFICULDADES QUE SUPEROU NO CAMINHO" ABRAHAM LINCOLN--- NÃO HÁ LUGAR ONDE SE ESCONDER DA JUSTIÇA DIVINA. EVA IBRAHIM

                                                                                                         
                                         A COBRANÇA. 
Os colonos da Usina de açúcar formavam um grupo alegre e trabalhador; a maioria eram imigrantes italianos. Moravam em Colônias distribuídas em lugares estratégicos para facilitar a locomoção dos cortadores de cana até os canaviais. Uma fazenda com muito verde, fartura de rios e animais. A natureza exuberante estava em toda parte, parecia um manto verde de vários tons. Havia pasto a perder de vista no horizonte; muitos animais de corte, vacas leiteiras e outros para trabalhar na lida, puxando carroças ou arando a terra. Uma fazenda próspera que construíra uma represa de onde era gerada sua própria energia elétrica.

 As casas dos colonos eram geminadas formando Colônias homogêneas que abrigavam muitas famílias; parecia um pedacinho da Itália naquele local. Nos quintais das casas formavam hortas, pomar de árvores frutíferas, galinheiros e chiqueiros de onde saia parte do sustento das famílias.

Aquele povo viera em busca de uma nova vida e trouxera consigo os costumes de sua terra. Em frente ás Colônias havia muitas árvores que faziam sombra para os animais pastarem. Viviam soltos e cada colono sabia qual era o seu animal, pois, traziam marcados com ferro quente as iniciais do nome do dono. Ali conviviam cabras, carneiros, cavalos, burros, vacas e cães, juntamente com o vai e vem dos moradores do local. Era um povo ordeiro, trabalhador e festeiro. Quando havia um casamento ou batizado a festa varava a noite com vinho e muita comilança.

Nessa época as famílias tinham muitos filhos, pois precisavam de muitos braços para trabalhar na lavoura. Poucos frequentavam a Escola, precisavam ajudar os pais na roça e no corte da cana de açúcar. Viviam felizes e prósperos na terra adotada. Tinham cooperativa de produtos variados, salão de festas, campo de futebol e uma Igreja para agradecer a Deus por tanta fartura. Aos domingos as moças sentavam-se embaixo das árvores para bordar os enxovais e sonhar com o futuro príncipe encantado. Era uma sociedade patriarcal; todo o dinheiro da família ia para as mãos do pai e este cuidava para que os filhos tivessem uma vida boa e com muita responsabilidade.

Enzo era filho de uma dessas famílias e destacava-se por ser um rapaz de pavio curto e sangue quente. Era trabalhador e honesto, mas, vivia arrumando brigas; ora com colegas, ora com vizinhos, era mal visto na Colônia. O rapaz havia notado que quando estava em casa, aos domingos, ele era acordado pelo barulho das cabras que vinham em frente a sua casa berrar, Mééé... Mééé..... Elas o estavam deixando nervoso e irritado. Precisava dar um jeito naquela situação, não seriam meras cabras que o iriam incomodar.

Pensou muito e resolveu dar uma lição nas criaturas que o irritavam tanto. Enzo levantou-se bem cedo no domingo, acendeu o fogão á lenha e pôs a chaleira de água para ferver. Quando as cabras chegaram, ele pegou a chaleira com água em ebulição e despejou sobre as costas delas. Saíram em alvoroço e os Mééé se multiplicaram enquanto o rapaz ficava rindo baixinho e pensando: ”estas não voltam mais”. Satisfeito voltara para a cama, a lição fora boa. O aprendiz de lobo mau deitou e dormiu como se nada tivesse acontecido.

Os dias foram passando e alguém, no trabalho, comentou que o vizinho perdera três cabras que morreram com estranhos ferimentos de queimaduras nas costas. Enzo ficou calado, porém, estava feliz, ficara livre das cabras para sempre.
 O tempo corria e o rapaz cada vez mais nervoso, implicava com tudo e todos; “era desajeitado e resmungão por natureza”, sua mãe dizia balançando a cabeça.

