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sexta-feira, 12 de junho de 2015

"EU SEM VOCÊ SOU SÓ DESAMOR. UM BARCO SEM MAR, UM CAMPO SEM FLOR. TRISTEZA QUE VAI, TRISTEZA QUE VEM. SEM VOCÊ, MEU AMOR, NÃO SOU NINGUÉM". VINÍCIUS DE MORAES-- TRISTEZA SEM FIM... EVA IBRAHIM

O ENCONTRO

CAPÍTULO TREZE
A sogra foi pegar um litro de álcool para esfregar nos pulsos e dar para a mãe de sua nora cheirar. Após longos minutos a mulher abriu os olhos e quando se deu conta da realidade, começou a chorar. Em seguida, Celina pegou um copo com água para sua mãe se acalmar; precisava saber o teor do telefonema.

Com as mãos cobrindo os olhos de onde corriam lágrimas de horror, a mulher disse que o genro estava morto. Então, as outras duas mulheres se abraçaram e gemeram juntas. Uma perdera o marido e a outra o filho, era muita dor naqueles corações. Logo depois, os pais e irmão chegaram para amparar aquelas mulheres aflitas.

As três choravam sua dor com pequenos gemidos e soluços contidos, estavam desoladas. Entretanto, em um momento de lucidez a mãe do rapaz quis saber como ele morrera e onde estava o corpo. O pai de Celina abraçou a filha e sentou-se com a moça no sofá, enquanto a mãe do rapaz esfregava as mãos de ansiedade, o homem começou a contar a pior parte.

Fernando se suicidara e fora encontrado no depósito dos fundos da serralheria do tio Nélio, irmão da mãe de Celina.  Estava muito perto e ninguém pensou em procurar ali, foi um funcionário da firma que encontrou o rapaz quando foi pegar as ferramentas, para iniciar os trabalhos na segunda feira.

A polícia estava preservando o local à espera do carro do Instituto Médico Legal. Demorou uma hora para o veículo encostar ali na frente, onde já havia uma aglomeração de pessoas curiosas. Depois das fotos e primeira avaliação, o corpo fora levado para a autópsia e só seria liberado no final da tarde. Celina queria ir até lá, porém, seu pai disse que a área estava isolada aguardando os peritos.

A moça chorando, perguntou como ele fizera aquilo e seu pai respondeu que havia uma embalagem de veneno para ratos ao lado do corpo. Estava lá já fazia algum tempo, pois o corpo estava inchado e o local cheirando mal. A filha deveria ser forte, porque o corpo de Fernando voltaria em caixão lacrado, devido ao estado de decomposição que se apresentava.

Celina não queria ver ninguém, entretanto, a cada pouco chegavam os parentes e amigos. Ela queria sumir dali e depois de tomar um calmante, que seu pai lhe deu, se isolou no quarto trancando a porta com chave. Deitada na cama chorou até os olhos ficarem inchados, depois adormeceu. A viúva perdera a noção do tempo, somente voltou à realidade quando seu irmão bateu na porta chamando pelo seu nome. Celso trazia o laudo do IML nas mãos e leu para sua irmã.

O laudo médico dizia que fazia, pelo menos, três dias que ele estava morto, isto é, sexta-feira, sábado e domingo. E a causa da morte foi envenenamento por raticida. Acabava ali o sonho de amor de Celina, agora começava o pesadelo; o velório e o enterro do corpo de seu amado.

      Quando a moça foi pegar os documentos do marido para seu irmão providenciar o enterro, ela encontrou uma folha de papel dobrada dentro da carteira. Celina abriu e leu a carta que era para ela. Fernando dizia que a amava muito e não queria que ficasse presa a um homem enfermo. Estava desanimado com sua doença e a vida perdera o encanto, por isso preferia deixar este mundo. Lhe pedia perdão e a seus pais também. Que ela prosseguisse sua vida e procurasse ser feliz.  Não havia assinatura e parecia inacabada, era tudo que sobrara de seu amor; um pedaço de papel.

Um texto de Eva Ibrahim.

Continua na próxima semana.
MEU MUNDO REINVENTADO.

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