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sexta-feira, 2 de agosto de 2013

"O ÊXITO DA VIDA NÃO SE MEDE PELO CAMINHO QUE VOCÊ CONQUISTOU, MAS, SIM PELAS DIFICULDADES QUE SUPEROU NO CAMINHO" ABRAHAM LINCOLN--- NÃO HÁ LUGAR ONDE SE ESCONDER DA JUSTIÇA DIVINA. EVA IBRAHIM

                                                                                                         
                                         A COBRANÇA. 
Os colonos da Usina de açúcar formavam um grupo alegre e trabalhador; a maioria eram imigrantes italianos. Moravam em Colônias distribuídas em lugares estratégicos para facilitar a locomoção dos cortadores de cana até os canaviais. Uma fazenda com muito verde, fartura de rios e animais. A natureza exuberante estava em toda parte, parecia um manto verde de vários tons. Havia pasto a perder de vista no horizonte; muitos animais de corte, vacas leiteiras e outros para trabalhar na lida, puxando carroças ou arando a terra. Uma fazenda próspera que construíra uma represa de onde era gerada sua própria energia elétrica.

 As casas dos colonos eram geminadas formando Colônias homogêneas que abrigavam muitas famílias; parecia um pedacinho da Itália naquele local. Nos quintais das casas formavam hortas, pomar de árvores frutíferas, galinheiros e chiqueiros de onde saia parte do sustento das famílias.

Aquele povo viera em busca de uma nova vida e trouxera consigo os costumes de sua terra. Em frente ás Colônias havia muitas árvores que faziam sombra para os animais pastarem. Viviam soltos e cada colono sabia qual era o seu animal, pois, traziam marcados com ferro quente as iniciais do nome do dono. Ali conviviam cabras, carneiros, cavalos, burros, vacas e cães, juntamente com o vai e vem dos moradores do local. Era um povo ordeiro, trabalhador e festeiro. Quando havia um casamento ou batizado a festa varava a noite com vinho e muita comilança.

Nessa época as famílias tinham muitos filhos, pois precisavam de muitos braços para trabalhar na lavoura. Poucos frequentavam a Escola, precisavam ajudar os pais na roça e no corte da cana de açúcar. Viviam felizes e prósperos na terra adotada. Tinham cooperativa de produtos variados, salão de festas, campo de futebol e uma Igreja para agradecer a Deus por tanta fartura. Aos domingos as moças sentavam-se embaixo das árvores para bordar os enxovais e sonhar com o futuro príncipe encantado. Era uma sociedade patriarcal; todo o dinheiro da família ia para as mãos do pai e este cuidava para que os filhos tivessem uma vida boa e com muita responsabilidade.

Enzo era filho de uma dessas famílias e destacava-se por ser um rapaz de pavio curto e sangue quente. Era trabalhador e honesto, mas, vivia arrumando brigas; ora com colegas, ora com vizinhos, era mal visto na Colônia. O rapaz havia notado que quando estava em casa, aos domingos, ele era acordado pelo barulho das cabras que vinham em frente a sua casa berrar, Mééé... Mééé..... Elas o estavam deixando nervoso e irritado. Precisava dar um jeito naquela situação, não seriam meras cabras que o iriam incomodar.

Pensou muito e resolveu dar uma lição nas criaturas que o irritavam tanto. Enzo levantou-se bem cedo no domingo, acendeu o fogão á lenha e pôs a chaleira de água para ferver. Quando as cabras chegaram, ele pegou a chaleira com água em ebulição e despejou sobre as costas delas. Saíram em alvoroço e os Mééé se multiplicaram enquanto o rapaz ficava rindo baixinho e pensando: ”estas não voltam mais”. Satisfeito voltara para a cama, a lição fora boa. O aprendiz de lobo mau deitou e dormiu como se nada tivesse acontecido.

Os dias foram passando e alguém, no trabalho, comentou que o vizinho perdera três cabras que morreram com estranhos ferimentos de queimaduras nas costas. Enzo ficou calado, porém, estava feliz, ficara livre das cabras para sempre.
 O tempo corria e o rapaz cada vez mais nervoso, implicava com tudo e todos; “era desajeitado e resmungão por natureza”, sua mãe dizia balançando a cabeça.

Depois de alguns meses ele estava trabalhando nas caldeiras de melaço de cana, já não se lembrava das cabras, quando houve um defeito na máquina em que ele trabalhava. Enzo não conseguiu consertar a caldeira  que estava prestes á explodir, levando o pânico ao local. O rapaz apavorado tentou segurar com as mãos a enorme caldeira, cujo metal estava avermelhado pelo calor. Ele soltou um grito desesperado enquanto suas mãos frigiam no metal fervente. Desfigurado pela dor, o rapaz caiu no chão e na mesma hora lembrou-se das cabras. A dor que sentiu era indescritível, diria mais tarde á sua mãe.