Depois de alguns meses ele estava trabalhando nas caldeiras de melaço de cana, já não se lembrava das cabras, quando houve um defeito na máquina em que ele trabalhava. Enzo não conseguiu consertar a caldeira  que estava prestes á explodir, levando o pânico ao local. O rapaz apavorado tentou segurar com as mãos a enorme caldeira, cujo metal estava avermelhado pelo calor. Ele soltou um grito desesperado enquanto suas mãos frigiam no metal fervente. Desfigurado pela dor, o rapaz caiu no chão e na mesma hora lembrou-se das cabras. A dor que sentiu era indescritível, diria mais tarde á sua mãe.

O problema no trabalho foi solucionado pela equipe de segurança da empresa, mas, as mãos de Enzo sofreram queimaduras de terceiro graus e levaria anos para sarar, disse o médico. Ele teria que submeter-se a diversas cirurgias para implante de pele nas palmas das mãos. O rapaz teria comprometida a sensibilidade das mãos para sempre, e não teria digitais, pois os dedos ficaram em carne viva.

Enzo sentiu medo pela ira de Deus, pois tinha certeza que aquilo fora castigo pelo ato criminoso que praticara com as cabras. Agora ele compreendia o tamanho da atrocidade que praticara e a dor que causara nos animais.Certamente Deus não aprovara sua atitude.
Chamou sua mãe, ainda no Hospital, e contou-lhe o que havia feito. Sua mãe chorou pela crueldade do filho e disse que acreditava que aquilo era a paga pelo crime cometido e o aconselhou a procurar o padre. Quando recebeu alta do Hospital, o rapaz foi à Igreja se confessar e pedir perdão á Deus.

Muitos anos já se passaram e o velho Enzo mostra para seus netos as cicatrizes que trás nas palmas das mãos e conta essa história para ilustrar a ira de Deus quando se comete maldades.
-A cobrança é cara e dolorida, por isso não gerem sofrimento, apenas promovam a paz- Diz o velho olhando para suas mãos.
Durante o tempo que passou para curar as mãos o homem aprendeu a ter paciência com tudo e todos, pois até para usar o banheiro precisava de ajuda. Até hoje ele tem dificuldade para segurar os objetos nas mãos.
Enzo sofreu muito e entendeu que sua maldade lhe foi cobrada com justiça para torna-lo um homem melhor. A mão que fere, um dia, também será ferida.


               Um texto de Eva Ibrahim.

sexta-feira, 26 de julho de 2013

"SAUDADE É UMA DOR QUE FERE NOS DOIS MUNDOS". CHICO XAVIER---HÁ COISAS QUE NÃO PRECISAM FAZER SENTIDO, BASTA SENTIR. EVA IBRAHIM

                                 SONHEI COM VOCÊ
O relógio despertou com uma campainha estridente e Leila deu um pulo na cama, depois esticou o braço e desativou o alarme. Deitada de costas na cama não se conformava de ter sido acordada no meio do sonho mais lindo que já sonhou. Fechou os olhos e conseguiu sentir o beijo molhado que trocou com Danilo; a moça não queria perder o calor daquele abraço e a satisfação de estar com ele. Foi tudo muito verdadeiro e prazeroso, queria sentir aquela euforia novamente, continuava apaixonada por Danilo; o amor de sua vida.

O casamento foi perfeito, ambos apaixonados e felizes em uma linda viagem de lua de mel ao Rio de Janeiro. Um amor verdadeiro que tinha tudo para durar uma vida inteira é o que diziam os amigos e parentes dos nubentes. Uma semana de passeios para conhecer os lugares turísticos da cidade maravilhosa. Muitas fotos dos dois juntos para perpetuar os momentos de alegria e felicidade do casal.

O retorno e a arrumação da casa, momentos inesquecíveis para ambos. Tudo registrado e relacionado em um lindo álbum, que recebeu o nome de:
“AMOR ETERNO DE DANILO E LEILA”. A família e os amigos admiravam a felicidade do casal; um sonho de amor realizado.

