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sexta-feira, 28 de março de 2014

"É PRECISO TER O CAOS DENTRO DE SI PARA GERAR UMA ESTRELA." NIETZSCHE-- COM O SILÊNCIO TORTURAMOS. EVA IBRAHIM

  
            A TRISTEZA E O SILÊNCIO.
                 CAPÍTULO QUATRO
        Letícia entrou sorrateiramente, não queria ver ninguém; aquilo que o Clésio dissera não podia ser verdade. Ele falou em aborto e tudo que ela sabia de aborto é que o bebê era tirado do útero da mãe. Sua mãe tivera um aborto espontâneo, ficara internada no Hospital e lhe explicara sobre o aborto. Nunca iria provocar a morte de seu filho, porque já o amava; seu coração estava sangrando, não queria ver ninguém. 
        Ela tinha vontade de jogar aquele dinheiro, que estava no envelope, no lixo ou jogar na cara de Clésio; nem sequer abrira para ver quanto tinha. Porém, teria que, momentaneamente, escondê-lo de sua mãe. Enfiou o envelope dentro de uma calça jeans velha; ninguém mexeria ali, disso ela tinha certeza.
       Tomou banho e deitou-se. Sua mãe foi ver o que havia acontecido e ela disse estar indisposta, queria um chá e um analgésico. A mãe concordou, poderia ser uma virose. Letícia chorou até pegar no sono e acordou com o despertador. Levantou-se para trabalhar, estava arrasada, precisava pensar muito. 
       Nunca mais queria ver o Clésio, além de casado, era covarde, pois a descartou como se fosse um trapo velho. Não tomou café, nada passava em sua garganta; parecia que estava travada, só conseguia chorar. Os colegas da padaria ficaram com pena de Letícia, pois, seus olhos lacrimejaram o dia todo. 
- Estava gripada. Dissera a menina, era uma desculpa para encobrir tristeza.
      Depois de uma semana inteira sem conseguir comer, havia emagrecido; a mãe e algumas pessoas notaram. Letícia até sorriu.
 - Que bom! Pensou, assim teria tempo para resolver a sua situação. 
      Sua irmã levou para sua casa um catálogo de roupas íntimas, onde havia diversas cintas modeladoras e sugeriu à sua irmã que comprasse uma. Letícia sentiu que poderia ajuda-la a esconder a barriga e prontamente marcou uma cinta modeladora.
      De tanta tristeza, ela se alimentava mal e emagreceu ainda mais e quando a cinta chegou, ela pode disfarçar a gravidez. Ninguém poderia imaginar que aquela menina estivesse esperando um bebê; era apenas uma menina fora do peso. 
       Letícia não saia de casa, fato que acalmou o coração de sua mãe, que trazia uma desconfiança lá no fundo do peito. Deveria esquecer aqueles pensamentos, a menina estava inocente; era gorda desde pequena e em alguns casos as regras são irregulares, estava ainda se formando, dissera o médico, há algum tempo.
 - Julgar mal a filha deveria ser pecado. Pensou a mulher temerosa.
      Os meses iam passando lentamente e Letícia sentia que sua barriga estava crescendo; quando ela tirava a cinta sua barriga saltava. E, ela colocava a cinta ainda no banheiro, para ninguém desconfiar. Era um segredo só seu, não contaria a ninguém, o futuro a Deus pertencia e ela esperava que ele a amparasse. 
Letícia sempre ouviu dizer que Deus não desampara seus filhos e ela tinha mais um filho de Deus na barriga; então, eram dois para ele cuidar.
      Certo dia, na saída da padaria, ela viu o Clésio, que a estava esperando, porém, ela passou por ele sem olhar. Ele a chamou, mas ela seguiu em frente; temia que ele tirasse a criança dela. Nunca mais falaria com ele, o bebê seria só dela, não tinha pai.
      Com certeza, a consciência de Clésio deveria estar pesada, pois, ele a deixara na rua da amargura e agora queria saber se ela fizera ou não o aborto, já que seu corpo nada revelava. Ela comia pouco e mantinha praticamente o mesmo corpanzil de sempre. 
Letícia o havia enganado, então sorriu baixinho; que a dúvida o atormentasse, desejou a menina.
       Quando viu o pai de seu filho, lembrou-se do dinheiro, que estava escondido. Compraria roupas e tudo que o bebê precisasse, era uma boa quantia e ficaria guardada até ele nascer.
Um texto de Eva Ibrahim. ,
Continua na próxima semana.


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