TRAVESSURAS
CAPÍTULO CINCO
O
domingo chegou e a moça estava deprimida, pois a semana transcorrera num
verdadeiro marasmo, parecia que Anselmo também a pusera de castigo. Mas, com
ela fora diferente; ele a colocara na geladeira. O rapaz não dera sinal de vida
e ela temia que ele não a quisesse mais.
A manhã transcorreu monótona e rotineira,
porém, pouco antes da hora do almoço parou um automóvel em frente à casa de
Lorena. E, dele apearam seus tios e cinco primos com duas crianças pequenas,
netos do casal de tios.
Foi
um alvoroço, sua mãe queria atender a família da irmã da melhor forma possível
e as mulheres tiveram que enfrentar o fogão; as visitas estavam famintas.
Viajaram por três horas até chegarem ali e as crianças queriam comer na casa da
tia. Lorena ajudou sua mãe e depois foi tomar banho, iria sair para se livrar
de tantas visitas.
A
moça estava no chuveiro quando ouviu um barulho e depois uma porção de gritos
de criança; em seguida os latidos do seu cachorro. Lorena sentiu um arrepio; o
peludo raramente latia, somente quando o caso era sério; então, percebeu que as
crianças haviam quebrado alguma coisa, pois, gritos de censura dos pais eram
alarmantes.
Lorena
tratou de desligar o chuveiro e se apressar em colocar suas roupas para ir
verificar o acontecido; estava apreensiva com tanto barulho na casa. Quando
saiu do banheiro, ainda com a toalha prendendo os cabelos ela deu de cara com
sua mãe e a tia lhe pedindo calma.
As
crianças haviam derrubado a galinha da estante e o peludo a mordera; estava em
estado lastimável. A galinha perdera as penas do rabo e estava corroída em
grande extensão do corpo. A moça tremeu, desconfiava que aquilo queria dizer
que o seu amor estava por um fio.
Foi
procurar o Peludo, queria lhe dar uns tabefes. No entanto ao avistá-lo percebeu
que era apenas um cão e que mordera a galinha por instinto, não havia maldade
naquela criatura, que ao vê-la abanou o rabo. As crianças trataram de se esconder, temiam a fúria da prima.
A moça se
conteve, estava desolada, não sabia o que fazer. Em seguida, pegando a galinha, olhou para ela com desconfiança e,
sentiu que poderia estar enganada em sua crença. A galinha estava mordida, suja e sem as penas do rabo; perdera seu encanto. Parecia ser, apenas, um objeto comum, um mito africano que perdera sua magia e não havia nada que provasse que tinha poder sobre a
vida dela.
No entanto, Lorena estava muito suscetível aos últimos acontecimentos com
Anselmo e queria uma explicação para sua ausência.
Um texto de Eva Ibrahim Continua na próxima
semana.