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sexta-feira, 17 de abril de 2015

"TENHO EM MIM, TODOS OS SONHOS DO MUNDO! FERNANDO PESSOA-- A VIDA É CHEIA DE SURPRESAS. EVA IBRAHIM

SEMPRE AO SEU LADO
CAPÍTULO CINCO
         Celina ficou eufórica, iria pedir ao seu pai para busca-los, tinha pressa em ir para casa com seu marido. Finalmente veria os presentes que ganharam dos parentes e amigos; ela queria organizar seu novo lar. A lua de mel poderia esperar, o mais importante naquele momento, era a saúde de Fernando. Tratou de arrumar as coisas do marido e ficou aguardando o médico e suas recomendações.

Enquanto ouvia as orientações do médico, sua alegria foi se exaurindo; agora tinha um doente para cuidar e não um amante para ser feliz. A frase que o Padre disse não lhe saia da cabeça: “Na saúde e na doença, até que a morte os separe”.

 - Mas, ela não tivera nem um dia de saúde com ele e, já teria que cuidar da doença? Pensou desconsolada a recém-casada.

Seu pai chegou e Fernando saiu apoiado no sogro, enquanto sua mulher carregava as bolsas e as receitas dos remédios que iria comprar. Sentia-se feliz, porém, apreensiva; aqueles foram dias terríveis. Seu sonho de amor estava muito prejudicado; ela precisava de um tempo para entender tudo o que acontecera.

Sentada no banco detrás do automóvel, Celina olhava seu marido e constatava que ele havia emagrecido durante aqueles três dias de Hospital. Fernando parecia estranho, confuso e sonolento; ninguém saberia ou poderia dizer como seria a vida deles dali para a frente; Celina sentiu medo. Somente Deus poderia socorrê-los.

Começar uma nova vida com tantas responsabilidades, ela nada entendia de remédios e muito menos de epiléticos. Teria que procurar na internet, já que Fernando fora diagnosticado como sendo epilético. O nome da doença soava como se fosse um palavrão, afinal, estragara sua lua de mel. As palavras do médico pareciam latejar em sua cabeça.

 - “A epilepsia é uma doença do sistema nervoso, facilmente controlada por medicamentos, entretanto, quem tem um epilético em casa deve tomar alguns cuidados. Ficar atenta as crises, que podem ser desencadeadas por ansiedade, cansaço, intoxicação, verminoses, febre alta, ingestão de álcool e luzes intensas piscando. Estamos apenas começando um tratamento que requer muita investigação e observação, precisamos de sua ajuda para o bem de seu marido”.

- Nossa, que enrascada! Pelo jeito, ela nunca mais teria sossego, precisava de muita fé e força para ajudar o seu marido naquela fase difícil. Pensou a moça, apreensiva.

Chegaram à casa nova e o casal, seguido do sogro, entrou na sala, que estava cheia de pacotes de presentes colocados sobre o sofá e outros no chão, sobre o tapete. Fernando não quis nem olhar, seguiu direto para o quarto, estava com muito sono. Celina ajeitou os travesseiros e o acomodou na cama, depois foi se despedir do pai.

             O pai abraçou a filha e disse que poderia chama-lo a qualquer hora, tudo aquilo iria passar; era só uma questão de tempo. A moça entrou com os olhos cheios de lágrimas, o marido estava dormindo e ela teria que mexer em tudo aquilo sozinha.

          Mais uma vez, seus planos deram errado, ainda não sabia se Fernando poderia manter uma relação sexual saudável ou teria convulsões em seus braços. Ela poderia esperar o marido ficar bem para iniciar sua vida de casada, mas, não suportaria que os parentes e amigos sentissem pena dela. Agiria de maneira normal, a partir daquele dia seria uma pessoa dissimulada.

Um texto de Eva Ibrahim.

 Continua na próxima semana.
MEU MUNDO REINVENTADO.

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