MOSTRAR VISUALIZAÇÕES DE PÁGINAS

sexta-feira, 4 de abril de 2014

"CADA COISA TEM SUA HORA E CADA HORA O SEU CUIDADO." RACHEL DE QUEIROZ ---QUE SEJA ALEGRE O QUE VIER. EVA IBRAHIM

DEUS; CUIDA DE MIM.
CAPÍTULO CINCO.

        Letícia não procurou o médico e nunca disse nada, sobre seu estado gravídico, à ninguém. Curtira os enjoos da gravidez inicial e as azias costumeiras às gestantes, sem reclamar. Comia menos para não engordar muito, assim conseguia manter quase o mesmo peso.
        Em sua ingenuidade, achava que poderiam tirar a criança dela ou dá-la ao pai para criar. Em nenhum momento se preocupou consigo mesma, pensava somente no bebê. Lá no íntimo, ela tinha certeza de que seria um menino, pois, sempre que pensava nele ou acariciava sua barriga, a figura de um bebê vestido de azul lhe vinha à mente. Até já lhe dera o nome de André; era seu filho querido.
        A menina sabia que o bebê seria um presente de Natal, porém, não sabia o dia certo. Letícia juntara informações ouvidas de sua mãe e outras lidas em revistas femininas, que sua irmã comprava, e, tirara suas conclusões.
       Ela sabia que seu segredo tinha hora para acabar, então, entrou na Igreja e ajoelhada pediu para Deus ajuda-la, depois chorou até desabafar. Estava escurecendo quando ela desceu as escadas da Igreja; estava cabisbaixa, sentia-se aliviada. Agora, Deus também conhecia seu segredo e ele daria um jeito de André nascer e ficar com ela; era isso que pedira a ele.
      Tantas moças já tiveram filhos, antes de se casarem, ela não seria a primeira e nem a última; esse pensamento a acalentava. Porém, quando pensava em seu pai esbravejando e vindo para seu lado, ela tremia de medo. Ele poderia se virar contra a mãe dela também; pobre mulher que não sabia de nada. Dora, a mãe tinha desconfiança da situação, porém, Letícia estava obesa como sempre e não saia de casa, então, a mãe sossegava. Depois pensava que seus pensamentos eram cruéis para com sua filha, iria se confessar.
       A menina, em suas noites de angustia, pensava em alguma saída, porém, era difícil, porque o pai da criança era casado. Letícia tinha uma tia, irmã de sua mãe, de quem gostava muito, entretanto, se contasse à Nice, todos ficariam sabendo. Na certa ela tentaria resolver a situação e descobriria o Clésio e a mulher dele também.
       Não, não, ela não queria aquilo, ficaria calada para o bem de todos. Nunca diria quem era o pai de André, certamente seu pai o mataria e depois iria preso por sua culpa. Em nenhuma situação ela e o bebê ficariam bem; teria que esperar.
       Certa noite ela começou a vomitar e sentir muitas cólicas, o que a levou a chamar sua mãe e esta pediu ao pai para leva-la ao Hospital. Chegando lá, um médico sonolento a atendeu e disse que poderia ser cólica de rim e lhe prescreveu uma medicação para dor. Ela tomou a medicação e depois foi para casa, estava melhor.
       O médico nem se deu ao trabalho de lhe perguntar se estava grávida, queria se livrar dela logo. Letícia voltou para casa e todos acreditaram que ela tivera uma cólica de rim. A dor passou e ela voltou à sua vida normal.
        Ainda faltavam dois meses para o bebê nascer e ela começava a sentir cólicas, que poderiam ser de trabalho de parto prematuro. Ela usava a cinta modeladora, que a cada dia ficava mais apertada; o bebê ganhava peso. Letícia procurava não pensar em nada, acreditava que Deus cuidava dela e do bebê. Quando sentia cólicas tomava o remédio que o médico lhe dera. Para todos os seus familiares, ela estava com pedras nos rins. O pai dissera que iria leva-la a um especialista em urologia e ela se esquivava, dizendo que estava melhor.
       Dezembro chegou com muita chuva e vento e Letícia foi se deitar com algumas dores na região lombar e no baixo ventre.  Já passava da meia noite, quando ela começou a gritar, as dores estavam insuportáveis.
       O pai foi ver o que estava acontecendo e encontrou a menina pálida de dor, teria que leva-la ao Hospital. Dora ajudou a filha a entrar no automóvel e viu o veículo partir. Aquele sentimento de que havia algo errado voltou a tomar conta da mulher, que começou a orar. Um texto de Eva Ibrahim.

Continua na próxima semana.
MEU MUNDO REINVENTADO.

UM BLOG PARA POSTAR CONTOS CURTOS E EM CAPÍTULOS.