MOSTRAR VISUALIZAÇÕES DE PÁGINAS

sexta-feira, 23 de maio de 2014

"SE A TUA VIDA DEPENDE DO MEU AMOR, VIVERÁS ALÉM DA VIDA, POIS, TE AMO ALÉM DO AMOR." AUTOR DESCONHECIDO-- NUNCA ESTAMOS SÓS..EVA IBRAHIM.



ALÉM DA VISÃO
                                 CAPÍTULO DOIS.

No dia anterior, Sandro o filho de Gilda, estava com febre decorrente de um forte resfriado. O menino de cinco anos apresentava os olhos purulentos, isto é, com conjuntivite bacteriana. O pequeno foi levado ao Pronto Socorro e medicado; a mãe foi orientada a lavar os olhos do filho e depois pingar um colírio de quatro em quatro horas, até melhorar.

Gilda medicou o menino e o colocou para dormir. Depois de algumas horas de sono, Pai e mãe acordaram assustados com tantos relâmpagos e trovões que clareavam a madrugada. Acabou a energia elétrica e Sandro acordou chorando, seus olhos estavam pregados de secreção. A mãe procurou uma vela e tateando foi até a cozinha para acender o fósforo. Depois, molhou na água, um chumaço de algodão para limpar os olhos do filho e pegou o vidro de colírio, deixando-o sobre o criado mudo, entre outras coisas. O menino estava com medo e a cada relâmpago ele se agarrava a ela, queria abrir os olhos e não conseguia.       
A mulher estava ficando nervosa, a vela apagou quando o vento passou pela fresta da porta e ela tateando pegou o vidro, que estava em cima do criado mudo e pingou nos olhos de Sandro. Dois pingos em cada olho e o menino começou á gritar.

 Danilo, o pai, correu para ajudar; acendeu a vela e olhando o rosto do menino ele também gritou, havia sangue no rosto da criança ou parecia ser isto. Gilda ainda estava segurando o remédio que pingara nos olhos da criança, era iodo, um remédio para curar machucados. O medicamento estava ali porque usara para passar no joelho de Sandro, quando ele caiu da bicicleta. A mulher estarrecida ficou sem ação. Ela não viu que havia outra medicação ali e no escuro se confundiu; os frascos eram parecidos.

O pai pegou o menino e levou até a pia do banheiro, lavando desesperadamente os olhos do filho, porém, ele não parava de gritar; dizia que estava queimando. Gilda não sabia o que fazer e saiu correndo chamar o vizinho, para leva-los ao Pronto Socorro.

Entraram pela emergência, pai e mãe desesperados e o menino gritando que não via nada. O médico de plantão ficou espantado quando examinou os olhos da criança; balançou a cabeça e pediu para a enfermeira localizar o médico da oftalmologia que atendia ali.

 Lavou novamente os olhos de Sandro com água destilada e colocou uma compressa esterilizada para aguardar o especialista.
O médico foi duro quando disse que havia pouca esperança do menino voltar a enxergar; os olhos pareciam queimados, estavam esbranquiçados. Entretanto, aguardariam o exame do colega dele.

  Danilo olhou com ódio para sua mulher e disse que ela era a culpada daquilo tudo. Gilda queria gritar, chorar e saiu correndo da sala de observação. A mulher estava desesperada e não viu as escadas; tropeçou e caiu no chão molhado da chuva da noite. Perdeu os chinelos e saiu enlouquecida pela avenida, queria morrer; nada mais importava.

 A mulher negra ouvia impassível, parecia conhecer aquela história; vez ou outra balançava a cabeça, deixando Gilda desabafar. O silêncio tomou conta do lugar, a moça soluçava baixinho apoiada no ombro amigo. Depois de longos minutos, a ouvinte disse que a levaria até a porta do quarto; precisava ver o filho, que chamava por ela.

Com cuidado disse que Gilda deveria enfrentar a situação, o filho precisava dela e sempre haveria uma saída. Que se agarrasse com Deus, que jamais ele a abandonaria. Quando chegaram ao corredor, a mulher abraçou Gilda, passou a mão em seus cabelos, ajeitando-os, e disse que fosse em paz, depois conversariam.

 A moça, já mais calma, seguiu sem olhar para trás e adentrou a sala de observação onde o filho estava. O marido segurava a mão da criança tentando acalmá-lo. Danilo olhou com raiva e perguntou onde estava. Gilda não respondeu nada, se aproximou e beijou o rosto do filho, que se agarrou a ela.

O médico entrou e pediu que alguém fosse buscar o remédio que foi usado, precisavam saber do que se tratava. A mulher se afastou dizendo que iria até sua casa e voltaria logo. 
Ao descer a escada do Hospital Gilda pisou em uma folha de árvore e só então, viu que estava descalça; sentiu-se envergonhada.
- Estaria vivendo um pesadelo? Pensou, olhou à sua volta e concluiu que era tudo muito real, não poderia acordar.
Um texto de Eva Ibrahim.

Continua na próxima semana.
MEU MUNDO REINVENTADO.

UM BLOG PARA POSTAR CONTOS CURTOS E EM CAPÍTULOS.