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sexta-feira, 26 de julho de 2013

"SAUDADE É UMA DOR QUE FERE NOS DOIS MUNDOS". CHICO XAVIER---HÁ COISAS QUE NÃO PRECISAM FAZER SENTIDO, BASTA SENTIR. EVA IBRAHIM

                                 SONHEI COM VOCÊ
O relógio despertou com uma campainha estridente e Leila deu um pulo na cama, depois esticou o braço e desativou o alarme. Deitada de costas na cama não se conformava de ter sido acordada no meio do sonho mais lindo que já sonhou. Fechou os olhos e conseguiu sentir o beijo molhado que trocou com Danilo; a moça não queria perder o calor daquele abraço e a satisfação de estar com ele. Foi tudo muito verdadeiro e prazeroso, queria sentir aquela euforia novamente, continuava apaixonada por Danilo; o amor de sua vida.

O casamento foi perfeito, ambos apaixonados e felizes em uma linda viagem de lua de mel ao Rio de Janeiro. Um amor verdadeiro que tinha tudo para durar uma vida inteira é o que diziam os amigos e parentes dos nubentes. Uma semana de passeios para conhecer os lugares turísticos da cidade maravilhosa. Muitas fotos dos dois juntos para perpetuar os momentos de alegria e felicidade do casal.

O retorno e a arrumação da casa, momentos inesquecíveis para ambos. Tudo registrado e relacionado em um lindo álbum, que recebeu o nome de:
“AMOR ETERNO DE DANILO E LEILA”. A família e os amigos admiravam a felicidade do casal; um sonho de amor realizado.

A vida voltou à rotina e os dois não cansavam de se amar. Danilo e Leila viviam em harmonia, estavam sempre rindo e brincando de braços dados. Logo surgiu a desconfiança de uma possível gravidez e para coroar a felicidade do casal, o exame médico confirmou a gestação de Leila. Os dois viviam um momento mágico e faziam planos para a chegada do bebê.

Os meses passavam depressa, Leila estava feliz e tinha arrumado todas as coisas necessárias para receber o pequeno André; faltavam apenas quatro semanas para completar a felicidade do casal. Os dois tinham muito amor para dar ao filho desejado.

Naquele mês havia um feriado prolongado e o rapaz foi convidado pelo cunhado e dois amigos, para uma pescaria em Mato Grosso; Danilo gostava de pescarias e falaria com sua esposa.
Seu argumento foi que logo teria novas responsabilidades e não seria fácil viajar com os amigos. Leila não gostou da ideia, mas, concordou com o passeio de Danilo, afinal ele era um bom marido e merecia um passeio para descansar. A semana passou depressa e o marido chegou da viagem, estava cheio de saudades; sua esposa, ansiosa, o recebeu com um longo beijo.

Depois de alguns dias, durante uma noite fria, Danilo acordou tremendo, estava com febre alta. Leila lhe deu um antitérmico e deitou-se agarradinha a ele dizendo que poderia ser um resfriado.
O dia amanheceu, o rapaz continuava com muita febre e vômitos seguido de diarreia. A moça, preocupada, acompanhou o marido ao Pronto Socorro e depois de alguns exames o médico disse que Danilo teria que ser internado para novos exames, pois o diagnóstico não estava fechado. Por ele ter viajado para outro Estado teriam que considerar todas as possibilidades. A moça deveria ir para casa, precisava descansar, disse o médico olhando para sua barriga.

Leila saiu assustada, não queria deixar seu marido sozinho no Hospital, mas estava muito cansada e concordou em voltar no dia seguinte. Avisou aos familiares do marido e foi para a casa de seus pais. Foi uma noite de muitos pesadelos, não conseguiu relaxar; queria voltar ao PS para saber de Danilo. O Hospital não dava informações sobre pacientes por telefone.

Acompanhada de seus pais a moça chegou ao PS, precisava ver o seu amor. Na recepção foi informada de que teria que aguardar o médico para obter notícias do marido. Leila, amparada por sua mãe, começou a chorar; a moça percebeu que alguma coisa estava errada. Depois de uma hora de espera o médico pediu que entrassem para conversar. Os três ficaram estarrecidos diante do quadro que o médico apresentou; Danilo havia piorado muito e estava na Unidade de Terapia Intensiva em estado grave.

O rapaz estava com pneumonia viral e não respondia aos medicamentos, poderia ter contraído o vírus na pescaria que participara no Mato Grosso, disse o médico apreensivo. O estado de saúde de Danilo era muito grave, ele fora sedado e estava respirando por aparelhos, pois, seus pulmões estavam perdendo a função. Quando a moça foi levada para ver o marido quase desmaiou, ele estava inconsciente e entubado, parecia morto, lamentou chorando.
Sua mãe a levou para fora, a filha estava muito nervosa, poderia fazer mal ao bebê, explicou a mãe, tentando acalmá-la. O pneumologista não deu muitas esperanças à família, o paciente teria que reagir aos medicamentos ou sucumbiria à doença.

Uma semana de aflição e muitas idas ao Hospital. Não permitiam que Leila ficasse com o marido, pois, ele estava na UTI. O rapaz permanecia inconsciente e a moça não conseguiu falar com ele durante as visitas. Leila estava desesperada e impotente, a doença tomara conta de Danilo, que não reagia.
No décimo dia veio a triste notícia, seu marido não resistira a doença, estava morto.

Leila recebeu a notícia e teve que ser internada as pressas, pois, entrou em trabalho de parto prematuro. Seu filho nasceu de uma cesariana em meio às lágrimas da mãe. Leila e o filho foram acolhidos pelos pais dela, que procuravam minimizar o sofrimento da filha. Ela não pode acompanhar o enterro de seu amor, nem mesmo o viu morto. 

André já estava com seis meses e a moça voltara ao trabalho deixando o filho aos cuidados da avó. Leila teria que conviver com a perda prematura de seu marido. Tinha dias que a saudade parecia sufoca-la, então ela chorava até adormecer.

Foi em uma noite dessas que ela sonhou com Danilo; continuava amando o marido e o sonho fora muito real. Certamente ele a estava consolando por ter partido tão cedo, ceifando todos os planos que fizeram juntos. Leila finalmente sorriu, encontrara um jeito de matar a saudade; dormiria abraçada ao filho pensando no marido todas as noites de sua vida.

Assim, tinha a certeza de poder caminhar e criar seu filho, sendo mãe e pai ao mesmo tempo, porque Deus quis que seguisse sozinha nesse mundo.
Uma coisa ela pressentia, Danilo estaria velando por ela e o filho e se encontrariam em sonhos até o fim de seus dias.

Um texto de Eva Ibrahim.
MEU MUNDO REINVENTADO.

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