O problema no trabalho foi solucionado pela equipe de segurança da empresa, mas, as mãos de Enzo sofreram queimaduras de terceiro graus e levaria anos para sarar, disse o médico. Ele teria que submeter-se a diversas cirurgias para implante de pele nas palmas das mãos. O rapaz teria comprometida a sensibilidade das mãos para sempre, e não teria digitais, pois os dedos ficaram em carne viva.

Enzo sentiu medo pela ira de Deus, pois tinha certeza que aquilo fora castigo pelo ato criminoso que praticara com as cabras. Agora ele compreendia o tamanho da atrocidade que praticara e a dor que causara nos animais.Certamente Deus não aprovara sua atitude.
Chamou sua mãe, ainda no Hospital, e contou-lhe o que havia feito. Sua mãe chorou pela crueldade do filho e disse que acreditava que aquilo era a paga pelo crime cometido e o aconselhou a procurar o padre. Quando recebeu alta do Hospital, o rapaz foi à Igreja se confessar e pedir perdão á Deus.

Muitos anos já se passaram e o velho Enzo mostra para seus netos as cicatrizes que trás nas palmas das mãos e conta essa história para ilustrar a ira de Deus quando se comete maldades.
-A cobrança é cara e dolorida, por isso não gerem sofrimento, apenas promovam a paz- Diz o velho olhando para suas mãos.
Durante o tempo que passou para curar as mãos o homem aprendeu a ter paciência com tudo e todos, pois até para usar o banheiro precisava de ajuda. Até hoje ele tem dificuldade para segurar os objetos nas mãos.
Enzo sofreu muito e entendeu que sua maldade lhe foi cobrada com justiça para torna-lo um homem melhor. A mão que fere, um dia, também será ferida.


               Um texto de Eva Ibrahim.

sexta-feira, 26 de julho de 2013

"SAUDADE É UMA DOR QUE FERE NOS DOIS MUNDOS". CHICO XAVIER---HÁ COISAS QUE NÃO PRECISAM FAZER SENTIDO, BASTA SENTIR. EVA IBRAHIM

                                 SONHEI COM VOCÊ
O relógio despertou com uma campainha estridente e Leila deu um pulo na cama, depois esticou o braço e desativou o alarme. Deitada de costas na cama não se conformava de ter sido acordada no meio do sonho mais lindo que já sonhou. Fechou os olhos e conseguiu sentir o beijo molhado que trocou com Danilo; a moça não queria perder o calor daquele abraço e a satisfação de estar com ele. Foi tudo muito verdadeiro e prazeroso, queria sentir aquela euforia novamente, continuava apaixonada por Danilo; o amor de sua vida.

O casamento foi perfeito, ambos apaixonados e felizes em uma linda viagem de lua de mel ao Rio de Janeiro. Um amor verdadeiro que tinha tudo para durar uma vida inteira é o que diziam os amigos e parentes dos nubentes. Uma semana de passeios para conhecer os lugares turísticos da cidade maravilhosa. Muitas fotos dos dois juntos para perpetuar os momentos de alegria e felicidade do casal.

O retorno e a arrumação da casa, momentos inesquecíveis para ambos. Tudo registrado e relacionado em um lindo álbum, que recebeu o nome de:
“AMOR ETERNO DE DANILO E LEILA”. A família e os amigos admiravam a felicidade do casal; um sonho de amor realizado.

A vida voltou à rotina e os dois não cansavam de se amar. Danilo e Leila viviam em harmonia, estavam sempre rindo e brincando de braços dados. Logo surgiu a desconfiança de uma possível gravidez e para coroar a felicidade do casal, o exame médico confirmou a gestação de Leila. Os dois viviam um momento mágico e faziam planos para a chegada do bebê.

Os meses passavam depressa, Leila estava feliz e tinha arrumado todas as coisas necessárias para receber o pequeno André; faltavam apenas quatro semanas para completar a felicidade do casal. Os dois tinham muito amor para dar ao filho desejado.

Naquele mês havia um feriado prolongado e o rapaz foi convidado pelo cunhado e dois amigos, para uma pescaria em Mato Grosso; Danilo gostava de pescarias e falaria com sua esposa.
Seu argumento foi que logo teria novas responsabilidades e não seria fácil viajar com os amigos. Leila não gostou da ideia, mas, concordou com o passeio de Danilo, afinal ele era um bom marido e merecia um passeio para descansar. A semana passou depressa e o marido chegou da viagem, estava cheio de saudades; sua esposa, ansiosa, o recebeu com um longo beijo.

Depois de alguns dias, durante uma noite fria, Danilo acordou tremendo, estava com febre alta. Leila lhe deu um antitérmico e deitou-se agarradinha a ele dizendo que poderia ser um resfriado.
O dia amanheceu, o rapaz continuava com muita febre e vômitos seguido de diarreia. A moça, preocupada, acompanhou o marido ao Pronto Socorro e depois de alguns exames o médico disse que Danilo teria que ser internado para novos exames, pois o diagnóstico não estava fechado. Por ele ter viajado para outro Estado teriam que considerar todas as possibilidades. A moça deveria ir para casa, precisava descansar, disse o médico olhando para sua barriga.

