MAMÃE TROCA A
PILHA.
O avião estava estacionado no
pátio das aeronaves aguardando os passageiros para decolar. Dentro do salão de
espera havia muita gente ansiosa pela viagem, o burburinho era grande. O painel
de voos era o que prendia a atenção de todos. Aguardavam uma viagem doméstica
entre Estados vizinhos em véspera de feriado. Famílias com crianças, idosos,
estudantes e passageiros assíduos formavam o grupo heterogêneo daquela manhã.
O ônibus que fazia o transporte interno dos clientes, encostou-se à plataforma de embarque e os passageiros adentraram ao coletivo,
acomodando-se; a expectativa era grande. O veiculo, lotado, lentamente se aproximou da
aeronave cor de rosa. Em uma empresa cujo nome e cor de suas aeronaves é “Azul,”
estranharam ter um avião da cor “Rosa”. Em ordem e com os comprimentos do copiloto e da comissária de bordo, todos se acomodaram em seus respectivos
lugares.
Com a segurança e
cordialidade peculiar aos comandantes os passageiros ouviram a voz de boas vindas a bordo e a
explicação por estarem em um avião da cor rosa. O avião fazia parte da
campanha contra o câncer de mama. Uma bela atitude da empresa de
aviação, pois levava aquela mensagem pelos céus do país. A luta contra tão
terrível doença, que é responsável por muitas mortes e mutilações entre as
mulheres, ganhava força. Um leve sorriso apareceu em cada rosto, todos aquiesceram.
O avião rosa percorria lentamente
todos os quilômetros da pista antes de alçar voo, porém, quando a maioria das
pessoas já estava finalizando suas orações profiláticas contra o medo de
alturas, o avião não subiu. Voltou e estacionou no local de onde saíra, em
seguida foi desligado pelo comandante. Todos se entreolharam perplexos e, a uma
só voz surgiu a pergunta:
- O que aconteceu?
Em resposta apareceu um
Senhor alegre e brincalhão, o comandante, para acalmar os ânimos que pareciam
exaltados. Sorrindo dizia que havia chamado o “pediatra” para consultar o avião
que apresentara uma pane elétrica. Ele sabia como abordar e acalmar pessoas
inquietas, era um cavalheiro. Uma senhora, mais exaltada, dizia que deviam
trocar a aeronave e não consertá-la, pois havia outra aeronave parada a uns
cinquenta metros de distância do avião com defeito. Era só andar até lá e
pronto, enfatizava a mulher apreensiva.
Tranquilo, o homem dizia que
o melhor lugar para consertar um avião era em terra e não no ar. Deviam
agradecer a Deus por não estar no ar. O comandante explicou que havia todo um
procedimento de segurança para trocar de avião; os passageiros teriam que
permanecer dentro da aeronave até segunda ordem. Longos minutos se passaram e
o calor e a diminuição do oxigênio começava a incomodar, havia crianças e
idosos a bordo.
O silêncio se instalou no
local, a situação era inédita e nada podia ser feito, a não ser esperar. Quando
um garotinho de nome Lucas, de cerca de três anos de idade, ficou em pé no assento do banco em que estava sentado e disse: “Mamãe troca a pilha dele, precisamos voar para encontrar a vovó”.
Os passageiros riram, o diagnóstico estava correto, realmente sua pilha estava
estragada e o “pediatra” não conseguiu arrumá-la.
Depois que a decisão de mudar de avião foi
tomada pelos seus dirigentes, demorou mais de trinta minutos para que os
passageiros pudessem seguir em fila e entre cordões de segurança, até o outro
avião, o “Azul”. A demora ocorreu porque tiveram que abastecer o avião e
transferir toda a bagagem para a outra aeronave.
Finalmente o avião seguiu seu
itinerário deixando a mensagem da luta contra o câncer de mama para a próxima
viagem, quando sua pilha fosse trocada. Chegando ao seu destino o garotinho foi
recebido por sua avó, que seguiu feliz com seu neto no colo.
Um texto de Eva Ibrahim.
Hola guapa, interesante espacio el tuyo, un placer.
ResponderExcluirte dejo mis saludos desde Valencia,
feliz semana.