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sexta-feira, 6 de maio de 2016

"A MORTE NADA MAIS É DO QUE UMA DESPEDIDA INESPERADA, QUE NÃO TEMOS O PODER DE CONTESTAR OU EVITAR". AUTOR DESCONHECIDO-- O SILÊNCIO ACENTUA A DOR. EVA IBRAHIM

O CHORO DOÍDO
CAPÍTULO DOIS
             Adele insistiu, queria saber o que acontecera com Rafael, mas, ninguém se dispunha a lhe dizer a verdade. Diziam apenas, que ele passara mal enquanto jogava basquetebol. Seguiram de automóvel os poucos quarteirões que separavam o portão de entrada do clube e a casa de Adele. Ela mal teve tempo de colocar as ideias no lugar, estava vivendo um pesadelo.

          Quando adentraram ao pátio lateral, de onde dava para ver a quadra de basquete, Adele viu que lá havia uma aglomeração.  Então, colocou a mão na boca para calar um grito inesperado; no fundo ela sabia que o caso era muito grave. Em seguida, ao se aproximar ela viu um corpo coberto com um pano branco e o grito espremido saiu dolorido; era seu marido que estava estendido sob aquele tecido branco.

            Adele correu em direção ao local, porém não obteve êxito, foi contida por algumas pessoas ali presentes. Sentaram-na em uma cadeira e trouxeram água com açúcar para ela se acalmar. Durante este tempo as suas filhas chegaram para apoiar a mãe e todas gemeram em alta voz. Rafael, marido e pai exemplar estava morto, caído na quadra de basquetebol.

Enquanto aguardavam o carro do Instituto Médico Legal (IML), a polícia montava guarda para que ninguém se aproximasse do corpo inerte. A família, desesperada, queria ver o seu ente querido e, depois de algum tempo a mulher e filhas puderam se aproximar. 

O choro tomou conta da maioria das pessoas que ali estavam. Até os homens disfarçavam uma ou outra lágrima que teimava em cair. Adele era a desolação em pessoa, trazia nos olhos a dor e a tristeza da perda. Ficou parada olhando o rosto pálido e sem vida de Rafael. Aos poucos a aglomeração foi se dispersando e ficaram alguns amigos e a família aguardando o IML.

            As horas foram passando e o seu marido permanecia caído no chão duro da quadra de basquete; então, inesperadamente ela começou a gritar. Queria leva-lo para casa; não era justo ele ficar ali sem assistência. A polícia argumentou que ele estava morto e tinham que obedecer às leis; ninguém poderia mexer no corpo.

                 Amparada pelas filhas ela se afastou e foi chorar em outro canto. E, quando ela viu o carro do IML adentrar ao local ela se desesperou novamente. Três homens vestidos de roupas brancas e luvas desceram do carro e pegando um cocho abaulado colocaram o corpo dentro e, depois empurraram-no de qualquer jeito para dentro do carro. Então, saíram em desabalada carreira deixando para trás uma família desesperada e sem saber o que fazer.

             No entanto, naquele momento nada poderia ser feito, deveriam esperar a liberação do corpo. Adele e as filhas caminharam para a casa em completa solidão, Rafael já não estava presente. O domingo se despedia deixando o escuro da noite tomar conta de tudo.
Um texto de Eva Ibrahim

Continua na próxima semana.
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