Leila saiu assustada, não queria deixar seu marido sozinho no Hospital, mas estava muito cansada e concordou em voltar no dia seguinte. Avisou aos familiares do marido e foi para a casa de seus pais. Foi uma noite de muitos pesadelos, não conseguiu relaxar; queria voltar ao PS para saber de Danilo. O Hospital não dava informações sobre pacientes por telefone.

Acompanhada de seus pais a moça chegou ao PS, precisava ver o seu amor. Na recepção foi informada de que teria que aguardar o médico para obter notícias do marido. Leila, amparada por sua mãe, começou a chorar; a moça percebeu que alguma coisa estava errada. Depois de uma hora de espera o médico pediu que entrassem para conversar. Os três ficaram estarrecidos diante do quadro que o médico apresentou; Danilo havia piorado muito e estava na Unidade de Terapia Intensiva em estado grave.

O rapaz estava com pneumonia viral e não respondia aos medicamentos, poderia ter contraído o vírus na pescaria que participara no Mato Grosso, disse o médico apreensivo. O estado de saúde de Danilo era muito grave, ele fora sedado e estava respirando por aparelhos, pois, seus pulmões estavam perdendo a função. Quando a moça foi levada para ver o marido quase desmaiou, ele estava inconsciente e entubado, parecia morto, lamentou chorando.
Sua mãe a levou para fora, a filha estava muito nervosa, poderia fazer mal ao bebê, explicou a mãe, tentando acalmá-la. O pneumologista não deu muitas esperanças à família, o paciente teria que reagir aos medicamentos ou sucumbiria à doença.

Uma semana de aflição e muitas idas ao Hospital. Não permitiam que Leila ficasse com o marido, pois, ele estava na UTI. O rapaz permanecia inconsciente e a moça não conseguiu falar com ele durante as visitas. Leila estava desesperada e impotente, a doença tomara conta de Danilo, que não reagia.
No décimo dia veio a triste notícia, seu marido não resistira a doença, estava morto.

Leila recebeu a notícia e teve que ser internada as pressas, pois, entrou em trabalho de parto prematuro. Seu filho nasceu de uma cesariana em meio às lágrimas da mãe. Leila e o filho foram acolhidos pelos pais dela, que procuravam minimizar o sofrimento da filha. Ela não pode acompanhar o enterro de seu amor, nem mesmo o viu morto. 

André já estava com seis meses e a moça voltara ao trabalho deixando o filho aos cuidados da avó. Leila teria que conviver com a perda prematura de seu marido. Tinha dias que a saudade parecia sufoca-la, então ela chorava até adormecer.

Foi em uma noite dessas que ela sonhou com Danilo; continuava amando o marido e o sonho fora muito real. Certamente ele a estava consolando por ter partido tão cedo, ceifando todos os planos que fizeram juntos. Leila finalmente sorriu, encontrara um jeito de matar a saudade; dormiria abraçada ao filho pensando no marido todas as noites de sua vida.

Assim, tinha a certeza de poder caminhar e criar seu filho, sendo mãe e pai ao mesmo tempo, porque Deus quis que seguisse sozinha nesse mundo.
Uma coisa ela pressentia, Danilo estaria velando por ela e o filho e se encontrariam em sonhos até o fim de seus dias.

Um texto de Eva Ibrahim.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

"PERGUNTARAM À FLOR DE ONDE VINHA. ELA RESPONDEU: "DE UMA SEMENTE DE AMOR QUE NÃO SE ACOVARDOU". AUTOR DESCONHECIDO -- A BELEZA DA VIDA ESTÁ NO SORRISO DE UMA CRIANÇA. EVA IBRAHIM.