A vida voltou à rotina e os dois não cansavam de se amar. Danilo e Leila viviam em harmonia, estavam sempre rindo e brincando de braços dados. Logo surgiu a desconfiança de uma possível gravidez e para coroar a felicidade do casal, o exame médico confirmou a gestação de Leila. Os dois viviam um momento mágico e faziam planos para a chegada do bebê.

Os meses passavam depressa, Leila estava feliz e tinha arrumado todas as coisas necessárias para receber o pequeno André; faltavam apenas quatro semanas para completar a felicidade do casal. Os dois tinham muito amor para dar ao filho desejado.

Naquele mês havia um feriado prolongado e o rapaz foi convidado pelo cunhado e dois amigos, para uma pescaria em Mato Grosso; Danilo gostava de pescarias e falaria com sua esposa.
Seu argumento foi que logo teria novas responsabilidades e não seria fácil viajar com os amigos. Leila não gostou da ideia, mas, concordou com o passeio de Danilo, afinal ele era um bom marido e merecia um passeio para descansar. A semana passou depressa e o marido chegou da viagem, estava cheio de saudades; sua esposa, ansiosa, o recebeu com um longo beijo.

Depois de alguns dias, durante uma noite fria, Danilo acordou tremendo, estava com febre alta. Leila lhe deu um antitérmico e deitou-se agarradinha a ele dizendo que poderia ser um resfriado.
O dia amanheceu, o rapaz continuava com muita febre e vômitos seguido de diarreia. A moça, preocupada, acompanhou o marido ao Pronto Socorro e depois de alguns exames o médico disse que Danilo teria que ser internado para novos exames, pois o diagnóstico não estava fechado. Por ele ter viajado para outro Estado teriam que considerar todas as possibilidades. A moça deveria ir para casa, precisava descansar, disse o médico olhando para sua barriga.

Leila saiu assustada, não queria deixar seu marido sozinho no Hospital, mas estava muito cansada e concordou em voltar no dia seguinte. Avisou aos familiares do marido e foi para a casa de seus pais. Foi uma noite de muitos pesadelos, não conseguiu relaxar; queria voltar ao PS para saber de Danilo. O Hospital não dava informações sobre pacientes por telefone.

Acompanhada de seus pais a moça chegou ao PS, precisava ver o seu amor. Na recepção foi informada de que teria que aguardar o médico para obter notícias do marido. Leila, amparada por sua mãe, começou a chorar; a moça percebeu que alguma coisa estava errada. Depois de uma hora de espera o médico pediu que entrassem para conversar. Os três ficaram estarrecidos diante do quadro que o médico apresentou; Danilo havia piorado muito e estava na Unidade de Terapia Intensiva em estado grave.

O rapaz estava com pneumonia viral e não respondia aos medicamentos, poderia ter contraído o vírus na pescaria que participara no Mato Grosso, disse o médico apreensivo. O estado de saúde de Danilo era muito grave, ele fora sedado e estava respirando por aparelhos, pois, seus pulmões estavam perdendo a função. Quando a moça foi levada para ver o marido quase desmaiou, ele estava inconsciente e entubado, parecia morto, lamentou chorando.
Sua mãe a levou para fora, a filha estava muito nervosa, poderia fazer mal ao bebê, explicou a mãe, tentando acalmá-la. O pneumologista não deu muitas esperanças à família, o paciente teria que reagir aos medicamentos ou sucumbiria à doença.

Uma semana de aflição e muitas idas ao Hospital. Não permitiam que Leila ficasse com o marido, pois, ele estava na UTI. O rapaz permanecia inconsciente e a moça não conseguiu falar com ele durante as visitas. Leila estava desesperada e impotente, a doença tomara conta de Danilo, que não reagia.
No décimo dia veio a triste notícia, seu marido não resistira a doença, estava morto.

