ASA
QUEBRADA
CAPÍTULO
SETE
A volta para casa foi sofrida,
cheia de angustia e dores. E, ao entrar sentiu-se ferida na alma, pois, saíra
dali em perfeito estado e agora parecia um pássaro com a asa quebrada. Maura
estava em uma situação que dependia de ajuda até para fechar o soutien, mas o
pior ainda estava por vir. A moça chegou à sua casa na terça feira, trazia
consigo o propósito de se restabelecer a tempo de voltar ao trabalho; ainda
tinha dezessete dias de férias pela frente.
Seu
braço estava com uma ferida aberta perto do punho, mas era superficial; raspara
na estante ao cair. No entanto, na região do ombro e no músculo deltoide, que
estavam inchados, havia muitos hematomas; ali a dor era intensa. A mão
formigava e a carne que cobria o antebraço estava dormente até o cotovelo; o
trauma fora grande.
Maura era forte e lutadora, jamais desistiria
e começou a movimentar a mão desde o primeiro dia do acidente. Não queria demonstrar fragilidade e começou a
fazer uma porção de movimentos proibidos, tais como, levantar o membro
machucado.
Na quinta feira ela estava
costurando e se levantou para pegar uma caixa no maleiro do guarda-roupas e ao
levantar o braço, este foi deslocado e saiu do lugar novamente. Então, o
desespero tomou conta da moça, que segurava o membro sobre a cabeça e pedia
desesperadamente para sua sobrinha leva-la ao Pronto Socorro. Foi do jeito que se encontrava, mal conseguia se mexer, estava novamente diante daquela dor, que quase
a matara.
- O meu calvário ainda não
terminou, lamentava a moça chorosa.
Ela foi conduzida pela sobrinha até
um PS, onde um médico japonês a atendeu e disse que a redução feita
anteriormente gerara mais traumas, por isso os hematomas e as dores
incessantes. Demorou para o membro voltar ao seu lugar de origem, o sofrimento
foi grande e a dor insuportável. Em seguida, a paciente recebeu novas
orientações e a proibição de voltar ao trabalho na data prevista. Deveria
permanecer em repouso com o braço na tipoia por mais quinze dias além das
férias.
Maura, então, teve consciência da
gravidade de sua lesão; estava chocada com a possibilidade de seu membro sair
do lugar novamente. Tremia ao pensar em passar por tudo aquilo novamente.
Os dias passavam rapidamente, mas
suas noites eram terríveis; as dores não a deixavam dormir. A sua companheira
para alguns cochilos a noite, era uma bolsa de água quente, que ajudava
amenizar a dor. Maura estava prisioneira dentro de casa, não podia dirigir seu
automóvel e nem fazer a maioria dos trabalhos domésticos; estava desolada.
Um texto de Eva Ibrahim.
Continua na próxima semana.
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