                                      A VIDA NÃO PODE ESPERAR.
            A campainha tocou insistentemente na entrada da emergência do Pronto Atendimento daquela maternidade. A enfermeira acompanhada de dois técnicos foi atender à porta e num primeiro olhar nada havia no local. Quando os três iam fechar a porta achando que poderia ter sido alguma brincadeira de criança, apareceu um rapaz forte e assustado dizendo que sua mulher estava dando à luz no automóvel.
A correria começou; a notícia se espalhou rapidamente e os curiosos apareceram de todos os lados. Era hora de mobilização geral e todos se postaram para acolher o pequeno ser.
           Uma residente acompanhada de dois internos saiu em busca do veículo, enquanto isso a enfermeira Nora se posicionava no meio da rua para parar o trânsito. Aquela rua era contramão para o veículo que estava parado em frente à lanchonete da esquina. Era uma distância de cerca de oitenta metros; muito longe para resgatar a mãe que dava à luz no banco do automóvel. Com ela estava à sogra, que assustada apenas observava a criança coroar e empurrar a calcinha da mãe; era a hora de nascer.
 Alguém já escreveu que o maior trauma que o ser humano pode sofrer é na hora do seu nascimento e, aquele certamente era a confirmação de tal afirmação. Num banco de automóvel apertado a pequena criança forçava a passagem para a luz do mundo e num jato de sangue e líquido amniótico mostrou a sua cara.
          Nora, a enfermeira, se posicionou no meio da rua e como se sempre tivesse atuado como guarda de trânsito, fazia movimentos característicos. Ela estava de luvas e avental, por isso dava mais credibilidade à situação; com a mão erguida gritava para os motoristas pararem. A enfermeira provocou um intenso congestionamento de trânsito com sua postura de defensora das parturientes desamparadas. A profissional de saúde que tem baixa estatura e é mignon, parecia um gigante na arena dos gladiadores, tamanha era sua garra ao assumir o propósito de facilitar à chegada do pequeno ser.
O marido, abobalhado, não conseguia entender que teria que trazer o automóvel na contramão até à porta do Hospital. Atitude já esperada, pois os homens ficam paralisados e com cara de espanto, quando se tornam pai, com raras exceções.
          Enquanto o caos se instalara no local, a residente chegou até onde estava o veículo e quando afastaram os curiosos o bebê chorou. Nasceu no banco do automóvel, no vão da calcinha da mãe e na presença da avó que quase enfartou com a situação inusitada que presenciara. Em seguida chegou um técnico de enfermagem com a caixa de parto de emergência e um cobertor para acolher a pequena criança.
         A residente clampeou o umbigo e cortou o cordão separando mãe e filho; em seguida saiu vitoriosa com a criança nos braços se dirigindo à sala de emergência do Pronto Atendimento. O nascimento aconteceu apesar de todas as adversidades. O pai, quando viu a criança nos braços da médica, voltou ao normal, saindo do torpor acometido e conseguiu sentar-se ao volante e dirigir o automóvel até a entrada do Hospital, levando a mãe para os devidos cuidados.
          A enfermeira Nora finalmente liberou o trânsito. As pessoas passavam e sorriam para ela; agira como uma seguidora fiel de Florence Nightingale. Vitoriosa, adentrou para ver o bebê e cuidar dos procedimentos rotineiros para recém-nascidos daquela maternidade.
       Uma criança do sexo masculino, perfeita e de aparência saudável foi à conclusão que chegou a residente que a amparou. A criança foi atendida no berço aquecido pela equipe de Neonatologia. Em seguida foi liberada para mamar na mãe que estava sendo atendida pelos residentes, que examinavam a placenta dequitada. Recebidos os cuidados necessários, os dois, mãe e filho seriam encaminhados ao Centro Obstétrico para uma avaliação mais cuidadosa. Mais tarde seriam conduzidas para o Alojamento Conjunto, uma vez que ambos estavam muito bem.
        Enquanto a puérpera tentava colocar o peito para a criança sugar, o pai, perplexo, dizia que pensou que sua mulher estava exagerando quando disse que chegara a hora do parto. Era o terceiro filho do casal e viera muito rápido, disse assustado.
       Havia muita gente na sala atendendo e relatando os fatos para concluir a internação da mãe e filho, que felizes tomavam conhecimento um do outro no contato pele a pele.
       Finalmente a paciente foi encaminhada ao Centro Obstétrico e todos sorriram. Mais uma vez ficava a certeza do dever cumprido; ficando claro o valor das equipes de saúde que atuam no PA. 
A natureza cumpre seu papel onde quer que esteja a mãe, ninguém segura o bebê se chegar a hora de nascer, mesmo que seja no banco de um carro velho.
Quando nasce uma criança, todos sorriem, é sempre uma boa nova. A solidariedade contagia e as pessoas se tornam cúmplices para colaborar com a chegada de um novo ser. Um recém-nascido sempre trás consigo uma mensagem de esperança e um convite á celebração da vida.
Um texto de Eva Ibrahim

sexta-feira, 12 de julho de 2013

"BONITO MESMO É ESSA COISA DE VIDA: UM DIA, QUANDO MENOS SE ESPERA, A GENTE SIMPLESMENTE SUPERA!"- CAIO F. ABREU --- QUE A VIDA SEJA SEMPRE INSPIRADORA. EVA IBRAHIM.

                                        IGUAL AO PAI
A menina queria um cachorro; chorou, teve febre à noite e não estava doente, segundo o pediatra. A sogra dizia que estava com quebrante e desejo de ter um animal de estimação, isto é: estava com “lombrigas”. Durante três dias, Edu, o pai, ouviu essa ladainha; ficou irritado e desabafou:
- Eu não quero nenhum animal, Mara minha mulher passa o dia todo fora trabalhando e não temos tempo para cuidar de bichos. Essas crendices populares já foram desmistificadas, chega de bobagens. A sogra calou-se, não era hora de insistir; depois voltaria ao ataque.

