TRISTEZA NUNCA MAIS
CAPÍTULO NOVE
A moça chegou ao Hospital e Fernando
ainda não retornara dos exames. Então, Celina sentou-se num pequeno jardim de
inverno, que havia na área interna daquele local; estava conformada. E, logo
foi abordada por uma mulher, que aguardava a cirurgia do filho terminar. Ambas
curtiam a mesma ansiedade e começaram a conversar; trocaram queixas e
desconfianças.
Até riram de suas desgraças e só
entraram quando o enfermeiro chamou a moça, pois, o marido já estava no quarto
e queria vê-la. Celina, então, percebeu que a vida continua e existem problemas
por todos os lados, não era apenas ela a vítima de uma desgraça.
Ela
beijou o marido e ele retribuiu, estava sereno e esperançoso. Fernando disse
que o médico, talvez o liberasse para casa. Foi o que o enfermeiro cochichou em
seu ouvido, depois sorriu abraçando sua esposa, carinhosamente.
Celina
precisava daqueles braços ao redor de seu corpo para sempre; sonhara com isso
desde que conhecera o Fernando. Sentia-se fraca e desamparada quando ficava longe
dele; era seu marido. Entretanto, ficaram tão pouco juntos, que ela duvidava
disso.
Passaram
mais uma noite no Hospital e pela manhã, após muitas recomendações e uma longa
receita de medicamentos, foram para casa. Estavam felizes e dispostos a outro
recomeço e tantos quantos fossem necessários. Não queriam mais saber de
tristeza, queriam desfrutar do amor que sentiam um pelo outro.
Celina
estava em período de férias escolares e o marido pedira as férias para se
casar, precisavam aproveitar o que restava delas. Iriam passar alguns dias na
praia. Fernando estava medicado e o médico dissera que a chance de nova
convulsão era muito remota. Porém, não poderia descuidar dos remédios, que Celina
trazia marcado e com horários rígidos.
Os
pais da moça e os sogros criaram uma porção de empecilhos para que ambos
desistissem da viagem, tinham medo que o rapaz passasse mal. No entanto,
estavam irredutíveis; iriam para uma lua de mel, mesmo que fosse apenas por uma
semana.
Celina
saiu dirigindo o automóvel de Fernando, ele ficava sonolento depois que tomava
os remédios e ela temia que dormisse ao volante. Chegaram ao Hotel e foram para
o apartamento reservado para o casal, queriam namorar em paz. O marido dormia
bastante e ela velava seu sono; amava aquele homem de todo o coração. Mas,
quando estava acordado se comportava como um amante exemplar; Celina estava
feliz.
Foram
dias de muita felicidade, Fernando sentia-se melhor e a vida seguia seu rumo,
como fora previsto. Andaram pela praia de mãos dadas, sentaram-se nas pedras
para ver os navios passar ao longe, contaram estrelas, recolheram conchas do
mar e voltaram cansados para dormir abraçados. Parecia que a doença de Fernando
e todo aquele pesadelo havia passado.
Um
texto de Eva Ibrahim.
Continua
na próxima semana.