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sexta-feira, 19 de julho de 2013

"PERGUNTARAM À FLOR DE ONDE VINHA. ELA RESPONDEU: "DE UMA SEMENTE DE AMOR QUE NÃO SE ACOVARDOU". AUTOR DESCONHECIDO -- A BELEZA DA VIDA ESTÁ NO SORRISO DE UMA CRIANÇA. EVA IBRAHIM.

                                      A VIDA NÃO PODE ESPERAR.
            A campainha tocou insistentemente na entrada da emergência do Pronto Atendimento daquela maternidade. A enfermeira acompanhada de dois técnicos foi atender à porta e num primeiro olhar nada havia no local. Quando os três iam fechar a porta achando que poderia ter sido alguma brincadeira de criança, apareceu um rapaz forte e assustado dizendo que sua mulher estava dando à luz no automóvel.
A correria começou; a notícia se espalhou rapidamente e os curiosos apareceram de todos os lados. Era hora de mobilização geral e todos se postaram para acolher o pequeno ser.
           Uma residente acompanhada de dois internos saiu em busca do veículo, enquanto isso a enfermeira Nora se posicionava no meio da rua para parar o trânsito. Aquela rua era contramão para o veículo que estava parado em frente à lanchonete da esquina. Era uma distância de cerca de oitenta metros; muito longe para resgatar a mãe que dava à luz no banco do automóvel. Com ela estava à sogra, que assustada apenas observava a criança coroar e empurrar a calcinha da mãe; era a hora de nascer.
 Alguém já escreveu que o maior trauma que o ser humano pode sofrer é na hora do seu nascimento e, aquele certamente era a confirmação de tal afirmação. Num banco de automóvel apertado a pequena criança forçava a passagem para a luz do mundo e num jato de sangue e líquido amniótico mostrou a sua cara.
          Nora, a enfermeira, se posicionou no meio da rua e como se sempre tivesse atuado como guarda de trânsito, fazia movimentos característicos. Ela estava de luvas e avental, por isso dava mais credibilidade à situação; com a mão erguida gritava para os motoristas pararem. A enfermeira provocou um intenso congestionamento de trânsito com sua postura de defensora das parturientes desamparadas. A profissional de saúde que tem baixa estatura e é mignon, parecia um gigante na arena dos gladiadores, tamanha era sua garra ao assumir o propósito de facilitar à chegada do pequeno ser.
O marido, abobalhado, não conseguia entender que teria que trazer o automóvel na contramão até à porta do Hospital. Atitude já esperada, pois os homens ficam paralisados e com cara de espanto, quando se tornam pai, com raras exceções.
          Enquanto o caos se instalara no local, a residente chegou até onde estava o veículo e quando afastaram os curiosos o bebê chorou. Nasceu no banco do automóvel, no vão da calcinha da mãe e na presença da avó que quase enfartou com a situação inusitada que presenciara. Em seguida chegou um técnico de enfermagem com a caixa de parto de emergência e um cobertor para acolher a pequena criança.
         A residente clampeou o umbigo e cortou o cordão separando mãe e filho; em seguida saiu vitoriosa com a criança nos braços se dirigindo à sala de emergência do Pronto Atendimento. O nascimento aconteceu apesar de todas as adversidades. O pai, quando viu a criança nos braços da médica, voltou ao normal, saindo do torpor acometido e conseguiu sentar-se ao volante e dirigir o automóvel até a entrada do Hospital, levando a mãe para os devidos cuidados.
          A enfermeira Nora finalmente liberou o trânsito. As pessoas passavam e sorriam para ela; agira como uma seguidora fiel de Florence Nightingale. Vitoriosa, adentrou para ver o bebê e cuidar dos procedimentos rotineiros para recém-nascidos daquela maternidade.
       Uma criança do sexo masculino, perfeita e de aparência saudável foi à conclusão que chegou a residente que a amparou. A criança foi atendida no berço aquecido pela equipe de Neonatologia. Em seguida foi liberada para mamar na mãe que estava sendo atendida pelos residentes, que examinavam a placenta dequitada. Recebidos os cuidados necessários, os dois, mãe e filho seriam encaminhados ao Centro Obstétrico para uma avaliação mais cuidadosa. Mais tarde seriam conduzidas para o Alojamento Conjunto, uma vez que ambos estavam muito bem.
        Enquanto a puérpera tentava colocar o peito para a criança sugar, o pai, perplexo, dizia que pensou que sua mulher estava exagerando quando disse que chegara a hora do parto. Era o terceiro filho do casal e viera muito rápido, disse assustado.
       Havia muita gente na sala atendendo e relatando os fatos para concluir a internação da mãe e filho, que felizes tomavam conhecimento um do outro no contato pele a pele.
       Finalmente a paciente foi encaminhada ao Centro Obstétrico e todos sorriram. Mais uma vez ficava a certeza do dever cumprido; ficando claro o valor das equipes de saúde que atuam no PA. 
A natureza cumpre seu papel onde quer que esteja a mãe, ninguém segura o bebê se chegar a hora de nascer, mesmo que seja no banco de um carro velho.
Quando nasce uma criança, todos sorriem, é sempre uma boa nova. A solidariedade contagia e as pessoas se tornam cúmplices para colaborar com a chegada de um novo ser. Um recém-nascido sempre trás consigo uma mensagem de esperança e um convite á celebração da vida.
Um texto de Eva Ibrahim
MEU MUNDO REINVENTADO.

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