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sábado, 6 de agosto de 2016

"EXISTE UMA MENINA DENTRO DE MIM E ESTA MENINA, TODOS OS DIAS, ME DIZ QUE EU AINDA PRECISO BRINCAR DE SER FELIZ, PORQUE SER FELIZ É COISA SÉRIA". SI CAETANO.

SONHOS DE MENINA
CAPÍTULO TRÊS
            Raquel acordou cedo, estava eufórica. E, quando saiu para comprar pães, a pedido de sua mãe, deu um jeito de passar em frente à praça de touros. Lá havia somente o pessoal da limpeza varrendo e recolhendo o lixo, que restara da festa de inauguração. A menina esperou que eles se afastassem e, entrou sorrateiramente até as arquibancadas.

              Sentou-se ali e ficou olhando a arena, onde na noite anterior houvera a primeira apresentação das touradas. Raquel, com os pães colocados no assento ao lado, esqueceu-se de todas as outras coisas, estava embevecida com a magia do lugar. Solitária em frente a arena, seu pensamento voava em busca de doces recordações. Não se cansava de pensar no toureiro, que na noite anterior se apresentara com uma dança louca e destemida, nunca vista por ela antes.

              Ali estava o príncipe encantado tão sonhado, e vinha com todos os encantos desejados. Tinha classe, magia e coragem; tudo o que ela queria. Entretanto, ele não notara que Raquel existia; era uns dez anos mais velho que ela e tinha olhos somente para mulheres vistosas e não meninas adolescentes. A rosa atirada fora um ato mecânico, que ele estava acostumado a oferecer ao final de cada apresentação.

          Quando chegou à sua casa, a mãe estava a sua espera e irada pela demora. Raquel entrou e foi para seu quarto, precisava ficar só e colocar as ideias em ordem. Estava alheia ao mundo real, criara um mundo particular, onde estava ela e o Manolo, nada mais.

              No entanto, o que a deixava chateada é que teria de esperar uma semana inteira, até o próximo sábado para rever o seu príncipe. Raquel queria ler sobre as touradas famosas na Espanha e no México, iria pesquisar na internet. Precisava entender a beleza dos movimentos que os toureiros fazem ao enfeitiçar o touro com a capa vermelha. E, depois sonhar com Manolo jogando a rosa para ela no final do espetáculo; era o que embalava sua imaginação.

         Na terça feira choveu muito; temporal com raios, trovões e muita água, deixando o local das touradas alagado. Em decorrência disso, o comentário geral era de que seria adiado o espetáculo do próximo sábado. Raquel chorou, não queria que a tourada fosse adiada, precisava ver o seu príncipe. Durante três dias o tempo permaneceu nublado e com chuvas ocasionais, porém, no sábado o Sol apareceu firme e forte.

Para a felicidade da menina foram iniciados os preparativos para os trabalhos daquele sábado. Ela se enfeitou para a festa com um vestido azul, que ganhara de sua avó. Estava muito feliz, iria rever o seu ídolo, o toureiro Manolo.

            A menina ficou posicionada em frente à praça de touros, queria ver o objeto do seu amor quando chegasse; estava nervosa. Manolo, finalmente apareceu, estava acompanhado por diversas pessoas e, entre elas, uma loira vistosa agarrada em seu braço. Passaram por Raquel e nem sequer a viram. Ela queria chorar, esperava que ele a cumprimentasse, mas apenas a ignorou ou nem a viu.

            Esta foi a sua primeira decepção, mas lá no fundo ela arrumava desculpas para ele, queria continuar a sonhar com tudo aquilo.
Um texto de Eva Ibrahim

Continua na próxima semana.
MEU MUNDO REINVENTADO.

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