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sábado, 7 de fevereiro de 2015

"APRENDI QUE A CORAGEM NÃO É A AUSÊNCIA DO MEDO, MAS O TRIUNFO SOBRE ELE". NELSON MANDELA---NINGUÉM PODE CAMINHAR POR VOCÊ. EVA IBRAHIM

ESTRELINHAS LUMINOSAS
           CAPÍTULO TRÊS.
Depois de muitos anos usando os óculos, ele se tornara parte do meu corpo, só descansava quando eu dormia. Assim mesmo, ficava sobre o criado-mudo, dentro do meu alcance, pois, a primeira coisa que eu fazia ao acordar era colocá-lo sobre o meu nariz. Há três anos eu percebi que meus óculos estavam ficando fracos muito rapidamente, passei a visitar o oftalmologista pelo menos duas vezes ao ano.

Os óculos pareciam embaçados e eu os lavava e enxugava carinhosamente; porém, no dia seguinte estavam embaçados novamente. O especialista prescrevia nova receita e eu trocava as lentes; melhorava por algum tempo, entretanto, logo começava a ficar ruim novamente.

Em uma dessas visitas ao médico, ele me disse que estava próximo o dia em que eu teria que trocar os cristalinos, pois o meu olho direito estava iniciando uma catarata. E, que sempre começa com a impressão de que os óculos estão sempre embaçados; surgem os lacrimejamentos e o desconforto visual. Com o passar do tempo, eu comecei a ter dificuldades para dirigir de frente para o Sol.

Mandei colocar a película protetora nos vidros de meu carro de uma cor mais escura. Não adiantou nada, a claridade excessiva me cegava de um jeito, que eu tinha que encostar o automóvel para não bater em outro veículo. Algumas vezes, precisava aguardar o trânsito melhorar e procurar caminhos alternativos em diagonal, para fugir do astro rei.

Sou uma pessoa de pensamento positivo e sempre acreditei que essa situação seria passageira; era só trocar as lentes dos óculos, que voltaria a enxergar normalmente; tenho uma negação constante quando se trata de doenças.

Eu estava muito ocupada com trabalho, escola e minha casa, então, não dispunha de tempo para procurar o médico especialista. Quando pudesse, iria fazer uns óculos escuro de graus, para poder dirigir e tudo ficaria bem. Eu não queria nem pensar na possibilidade de fazer uma cirurgia em meus olhos.

Entretanto, no ano passado outro fato aconteceu para aumentar o meu medo e consequentemente a minha negação. Quando eu deitava em minha cama para assistir televisão e fechava o olho esquerdo, a televisão ficava embaçada. Depois começou a surgir pequenos relâmpagos no canto do olho ruim. Eram pequenas estrelinhas brilhantes, que me incomodavam e deixavam assustada. Sabia que deveria procurar o médico com urgência, mas, eu não queria ouvir a opinião dele.

Depois de alguns meses, eu vivia lavando aquele olho com soro fisiológico, parecia que melhorava um pouco. O tempo passava e a minha visão piorava, no entanto, eu insistia que estava tudo bem, até o dia em que precisei renovar minha carteira de habilitação.

Quando fui fazer o exame médico fui reprovada, pois, não enxergava as letras no fundo do aparelho de teste da visão, com o olho direito. Depois de vários exames e o compromisso de procurar um oftalmologista eu consegui minha carteira novamente. No entanto, evitava dirigir enquanto aguardava a consulta com o especialista.

O médico foi categórico, somente uma cirurgia resolveria a opacidade do meu olho direito, que estava com catarata.  E, o olho esquerdo também teria o cristalino trocado, assim, eu deixaria de usar os óculos. Essa possibilidade me deixou alegre, afinal, era a única coisa boa de toda aquela história dantesca.

Uma semana antes da data marcada eu tentei fugir da cirurgia criando empecilhos, porém, minha família não permitiu e eu fui obrigada a assumir a cirurgia de catarata.
 Então, com o coração apertado cheguei à sala de espera do centro cirúrgico de oftalmologia.
 Um texto de Eva Ibrahim.

Continua na próxima semana.
MEU MUNDO REINVENTADO.

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