COMER,
COMER...
CAPÍTULO
OITO
Mas, o que todos temiam estava para
se concretizar; Valentina teria que cair na realidade. O dia seguinte amanheceu
e a paciente estava com a boca seca, acordou da anestesia querendo comida e um
refrigerante gelado, do jeito que estava acostumada. Estava agitada e
impaciente, tentou se levantar, porém sentiu dor e voltou a posição original.
Então, a enfermeira explicou que
sua dieta seria líquida e em pequenos goles, de seis a oito porções diárias.
Valentina arregalou os olhos e disse irritada:
- Estou morrendo de fome e sede, preciso de
comida e refrigerante!!!. Em seguida gemeu de dor, levando a mão ao local da
cirurgia.
A
enfermeira, então, disse que ela só iria iniciar a alimentação sólida, após
dois meses da cirurgia. Exatamente para evitar a dor e o desconforto estomacal
e depois ponderou:
-
Você recebeu todas as orientações necessárias antes da cirurgia e deveria saber
disso. Seu estômago foi reduzido e precisa de um tempo para cicatrizar.
-
No entanto, ela não levara as orientações como coisa séria, ignorou todas as
explicações recebidas. Interviu sua mãe apreensiva.
Enquanto
isso a paciente se contorcia de dor precisando ser medicada e logo depois, adormeceu;
ainda estava sob o efeito dos anestésicos.
- A alimentação ficaria para depois, disse a
enfermeira para Clara, que parecia assustada com o seu futuro e o de sua filha.
A
profissional sentiu que a mãe estava aflita e lhe explicou que Valentina
tomaria suplementos alimentares e vitaminas para evitar a queda de cabelos, o
enfraquecimento geral e das unhas. Clara concordou com a cabeça, nada poderia
mudar o que estava feito. No segundo dia, logo pela manhã chegou a dieta de
Valentina, que esperava outra coisa para comer. A decepção estava visível em
seu rosto espantado.
Em uma bandeja estavam dois copinhos pequenos,
aqueles em que são servidos cafezinho. Um continha chá e o outro um suco
amarelo, ambos estavam até a metade; aquele era o desjejum de Valentina. Como
estava faminta ela apanhou o suco e levou à boca de uma só vez, caiu como uma
pedra em seu estômago e ela se contorceu levando a mão ao estômago.
Mais uma vez a dor a incomodava e
enquanto gemia questionava se seria sempre assim. O médico foi chamado e
explicou à sua paciente que nos primeiros dias aquela dor era esperada e aos
poucos tudo voltaria ao normal; precisava ter paciência e aprender a comer. Por
ora teria que se levantar, tomar banho e caminhar um pouco, pois logo teria
alta e deixaria o Hospital.
Clara, que a tudo assistia ficou
atenta a reação da filha, que veio imediatamente.
– E o que eu vou comer? Estou
morrendo de fome e não posso comer, que dói meu estômago. E, duas lágrimas
rolaram de seus olhos indo morrer em sua boca, seguidas de um gemido doido. Um
texto de Eva Ibrahim. Continua na próxima semana.