Edu foi aposentado por invalidez depois de muito sofrimento. O jovem foi atropelado quando estava trabalhando; um grave acidente que quase o matou. Fraturou o osso fêmur das duas pernas e levou cinco anos para poder andar. Após muitas cirurgias e fisioterapia conseguiu recuperar-se, casou-se com a namorada e tiveram uma filha, Rubia, que agora já fez cinco anos. A menina é a cara dele, conforme ele mesmo diz; pai “coruja” que se orgulha de sua família.

Doze anos se passaram depois do acidente e Edu está sossegado. Construiu uma casa bonita e sua esposa não quer bagunça e muito menos sujeira de animais em sua casa.
A menina melhorou e o assunto parecia esquecido quando receberam a visita de um casal de amigos para um churrasco. Conversa vai, conversa vem e o assunto do cachorro voltou à tona. O casal, entusiasmado, disse que tinham uma cachorra “Poodle” e ela havia dado cria a três cãezinhos. Uma beleza os filhotinhos, duas fêmeas e um macho e estavam doando as cadelas.

Rubia ouviu e imediatamente gritou que queria uma cadela; os pais disseram que não e a menina começou a chorar. Edu e Mara ficaram sem jeito diante dos amigos e prometeram que iriam adotar uma cadela Poodle. Na verdade a promessa foi só para acalmar a menina, esperavam poder dissuadi-la posteriormente.
Porém, a menina não se esquecia da promessa e cobrava diariamente. Sem saída, o casal foi buscar a cadela. Era uma bolinha de pelo crespo, da cor âmbar e recebeu o nome de Luma. Nos primeiros dias, Rubia carregava a Luma o tempo todo e ela ficava quietinha, mas, a noite não deixava ninguém dormir, chorava e grunhia sem parar.

Mara queria devolver a cachorrinha para seus antigos donos, porém, Edu não permitiu, assumiu os cuidados do bichinho chorão. O homem fez uma cama, providenciou uma caixa com areia, comprou um bichinho de pelúcia para ela não se sentir muito só à noite. Luma finalmente entendeu que aquele era seu novo lar e adotou Edu como seu pai. Quando ele estava em casa ela o seguia por toda parte e se deixassem dormia e saia de carro com ele; era sua sombra.

Homem sensível passou a chamá-la de “filhinha” e a pequena criatura correspondia com esfregaços e latidos efusivos. Rubia sentia ciúmes do pai e se afastou do pequeno animal, não a queria mais. Edu foi duro com a filha, dizendo que a Luma não era brinquedo e teriam que ficar com ela; a cadela fazia parte da família.
Certo dia, o homem estava trabalhando e Rubia derrubou a cadela no chão; era muito frágil e quebrou a perna esquerda. Mara pegou a cadela e levou ao veterinário, temia a reação do marido. Luma foi anestesiada e teve a perna engessada. O homem ficou bravo e mantinha a cachorra protegida de novas quedas, proibindo a filha de carregá-la.

A recuperação foi lenta e engraçada, a cadela pulava com a pata engessada e fazia um barulho característico no chão, provocando risos. Depois de vinte dias ela estava quase restabelecida e subiu no sofá pulando; a queda foi inevitável. Quebrou a outra perna, novamente engessada voltou para casa com restrições, teria que ficar deitada durante três semanas. Luma quebrara as duas pernas em menos de um mês.Após o tempo previsto foi retirado o gesso e uma das pernas ficou levemente torta.

Com a chegada do calor, o homem a levou para tosar os pelos e passou na casa da sogra com a cadela pelada nos braços.
Sua sogra, em tom de brincadeira, disse que sua cadela era feia, magricela e fraca, pois, já quebrara as duas pernas. Também precisava de vitaminas para engordar, porque ela parecia um frango despenado, afirmou a mulher com ironia.

Sorrindo, Edu, disse que ela era “igual ao pai” mostrando as cicatrizes nas duas pernas; em seguida entrou no carro para dar uma volta com sua “filhinha”. Edu e sua cadela Luma tiveram a mesma experiência: quebrar as duas pernas na altura do fêmur. São coincidências difíceis de encontrar, só em almas afins; o homem e sua cadela se completam.
Um texto de Eva Ibrahim.

sexta-feira, 5 de julho de 2013

"A SOLIDÃO É O MODO QUE O DESTINO ENCONTRA PARA LEVAR O HOMEM A SI MESMO". HERMAN HESSE--- O MEDO É O MAIOR LADRÃO DE SONHOS. EVA IBRAHIM.

