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sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

"A VIDA É A ARTE DO ENCONTRO, EMBÓRA HAJA TANTOS DESENCONTROS PELA VIDA". VINÍCIUS DE MORAES-- NUNCA RECLAME DO QUE VOCÊ PERMITE. EVA IBRAHIM.

       
                                                    LOBO BOBO. 
                                                  CAPÍTULO DOIS
            Clara havia descoberto a traição de Marcos pela internet. Certo dia, seu marido chegou apressado dizendo para ela colocar algumas peças de roupas em uma maleta, que ele precisava viajar para o Rio de Janeiro a negócios. O casal morava na cidade de São Paulo e raramente Marcos viajava sem a família, pois quem o representava era o advogado da firma. Porém, ele disse que iria passar o final de semana  cuidando de seus negócios. Ela perguntou se ele iria sozinho; Marcos não respondeu, apenas desconversou.
           O homem saiu apressado e ela ficou sentada na cama, sem saber o que pensar. Ele nem cogitou da possibilidade de levá-la; na verdade ele mal olhou para ela. Tristonha, Clara se dirigiu até o escritório e viu o Notebook do marido aberto sobre a escrivaninha.
       Aproximou-se e viu que estava na página da companhia aérea que ele comprara as passagens. Marcos fizera o check in e se esquecera de fechar a página, estava com muita pressa, pois jamais ele deixaria seu Notebook aberto. Clara ficou pensativa.
     -Como ele iria trabalhar sem sua melhor ferramenta? A dúvida fez morada em seu pensamento. Sentou-se no computador e olhando a tela ficou pasma. A passagem era para dois lugares; Marcos e Selma Junqueira.
       Desde esse episódio, Clara perdeu o sossego; foi ao escritório para conhecer a tal moça e teve a certeza de que não seria fácil reconquistar seu marido. Selma tinha todas as características de mulher fatal, que destroem lares sem nenhuma preocupação. Era muito bonita, do tipo que os homens gostam; vistosa, alegre e provocante.  
       Clara se mantinha calada, sua situação era complicada, pois ela e seus dois filhos não poderiam sobreviver sem o marido; Marcos era o provedor da casa. Lentamente ela foi observando as mudanças de atitudes do marido. Chegava tarde da noite em casa e dizendo estar cansado, deitava-se e dormia. E, se fosse questionado, fechava a cara e passava dias sem conversar com ela.
        A mulher, desesperada, procurou terapia para poder entender o que se passava com seu marido.  Para sua surpresa ela descobriu que Marcos estava na “idade do lobo”. A terapeuta lhe disse que a fase da virada dos quarenta anos equivale a um novo ciclo de vida, é o período onde a ansiedade, o aparecimento de cabelos brancos e a certeza da velhice estão presentes no pensamento da maioria dos homens. O medo de perder a potência sexual é o maior fantasma que assombra os homens nessa faixa de idade, por isso eles se voltam para as mulheres mais jovens, deixando suas esposas em segundo plano. Procuram provar para si mesmos que continuam com a mesma disposição que tinham aos vinte anos; é uma forma de autoafirmação.                 
    Passam a ignorar sua rotina querendo realizar sonhos antigos; parece que algo ficou perdido no passado e que precisa ser resgatado a todo custo. Então, procuram frequentar as academias e a cuidar em excesso da aparência. Querem demonstrar que ainda podem conquistar uma mulher mais jovem, que geralmente se torna sua amante.
     A esposa perde a graça para ele, vendo-a como uma figura materna, boa para cuidar da casa e dos filhos. Não desperta mais seus desejos, que procura em outras mulheres. O homem torna-se uma pessoa egoísta, ignorando os sentimentos de sua esposa. A mulher se torna refém do passado, isto é, do tempo em que foi feliz com seu marido e as traições e mágoas começam a incomodar.
      Clara era uma mulher esclarecida e procurava agir normalmente para Marcos não se sentir acuado. De algum modo ela sentia-se segura enquanto ele pensasse que ela não sabia do seu caso com a secretária.
      Quando ela cobrava sua presença e seus carinhos ele fingia voltar para o ninho. Acontecia a aproximação por obrigação, porém, logo ele se distanciava novamente. Clara sentia-se rejeitada, uma “jeca” como ele a chamou. Duas lágrimas rolaram de seus olhos e ela resolveu enfrentar a situação; iria às compras.
Um texto de Eva Ibrahim.
Continua na próxima semana.
MEU MUNDO REINVENTADO.

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