MOSTRAR VISUALIZAÇÕES DE PÁGINAS

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

"FECHEI OS OLHOS E PEDI UM FAVOR AO VENTO. LEVE TUDO QUE FOR DESNECESSÁRIO. ANDO CANSADA DE BAGAGENS PESADAS. DAQUI PARA FRENTE, APENAS O QUE COUBER NO BOLSO E NO CORAÇÃO." CORA CORALINA-- QUE A FELICIDADE VIRE ROTINA. EVA IBRAHIM.

          MOMENTOS DIFÍCEIS
               CAPÍTULO DOIS
           A ambulância adentrou ao pátio do Hospital com a sirene ligada e logo apareceram os enfermeiros para levar a mulher para dentro. Ela foi conduzida à sala de emergência e teve um atendimento rápido, pois, seu caso inspirava cuidados. Estava em trabalho de parto prematuro com fortes contrações e níveis pressóricos elevados. Apresentava um quadro de pré-eclâmpsia; um caso crítico que exigia atitudes médicas emergenciais.

        Olívia foi conduzida parra o Centro Obstétrico, onde ficaria em rigorosa vigilância, aguardando os medicamentos agirem. O médico foi categórico ao explicar à paciente, que seu filho poderia nascer prematuro e ficar na incubadora por tempo indeterminado. Tentariam inibir o trabalho de parto, porém, se o quadro se agravasse o parto teria que acontecer, para o bem de mãe e filho.

         A gestante sentiu medo, não poderia perder aquele filho, que já era muito amado. Pediu à presença da assistente social, precisava avisar a avó do bebê, que posteriormente avisaria o pai da criança. Algumas horas depois, D. Estela, chegou ao Hospital, estava esbaforida. A velha senhora precisava ter notícias da mulher de seu filho e do neto também.

         A mulher idosa estava nervosa e ficou pior ainda quando soube que Olívia estava na sala de cirurgia; o bebê estava nascendo. Ela procurou a capela do Hospital, precisava conversar com Deus; somente ele poderia ajuda-la. Olívia se envolvera com seu filho por intermédio dela e ela sentia-se culpada pelo desenrolar da situação.

          Finalmente, o pequeno bebê veio ao mundo e foi levado para a Unidade de Terapia Intensiva Neonatal. Era prematuro e de baixo peso; inspirava cuidados. Olívia foi conduzida à Unidade de Terapia Intensiva de adultos, também necessitava de cuidados especializados. D. Estela viu o neto, por um instante, quando foi levado para a incubadora. Depois, a mulher foi caminhando cabisbaixa para sua casa. Havia uma nuvem parada no ar, tamanha era sua preocupação. Aquele bebê era muito pequeno, talvez não vingasse, pensou a mulher com o semblante fechado.

         Enquanto Olívia se recuperava da cesariana, alguém se preocupava com a falta de notícias. João Paulo sentia que alguma coisa estava errada, Olívia não fora visita-lo no domingo e sua mãe dissera que a mulher não estava passando bem. Durante a noite ele tivera um sonho ruim, por isso estava apreensivo.

          De dentro da Penitenciária ele não poderia se comunicar com ninguém, teria que pedir à assistente social que entrasse em contato com sua mãe. O detento aguardou ansiosamente notícias de sua família. E, quando a notícia chegou, ele suspirou fundo, sabia que alguma coisa ruim estava acontecendo.

         Não era um homem de fé, pelo contrário, andara por caminhos tortuosos, por isso estava ali cumprindo pena. Porém, agora que encontrara o amor, não poderia perdê-lo, então, a única coisa que poderia fazer era pedir a Deus que os guardasse, a mãe e o filho, que ele queria conhecer.

         Alguns dias se passaram até que Olívia foi para o quarto, estava fora de perigo. Durante os dias que passara na UTI, somente D. Estela a visitara, agora a visita fora liberada. A Cida, a dona da loja, queria ver a mulher e continuar a conversa que fora interrompida. A comerciante gostava de uma fofoca e essa parecia ser das boas, iria visitar a cliente.

         Olívia parecia bem disposta, depois de tudo que passara e ficou feliz com a presença de Cida, precisava conversar com alguém para desabafar. Sentia saudades de Renato e de Raquel, mas eles não queriam saber dela; isso a magoava muito. Entretanto, agora ela tinha o Pedro, seu pequeno menino, que logo o levaria para casa, assim esperava; disse a mulher esperançosa.

         Logo que D. Estela saiu, Cida sentou-se ao lado da cama, queria ouvir aquela história; estava pronta, disse sorrindo para Olívia. Então, a mulher começou a contar sua história. Estava casada fazia vinte e cinco anos, ela e o marido saíram para comemorar as bodas de prata; estava feliz. Antônio, o marido, era caminhoneiro e estava sempre viajando. Os filhos trabalhavam durante o dia e à noite frequentavam a faculdade.  

          Ela ficava muito tempo só, até gostava; saia quando queria. Vivia tranquila, não lhe faltava nada, disse Olívia com um sorriso maroto e certa malícia no olhar.
Um texto de Eva Ibrahim.

Continua na próxima semana.
MEU MUNDO REINVENTADO.

UM BLOG PARA POSTAR CONTOS CURTOS E EM CAPÍTULOS.