Leila recebeu a notícia e teve que ser internada as pressas, pois, entrou em trabalho de parto prematuro. Seu filho nasceu de uma cesariana em meio às lágrimas da mãe. Leila e o filho foram acolhidos pelos pais dela, que procuravam minimizar o sofrimento da filha. Ela não pode acompanhar o enterro de seu amor, nem mesmo o viu morto. 

André já estava com seis meses e a moça voltara ao trabalho deixando o filho aos cuidados da avó. Leila teria que conviver com a perda prematura de seu marido. Tinha dias que a saudade parecia sufoca-la, então ela chorava até adormecer.

Foi em uma noite dessas que ela sonhou com Danilo; continuava amando o marido e o sonho fora muito real. Certamente ele a estava consolando por ter partido tão cedo, ceifando todos os planos que fizeram juntos. Leila finalmente sorriu, encontrara um jeito de matar a saudade; dormiria abraçada ao filho pensando no marido todas as noites de sua vida.

Assim, tinha a certeza de poder caminhar e criar seu filho, sendo mãe e pai ao mesmo tempo, porque Deus quis que seguisse sozinha nesse mundo.
Uma coisa ela pressentia, Danilo estaria velando por ela e o filho e se encontrariam em sonhos até o fim de seus dias.

Um texto de Eva Ibrahim.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

"PERGUNTARAM À FLOR DE ONDE VINHA. ELA RESPONDEU: "DE UMA SEMENTE DE AMOR QUE NÃO SE ACOVARDOU". AUTOR DESCONHECIDO -- A BELEZA DA VIDA ESTÁ NO SORRISO DE UMA CRIANÇA. EVA IBRAHIM.

