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sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

"EU NÃO SOU ASSIM TÃO FORTE O TEMPO TODO...AS VEZES PRECISO DE COLO TAMBÉM..." CRIS PIZZIMENTI---O MEU FUTURO É HOJE...EVA IBRAHIM



“QUEM DERA SER UM PEIXE”

CAPÍTULO QUATRO

Finalmente chegou a minha vez e, eu fui conduzida a um aposento, onde me deram um avental para vestir, uma toca para cobrir os cabelos e sapatos cirúrgicos. Depois fui levada à sala de anestesia, estava com o coração apertado; o medo me deixava aflita. Eu não sabia o que iria acontecer, isto é, a dinâmica da cirurgia. Na sala ampla, de cores claras e ar refrigerado, estavam o anestesista e um profissional da enfermagem, alegres e brincalhões.

Havia duas poltronas reclináveis, uma já estava ocupada pela paciente que fora chamada antes de mim, que logo foi conduzida ao centro cirúrgico. Recebi as orientações de praxe, uma punção venosa com soro e muitos pingos de colírios no olho doente. Fiquei aguardando a minha vez, confortavelmente instalada e trocando uma prosa leve com o anestesista. Ao fundo havia uma música sendo cantada pelo cantor Fagner: “Borbulhas de amor”. A sala de cirurgia ficava ao lado e através da enorme porta de vidro, dava para ver as pessoas circulando a cirurgia, que ocorria lá dentro.

Era uma situação de muita calma e tranquilidade, nada que justificasse o meu nervosismo. Entretanto, meu coração estava apertado pelo medo do desconhecido, que eu estava vivendo naquele local. Fiquei ouvindo a música e me deixando levar pela voz que dizia: “Quem dera ser um peixe...”. Eu também queria ser um peixe para estar bem longe dali e não precisar vivenciar aquele momento.

           Mas, como tudo tem sua hora, a minha também chegou e eu enfrentei a cirurgia com muita garra. Correu tudo bem e quando sentei na mesa para me levantar percebi que continuava enxergando com o olho operado. Caiu por terra o meu medo de ficar cega e sai dali acompanhada de uma enfermeira, que me conduziu ao quarto onde ficaram minhas roupas. Depois me serviu um café da manhã. Estava tudo bem, agradeci a Deus.

As primeiras vinte e quatro horas são difíceis, os olhos ficam lacrimejando e parece que tem areia dentro. É o momento para repousar em um quarto a meia luz, com a televisão ligada ao fundo. Nos horários determinados é preciso pingar os colírios e ficar longe dos perigos já alertados.

As orientações foram a seguinte: ficar longe do fogão, proibido cozinhar, lavar, passar roupas e abaixar abaixo da cintura. Então, o que fazer?
Nada, nada e nada. Ficar deitada repousando e deixar o tempo passar, pois, depois de sete dias teria a cirurgia do segundo olho. No dia seguinte há o retorno ao consultório médico e as melhoras vão acontecendo a cada dia. Podemos ler, escrever, assistir televisão e usar o computador, com certa dificuldade, é bem a realidade.

Quando chegou o dia da cirurgia do outro olho, foi tudo muito mais tranquilo, pois, já conhecia a rotina e o que é conhecido não inspira medo. Na verdade eu queria sumir dali, porém, não dava para ficar com uma lente de graus em um lado só do rosto; seria motivo de risos, com certeza.

A cirurgia do segundo olho aconteceu com o fundo musical na voz de Maria Bethânia, cantando “Casinha branca” da autoria de Peninha. Isto é, ...Eu queria ter na vida simplesmente, um lugar de mato verde pra plantar e pra colher...”

A recuperação aconteceu rapidamente e eu voei para minha casa, deixando o aconchego do lar da minha filha, onde quebrei meus paradigmas.

Aqui termina a história de uma catarata que não existe mais e eu estou muito bem, vendo tudo com lentes de zero graus e sem óculos.
Um texto de Eva Ibrahim.
Iniciaremos uma nova história na próxima semana.


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