MOSTRAR VISUALIZAÇÕES DE PÁGINAS

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

"A BELEZA DAS PESSOAS ESTÁ NA CAPACIDADE DE AMAR E ENCONTRAR NO PRÓXIMO A CONTINUIDADE DE SEU SER. E, TAMBÉM EM RECONHECER QUE NESSA VIDA, VOCÊ ESTARÁ SEMPRE PRECISANDO DE ALGUÉM E SEMPRE TERÁ ALGUÉM PRECISANDO DE VOCÊ. AUTOR DESCONHECIDO---SE ANOITECER PROCURE A LUZ DAS ESTRELAS. EVA IBRAHIM.

COM MUITO AMOR
CAPÍTULO TREZE

        A correria começou na madrugada quando a bolsa de águas estourou e Celina acordou a sogra. Em seguida as contrações começaram e a moça passou a gemer de dor; chegara a hora de Bruna nascer. Gilda parecia abobalhada, não sabia o que fazer tamanha era sua ansiedade. Sandro pediu que ela chamasse uma ambulância para conduzi-los à maternidade. Trêmula, a mulher discou o número que estava na lista, depois foi pegar as malas para acompanhar o casal à maternidade.

       O Sol estava nascendo quando adentraram ao Hospital e logo apareceu uma enfermeira, que conduziu Celina porta adentro, deixando Gilda e Sandro apreensivos. O rapaz parecia perdido naquele local estranho. Sua mãe o conduziu até uma poltrona e ambos ficaram aguardando notícias do nascimento do bebê.

       Gilda olhava seu filho que estava para ser pai e lembrou-se de Danilo. A alegria de ter a neta em seus braços, ele jamais sentiria; então, a nostalgia do passado voltou, era uma mulher solitária em se tratando de amor. Uma lágrima silenciosa rolou pelo seu rosto e, ela tratou de enxugar com o dorso de sua mão para que Sandro não percebesse.

      Depois de uma hora de angustia e muita oração apareceu o médico dizendo que a criança nascera bem e eles poderiam entrar. Sandro não se cansava de tocar o pequeno rostinho de sua filha; era muito bonita, dizia comovido. Gilda segurava o bebê no colo para Celina poder tocá-la e seu pensamento corria solto, estava sentindo muita alegria, como há muito tempo não sentia. Aquela pequena criança tomaria conta dos pais e ela poderia morrer tranquila. Em seus piores pesadelos ela deixava o casal sozinho no mundo e depois acordava suando frio.

      Os meses passavam rápidos e Bruna crescia forte e feliz. Desde pequena aprendera a conduzir o pai e a mãe segurando em suas mãos. A avó a ensinava a cuidar dos dois; Bruna sorria feliz e ganhava muitos beijos de seus pais.

       A menina entrou na escola e Gilda ou Sofia a acompanhavam até à entrada da sala de aulas. As duas mulheres tinham muito cuidado para ensiná-la a conhecer os lugares e os perigos que a rua apresentava para seus transeuntes. Logo ela poderia acompanhar os pais aos lugares conhecidos e posteriormente guia-los por toda parte.

      O casal já adquirira o controle para se locomover dentro de casa, isto é, tomaram o poder de suas próprias vidas e somente na rua precisavam de acompanhante. Mais do que qualquer um, as pessoas com deficiência visual podem e querem tomar suas próprias decisões, assumindo a responsabilidade por seus atos; foi assim que Gilda criara seu filho.

Sofia estava sempre presente na casa de sua prima; dizia ser impossível viver longe deles. O sonho de Gilda era fazer com que a neta servisse de guia para seus pais, assim ela poderia descansar; estava ficando velha. Com dez anos de idade, Bruna já acompanhava a mãe ao comércio, ajudava nas compras e no pagamento. A menina era inteligente e esperta; aprendia rápido tudo que lhe era ensinado.

       Ela pegava no braço da mãe e a guiava por calçadas esburacadas, degraus, buracos, pisos escorregadios e obstáculos. Conversava muito e ia descrevendo tudo que via nas ruas. Celina dizia confiar muito na filha, ela tornara-se a luz de seus olhos.

       Bruna completou dezoito anos e passara no vestibular; queria ser enfermeira. A moça gostava de prestar cuidados aos pais e a avó, era amorosa e interessada em tudo que dizia respeito a sua família.
Gilda tinha orgulho da neta e queria prepara-la para a vida. Então, lhe ensinou todos os procedimentos bancários e pagamentos que deveria fazer, para que seus pais pudessem ter uma vida tranquila. Durante meses ela acompanhou os passos da neta e só descansou quando sentiu que poderia confiar plenamente nela.

Gilda adoeceu, estava com pressão alta e diabetes, quase não saia de casa, somente para ir ao médico. Passava horas deitada na cadeira de balanço e quando via a neta dar o braço ao pai e a mãe para sair a passeio, sentia-se realizada. Bruna ficava no meio e os três seguiam felizes.

A mulher fechava os olhos e se reportava para a mulher negra, que esteve presente em seus piores momentos; então sorria, sabia que havia um anjo protegendo a todos. Sua missão fora cumprida e uma alegria muito grande tomava conta de seu coração; poderia morrer em paz...  
Um texto de Eva Ibrahim
Termina aqui a história da mãe, que involuntariamente cegara seu único filho.

Na próxima semana iniciaremos outra história.
MEU MUNDO REINVENTADO.

UM BLOG PARA POSTAR CONTOS CURTOS E EM CAPÍTULOS.