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sexta-feira, 18 de setembro de 2015

"SE VOCÊ OBEDECE TODAS AS REGRAS, ACABA PERDENDO A DIVERSÃO". BOB MARLEY -- FÉ ACIMA DE TUDO. EVA IBRAHIM

MOLECAGENS
CAPÍTULO DOIS
No quarto dia, Ana foi à escola sem tomar banho e depois do recreio estava suada e cheirando a suor. Então, a professora a levou para a diretoria e a diretora lhe deu um limão para esfregar nas axilas. Depois, sentou-se em frente a menina e lhe explicou a necessidade de asseio e o quanto era bonito uma adolescente limpa e cheirosa. Ana concordou. 

- Nunca mais viria à escola sem tomar banho. Prometeu a menina, mas é claro que não cumpriu a promessa.

Ela fazia parte de uma turma de moleques onde havia somente duas meninas, ela e a Gisela. No entanto, ela e a companheira tinham uma convivência difícil; era raro o dia em que não discutiam. Torresmo, o líder da turma era um moleque mestiço, tinha a pele morena, os cabelos enrolados e um jeito astuto de ser. Estava sempre ligado e arrumando confusão.

Na saída da escola ele convidou a turma para nadar na represa, o calor estava intenso; fazia meses que não chovia naquele local. A turma seguiu em frente, eram quatro meninos e as duas meninas. Deixaram as mochilas em baixo de uma árvore e caíram na água. Depois de um bom tempo de diversão resolveram voltar para casa, estavam com fome; já passava de uma hora da tarde. Estavam alegres e seguiam cantando. De repente, o Torresmo parou, tinha avistado um despacho de macumba e foi ver o que havia ali; todos o seguiram curiosos.

 Galinha preta, farofa, garrafas de bebidas, velas e uma caixa de fósforo. Então o menino chutou o despacho e pegou a caixa de fósforos, saindo dali dando risadas. Ana se encolheu, tinha medo de macumba e a Gisela que nada temia, também chutou o despacho se pondo a rir de Ana.

 – Ana Banana, chupa cana e mija na cama!!! A provocação deu resultado e a Ana gritava:

 - Gisela Cadela, chupa osso e fica banguela!!!

Por fim as duas rolaram na terra. Enquanto isso, os meninos riscavam o fósforo incendiando o capinzal seco do pasto. A fogueira tomou volume e eles correram assustados. Quando saíram do pasto o fogaréu já se alastrava por uma grande extensão e, assustados não sabiam o que fazer. Torresmo, que era o dono da arte, pela primeira vez ficou com medo e foi até o bar pedir para o dono chamar os bombeiros, temia o agravo da situação.

Houve uma grande aglomeração de pessoas, que ficaram sabendo que o responsável era a turma do Torresmo, que correram para suas casas com medo da polícia. Ana chegou em casa parecendo uma maltrapilha suja e sua mãe lhe deu uns tabefes logo no portão. Aos gritos, Alda queria saber porque demorara e onde tinha ido.

               Ela contou que estavam vendo o pasto pegar fogo e a mãe, de olhos arregalados, saiu atrás da novidade, pois não é todo dia que se tem um pasto pegando fogo. Os homens da comunidade se uniram aos bombeiros e, depois de duas horas de trabalho intenso conseguiram apagar o fogo.

Um texto de Eva Ibrahim

Continua na próxima semana.
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