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quarta-feira, 13 de maio de 2020

"CADA VOLTA É UM RECOMEÇO" "(...) QUE ME LEVE PELA VIDA O CORAÇÃO, COMO VERSOS PRA CANÇÃO. VOLTO PRA VOCÊ, VOLTO PELO AMOR. NÃO IMPORTA SE É UM SONHO PELO AVESSO. CADA VOLTA É UM RECOMEÇO. UO UO. "(...). COMPOSITORES: PAULO SÉRGIO KOSTENB VALLE/ NELSON DE MORAIS FILHO. CANTORES: ZEZÉ DI CAMARGO E LUCIANO.

DOR DA ALMA

CAPÍTULO TRÊS
             As horas passaram rápido e Saulo sentiu fome, passava do meio dia, precisava voltar para sua casa. Olhou para o enorme prédio do hospital, parecia frio em sua aparência cinzenta e sentiu uma dor na alma. Havia muitas janelas em toda a extensão do segundo e terceiro andares e, ele ficava imaginando onde estaria sua mulher.

            Queria dar apoio a Alana, pegar em suas mãos, afagar seus cabelos e dizer que estava ali, para o que der e vier. Ela fora tirada do seu lado abruptamente; ele não tivera tempo de se despedir. O médico disse:

           - Suspeita de Covid 19 e rapidamente foi levada para o interior do prédio.

            Saulo não pudera acompanhar sua esposa no momento da internação, não permitiram por causa da pandemia estabelecida. Alana estava lá dentro em estado grave, ele precisava tentar, mais uma vez, entrar no hospital para vê-la.

                Foi até o balcão conversar com a recepcionista, tentou argumentar, mas encontrou uma barreira. A moça foi taxativa:

              - Ninguém entra no hospital, estamos em quarentena.

            E para reforçar a resposta da moça, havia dois guardas na porta de acesso, com caras de poucos amigos. Saulo estava tão debilitado física e mentalmente, que não teria forças para enfrentar um gato, quanto mais dois leões de chácara.

                 Desanimado, o homem saiu daquele lugar, apanhou seu veículo e ficou rodando pelas redondezas. Dos seus olhos corriam lágrimas de preocupação, seu mundo estava desmoronando. Voltou para casa e foi tomar banho, sentia-se sujo e contaminado, precisava se livrar daquela sensação ruim.

                 Depois do banho foi até a cozinha e comeu o resto do jantar do dia anterior. Em seguida se jogou na cama e adormeceu, queria esquecer os últimos acontecimentos. Aquilo tudo era um pesadelo e ele desejava ardentemente, acordar e retomar sua vida normalmente. Mas, o pesadelo era a sua realidade.

              Despertou com o celular tocando, eram seus amigos querendo notícias de Alana. No entanto, ele não queria falar a respeito e desligou o aparelho. Queria se esconder do mundo, estava muito triste, com um nó na garganta e não atenderia ninguém. Em seguida, ele chorou todas as lágrimas contidas, desde a noite anterior, queria sua família de volta.

A noite chegou e ele continuava deitado no sofá, no escuro. Queria saber de Alana, ela era forte e teria que resistir ao ataque do novo vírus.

- Mas, quem poderia garantir que ela iria resistir?

 Tentou, novamente, obter notícias, ligou para o hospital, outra recepcionista atendeu e disse:

 - Amanhã, as dez horas o médico irá dar um boletim sobre os pacientes com Coronavírus, é só o que podemos dizer. Em seguida desligou.

Saulo largou o telefone e respirou fundo, nada poderia fazer a não ser esperar. Em seguida caiu de joelhos, sua esperança estava em Deus. Orou, chorou, clamou, ficou ali por um longo tempo, depois seu coração se acalmou.

 O homem precisava saber o que estava acontecendo lá fora. Assim, ligou a televisão e as notícias eram sobre o novo vírus, que viera da China e estava assolando o mundo. Enquanto isso no hospital a situação era caótica.

Não havia suporte respiratório suficiente, para todos que estavam com falta de ar. Os médicos procuravam manter os pacientes em máscaras de oxigênio, com a esperança que melhorassem, sem a necessidade de depender da máquina, para se manter vivo.

Alana estava entre eles, mantinha um quadro grave de pneumonia, que não respondia aos medicamentos. A única esperança era de que seu corpo reagisse e ela melhorasse sem precisar ficar entubada.

 Um texto de Eva Ibrahim Sousa

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