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sexta-feira, 26 de agosto de 2016

"AS BATALHAS MAIS IMPORTANTES SÃO AS QUE NÓS LUTAMOS, DIARIAMENTE, NO SILÊNCIO DE NOSSA ALMA". AUTOR DESCONHECIDO

BELEZA PURA
A DECISÃO
                                            CAPÍTULO UM 
            O calor castigava toda aquela região e, debaixo de um Sol escaldante Clara desceu do automóvel com um pacote nas mãos, trazia pães, presunto e queijo para o café da tarde. Ela tinha três filhos, Ana, Celso e Valentina, com diferença de um ano cada um. A convivência das crianças se tornou difícil, a partir do momento em que a caçula passou a engordar exageradamente. Os dois maiores estavam na piscina e Valentina, amuada, deitada no chão.

            Ana era uma menina linda, magra, loura e Celso um garoto comum, magro de grandes olhos verdes, porém, Valentina era a mais morena, olhos castanhos e rechonchuda; a beleza passara longe dela, diziam as más línguas. Porém, ela parecia não se importar, até que começou a se mostrar rebelde na escola e briguenta em sua casa. Se vestia igual aos meninos, nunca queria por um vestido ou um biquíni, por mais que Clara insistisse.

           Com os cabelos desgrenhados, a menina adentrou a porta da cozinha e sem lavar as mãos pegou um pão do pacote que a mãe colocara sobre a mesa. Clara gritou com ela, que saiu chutando a porta. Rui, o pai, entrou perguntando o que havia acontecido ali e depois de se assuntar do ocorrido, foi pegar as mãos de sua menina e a trouxe de volta para comer; ele era se defensor. Rui nutria um carinho especial pela filha, que lhe inspirava cuidados.

       Valentina comeu um pão, dois e no terceiro a mãe ficou brava novamente; iria se transformar em uma bola se não parasse de comer daquele jeito. Todos os dias havia brigas naquela casa por causa da gula da menina.

        E, com o passar dos meses ela se tornou uma adolescente obesa, estava com cento e quinze quilos. Cada dia mais relaxada, mais rebelde e comendo desesperadamente. A mãe tentou leva-la ao psicólogo e à nutricionista, porém, sem sucesso. Certo dia, Valentina chegou da escola suja, com as vestes rasgadas e sangrando no lábio superior. Sua mãe não teve dúvidas, partiu para cima dela e a agrediu gritando:

         - Você só me faz passar vergonha, eu não aguento mais. Depois foi para o quarto chorando. Clara estava decepcionada com a vida.

        Valentina não respondeu, entrou em seu quarto e se jogou na cama chorando, a mãe não gostava dela, iria se matar. A decisão fora tomada; ela queria que sua família sofresse de remorsos, principalmente sua mãe, que vivia dando broncas nela.

        Quando todos foram dormir, ela foi até o armário onde sua mãe guardava os remédios e pegou duas cartelas com comprimidos.

         - Aqueles deveriam servir. Pensou entre lágrimas. 
          Não se deu ao trabalho de ler o nome deles, qualquer um servia. Tomou todos com coca cola e depois foi se deitar para esperar a morte chegar.
Um texto de Eva Ibrahim

Continua na próxima semana.
MEU MUNDO REINVENTADO.

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