                                              A VIAGEM
O avião taxiava na pista antes de levantar voo e a moça que estava sentada ao lado da janela sorria de felicidade. Sibele estava realizando um sonho muito esperado, viajar para o estrangeiro. Enquanto o comandante desejava boa viagem aos passageiros, Sibele, com olhar de encantamento, via as casas e a terra ficar lá embaixo; estava no ar como sempre desejou. O avião era enorme e estava cheio de pessoas bem vestidas, a moça olhou para seu casaco novo e sentiu que estava de acordo com os passageiros; ninguém perceberia que era uma pobre moça. Um casal de idosos estava sentado ao lado de Sibele conversando em uma língua estranha, olharam e sorriram; a moça sorriu também.

O aeroplano adentrou as nuvens e ela viu um grande piso de algodão brilhando com os raios solares. Era uma aventura e tanto e lembrou-se de sua mãe, que sempre a censurava, dizendo que ela imaginava coisas demais; devia se conformar com a vida que tinha.
- Tira essas bobagens da cabeça menina, somos pobres e avião é coisa de gente rica. Dizia a mãe para a filha sonhadora.
Sibele sorriu, queria que sua mãe estivesse viva para saber que ela estava em um grande avião, viajando para o Canadá. Estava tão perto do céu que talvez sua mãe a estivesse vendo, esse pensamento a acalentou e ela passou a recordar o passado.

Era mineira de uma pequena cidade em meio às montanhas; lá o Sol se punha mais cedo por detrás da montanha mais alta da região. Era um esplendor assistir ao por do Sol, pois, a sombra crescia diante dos olhos de seus espectadores. Uma vila de casas simples e muitas crianças descalças, que corriam pelos campos e viviam com os pés machucados.

Quando sua mãe faleceu Sibele era jovem e dois anos após o passamento da mãe foi o pai que partiu, deixando a moça encarregada dos irmãos menores. Sibele tinha cinco irmãos e somente depois que eles tomaram rumo na vida, ela saiu para trabalhar longe de sua terra. Tornara-se uma solteirona, pois, não tivera tempo para namorar; era uma balzaquiana, pobre, simples e desajeitada.

Com a cara e a coragem mudou-se para Campinas, São Paulo, para trabalhar como empregada doméstica. Tinha pessoas conhecidas naquela cidade e por indicação de uma conterrânea conseguiu uma casa onde dormia no emprego. Ficou naquele serviço durante três anos indo depois trabalhar como auxiliar de limpeza em um Hospital. Ali conheceu pessoas que a incentivaram a estudar e ela passou a fazer parte do quadro de enfermagem daquela instituição de saúde. Assim, a moça conseguiu melhorar sua condição financeira. Depois de um tempo, ela comprou uma pequena casa popular e começou a fazer muitas horas extras no Hospital.

Com tanto empenho e economia foi melhorando de vida; muitas vezes ajudava um irmão ou outro, mas sobrava muito no final do mês. Era uma pessoa simples, econômica e caseira; permaneceu solteira, não tinha tempo para namorar. No último mês de maio ela completou quarenta e cinco anos, era livre e tinha um sonho, conhecer os Estados Unidos da América. Com o montante de dinheiro guardado ela iria realizar seu sonho, só precisava do visto do consulado americano. Sibele juntara todos os seus documentos e fora ao consulado americano.

Porém, os americanos não davam vistos para pessoas solteiras e sem vínculos efetivos no Brasil. Com desculpas evasivas negaram o visto à Sibele. A moça não desistiu de conseguir o visto para a viagem; voltou ao consulado americano outras cinco vezes e nada conseguiu. Não obteve o visto para viajar ao Tio San, os americanos não a queriam lá. Chorosa, a moça reclamava aos colegas de trabalho, pois, tinha dinheiro suficiente para a viagem e queria conhecer o estrangeiro.

Pedro, um de seus amigos, lhe perguntou por que ela não ia para o Canadá, o país ficava vizinho dos americanos e não era tão exigente. A moça concordou e foi ao consulado do país indicado conseguindo o visto imediatamente. E, Sibele estava a caminho de Toronto, Canadá. Embalada pelo motor do avião ela adormeceu e quando acordou algumas horas haviam decorrido. Estava escuro e o casal ao lado também adormecera. A moça tentou se localizar, porém, nada indicava onde estavam e fechou os olhos adormecendo em seguida.

Sibele acordou quando o comandante do avião anunciou a chegada ao aeroporto de Toronto. A moça desceu do avião e seguiu os passageiros até o saguão do aeroporto principal da região metropolitana de Toronto. Fica localizado na cidade de Mississauga a trinta e dois km do centro da cidade de Toronto; é moderno, grande e luxuoso o “Aeroporto Internacional Pearson”.

Caminhando e olhando tudo a sua volta ela não se cansava de admirar a beleza e organização do local. Depois de algum tempo, Sibele sentou-se em frente a uma lanchonete, estava com fome e sede.  Olhava o outdoor e os cartazes indicando o deslocamento das pessoas, porém, não entendia nada. Os cartazes estavam em inglês e francês e Sibele não conseguia ler. Com uma nota de dez dólares na mão ela se aproximou de um balcão e apontou para um lanche exposto na vitrine; assim a moça conseguiu comer.

