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sexta-feira, 30 de outubro de 2015

"TER FÉ É ASSINAR UMA FOLHA EM BRANCO E DEIXAR QUE DEUS ESCREVA NELA O QUE QUISER. AUTOR DESCONHECIDO. - CAMINHE, APESAR DOS OBSTÁCULOS. EVA IBRAHIM.


A FÉ MAIOR
CAPÍTULO OITO
Alda estava animada, parecia ter descoberto a saída para todos os seus problemas. A igreja lhe dava forças para acreditar que Vitório voltaria a ser a mesma pessoa de antes do acidente, ou talvez melhor que antes, já que era um homem violento e grosseiro. No entanto, de qualquer maneira seria melhor que aquele que se apresentava no momento.

 A mulher depositava toda sua esperança nessa fé que crescia em seu coração. O Deus dos milagres ouvia todas as preces sinceras e atendia a quem tinha merecimento, dizia o Pastor da Igreja Evangélica. E, ela presenciava os testemunhos dos fiéis, que se emocionavam ao contar as graças recebidas.

Os cultos eram elucidativos e tocantes; a música tocava a alma. Alda tinha consciência de que era uma pecadora, mas pedia perdão a Deus todos os dias e agradecia por tudo que recebia; então, esperava por um milagre em sua vida. No entanto, ela não percebia que o milagre já estava acontecendo, pois, a alegria e a esperança tomaram conta de seus dias.

Ela e as crianças se arrumavam para ir à casa de Deus quando ela ouviu um automóvel parar em frente à casa. Era o Valmir, irmão do marido; ao ver o cunhado descer do automóvel seu coração disparou. Com certeza trazia notícias do Inquérito movido contra Vitório.

                O rapaz estava alegre e trouxera boas notícias; dois homens que presenciaram o acidente depuseram a favor de Vitório. Afirmaram, em depoimento, que o caminhoneiro não vira o menino, que caiu da bicicleta atrás das rodas do veículo. Com esses esclarecimentos, o Delegado dissera que melhorou muito a situação de Vitório e o juiz poderia mandar arquivar o caso. Entretanto, ele poderia ser condenado a prestar serviços à comunidade por estar bêbado.

                Quando Vitório chegou o irmão mal o reconheceu; estava sujo, barbudo e cabeludo. Abrindo os braços, Valmir gritou:

             - De cá um abraço, burro velho, trago boas notícias. Duas testemunhas depuseram a seu favor; ânimo homem.

                Os olhos de Vitório encheram-se de lágrimas, realmente não vira o menino.
              – Foi um acidente, não tive culpa.

                - Depois vamos ao barbeiro para cuidar dessa carcaça velha, quero que fique apresentável. Amanhã você tem uma audiência com o Juiz. Enfatizou Valmir autoritário.

                Finalmente o homem esboçou um sorriso; em seguida agradeceu ao irmão, abraçando-o.
                Alda também abraçou o marido, que estava afastado do mundo desde o acidente. A velha mãe acariciou os cabelos maltratados do filho, que se virou e recebeu um beijo carinhoso. As crianças se aproximaram e abraçaram o pai com amor. Ana se afastou dizendo que o pai estava fedido e todos caíram na risada.

            - É a mais pura verdade, cheira a lixo podre, deve tomar um banho urgente; disse a menina saindo da sala.

Ninguém se importou com a grosseria da filha, estavam felizes com a possibilidade daquela tortura acabar. Valmir saiu dizendo que iria ao mercado fazer umas compras para o jantar. Foi acompanhado das crianças, que queriam comprar guloseimas. Enquanto isso, Vitório tomava banho para tirar a sujeira, que juntara nos dias escuros que vivera.

Alda entrou em seu quarto, se ajoelhou ao lado da cama e agradeceu a Deus, que estava atendendo suas súplicas. Sentia-se em estado de graça, pois, em seu peito existia uma fé maior que tudo. Ela podia perceber a presença do Deus dos milagres em sua vida. 
Um texto de Eva Ibrahim.
Continua na próxima semana
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