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sexta-feira, 9 de agosto de 2013

"AS VEZES SÃO AS PEQUENAS DECISÕES QUE PODEM MUDAR A SUA VIDA PARA SEMPRE" AUTOR DESCONHECIDO--- O ESSENCIAL É VIVER EM PAZ CONSIGO MESMO. EVA IBRAHIM

                                            DINAMITE
           Lucas chegou à casa da tia Lola, levado pelos pais, em uma missão muito importante, escolher um cãozinho. A cadela, mãe dos cinco filhotes, fora comprada pelo pai do menino, Celso, irmão de Lola, como sendo cachorro “macho”. Na empolgação, o homem não se lembrou de olhar os órgãos genitais do animal, apenas aceitou o cão que lhe foi vendido e seguiu viagem; era uma surpresa para seu filho Lucas.
O nome fora escolhido pelo menino, “Roger”; durante alguns dias o cão corria e brincava no jardim da casa, tornara-se amigo da criança. Foi levado ao veterinário para tomar banho e vacinas, era peludo e estava gordo; uma beleza de cachorro. Quando o Celso foi busca-lo teve uma grande surpresa. O seu cão era uma cadela, o veterinário explicou ao rapaz. O homem fora enganado, pagara por “Roger” e trouxera a “Rogéria”. O homem ficou nervoso e queria tirar satisfações com a loja, mas seu filho já tinha se apegado a cadela e a melhor solução encontrada foi deixar o animal na casa de sua irmã, que não se importava em ter um filhote de cachorro do sexo feminino em sua casa. Assim, Lucas, o sobrinho poderia visita-la quando quisesse. E, quando que nascessem filhotes, Lucas iria escolher um cãozinho “macho”, filho da Rogéria, que morava com a tia Lola.
Rogéria era uma cadela de raça, uma bela fêmea de “Pastor alemão”. Tinha pedigree e certificado “falso” porque constava ser um cachorro. Ela era mansa, tinha pelos pretos e amarelos; uma fêmea bonita e vistosa. Logo arrumou um namorado na rua de sua nova casa. Um elegante e vistoso cão “Vira-lata” marrom, que a deixou prenha. Quando nasceram os cinco cãezinhos, a mulher não sabia o que fazer; teria que recorrer à doação. Lucas estava lá para escolher o seu presente de aniversário; um cãozinho fofo. Antes de levar o cão escolhido todos examinaram os órgãos genitais do animalzinho, pois, seu pai não queria cadela, ele temia que houvesse procriação em sua casa.
O menino saiu com seu presente no colo, estava muito feliz. Lucas olhou para ele e disse que ele tinha focinho de “Dinamite” e assim passou a ser chamado.
Dinamite era forte, saudável e bagunceiro. Um cão que comia chinelos, meias e roía o que estava por perto. Por diversas vezes Celso ameaçou leva-lo para o sitio de um conhecido. Lucas chorava, o pai se comovia e Dinamite continuava na casa. Certo dia a mãe do menino foi ao Supermercado e comprou carne moída, iria fazer quibes para o jantar.
A mulher colocou a carne sobre a mesa e foi guardar o restante do dinheiro no quarto, quando voltou à carne havia sumido. Saiu à procura e encontrou o cachorro com o focinho dentro do pacote de carne; ele comeu um quilo de carne moída. Só não foi jogado na rua porque Lucas chorava de soluçar; mais uma vez sua mãe relevou a traquinagem; ela amava o filho e não queria vê-lo desesperado.
Dinamite já estava com dois anos, um cachorro adulto, malandro e medroso. Em dias de jogos de futebol ele se escondia debaixo do automóvel da família; a cada rojão era um ganido dolorido.
A avó de Lucas adoeceu e a filha andava muito preocupada com a mãe; planejara uma visita naquela tarde. Era uma boa caminhada e antes de sair, a mulher procurou o cão para deixa-lo no quintal, mas, não o encontrou. Deduziu que estava na rua e seguiu com o filho para visitar sua mãe.
