A ENCRUZILHADA
CAPÍTULO ONZE
Olívia guardaria aquele segredo
enquanto pudesse; ainda tinha alguns meses pela frente. Não diria nada a ninguém, apenas contaria a
novidade ao seu amor, ele ficaria feliz e o laço que os unia se tornaria mais
forte. Ela precisava sentir o amor e o apoio de João Paulo, para decidir o que
fazer de sua vida; estava em uma encruzilhada.
Passados
quinze dias, D. Estela pediu à vizinha que a acompanhasse ao presídio, pois não
tinha segurança em viajar sozinha. Era uma senhora idosa e precisava de
companhia, além do que, seu filho ficaria feliz em vê-la, argumentou a velha
senhora. Olívia sorriu, também queria vê-lo, estava ansiosa; muito mais do que
a vizinha poderia imaginar. Não contaria sobre a gravidez à D. Estela para não
deixa-la preocupada.
Antônio viajou e ela se preparou para
contar a novidade ao seu amante. A reação de João Paulo seria determinante para
sua decisão de contar sobre seu estado ao marido. Olívia estava ansiosa para
reencontrar João Paulo; seu coração batia aceleradamente. Ele a cativara e
passara a ser o homem que ela sempre imaginara. Ao rever o seu amor, a mulher
teve a certeza de que, o amor que sentia por ele estava acima de tudo; não
hesitaria em abandonar o marido e os filhos para viver com ele.
Depois de um longo abraço, ela disse que
trazia uma grande novidade para ele e, depois que a velha mãe se afastou e ficaram
a sós, Olívia fez a revelação inesperada. Eles teriam um filho juntos e ela esperava
que fosse parecido com ele.
O rapaz ficou pálido, não sabia o que pensar;
era uma situação inusitada. Ele gostava da mulher, entretanto, precisava
refazer sua vida antes de assumir compromisso sério. João Paulo sempre desejou
ter um filho, porém, em outra situação. Queria acompanhar a gestação e dar toda
a assistência a sua mulher. Aquele não era o melhor momento, teria que cumprir
o restante de sua pena e não daria tempo de ver seu filho nascer.
Entre
abraços e lágrimas ele a fez prometer que esperaria até o dia das mães para
tomar uma atitude. João Paulo tinha bom comportamento e por isso acreditava que
sairia da prisão novamente, para passar o feriado com sua mãe. Por ela ser uma
mulher idosa, seria possível conseguir o indulto, argumentou o rapaz.
Olívia
nada pode resolver; se abrisse a boca, seria expulsa de casa e não saberia o
que fazer. Mal dormia à noite, que eram povoadas de pesadelos horríveis. Comia
pouco para não engordar e dar na vista. A criança já mexia em seu ventre e ela
tinha curiosidade em saber o sexo do bebê, porém, nunca fora ao médico, temia
que alguém descobrisse o seu segredo.
A mulher sempre arrumava brigas com Antônio, para que ele não a tocasse, entretanto, ele
andava desconfiado do jeito de sua esposa. Ela estava engordando e sempre indisposta, teria que pressioná-la para
saber o que a fazia agir assim. Olívia sempre fora uma mulher tranquila e
cordata, agora vivia na defensiva; algumas vezes parecia odiá-lo.
Ela
não poderia tirar a roupa diante de Antônio, pois ele perceberia sua barriga
protuberante. Durante esse tempo o casal teve três relações sexuais, que Olívia
não conseguiu evitar, mas estava escuro e o marido não percebeu nada.
Certo
dia, a gestante foi ao açougue comprar carne e teve uma queda de pressão.
Olívia desfaleceu e foi levada ao Pronto Socorro da cidade. Lá chamaram o
marido, que ficou boquiaberto ao ouvir o médico dizer, que sua esposa estava
grávida de cinco meses.
Um
texto de Eva Ibrahim.
Continua
na próxima semana.