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sexta-feira, 18 de julho de 2014

"PREFIRO A MÚSICA, PORQUE ELA OUVE O MEU SILÊNCIO E AINDA O TRADUZ SEM QUE EU PRECISE ME EXPLICAR." AUTOR DESCONHECIDO---A FÉ É A RESPOSTA PARA TODAS AS DÚVIDAS. EVA IBRAHIM.

A CELEBRAÇÃO.
CAPÍTULO DEZ

      Gilda estava eufórica, finalmente um pouco de alegria para colorir a vida naquela casa. Sandro parecia estar vivendo um sonho, estava alegre e brincalhão. O pequeno menino indefeso, agora, era um belo rapaz de vinte e cinco anos. Um músico que se mantinha tocando em seu conjunto, que era formado por cinco músicos e um cantor. Sandro tocava órgão e acordeão; gostava de teclado, dizia aos companheiros, por isso estudava piano.

       Há vinte anos ele estava cego, mal se lembrava das coisas antes vistas; seu mundo se reduzira ao que podia sentir com as mãos ou com os ouvidos. O restante ele imaginava lendo livros em braile. Tornara-se um rapaz culto, porém, perdera o poder de colorir as coisas. Às vezes reclamava com a mãe que já não se lembrava da diferença de azul ou rosa, vermelho ou verde; seu mundo era cinzento e só a música o tirava da escuridão.

       Sua mãe se anulara como pessoa para cuidar do filho querido; ela já não se lembrava de como era sair para se divertir. Estava com cinquenta anos, sozinha desde que Danilo faleceu e seu maior sonho era ver o filho feliz. Trazia em seu coração a culpa por ele estar cego e faria tudo para vê-lo contente com o seu amor; era um bom menino e merecia ser feliz. Sandro nunca acusara a mãe por sua cegueira, embora ela tenha lhe contado a verdade por diversas vezes.

      Sofia também era uma cinquentona e ultimamente andava saindo com o dono da padaria da esquina, parecia que estavam namorando; Gilda dava a maior força. Sofia ajudou a prima com o menino e foi o apoio que ela precisava para sobreviver à tamanha desgraça.

Em momentos de nostalgia, Gilda pensava na mulher negra e pressentia que Sofia fora induzida, por uma força maior, para ajuda-la. Agora, a prima poderia refazer sua vida, já cumprira sua missão. Sandro já era um homem e iria se casar, então, ela poderia seguir o seu caminho.

      Gilda queria preparar um jantar com muito esmero para receber Celina, seus pais e irmãos. A moça também vinha de uma história triste, era a filha mais velha de três irmãos; sua mãe tivera “rubéola” na gravidez e a criança nascera com deficiência visual, que se agravou posteriormente, deixando-a cega.

      Celina gostava de música e tocava piano desde criança, seus pais a incentivavam e lhe deram um piano de presente. Sandro a conheceu durante as aulas no Conservatório e se apaixonou pela sua doçura; era uma moça tranquila e sensível. Ao contrário dele ela nunca viu a luz, nasceu com catarata congênita e não foi possível reverter o quadro.

       Os dois jovens formavam um casal muito bonito, um apoiava o outro, gerando segurança e fortalecendo os laços amorosos. Era a liberdade que Sandro precisava para construir sua vida, uma companheira compreensiva que compartilhava de seus projetos.

       Houve a reunião das duas famílias e Celina estava muito bonita; parecia apaixonada por Sandro. Era tudo o que Gilda sonhara para seu filho, a moça estava aprovada pelas duas mulheres que cuidavam do rapaz. Antes do início do almoço Sandro pediu para dizer algumas palavras, queria ficar noivo de Celina. Pegando nas mãos de sua namorada ele pediu aos pais dela que abençoasse as alianças, que ele trocaria com Celina. Era a celebração do amor e um pedido de casamento.

       Quando Celina e seus familiares deixaram a casa, ficou a certeza de que aquele acontecimento seria o início de uma nova vida para todos. Sandro e Celina estavam noivos.
      O rapaz dizia estar preparado para se casar e queria continuar a morar com sua mãe, ainda precisava de sua ajuda e orientação. Começava, então, um planejamento para acomodar o casal e iniciar os preparativos do casamento.
Um texto de Eva Ibrahim.

Continua na próxima semana.
MEU MUNDO REINVENTADO.

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