ALTOS E BAIXOS
CAPÍTULO SEIS
Celi tornara-se uma pessoa de difícil
convivência, ora conversava normalmente ora se alterava a ponto de agredir seu
interlocutor. Selma não confiava mais na filha para deixar Luana com ela e
precisou pedir dispensa do trabalho para cuidar da mãe e da filha. Samuel não
parava mais em casa, queria fugir dos problemas de sua esposa.
Nessas andanças noturnas, o rapaz
arrumou uma namorada, que o satisfazia plenamente; tornaram-se amantes. Ele era
jovem e precisava de carinho de mulher, pensava intimamente quando se sentia
culpado pelos deslizes. Afinal, sua esposa estava doente e desde o nascimento
da filha ela não queria contato com ele. Então fora se aninhar em outros
braços.
Samuel já não podia encarar a sogra, estava
cheio de culpas. Com Celi ele conversava
somente o que ela perguntava e logo tratava de se esquivar para não ouvir as
lamúrias da mulher. Tudo o que ele queria era se livrar do casamento e daquela
casa. Gostava da filha, porém, tinha medo de machuca-la. Luana era pequena e
delicada, precisava de cuidados especiais.
Certo
dia, a vizinha de Samuel estava no Supermercado e deu de cara com ele e sua
amante, fazendo compras. A mulher ficou surpresa e deu um passo para trás. Ele
estremeceu:
-
Será que a vizinha iria contar para sua sogra que ele estava com outra mulher?
Lá
no fundo, ele sabia que as mulheres são solidárias, e que logo ele estaria
encurralado. Pensava em uma estratégia para se livrar da culpa, porém seus
argumentos eram fracos demais. Passados dois dias a sogra o interpelou, queria
saber quem era a mulher com quem ele fora visto.
– Estaria traindo sua filha, que se encontrava
em tratamento psiquiátrico?
Celi
melhorou de seus delírios e se aproximou do marido novamente; ainda o amava. No
entanto, muito tempo se passara e Samuel estava distante demais de sua mulher;
não a queria mais. Rejeitada, a moça se fechou novamente; a depressão voltou
forte com seus sintomas acentuados.
Certo
dia, o marido dormia no quarto de visitas e ela se arrumou para sair. Procurava
a chave do automóvel quando foi surpreendida por ele, que tentou dissuadi-la de
dirigir; ainda não estava curada e podia ser perigoso. Momentaneamente a
situação foi contornada e ela voltou para seu quarto. Samuel ficou preocupado,
precisava esconder a chave do automóvel; Celi não estava bem.
No
entanto, depois de alguns dias, ele já nem se lembrava do ocorrido e quando
ouviu o ronco do automóvel deu um pulo da cama. Saiu do jeito que estava somente
de cuecas e conseguiu entrar no automóvel antes que ela alcançasse a rua.
Um
texto de Eva Ibrahim.
Continua
na próxima semana.