                                      A VIDA NÃO PODE ESPERAR.
            A campainha tocou insistentemente na entrada da emergência do Pronto Atendimento daquela maternidade. A enfermeira acompanhada de dois técnicos foi atender à porta e num primeiro olhar nada havia no local. Quando os três iam fechar a porta achando que poderia ter sido alguma brincadeira de criança, apareceu um rapaz forte e assustado dizendo que sua mulher estava dando à luz no automóvel.
A correria começou; a notícia se espalhou rapidamente e os curiosos apareceram de todos os lados. Era hora de mobilização geral e todos se postaram para acolher o pequeno ser.
           Uma residente acompanhada de dois internos saiu em busca do veículo, enquanto isso a enfermeira Nora se posicionava no meio da rua para parar o trânsito. Aquela rua era contramão para o veículo que estava parado em frente à lanchonete da esquina. Era uma distância de cerca de oitenta metros; muito longe para resgatar a mãe que dava à luz no banco do automóvel. Com ela estava à sogra, que assustada apenas observava a criança coroar e empurrar a calcinha da mãe; era a hora de nascer.
 Alguém já escreveu que o maior trauma que o ser humano pode sofrer é na hora do seu nascimento e, aquele certamente era a confirmação de tal afirmação. Num banco de automóvel apertado a pequena criança forçava a passagem para a luz do mundo e num jato de sangue e líquido amniótico mostrou a sua cara.
          Nora, a enfermeira, se posicionou no meio da rua e como se sempre tivesse atuado como guarda de trânsito, fazia movimentos característicos. Ela estava de luvas e avental, por isso dava mais credibilidade à situação; com a mão erguida gritava para os motoristas pararem. A enfermeira provocou um intenso congestionamento de trânsito com sua postura de defensora das parturientes desamparadas. A profissional de saúde que tem baixa estatura e é mignon, parecia um gigante na arena dos gladiadores, tamanha era sua garra ao assumir o propósito de facilitar à chegada do pequeno ser.
O marido, abobalhado, não conseguia entender que teria que trazer o automóvel na contramão até à porta do Hospital. Atitude já esperada, pois os homens ficam paralisados e com cara de espanto, quando se tornam pai, com raras exceções.
          Enquanto o caos se instalara no local, a residente chegou até onde estava o veículo e quando afastaram os curiosos o bebê chorou. Nasceu no banco do automóvel, no vão da calcinha da mãe e na presença da avó que quase enfartou com a situação inusitada que presenciara. Em seguida chegou um técnico de enfermagem com a caixa de parto de emergência e um cobertor para acolher a pequena criança.
         A residente clampeou o umbigo e cortou o cordão separando mãe e filho; em seguida saiu vitoriosa com a criança nos braços se dirigindo à sala de emergência do Pronto Atendimento. O nascimento aconteceu apesar de todas as adversidades. O pai, quando viu a criança nos braços da médica, voltou ao normal, saindo do torpor acometido e conseguiu sentar-se ao volante e dirigir o automóvel até a entrada do Hospital, levando a mãe para os devidos cuidados.
          A enfermeira Nora finalmente liberou o trânsito. As pessoas passavam e sorriam para ela; agira como uma seguidora fiel de Florence Nightingale. Vitoriosa, adentrou para ver o bebê e cuidar dos procedimentos rotineiros para recém-nascidos daquela maternidade.
       Uma criança do sexo masculino, perfeita e de aparência saudável foi à conclusão que chegou a residente que a amparou. A criança foi atendida no berço aquecido pela equipe de Neonatologia. Em seguida foi liberada para mamar na mãe que estava sendo atendida pelos residentes, que examinavam a placenta dequitada. Recebidos os cuidados necessários, os dois, mãe e filho seriam encaminhados ao Centro Obstétrico para uma avaliação mais cuidadosa. Mais tarde seriam conduzidas para o Alojamento Conjunto, uma vez que ambos estavam muito bem.
        Enquanto a puérpera tentava colocar o peito para a criança sugar, o pai, perplexo, dizia que pensou que sua mulher estava exagerando quando disse que chegara a hora do parto. Era o terceiro filho do casal e viera muito rápido, disse assustado.
       Havia muita gente na sala atendendo e relatando os fatos para concluir a internação da mãe e filho, que felizes tomavam conhecimento um do outro no contato pele a pele.
       Finalmente a paciente foi encaminhada ao Centro Obstétrico e todos sorriram. Mais uma vez ficava a certeza do dever cumprido; ficando claro o valor das equipes de saúde que atuam no PA. 
A natureza cumpre seu papel onde quer que esteja a mãe, ninguém segura o bebê se chegar a hora de nascer, mesmo que seja no banco de um carro velho.
Quando nasce uma criança, todos sorriem, é sempre uma boa nova. A solidariedade contagia e as pessoas se tornam cúmplices para colaborar com a chegada de um novo ser. Um recém-nascido sempre trás consigo uma mensagem de esperança e um convite á celebração da vida.
Um texto de Eva Ibrahim

sexta-feira, 12 de julho de 2013

"BONITO MESMO É ESSA COISA DE VIDA: UM DIA, QUANDO MENOS SE ESPERA, A GENTE SIMPLESMENTE SUPERA!"- CAIO F. ABREU --- QUE A VIDA SEJA SEMPRE INSPIRADORA. EVA IBRAHIM.

                                        IGUAL AO PAI
A menina queria um cachorro; chorou, teve febre à noite e não estava doente, segundo o pediatra. A sogra dizia que estava com quebrante e desejo de ter um animal de estimação, isto é: estava com “lombrigas”. Durante três dias, Edu, o pai, ouviu essa ladainha; ficou irritado e desabafou:
- Eu não quero nenhum animal, Mara minha mulher passa o dia todo fora trabalhando e não temos tempo para cuidar de bichos. Essas crendices populares já foram desmistificadas, chega de bobagens. A sogra calou-se, não era hora de insistir; depois voltaria ao ataque.

Edu foi aposentado por invalidez depois de muito sofrimento. O jovem foi atropelado quando estava trabalhando; um grave acidente que quase o matou. Fraturou o osso fêmur das duas pernas e levou cinco anos para poder andar. Após muitas cirurgias e fisioterapia conseguiu recuperar-se, casou-se com a namorada e tiveram uma filha, Rubia, que agora já fez cinco anos. A menina é a cara dele, conforme ele mesmo diz; pai “coruja” que se orgulha de sua família.

