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sexta-feira, 11 de julho de 2014

"NÃO LHE DIREI AS RAZÕES QUE TENS PARA ME AMAR, POIS ELAS NÃO EXISTEM. A RAZÃO DO AMOR É O AMOR." SAINT-EXUPERY---E, NADA OCUPA O SEU LUGAR...EVA IBRAHIM


VOCÊ É UM SONHO PRA MIM

CAPÍTULO NOVE

      Sandro saiu cedo, estava acompanhado por sua mãe, que o deixou na porta do ônibus com um beijo no rosto. Gilda esperou ele sentar-se e depois entrou no veículo vagarosamente. Então, pediu silêncio ao cobrador com o dedo em riste na boca fechada, indo sentar-se no fundo do ônibus. O rapaz seguiu a rotina e desceu em frente à escola; sua mãe também desceu e ficou parada do outro lado da rua para esperar que ele entrasse no estabelecimento.

       Chegaram alguns alunos e Sandro se foi em meio ao grupo, deixando a mulher decepcionada; nada havia acontecido de estranho. Então, ela decidiu dar uma volta na cidade enquanto esperava a hora da saída. Quatro longas horas e Gilda teria que esperar se quisesse saber o motivo de tanta vaidade do filho. Ela ficou passeando e vendo vitrines; aproveitou para comprar material para a confecção das tapeçarias que fazia para vender.

      Com as sacolas nas mãos a mulher se postou do outro lado da rua; um lugar onde dava para ver o portão da saída e onde ela pregou os olhos assim que ouviu a sineta. Havia muita gente em frente à escola, eram pais que esperavam os filhos para leva-los para casa. Por último apareceu o seu filho segurando a mão de uma moça, ambos usavam óculos escuros. Quando chegaram perto da escada a moça segurou no braço de Sandro e ele a conduziu até o portão, tateando com sua bengala.

Então, ele a abraçou, beijou e ficou um longo tempo com os braços ao redor do corpo dela; estava claro que aquela moça era a namorada de seu filho. Uma moça bonita, de boa aparência e cega como ele. Gilda sentiu-se satisfeita, seria melhor que ele se apaixonasse por uma moça que tivesse o mesmo problema que ele.

        Ela sabia que seu compromisso seria dobrado, pois, teria que cuidar de um casal de cegos, porém, seu coração se aquietava sabendo que ela seria a luz dos olhos dos dois. Demorou um pouco e apareceu um automóvel que levou a moça embora, deixando Sandro sozinho no ponto de ônibus. Gilda se aproximou, porém, manteve certa distância, não queria que o filho ficasse constrangido; esperaria que ele lhe contasse sobre seu amor.

       Quando o ônibus chegou, o cobrador o chamou, ele entrou e sentou-se no banco de costume. Em seguida, sua mãe também entrou e foi sentar-se bem longe dele. Voltaram para casa e Sandro não percebeu que sua mãe o seguira. Sofia e Gilda compartilhavam o segredo de Sandro e sentiam-se felizes em saber que ele poderia conquistar a felicidade, apesar de sua deficiência visual. Ele encontrara o amor e estava diferente, mais alegre, mais cuidadoso e muito vaidoso.

        As duas mulheres sempre davam indiretas para ver se ele se abria e contava tudo sobre sua namorada, porém, ele se mantinha calado. Chegaram a pensar que ele havia terminado o namoro, mas, certo dia ele estava tomando café quando disse que precisava da ajuda de sua mãe e da Sofia. As duas se entreolharam espantadas e acenaram com a cabeça, era só dizer o que queria. Sorrindo ele disse:

      -É o aniversário da minha namorada e eu queria comprar um presente especial para ela, por isso preciso de ajuda. As duas mulheres fingiram surpresa e queriam saber quem era a moça e como era. Então o rapaz a descreveu assim:

     -Eu sinto que ela é muito bonita, tem a pele sedosa, cabelos macios, cheirosos e eu me sinto completo ao lado dela. 
Gilda olhou para a amiga, estava encabulada.  Ele não via, ele sentia a beleza da namorada, foi o que pensou sua mãe relembrando o passado com nostalgia. Sofia entendeu o pensamento de Gilda e tratou de mudar o rumo da prosa.

     -Por que ele não trazia a moça para um jantar? E, afinal qual era o nome dela? Perguntou Sofia.
Sandro sorriu e disse:
     -Celina, minha Celina; ela é um sonho pra mim.
      Era seu amor, ele a conheceu no Conservatório, ela também tocava Piano e a traria à sua casa, pois a amava e queria apresenta-la as duas mulheres de sua vida, a mãe e Sofia.
Um texto de Eva Ibrahim.

Continua na próxima semana.
MEU MUNDO REINVENTADO.

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