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sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

"UM AMIGO ME CHAMOU PARA AJUDAR A CUIDAR DA DOR DELE. GUARDEI A MINHA NO BOLSO...E FUI...- CLARICE LISPECTOR - SER AMIGO É SABER INTERPRETAR OLHARES. EVA IBRAHIM


MULHER DE AMIGO
CAPÍTULO SEIS
         O baile de carnaval, para Vitória, terminou ali, nada mais interessava a ela. Entretanto, o Júlio estava empolgado e não largava de sua cintura. Enquanto isso, o Edu dançava grudado ao corpo da loira, que fazia questão de se esfregar nele. Vitória curtia uma tortura dupla, tinha que aguentar o Júlio querendo beijá-la e presenciar o seu amor agarrado à outra pessoa.

            Então, ela começou a se queixar de dor nos pés, para poder sentar-se um pouco e se livrar do assédio do Júlio. A turma toda sentou nas cadeiras ao redor da mesa para tomar uma bebida, pois, estava muito calor. Eram jovens e riam alto, enquanto tomavam a cerveja gelada. Entre um comentário e outro soltavam piadinhas sarcásticas; era uma turma animada.

         O único pensamento que ocorria para Vitória era que fizera uma besteira, querendo provocar ciúmes no seu amor. Agora estava arrependida, pois o Edu nunca mais olharia para ela como mulher. A partir daquele dia seria apenas a namorada do Júlio e, sem nenhuma chance de recomeçar a sua história com ele.

Sentada no canto, Vitória olhava para a pista de danças e queria sumir dali ao ver o casal, que se beijava a sua frente; era a loira e seu amor. Estava frustrada e ainda tinha que aguentar a aproximação do Júlio que insistia em beijá-la; ela sabia que era culpada por ter dado confiança a ele, porém, já passara dos limites. 

         O rapaz já estava eufórico por causa da bebida e não se contentava em ficar ao lado da moça, queria ficar abraçando e beijando sem parar. Então, ela o empurrou e ele caiu sentado no chão do salão. Foi uma zoeira dos amigos, que surpresos não paravam de fazer piadinhas, inclusive o Edu se aproximou para rir com os companheiros.

        Vitória não aguentou e saiu de fininho para que ninguém a visse. A moça saiu correndo a pé e só parou quando chegou à sua casa. Estava exausta e foi chorar em sua cama, se tornara uma Colombina desastrada.

Durante a noite o telefone tocou por diversas vezes, porém ela não se levantou para ver quem estava chamando. O dia amanheceu e ela precisava ir ao banheiro, então pegou o celular e verificou que as chamadas eram de Júlio, que em uma mensagem dizia querer se desculpar pelo excesso que cometera na noite anterior.

Ela ficou pálida de raiva, não queria ver o Júlio nunca mais; ela queria as desculpas de Edu e não daquele, que para ela não passava de um estepe. Ao invés de ajuda-la ele acabou por atrapalhá-la. Agora se tornara, para o seu amor, apenas a mulher de um amigo.

Um texto de Eva Ibrahim. Continua na próxima semana.
MEU MUNDO REINVENTADO.

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