Doze anos se passaram depois do acidente e Edu está sossegado. Construiu uma casa bonita e sua esposa não quer bagunça e muito menos sujeira de animais em sua casa.
A menina melhorou e o assunto parecia esquecido quando receberam a visita de um casal de amigos para um churrasco. Conversa vai, conversa vem e o assunto do cachorro voltou à tona. O casal, entusiasmado, disse que tinham uma cachorra “Poodle” e ela havia dado cria a três cãezinhos. Uma beleza os filhotinhos, duas fêmeas e um macho e estavam doando as cadelas.

Rubia ouviu e imediatamente gritou que queria uma cadela; os pais disseram que não e a menina começou a chorar. Edu e Mara ficaram sem jeito diante dos amigos e prometeram que iriam adotar uma cadela Poodle. Na verdade a promessa foi só para acalmar a menina, esperavam poder dissuadi-la posteriormente.
Porém, a menina não se esquecia da promessa e cobrava diariamente. Sem saída, o casal foi buscar a cadela. Era uma bolinha de pelo crespo, da cor âmbar e recebeu o nome de Luma. Nos primeiros dias, Rubia carregava a Luma o tempo todo e ela ficava quietinha, mas, a noite não deixava ninguém dormir, chorava e grunhia sem parar.

Mara queria devolver a cachorrinha para seus antigos donos, porém, Edu não permitiu, assumiu os cuidados do bichinho chorão. O homem fez uma cama, providenciou uma caixa com areia, comprou um bichinho de pelúcia para ela não se sentir muito só à noite. Luma finalmente entendeu que aquele era seu novo lar e adotou Edu como seu pai. Quando ele estava em casa ela o seguia por toda parte e se deixassem dormia e saia de carro com ele; era sua sombra.

Homem sensível passou a chamá-la de “filhinha” e a pequena criatura correspondia com esfregaços e latidos efusivos. Rubia sentia ciúmes do pai e se afastou do pequeno animal, não a queria mais. Edu foi duro com a filha, dizendo que a Luma não era brinquedo e teriam que ficar com ela; a cadela fazia parte da família.
Certo dia, o homem estava trabalhando e Rubia derrubou a cadela no chão; era muito frágil e quebrou a perna esquerda. Mara pegou a cadela e levou ao veterinário, temia a reação do marido. Luma foi anestesiada e teve a perna engessada. O homem ficou bravo e mantinha a cachorra protegida de novas quedas, proibindo a filha de carregá-la.

A recuperação foi lenta e engraçada, a cadela pulava com a pata engessada e fazia um barulho característico no chão, provocando risos. Depois de vinte dias ela estava quase restabelecida e subiu no sofá pulando; a queda foi inevitável. Quebrou a outra perna, novamente engessada voltou para casa com restrições, teria que ficar deitada durante três semanas. Luma quebrara as duas pernas em menos de um mês.Após o tempo previsto foi retirado o gesso e uma das pernas ficou levemente torta.

Com a chegada do calor, o homem a levou para tosar os pelos e passou na casa da sogra com a cadela pelada nos braços.
Sua sogra, em tom de brincadeira, disse que sua cadela era feia, magricela e fraca, pois, já quebrara as duas pernas. Também precisava de vitaminas para engordar, porque ela parecia um frango despenado, afirmou a mulher com ironia.

Sorrindo, Edu, disse que ela era “igual ao pai” mostrando as cicatrizes nas duas pernas; em seguida entrou no carro para dar uma volta com sua “filhinha”. Edu e sua cadela Luma tiveram a mesma experiência: quebrar as duas pernas na altura do fêmur. São coincidências difíceis de encontrar, só em almas afins; o homem e sua cadela se completam.
Um texto de Eva Ibrahim.
MEU MUNDO REINVENTADO.

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