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sexta-feira, 14 de agosto de 2015

'AH! COMO AS ENTRELINHAS SÃO IMPORTANTES! É NELAS QUE ESTÃO ESCRITAS AS COISAS QUE SÓ A ALMA PODE ENTENDER!. RUBEM ALVES -- ABRA O SEU CORAÇÃO PARA A VIDA. EVA IBRAHIM.

DE MÃOS DADAS
CAPÍTULO VINTE E DOIS
            Os encontros para conversar passaram a fazer parte da rotina de Celina e Reinaldo. Entretanto, eles procuravam não aparecer em lugares públicos, onde houvesse gente conhecida. Poderiam ser alvo de comentários maldosos, pois ainda era cedo para novo compromisso e não havia nada entre eles.

            Reinaldo precisava viver o tempo de seu luto integralmente, em respeito aos filhos e a família de Amanda. Os encontros aconteciam durante a semana no final da tarde. E, com o passar do tempo, a necessidade de estar com o outro foi crescendo e os dois viúvos se viam quase todos os dias.

Foram vistos de mãos dadas por parentes e amigos. E, questionados por familiares diziam que eram apenas amigos. No entanto, a vida continua e juntaram suas dores para poder sobreviver. Estavam se conhecendo, trocando experiências e apoio diante de tantos sofrimentos vividos por ambos. Reinaldo sorria e ficava alegre somente quando ia ver os filhos, queria tê-los novamente em sua casa, porém, precisava trabalhar e não poderia cuidar deles.

 No sábado à noite marcaram um encontro para ir ao cinema; se conheciam bem agora. Estavam acima de apertos de mãos; na verdade estavam iniciando um namoro. Fazia oito meses que acontecera a passagem de Amanda, parecia uma eternidade para o marido. Precisava de alguém para ouvi-lo ou enlouqueceria, era o que Reinaldo dizia a si mesmo, tinha perdido o acanhamento para marcar os encontros com Celina, que era um bálsamo para suas aflições.

Se falavam por telefone quase todos os dias. Reinaldo ficava esperando o telefone tocar e Celina também, estavam apaixonados. Quando ele não estava pensando nela, pensava em Amanda e pedia desculpas por estar envolvido com outra mulher tão depressa. Não a esquecera, entretanto, fazia muito tempo que ele não tinha prazer sexual e Celina o deixava vislumbrar uma vida de amor e ternura, que o fazia perder o sono.

Saíram do cinema e seguiram de mãos dadas até o automóvel, estavam envoltos em um clima romântico por causa do filme que tinham assistido. Havia muito desejo entre o casal e o sentimento de que algo deveria acontecer. Celina se aproximou dele deixando que seus cabelos macios tocassem levemente a barba feita de Reinaldo e, os braços dele rodearam seus ombros. Ele percebeu que ela também o desejava e com um olhar intenso disse que iriam à um lugar tranquilo. Os lábios dos dois se tocaram, fazendo-os sentir o calor do primeiro beijo apaixonado. Ele a ouviu murmurar, não sabia o quê, mas, era animador e reconfortante. Seguiram para desfrutar do amor que havia entre eles.

Entraram no quarto do motel com Reinaldo abraçado e pressionando o corpo de Celina, que aceitava e correspondia com satisfação. Ambos tinham mergulhado fundo no desespero e na dor e agora sentiam intensa emoção e prazer. A alegria de celebrar o amor estava de volta em uma entrega total.

Depois do amor, dormir abraçados, sem medo de ser feliz, essas coisas simples que foram deixadas para trás por circunstâncias diversas, trouxeram Reinaldo e Celina de volta ao mundo dos vivos. Não estavam mais sós, cada um esperava ansiosamente pelo outro.

Quando acontece o amor, é importante ressaltar que, as pessoas ficam juntas por necessitarem umas das outras e pela satisfação que sentem em compartilhar um mesmo sentimento, um mesmo ideal. É suprir a carência de passear de mãos dadas, dar e receber carinho, projetar um futuro em comum.
Um texto de Eva Ibrahim.


Continua na próxima semana.
MEU MUNDO REINVENTADO.

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