Andando dentro do aeroporto a moça sentia-se pequena e sozinha. Teria que sair dali e procurar o Hotel em Toronto, que a companhia de turismo reservara com a passagem aérea. Sibele precisava deixar o aeroporto, mas sentia medo; era tudo muito grande e estranho.
Parou diante de um guarda e procurou, fazendo gestos, se fazer entender. O guarda pegou o documento da reserva e abriu um mapa para mostrar à moça como chegar lá. Mostrando que estavam a trinta e dois km da cidade de Toronto.

Sibele ficou assustada, teria que pegar um ônibus ou um taxi; agradeceu e saiu caminhando. Sentou-se novamente e então “caiu a fixa” ela estava em apuros; não sabia como agir. Sentiu saudades do Brasil, do Sol, do calor humano. O dia foi se arrastando até escurecer e ela ainda estava no aeroporto. O frio era intenso, havia previsão de nevasca durante a noite.

Seguindo um impulso foi até o guichê da companhia aérea que a levou até lá e comprou uma passagem de volta para São Paulo. A moça teria que esperar até às oito horas da manhã para embarcar, se o tempo permitisse; sentou-se em um canto e procurou dormir; estava muito frio.
No dia seguinte ela entrou no avião de volta para casa, estava feliz, seu lugar não era no estrangeiro, mas entre seus familiares e amigos. Não avisaria ninguém, queria surpreende-los.

Quando desceu em Guarulhos, sorriu, estava em casa e lembrou-se de sua mãe. Ela tinha razão, ela era filha da terra brasileira e aqui viveria até morrer.
Quando seus amigos souberam que ela não havia saído do aeroporto fizeram piadas e tiraram "sarro" dela; a gozação durou dias. A moça não se deixou abater e levava na esportiva; dizendo que, afinal, viajara para o estrangeiro e isso ninguém podia negar.

Um texto de Eva Ibrahim.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

"TUDO QUE UM SONHO PRECISA PARA SER REALIZADO É ALGUÉM QUE ACREDITE NELE". AUTOR DESCONHECIDO. -- "INSISTA NAS COISAS QUE TE FAZEM SORRIR". EVA IBRAHIM

