MOSTRAR VISUALIZAÇÕES DE PÁGINAS

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

HOJE INICIAMOS UMA NOVA HISTÓRIA EM CAPÍTULOS. "MULHERES DE PAPEL" DE EVA IBRAHIM. --" RENUNCIO AS HONRAS, MAS NÃO A LUTA" EVITA PERON

                            MULHERES DE PAPEL.
                                 CAPITULO UM.
            Marcos chegou do aeroporto e jogou sua bolsa sobre a mesa de jantar e olhando de relance viu sua esposa, Clara, sentada no sofá folheando uma revista. Desconfiada a mulher levantou-se para recebê-lo, fazia quatro dias que ele viajara para o Rio de Janeiro e não atendia o celular. Lá no fundo ela sabia que estava sendo traída, mas não tinha forças para reagir, nem mesmo abordar o assunto; temia acabar na rua da amargura.
          Educadamente ele disse: - Tudo bem?
Ela aquiesceu com a cabeça e se aproximou esperando que ele lhe desse um beijo, porém, ele foi saindo e dizendo que na sexta-feira teriam um jantar no Clube de Campo.  E, enfatizando as palavras, determinou que ela fosse ao salão de beleza e ficasse apresentável, pois era um jantar de casais e ele tinha negócios naquele meio; precisava se apresentar em grande estilo. Finalizando ele disse que não queria uma “jeca” como sua acompanhante, que fosse comprar uma roupa nova.
          Marcos saiu e Clara com os olhos cheios de lágrimas experimentou uma variedade de emoções: medo, raiva, negação e finalmente pegou o telefone para marcar o salão de beleza. Ficaria muito bonita, ele teria que engolir o que dissera. Se ela era uma “Jeca” ele teria que aguentá-la, gostasse ou não; teria que aprender a respeitá-la, pois tinham dois filhos adolescentes, que precisavam do pai. Clara dependia do marido para tudo, ele fizera com que ela deixasse seu trabalho no Banco, para ser apenas dona de casa e agora não a queria mais.
          Quando mudou seu estilo de vida e fez escolhas conscientes ao longo do caminho, a mulher achava que seu casamento duraria para sempre. Marcos era bom e tinha uma vida financeira estável e ela o amava. E, tendo mais tempo livre ela poderia criar seus filhos e dar a eles tudo que nunca tivera. Clara vivia feliz com sua família, suprimira seus sentimentos e aceitava tudo que o marido queria. Acatava as novas oportunidades, aquelas mais adequadas ao seu novo estilo de vida.
          Desde o Natal, agora já era setembro, ela percebeu que o marido andava estranho e grosseiro, também notou que fora se afastando aos poucos; ele a ignorava. À noite ele se deitava e dormia e ela chorava. Quando Clara o abraçava ele resmungava e tirava o braço dela, não queria manter contatos mais íntimos.
 Como ela gostaria de ter a coragem de expressar seus sentimentos ou o que restara deles. Muitas pessoas já suprimiram seus sentimentos a fim de manter a paz em sua família e ela não seria diferente. Como resultado, a maioria teve uma existência medíocre e nunca se tornaram quem eram realmente capazes de se tornar. Marcos e Clara mantinham as aparências para não magoar os filhos, mas, havia um oceano entre eles.
          Clara pensava em suas antigas amizades, que deixara escapar; só restaram as mulheres dos empresários que faziam parte do grupo de seu marido. Falsas e fúteis foi à conclusão que a mulher chegou; não poderia dividir seus problemas com elas e sua família morava no interior. Estava à mercê do destino, precisava pensar nos filhos, João e Renata.
        Muitas pessoas não percebem, até o fim, de que a felicidade é uma escolha. Ela estava presa a velhos padrões e tradições e uma delas era acompanhar o marido ao jantar de negócios. Queria ver a cara da secretária de Marcos, que era a culpada de suas aflições. Uma loira escultural, que estava saindo com seu marido e ela sabia de tudo, mas não poderia deixar ninguém perceber nada. Deveria ficar bonita, falar pouco e sorrir levemente para todos os amigos de Marcos; era assim que ele queria que ela se comportasse.
Um texto de Eva Ibrahim.

Continua na próxima semana.
MEU MUNDO REINVENTADO.

UM BLOG PARA POSTAR CONTOS CURTOS E EM CAPÍTULOS.