A tarde quente e ensolarada prometia chuva de verão no fim do dia, porém ela voltaria logo para sua casa; antes da chuva, pensou. Deixara a casa toda limpa, pois comprara um jogo novo de sofás e estava feliz com sua casa arrumada.
Ficara algum tempo conversando com sua mãe acamada enquanto Lucas brincava no quintal. De repente ouviu-se o barulho de um trovão e a mulher saiu para ver o tempo, que estava muito escuro. Sua mãe a aconselhou esperar a chuva passar, pois o tempo fechara de repente e viria muita água pela frente. A filha concordou, era perigoso sair com tantos relâmpagos e trovões.
Depois de uma hora a tormenta havia passado e mãe e filho tomaram o caminho de casa. Havia muitas árvores caídas nas ruas, a tempestade fora arrasadora. Ao chegar a casa o menino lembrou-se do cachorro:
- Onde o cão ficara durante a tormenta?-
Ao abrir a porta eles descobriram onde estava o Dinamite. Sobre o sofá novo em meio a muita espuma revirada em toda a sala. Ele destruíra o sofá novo, rasgando e mordendo a espuma; havia buracos profundos em cada assento. O cachorro ficara dentro da casa e com os trovões entrou em desespero e atacou o sofá.
A mulher abanava a cabeça apreensiva, como explicar a situação ao marido; ele ficaria furioso. Lucas olhava assustado para sua mãe, como reparar o desastre provocado por Dinamite?
Essa pergunta pairava no ar. O cão se aproximou abanando o rabo, não entendia que poderia virar um cão sem teto nas próximas horas. Dinamite e o menino saíram dali e a mãe começou a fazer a limpeza do local.
Quando terminou a faxina, a mulher viu o tamanho do estrago. Buracos esfiapados de circunferência de vinte centímetros, em cada assento. Seu sofá estava destruído e ela teria que explicar ao marido que o cão era inocente, deveria ter olhado melhor antes de fechar a casa. Para amenizar a situação ela preencheu os buracos com espuma da almofada e colocou sobre o assento uma toalha florida; ganharia tempo para arrumar uma desculpa.
Lucas, temeroso de perder o cachorro, se manteve calado; deixaria que a mãe resolvesse a situação complicada. O pai saia cedo e voltava tarde da noite, assim, alguns dias se passaram até que, no sábado, o pai sentou-se no sofá. Estranhou o desnível e levantou-se retirando a toalha que cobria os buracos.
Atônito, o homem chamou sua mulher.
- O que era aquilo? Perguntou espantado e furioso.
Mãe e filho se postaram em frente ao homem pedindo que ele perdoasse o cachorro, pois, ele não tivera culpa. O pai saiu sem responder e foi deitar-se, depois pensaria no caso.
No dia seguinte ele foi trabalhar e deixou mãe e filho na expectativa; não sabiam o destino de Dinamite. A noite, após o jantar ele expôs sua decisão: Se ficassem com Dinamite o sofá ficaria rasgado, porque ele não pagaria o concerto. Porém, se quisessem consertar o sofá ele doaria o cachorro a um amigo. Era uma escolha justa, pois todos estavam errados.
Lucas foi deitar-se chorando e sua mãe foi conversar com o filho. Ficariam com Dinamite e ela deixaria a toalha sobre o sofá até conseguir economizar dinheiro para comprar outro sofá. Por ora a situação fora contornada e Lucas passou a vigiar Dinamite até ele crescer e sossegar.
Há dois anos a toalha está cobrindo o sofá e o Dinamite continua bagunceiro, mas nada que se pareça com a tragédia do sofá, que já incorporou a toalha.
Um sofá novo está prometido para o próximo Natal, o pai relevou a decisão para fazer sua família feliz.

Um texto de Eva Ibrahim.
MEU MUNDO REINVENTADO.

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