                                LÁBIOS DE CARMIM                                     

     A professora terminara de escrever a lição de português no quadro negro e sentara-se com as mãos nos quadris, a dor naquele local era intensa. Há dias vinha sentindo dor na região lombar, mas tinha medo de contar para alguém ou até mesmo pensar no assunto. Estava em uma fase de negação, lembrar-se de seu passado recente provocava náuseas e a tristeza tomava conta de seus pensamentos.
   --Será que a doença, que a maltratara tanto, estava de volta?
   Olivia não queria nem pensar em passar por todas aquelas provações novamente, preferia morrer. Quando a sineta tocou anunciando o final do horário de aulas, ela pegou sua bolsa e saiu rapidamente, queria chegar à sua casa e se esconder do terrível câncer que a perseguia há cinco anos. Deitou-se na cama e de olhos abertos fitava o teto e remoía tudo que havia acontecido no passado.
   Era uma moça bonita e casara-se com Jonas, estava muito apaixonada, cheia de sonhos e projetos. Conseguira o trabalho que gostava, era professora primária. Quando compraram a casa com financiamento na Caixa Econômica Federal, o casal ficou muito feliz, era mais um sonho realizado. Olivia sentia-se a mulher mais sortuda do mundo, dizia à sua mãe e irmãs. Em meio a muito carinho nasceu Tales, o primeiro filho e dois anos após, Luana; uma família feliz. Quando a menina estava com três anos de idade, Olivia concluiu que era hora de viajar com as crianças; filhos lindos e muito amados.
  Cinco anos de casamento e muito amor entre eles, parecia que nada poderia interferir na felicidade conquistada.
Em um final de semana prolongado a família foi passear na praia; Tales e Luana foram conhecer o mar. Muita diversão e longas caminhadas na orla marítima para recolher conchas; as crianças estavam muito felizes. No domingo de manhã, Olivia acordou indisposta, estava com dor em baixo ventre. Pensou em uma possível gravidez, pois, sua menstruação estava atrasada; marcaria uma consulta com o ginecologista no dia seguinte.
  Jonas queria acompanha-la ao médico, mas não poderia faltar do trabalho naquele dia e a sua esposa foi sozinha. Após alguns testes o médico disse que não era gravidez, teriam que fazer alguns exames e uma ecografia para saber o motivo da dor. A mulher voltou para casa apreensiva, disse que não havia gostado da expressão que o médico fez ao lhe dizer que poderia ser uma porção de coisas. Porém, era prematuro dizer sem ter certeza; deveriam aguardar os exames.
  O marido tentou acalmá-la, iriam juntos ao médico. Depois de uma semana saiu o diagnóstico e o casal perdeu a tranquilidade. Olivia estava com câncer de ovário e teria que submeter-se a uma cirurgia para a retirada dos órgãos reprodutores. Uma cirurgia agressiva, seguida de quimioterapia. “Fariam todo o possível para bloquear a doença”. O médico disse ao casal assustado.
Os cabelos de Olivia caíram, ela ficou debilitada e durante um ano inteiro esteve afastada da Escola para tratamento. Aos poucos retomou à sua vida normal, mas sempre voltando ao ambulatório para exames de rotina. “Estava tudo bem”, disse o médico, poderia levar a vida normalmente. Após três anos ela respirou aliviada, vencera a doença.
“Doce ilusão”, ela pensava enquanto as lágrimas corriam pelo seu rosto deixando o líquido salgado molhar seus lábios. Tales estava com dez e Luana com oito anos de idade, agora que o casal poderia sair com as crianças, à doença estava de volta. Ela sabia que não poderia ser coisa boa aquela dor que a atormentava já fazia alguns dias. Tratou de se levantar, teria que fazer o jantar, as crianças chegariam da Escola e o marido logo em seguida. Precisava ser forte, não queria assustar sua família. Iria procurar o médico e somente depois diria ao marido a que conclusão o médico chegara.
   A mulher se submeteu a novos exames e o médico lhe pediu que levasse o marido com ela para saber o resultado, porque ela estava muito nervosa e precisava de apoio. Com muita ansiedade o casal foi saber do resultado dos exames e a noticia não poderia ser pior, o câncer estava de volta; metástase no peritônio. A luta seria grande e teriam que iniciar imediatamente novas sessões de quimioterapia. Jonas e Olivia passaram na Igreja em que se casaram e lá ficaram ajoelhados pedindo proteção a Deus, porque dias terríveis seriam vividos, eles sabiam que outra luta se iniciava naquele dia.
Foram muitas internações por fraqueza, vômitos recorrentes e quando Olivia achava que estava melhorando, sua barriga começou a crescer, era líquido ascítico. O médico disse ao marido que estavam perdendo a luta contra o câncer, pois, a doença avançava sem piedade; não havia mais esperança. O tratamento seria apenas paliativo, mas teria assistência até o final.
No início do tratamento Olívia era levada ao Hospital uma vez ao mês, depois a cada duas ou três semanas para retirar o líquido que se acumulava em seu ventre. O líquido era retirado, cerca de quatro ou cinco litros de cada vez e voltava para sua casa, sempre acompanhada por uma de suas irmãs.
Durante alguns meses essa foi à rotina da professora, já sem cabelos e muito debilitada parecia à sombra daquela mulher bonita. Com o pescoço, pernas e braços finos o abdômen destoava, era distendido e endurecido. Jonas queria saber o que fazer para melhorar a situação de sua esposa, ela estava sofrendo muito. A resposta doeu, Olivia estava na reta final, já não tinha mais água em seu ventre, o tumor havia crescido e tomava conta do abdômen inteiro.
   Em um dia chuvoso ela foi levada ao Hospital, não comia e só vomitava; chegou  quase desfalecida. Estava muito mal, tinha os pés inchados e uma palidez intensa; era difícil reconhecer a professora. Seu corpo estava emagrecido, não tinha nenhum fio de cabelo e trazia o olhar perdido em algum ponto distante. A voz fraca, difícil de ouvir; parecia que nada mais importava. Olivia permanecia inerte e sua respiração era lenta e arfante. Foi reanimada com soro e depois de algum tempo demonstrou uma pequena melhora, fixou seus olhinhos tristes em sua irmã e disse bem baixinho:
 -“Eu quero um sorvete vermelho”.
 Sua irmã quis saber se poderia sair para comprar o sorvete e todos aquiesceram, era o mínimo que poderiam lhe proporcionar. Olivia foi colocada sentada na maca com apoios laterais e com um débil sorriso começou a lamber o sorvete de groselha, que sua irmã segurava. A fraqueza que dominava o corpo da professora deixava seus movimentos lentos e a metade do sorvete derreteu dentro do copo que servia de apoio. Quando terminou o sorvete havia um sorriso nos lábios vermelhos de Olivia, parecia satisfeita. Lábio de carmim foi à imagem que ficou gravada na memória de todos que presenciaram o fato. Como por ironia o sorvete pusera um pouco de vida nos lábios daquela mulher tão fragilizada.
       Depois do sorvete Olivia teve alta, nada mais poderia ser feito, agora era com a família, disse o médico consternado. A paciente foi levada com medicações para dor e vômito deixando a imagem daquele sorvete vermelho. Todos se entreolharam, sabiam que aquela fora a última vontade de mais uma vítima de um câncer muito agressivo.
No Hospital não tiveram mais notícias de Olivia, que certamente já se encontra além da vida com seus lábios de carmim. 
Um texto de Eva Ibrahim
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